terça-feira, 23 de outubro de 2012

O CARMA É ALGO CRIADO POR NÓS, E TUDO O QUE É CRIADO PODE SER ALTERADO



Vya Estelar - O que são e quais são os venenos da mente?

Lama Tsering - Os venenos da mente são divididos em três categorias principais. A primeira é o apego ou desejo, que inclui o ficar preso física ou mentalmente à pessoas, objetos e fenômenos. A segunda é a raiva, que significa rejeitar, não querer, afastar algo de você. O terceiro é a ignorância, que significa não ter uma noção clara da vida, não compreender a natureza verdadeira das coisas.

Estes venenos agem de maneira interdependente. O que ocorre é que, quando não temos uma visão real da vida, acabamos criando desejos e apegos. E quando não conseguimos o que queremos, criamos aversão e ficamos com raiva. Os venenos da mente agem como toxinas, criando energias mentais negativas. Estas energias são expressas em nossas ações, palavras e pensamentos, causando um sofrimento cíclico, em cadeia, que se repete infinitamente.

Vya Estelar - Existem 84.000 venenos na mente?

Lama Tsering - Sim. Eles são uma combinação dos três venenos principais, sendo que podemos adicionar a eles o orgulho e a inveja. Estas combinações vão ficando cada vez mais sofisticadas e representam as diferentes formas errôneas com que nossa mente pode atuar.

Vya Estelar - A raiva seria o principal veneno da mente?

Lama Tsering - A raiva é o veneno mais grosseiro e o que traz as consequências mais terríveis, cruas e diretas. O desejo é mais sutil e, em nossa sociedade atual, é até mesmo considerado uma coisa boa, apesar de trazer tanto sofrimento. Mas o veneno fundamental, realmente, é a ignorância, é o não reconhecimento da natureza verdadeira dos fenômenos. Não podemos dizer que a ignorância seja o pior veneno, mas ele é o primeiro, o que dá origem a todos os outros.

Vya Estelar - Como fazer para eliminar a raiva ou domá-la?

Lama Tsering - Há várias formas para começar a lidar com nossos venenos mentais. A primeira coisa a ser feita é reeducar-nos, no sentido de identificar os venenos em nossa própria mente, suas consequências e o que podemos esperar deles. Parece óbvio dizer que temos que nos reeducar, mas não é. Por exemplo, achamos que é OK ficar com raiva quando alguém faz algo errado conosco, nos fere, é injusto. E não é OK. A raiva é um veneno mental e produz experiências dolorosas para quem a sente, não importando se o motivo que a tenha criado seja "aparentemente justificável". Você tem que ser educado para saber que não deve tomar veneno de rato, por exemplo. Se você entender isso, vai saber que, se tomar veneno de rato, ainda que o gosto seja doce, sofrerá um dano imenso.

Vya Estelar - Há um senso comum entre as pessoas de que devemos expressar nossa raiva, "pôr para fora". O Budismo acredita nisso de alguma forma?

Lama Tsering - Não, o Budismo não acredita nisso, porque os venenos da mente agem como um bumerangue. Se você atirar sua raiva adiante, o que você vai receber de volta é mais raiva. Nós não compreendemos que nossas ações, palavras e pensamentos são como bumerangues, e não como uma bola, que jogamos em direção a alguém e lá ela fica. O bumerangue é atirado adiante e ele volta. Quando não entendemos essa regra básica, nos tornamos nossas próprias vítimas e, feridos e ignorantes, jogamos o bumerangue de volta, causando sofrimento atrás de sofrimento.

O Senhor Buda ensinou que é importante termos paciência, mesmo quando momentos difíceis acontecem, porque estes momentos são resultado de bumerangues lançados por nós mesmos, anteriormente. Se um bumerangue estiver voltando, aceite-o, tenha paciência, deixe que ele caia. Não atire mais três ou quatro de volta, porque eles também vão voltar.

Vya Estelar - É melhor "engolir" a raiva?

Lama Tsering - Melhor engolir do que cuspir de volta. Mas engolir também não ajuda. Por isso, precisamos nos reeducar. Temos que refletir e contemplar as consequências dos venenos mentais, para começarmos a obter elementos para lidar com eles. No entanto, o que precisamos realmente é cortar esses venenos. E isso conseguimos fazer através da meditação. Mas, enquanto não desenvolvermos estas técnicas de contemplação e meditação, precisamos evitar a raiva. Se ainda não tivermos os meios hábeis para lidar com a situação, é melhor correr do que reagir. Ou talvez você deva segurar sua respiração por um instante e esperar a raiva passar. Quando você estiver um pouco mais treinado, talvez não precise correr nem prender a respiração, e consiga converter a situação negativa em amor e compaixão.

Talvez consiga transformar a raiva, lembrando-se de que todos querem ser felizes, e as pessoas fazem o que fazem porque acham que aquilo trará felicidade. Ao lembrar-se disso, pode cultivar a compaixão e ver que você e aquela pessoa não são diferentes: você já agiu raivosamente antes porque achava que aquilo o faria feliz. E, compassivo pelo fato de que aquela pessoa não sabe das consequências que a raiva traz, você converte sua emoção negativa em emoções positivas, como amor e compaixão. E mais tarde, quando você já estiver ainda mais treinado, poderá não apenas converter o negativo em positivo, mas liberar as emoções negativas em sua própria essência, cuja natureza é a perfeição.

Grandes mestres e praticantes lidam com sua raiva dessa forma. A raiva ocorre, mas ela é livre, assim como as nuvens, que ocorrem mas dançam livres no céu.

Vya Estelar - O que é a impermanência?

Lama Tsering - Encare sua vida como se fosse um banco no parque, em uma tarde de clima ameno. Você vai até lá passar algumas horas, sentado, aproveitando tudo ao máximo: a brisa fresca, os pássaros cantando, as borboletas, o sol batendo no rosto. Tudo aquilo dura pouco tempo e vai chegar ao fim. Por isso, você deve aproveitar o momento e criar boas condições. Você não deve se apegar ao banco.

Não tente colocar uma etiqueta nele com o seu nome, querendo mantê-lo para você! Isso vai impedi-lo de sentir o prazer e a liberdade de estar lá, simplesmente sentado. E se alguém se sentar com você, seja gentil, tratando-a com amor e compaixão. Não brigue com esta pessoa. Seu tempo é muito curto. Vocês estão ali apenas de passagem.

Ao lembrarmos de que tudo na vida é impermanente e chega ao fim, podemos ser generosos com ela, sabendo que provavelmente ela nunca pensa no fato de que terá que deixar o banco em breve, assim como você. Todos nós queremos manter as coisas e não conseguimos. Temos que ter compaixão por elas, e por nós mesmos. Compreender a impermanência nos faz ricos: temos tudo neste momento e podemos ser generosos, abertos, decididos a fazer o que pudermos para beneficiar a todos com o nosso amor, sem medo de perder.

Vya Estelar - É possível reduzir o carma?

Lama Tsering - Sim, o carma é purificável através da educação e da meditação. O carma é algo criado por nós, e tudo o que é criado pode ser alterado. Só o que está além da criação - como a natureza absoluta da nossa mente - não pode ser alterado. Há duas formas de eliminar o carma negativo: uma delas é experienciar as situações da vida sem rejeitá-las, e recebê-las com amor e compaixão, transformando carma negativo em positivo; a outra forma é purificar o carma negativo antes de vivenciá-lo, e ir além do carma, não importando se ele é positivo ou negativo. Esta segunda maneira de abordar a questão é crucial, mas só pode acontecer depois de treinarmos nossa mente através de avançadas técnicas de meditação.

De maneira mais imediata, a melhor coisa a ser feita é transformar carma negativo em carma positivo. Mas precisamos ter em mente que produzir carma positivo não é uma solução absoluta para nosso sofrimento. Porque todo carma, positivo ou negativo, é impermanente. Isso significa que, seja qual for o resultado positivo que você crie, ele também vai mudar, mais cedo ou mais tarde. É um ciclo: o que é positivo se transforma em negativo e o que é negativo, em positivo. A única saída é obter a realização da iluminação e tirar você e sua mente deste sistema cíclico de existência. Enquanto isso não ocorre, faça seu melhor e crie condições positivas para suas experiências futuras, aceitando o seu carma, vivendo-o da melhor forma possível e o purificando.

Vya Estelar - Como fazer para terminar um relacionamento com alguém com quem não combinamos muito, sem criar carma negativo e nem sofrimento?

Lama Tsering - Podemos dizer que a principal religião de nossa sociedade atual é o amor - nossas músicas, nossos filmes e nossos anseios são todos a respeito de relacionamentos - e, no entanto, nós nem ao menos sabemos o que é o amor. As pessoas se preocupam muito com os relacionamentos mas, na verdade, elas se preocupam mesmo é consigo mesmas. Elas querem ter um amor porque isso fará com que elas se sintam bem.

E o Budismo traz um novo paradigma a este respeito: amar é querer que o outro seja feliz. Ao amar, devemos nos preocupar com o bem-estar do outro e não em atender aos nossos interesses. Se você está com uma pessoa, é por causa do carma. Enquanto estiver com ela, você deve fazê-la o mais feliz possível. E se você deve terminar ou não o relacionamento, vai depender se isso vai fazê-la mais feliz ou mais infeliz. Sua preocupação não deve ter nada a ver com a sua própria felicidade. Se você tiver isto em mente, é mais provável que tome a decisão mais correta.

O relacionamento vai acabar de um jeito ou de outro. Lembre-se da impermanência: você e a outra pessoa não duram para sempre. O próprio relacionamento é impermanente e vai acabar naturalmente, quando não houver mais carma entre vocês. Então, aproveite o momento, e não se esqueça de pensar no bem-estar dos demais, mais do que no seu próprio. Isso é libertador.



Lama Tsering Everest



Fonte: entrevista de Lama Tsering Everest concedida ao site Vya Estelar
www.vyaestelar.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

 

O ELO PERDIDO

Não conseguimos obter o que queremos apenas fantasiando sobre aquilo. Temos que estar dispostos a fazer alguma coisa para que a fantasia se torne realidade.

Talvez você não tenha tido muita disposição para acordar uma hora mais cedo para ir à academia em busca de um corpo em boa forma, ou quem sabe prefira que seus colegas de trabalho gostem de você, em vez de ficarem chateados porque apresentou uma ideia nova.


O que você ainda não está disposto a fazer para tornar seus sonhos realidade? 

Qualquer que seja a resposta é o elo que estava faltando! 

Essa resposta é a única coisa que falta para tornar seus sonhos realidade! 

Rav Yehuda Berg

Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DAR - LEGÍTIMA CARIDADE


Nunca diga, alma querida, que é pobre e nada tem para dar ao seu irmão. 

Lembre-se de que a legítima caridade é fonte de amor puro a nascer-lhe do coração: a colherzinha de sal, o pedaço de pão, a roupa em desuso, o sapato abandonado, a gota de sedativo capaz de silenciar a dor, o sorriso fraterno, um olhar de ternura, o perdão para a ofensa, o silêncio para a injúria, a luz da prece em favor do doente esquecido.
 
Nunca deixe passar em vão o seu dia. Assinale-o com um ponto positivo de luz, no coração do tempo que se chama hoje, e seu crédito estará sempre crescendo aos olhos de Deus.


Jerônimo Mendonça



Fonte: do livro "Escalada de Luz"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A CABALA LURIÂNICA


Durante o séc. XVI um grupo de cabalistas viveu em Safed, na Galiléia. Durante algum tempo, o grupo teve como mentor o grande gênio místico Isaac Luria que, baseado nas imagens do Zohar, desenvolveu vários conceitos adicionais que tiveram um papel muito importante na teoria mística judaica.

Um deles é o conceito de TZIMTZUM (“contração”), segundo o qual, como Deus ocupa todos os espaços, Ele teve de contrair-se para ocupar uma parte mínima do seu infinito e abrir espaço para o universo criado. Como essa contração ocorreu igualmente de todos os lados, a forma resultante foi esférica A luz criadora divina introduziu-se nela em uma linha reta e dispôs-se tanto em círculos concêntricos como em uma estrutura unilinear chamada de “o Homem Primordial que precedeu todos os outros primordiais”. Por esse motivo, a forma de um círculo e de um homem são as duas direções nas quais todas as coisas criadas se desenvolvem.

Outro conceito surgido na cabala luriânica é o de SHEVIRAH HAKELIM (“quebra dos vasos”). Os vasos designados para as três Sefirôt superiores puderam conter a luz que irradiava para elas, mas a luz atingiu as próximas seis Sefirôt subitamente, e foi forte demais para ser contida nos vasos individuais. Um após o outro eles se quebraram, e os pedaços se espalharam e caíram. O vaso da última Sefirá, Realeza, também se quebrou, mas não tanto. Um pouco da luz que estivera contida nos vasos voltou à sua fonte, mas o resto foi arremessado para baixo, junto com os próprios vasos, e desses pedaços quebrados as KELIPÔT, as forças das trevas, tiveram força. Eles também são a origem de toda a matéria. A pressão irresistível da luz sobre os vasos também fez todos os mundos descerem do lugar que havia sido destinado a eles, por isso todo o sistema do mundo está em desacordo com a ordem e posição originalmente pretendidas.

Lúria ensinou que os efeitos lamentáveis da “quebra dos vasos” podem ser superados pelo processo de TIKUN (“restauração”). A força principal do Tikun é a luz irradiada pela testa do Homem Primordial para reorganizar a confusão que resultou da quebra dos vasos. Outras evoluções complicadas, nas quais o homem não pode tomar parte, resultaram em uma realização quase completa da restauração, mas ainda há um trabalho a ser feito, trabalho que apenas o homem pode fazer.

É dever do homem, através de atos religiosos e da contemplação mística, lutar contra e finalmente acabar com o exílio humano, e também com o exílio de SHECHINÁ (a Presença Divina) causado pela quebra dos vasos. O homem deve esforçar-se por reconduzir o mundo ao seu verdadeiro nível espiritual e atingir um estado permanente de comunhão entre todas as criaturas e Deus que as kelipôt, as partes externas malignas, serão incapazes de evitar.


Rabi Dr. Roy A. Rosenberg



Fonte: do livro "Guia Conciso do Judaísmo"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SEJA COMO O LÓTUS

Nem toda água é potável. A poça estagnada deve ser evitada; é melhor o rio que flui. Escolha água potável e pura para beber. Use o mosquiteiro, mas cuide para que os mosquitos não entrem na rede quando for para a cama. Mantenha os mosquitos afastados, não os aprisione dentro da rede. Veleje no barco que flutua sobre a água, mas não deixe a água entrar nele. Assim, também, esteja na vida mundana, mas não permita que ela fique dentro de você. O lótus, nascido na lama e no barro, ergue-se através da água e acima dela. Ele se recusa a se molhar ainda que a água seja o elemento que lhe dá vida. Seja como o lótus.

Sathya Sai Baba

Fonte: www.sathyasai.org
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PRECES E REFLEXÕES AO DEITAR-SE (Tradição judaica/cabala)


Eu perdôo a todo aquele que me magoou, me prejudicou ou me fez qualquer forma de mal: ao meu corpo, à minha propriedade, à minha dignidade, à minha honra ou a qualquer coisa que possuo na Terra, quer tais atos tenham sido cometidos deliberada ou involuntariamente com palavras, ações ou ainda de forma artimanhosa, quer na vida presente ou em existências passadas. Eu perdôo a todo filho de Israel assim como a qualquer criatura humana. E te imploro, Senhor, que nenhum ser humano seja castigado ou sofra os rigores da culpa por minha causa. Seja da tua vontade, Senhor, Eterno Deus de meus ancestrais e Soberano de toda a criação, que eu não incorra mais na transgressão das tuas Leis, porém as transgressões de que já me tiver tornado culpado e que implicam em ser respondidas com responsabilidade, me encontrem contrito, arrependido e cheio de fé em teu Amor e Misericórdia, a fim de ser capaz de suportar com resignação e coragem o que tu julgares a meu respeito. Sejam as palavras da minha boca e os sentimentos do meu coração recebidos por ti com magna boa vontade, ó Deus, minha rocha e meu Redentor.


Bendito sejas tu, Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que concedes o sono aos meus olhos, a sonolência às minhas pálpebras e que ilumina a pupila dos meus olhos. Seja de teu agrado, Eterno meu Deus, e Deus de meus pais, que me deite em paz e ao me levantar seja destinado à vida e à paz. Concede-me ser guiado pelo espírito do bem e não tenha influência sobre mim o espírito do mal. Liberta-me dos malefícios, das más inclinações e preserva-me, Senhor, de ser perseguido por obsessões e sonhos maus. Seja ainda o meu leito distinguido por tua paz e ilumina os meus olhos para não cair no sono da morte. Bendito sejas tu, Senhor, que iluminas todo o universo com a tua glória.



Fonte: Livro de Orações "SIDUR da Semana", Ed. Nova Stella, 2ª ed., 1992, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/isl%c3%a2mico-ora%c3%a7%c3%a3o-crep%c3%basculo-sol-3710002/