terça-feira, 20 de novembro de 2012

NAS HORAS DE MEDITAÇÃO

Há horas em que nos esquecemos do mundo. Nessas horas sentimos aproximar-nos de uma região de bem-aventurança, na qual a alma sente-se possuída de seu próprio Eu e em presença do Altíssimo. Cala-se, então, o clamor do desejo; tranquilizam-se os sentidos. Somente Deus é.

Não existe santuário mais sagrado que uma mente purificada, uma mente concentrada em Deus. Não existe lugar mais santo de que aquela região de paz na qual penetra a mente quando fica fixa no Senhor. Não há incenso de perfume mais suave e puro que o pensamento ascendendo até Deus. Pureza, sorte, bem-aventurança, paz! De tudo isso se compõe a atmosfera do estado de meditação.

A consciência espiritual alvorece nessas horas silenciosas, sagradas. A alma se aproxima de seu manancial. Nessas horas, o ribeiro da personalidade se expande, convertendo-se em imponente e caudaloso rio que corre até a individualidade verdadeira e permanente, que é a Consciência Oceânica de Deus. E ela é Uma, Única.

Nas horas de meditação a alma extrai das alturas as qualidades que realmente pertencem à sua natureza: ausência de todo medo, sentido da realidade, sentido da imortalidade.

Interioriza-te em teu Eu, ó alma! Busca com amor a hora silenciosa. Compreende que teu Eu é da mesma substância da verdade, a substância da Divindade; em verdade mora Deus dentro de teu coração.

F. J. Alexander

Fonte: do livro "Nas Horas de Meditação"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

EXPANDINDO A CAPACIDADE PARA A GRANDEZA

Já aconteceu de você ter conseguido algo grandioso e logo depois se sentir vazio? Muitas vezes, acreditamos que seremos felizes e realizados ao terminar um projeto, encontrar a alma gêmea ou ganhar aquele prêmio almejado – só para descobrir que, depois, o entusiasmo inicial passa e um imenso vazio se instala em seu lugar. Um sentimento do tipo "Bem, e agora?"


O Zohar, a fonte da sabedoria kabalística, explica que enquanto existem poucas certezas na vida, uma coisa é sempre certa: cada um de nós é capaz de realizar muito mais do que realizou até agora.

E isso significa: haja o que houver.

Mesmo que tenhamos construído o arranha-céu mais alto, existe outro, ainda maior, que podemos construir. Se descobrimos a cura de alguma doença, existe outra para ser sanada. Se ontem nos importamos incondicionalmente com quatro pessoas, hoje precisamos nos empenhar para aumentar esse número.


É a mesma lógica do esforço físico: na academia, quando você levanta um peso de 10 quilos confortavelmente, o treinador diz que você vai precisar aumentar a carga se quiser ficar mais forte. 
 
O problema é quando a voz do "Lado Negativo" entra em nossa mente e nos diz que não conseguimos fazer mais. O "Oponente" vai lembrá-lo insistentemente de suas limitações e o atrairá para a negatividade, dando-lhe todos os motivos do mundo para que você não se torne uma pessoa melhor ou alcance um estado mais elevado de consciência.

Mas os kabalistas ensinam um grande segredo: nenhuma das nossas limitações nos torna menos capazes.

É claro que podemos ser egoístas. Ficamos reativos. Todos nós fazemos coisas negativas algumas vezes. Mas temos que nos amar, temos que nos perdoar e temos que saber que somos capazes de muito mais do que sequer podemos imaginar; aconteça o que acontecer.

Todos nós podemos fazer coisas ainda mais grandiosas; mas o primeiro passo é saber que podemos e que conseguiremos.

Temos que continuar a aumentar e a expandir nossa capacidade para a grandeza. Não importa se temos quinze ou cinquenta anos: tudo o que realizamos na vida até agora é apenas a ponta do iceberg.
 
Rav Yehuda Berg
Centro de Cabala
 
Fonte: www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

QUEIMAR ALGO EM SI PRÓPRIO

Nas igrejas e nos templos, há o costume de acender velas e de queimar incenso. Por quê? Porque a vela e o incenso a arder simbolizam o sacrifício, isto é, a transformação de uma matéria bruta numa matéria mais sutil: luz, perfume.

Esta luz e este perfume que acompanham as orações dos fiéis elevando-se para o Senhor representam o que eles devem queimar neles próprios para serem escutados.

Nenhum dos atos que o homem realiza na sua vida é fruto do acaso; mesmo aqueles que parecem insignificantes contêm um sentido profundo. Então, sempre que vós acendeis uma vela ou um fogo, deveis deixar-vos impregnar pela profundeza desse fenômeno que é o sacrifício e pensar que, para se poder ter acesso aos planos superiores da alma e do espírito, é sempre necessário
queimar algo em si próprio. Há tantas coisas acumuladas no nosso interior e que nós podemos queimar! Todas as impurezas, todas as tendências egoístas, passionais – é essa a matéria que nós devemos queimar para produzir uma luz que nunca nos deixará.

Omraam Mikhaël Aïvanhov 
 
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A REVELAÇÃO É DESCOBERTA DA ALMA

A noção popular do que seja uma revelação, é a previsão do futuro. 

Nos passados oráculos da alma, a compreensão tenta encontrar respostas a perguntas sensuais, e se propõe a extorquir de Deus o tempo pelo qual os homens existirão, o que suas mãos farão e quem serão seus companheiros, acrescentando até mesmo nomes, datas e lugares. 

Mas não devemos forçar as fechaduras. Devemos reprimir esta curiosidade. Uma resposta em palavras é enganadora; ela não responde realmente a pergunta que fazemos. 

Não exijas uma descrição dos países para os quais irás viajar. A descrição não os descreve, e amanhã chegarás lá e os conhecerás habitando-os. 

Os homens perguntam pela imortalidade da alma, e pelas ocupações do céu, e não pelo estado do pecador, e assim por diante. Eles chegam mesmo a sonhar que Jesus deixou precisamente respostas para esses interrogatórios.

A revelação é a descoberta da alma.


Ralph Waldo Emerson

Fonte: de escritos Rosacruzes (Ordem Rosacruz - AMORC)
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AMA SEMPRE


Encontrarás talvez, junto de ti, os que te pareçam errados.

Esse cometeu falta determinada, aquele se acomodou numa situação considerada infeliz.

Respeita o tribunal que lhes indicou tratamento, sem recusar-lhes auxílio. Quem conhecerá todas as circunstâncias para sentenciar, em definitivo, quanto às atitudes de alguém, analisando efeitos sem penetrar as causas profundas?

Deliciava-se certa jovem com o perfume das rosas que lhe vinham desabrochar na janela. Orgulhosa das ramas que escalavam paredes, de modo a ofertar-lhe as flores, quis corrigir o jardim, no pedaço de chão em que a planta se levantava. Pequeno monte de terra adubada, a destacar-se de nível, foi violentamente arrancado, mas justamente aí palpitava o coração da roseira.

Decepada a raiz, morreram as flores. Quantas criaturas estarão resignadas à moradia em situações categorizadas por lodo, para que as rosas da alegria e da segurança possam brilhar nas janelas de nossa vida?

Aceita os outros tais quais são.

Espera e serve.

Abençoa e ama sempre.

O errado hoje, em muitos casos, será o certo amanhã.

O julgamento é dos homens, mas a Justiça é de Deus.
 

Francisco Cândido Xavier / Meimei
 

Fonte: do livro "Amizade"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AVALIE A SI MESMO



UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
 
O que é reformar?
É restituir ou restabelecer à organização primitiva.
 
O que é transformação?
É o ato ou efeito de transformar ou de ser transformado. É uma alteração, modificação ou uma mudança de uma forma em outra. Pode ser uma evolução ou mutação mais ou menos lenta de qualquer coisa.
 
O que é modificação?
É o ato ou efeito de transformar. É mudança no modo de ser de qualquer coisa. É transformação de uma coisa sem prejuízo da essência.
 
O que é alteração?
É o ato ou efeito de modificar o estado normal de alguma coisa. Pode ser, também, o ato de decompor, ou degenerar alguma coisa.
 
Assim, adotamos a palavra transformação por achá-la mais adequada ao que se refere às mudanças comportamentais.
 
TRANSFORMAÇÃO ÍNTIMA
 
O QUE É TRANSFORMAÇÃO ÍNTIMA?
É um processo contínuo de auto-análise, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, libertando-nos de nossas imperfeições e permitindo-nos atingir o domínio de nós mesmos.

O QUE PODEMOS FAZER PARA NOS TRANSFORMARMOS INTIMAMENTE?
Podem-se e devem-se substituir nossos defeitos como por exemplo, o Egoísmo ou Personalismo, o Orgulho, a Inveja, o Ciúme, a Agressividade, a Maledicência e a Intolerância por virtudes, tais como Humildade, Caridade, Resignação, Sensatez, Generosidade, Afabilidade, Tolerância, Perdão etc.

QUANTO TEMPO PODERÁ LEVAR PARA QUE TAIS MUDANÇAS OCORRAM?
O tempo não importa, o que importa é o esforço contínuo que se faz para atingir a Transformação Íntima. (“Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações. Allan Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, Sede Perfeitos).  Não se trata de esforço físico, mas de firme contenção de espírito, de um empenho que não sofra excessiva solução de continuidade. "Excessiva", porque, na verdade, também não podemos estar "continuamente" empenhados na transformação de nós mesmos. Deve haver, isto sim, uma persistência de propósito, e a esta persistência chamamos esforço. Em outras palavras, não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia para um curso mais fácil de ação, ao primeiro sinal de dificuldade. A referência do esforço é nesse sentido: continuidade, persistência em face das dificuldades. Mesmo que no dia a dia dê  a impressão de que não houve nenhuma mudança, não se deve desanimar nem abandonar o propósito da transformação. Por isso devemos dizer que este esforço é para a vida toda. Estudar o Evangelho de Jesus, ouvir sugestões de pessoas experientes, assistir conferências,  ler artigos e livros referentes a este assunto nos levará a conhecer ainda mais, e assim nos auxiliar na identificação dos defeitos que nos afetam em cada situação da vida e aprender aos poucos a prática das virtudes que irão substituí-los.
 
COMO FAZER?
O Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para a nossa Transformação Íntima, e Santo Agostinho em resposta à q. 919ª de O Livro dos Espíritos nos oferece uma excelente receita para isto:
 
“Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto estes nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência, aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.
 
Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a ideia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma.”  
 
Temos a tendência natural de sempre justificar nossos defeitos com racionalismos. São artimanhas e tramas inconscientes. Portanto, procuremos conhecer a fundo esses defeitos em todas as suas particularidades, e em como eles nos afetam, localizando as ocasiões em que estamos mais vulneráveis à sua manifestação. Procuremos então nos afastar desses procedimentos e buscar ferramentas adequadas para substituí-los em nosso comportamento.
(...)

A IMPORTÂNCIA DAS QUEDAS
 
Um ponto importante é que precisamos contar com as quedas, até que cresçamos espiritualmente, afinal somos como crianças aprendendo a andar, e são as quedas que fortalecem nossa vontade, e nos ensinam a ter persistência.
 
Somos aquilo que conseguimos realizar e não aquilo que prometemos. Através das quedas aprendemos mais sobre nós mesmos e podemos aperfeiçoar o modo de evitá-las. Mas se cairmos porque nos falta vontade de acertar estaremos no caminho descendente e, de queda em queda, nos enfraqueceremos.
 
A criança aprende a andar porque está determinada a fazê-lo. Então, não desanimemos nunca, levantemo-nos logo e sigamos em frente com tranquilidade, sem nos martirizarmos, com conhecimento de causa, na firme determinação de não mais errarmos.
 
CONCLUSÃO
 
A cada minuto de nossa vida, antes de iniciar qualquer ação, façamos este exercício de nos perguntarmos sempre:

Isto que estou fazendo agora seria bem aceito por Deus ou pela minha consciência?
 
Se for, o procedimento é correto; se não for devemos descontinuar imediatamente o que iriamos fazer e não pensar mais nisso.
 
“Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós, mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?
 
Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.”  - (SANTO AGOSTINHO in O Livro dos Espíritos, q. 919a)

A auto-análise permite que alinhemos as nossas ações e pensamentos na direção das correções que necessitamos realizar, para que ajustemos os nossos atos de acordo com os ensinamentos do Mestre, tanto com relação a Deus como em relação ao nosso próximo.
 
Através do esforço próprio e de exercícios repetidos em direção às boas causas, sedimentaremos em nós o próprio Bem.
 
Este processo é árduo, assim necessitaremos de muita coragem, perseverança e determinação para o realizarmos. Deus assiste e auxilia sempre, mas precisamos fazer a nossa parte se desejamos verdadeiramente melhorar.

Invistamos em nosso interior e procuremos melhorar nosso espírito eterno, transformando o que esta sociedade transitória estabeleceu como "normal" para nós. Lutemos o bom combate e não a luta mesquinha dos materialistas. A humanidade continuará ainda por muito séculos como é agora, mas nós, que já estamos disposto às mudanças de atitude, que já sentimos o amor ensinado pela Doutrina Espírita, que já estamos conscientes da realização de nossa evolução espiritual, que já começamos a compreender as palavras de nosso grande Mestre (Jesus), podemos fazer a nossa pequena parte vivendo a solidariedade no mais alto grau que é a caridade e realizar a transformação no íntimo de cada um, fazendo a Alquimia moderna de transformar chumbo em ouro.
 
ELIO MOLLO
 
Fonte: http://www.aeradoespirito.net/ArtigosEM/AVALIE_A_SI_MESMO.html 
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

Referências:
-O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
-O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
-Reforma íntima (artigo) - Paulo Antonio Ferreira - http://home.ism.com.br/~pauloaf/ 
-Manual Prático do Espírita de Ney Prieto Peres, da Editora Pensamento.
-Fundamentos da Reforma Íntima - Abel Glaser pelo Espírito Caibar Schutel, da Editora O Clarim.
-Reforma Íntima (artigo) - João Batista Armani - http://www.espirito.org.br/portal/palestras/diversos/reforma-intima.html

EU SOU A HARMONIA NOS PENSAMENTOS, SENTIMENTOS, PALAVRAS E OBRAS

EU SOU O QUE O CRIADOR É. LOGO:
EU SOU A INTELIGÊNCIA. EU SOU A BELEZA. EU SOU A HARMONIA NOS PENSAMENTOS, SENTIMENTOS, PALAVRAS E OBRAS.


Feliz é o aspirante que chega a sentir isto. A substância que rodeia o corpo é demasiadamente sensível e susceptível ao pensamento e sentimento conscientes, pelos quais se pode modelar qualquer forma.

Esta substância do corpo pode, pelo pensamento e sentimento conscientes, ser modulada e modelada à mais extraordinária beleza. Olhar no espelho e desejar a beleza aos olhos, ao rosto e às suas expressões, usando as afirmações conscientemente, sem dúvida a substância sensível e invisível os revestirá com a beleza do sentimento e do pensamento. Não muda a cor dos olhos, mas, os dota de uma simpatia demasiadamente atrativa e assim moldará o rosto com as irradiações que fluem dele. 
O homem aspira os átomos afins aos seus pensamentos.
Dr. Jorge Adoum .'.
Fraternitas Rosicruciana Antiqua

Fonte:  http://br.groups.yahoo.com/group/magojefa

Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A LINGUAGEM DO INCONSCIENTE

Todos nós, no fim das contas, temos de aceitar as consequências de nossas opções. As opções nunca são tão simples quanto parecem. Mesmo a mais sábia das pessoas faz más opções, e são exatamente esses "erros", com toda a dor de suas consequências, que nos permitem adquirir alguma sabedoria.

(...)

É muito mais fácil culpar os pais por nossos problemas psicológicos, esquecendo conscientemente, que o poder que eles têm deriva do que é projetado neles; é mais fácil sair de um relacionamento ou de um casamento porque a monogamia está "fora de moda", ou porque o parceiro obviamente é uma besta totalmente responsável pela trapalhada. O reconhecimento da elemento de projeção é uma carga que muitos de nós não deseja assumir, pois se realmente assumimos essa carga, nem um só incidente - nem uma só discussão, disposição de ânimo, ataque de raiva, suspeita secreta ou explosão de ressentimento - pode passar sem o reconhecimento das próprias motivações. E também é preciso conversar sobre muita coisa, o que implica um tipo de confiança que não estamos acostumados a ter em nossos semelhantes, porque não confiamos em nós próprios. Não somos apenas completamente não educados nessa forma de olhar para dentro; também somos sujeitos a uma certa apatia, uma inércia que recusa o esforço de aprender a ver, preferindo o refúgio da inconsciência. 

É preciso ter coragem de sofrer a morte das ilusões e a dissolução das projeções. É preciso ter coragem de errar. É preciso ter coragem de ser vulnerável, de ser inferior, de ser suficientemente magnânimo para permitir o fracasso dos outros, porque todo mundo está sujeito a eles; e é preciso ter a coragem de sofrer (e infligir) dor e orgulho ferido, também, às vezes, como um ego totalmente (machucado e magoado) que precisa ser sacudido para sair de sua autocomplacência. É preciso conservar o senso de humor. E é preciso estar disposto a aceitar o elemento da conivência inconsciente em todas as situações, por mais que pareçam ser a culpa de outra pessoa, pois nas raízes mais profundas de nosso ser, somos todos uma psique, e a mesma correnteza da vida nos impregna a todos.

Em cada um de nós existe o santo, o mártir, o assassino, o ladrão, o artista, o estuprador, o professor, o curador, o deus e o demônio. Os indivíduos são diferentes, mas a psique coletiva dá origem a todos nós.

É preciso reconhecer tanto a pequenez como a grandeza do SELF pessoal em todas as questões de opção.

Entretanto, há espaço, em cada um de nós, para a criança negligenciada, a criança cheia de potencialidades, que eternamente condenamos e reprimimos porque não se ajusta à nossa auto-imagem e às imagens das pessoas à nossa volta. Valorizar a criança permite que nos valorizemos a nós mesmos como pessoas inteiras, e só podemos nos valorizar enquanto pessoas inteiras. Precisamos nos educar para olhar através do egoísmo, da voracidade, da dependência, do ciúme, da possessividade e da vontade de poder e discernir as necessidades e energias que os governam; é essa discriminação modesta e não-dogmática, que vai nos capacitar a transmutar o desajeitado e feio em algo vulnerável e precioso.

Todos nós, em resumo, precisamos nos tornar alquimistas, e o trabalho da transmutação é sinônimo de aprender a amar. O mandamento de Cristo é amar o próximo como a si mesmo. Mas se você não se amar, o que vai ser capaz de fazer ao seu próximo, escorando-se no farisaísmo do seu próprio julgamento.

Mas enquanto é fácil se identificar com o herói, é um pouco mais difícil reconhecer que o inimigo, o feiticeiro, o dragão, a bruxa e a madrasta malvada, assim como a amada, são figuras que existem autonomamente e exercem poder dentro da nossa própria psique.

Não é fácil viver com a própria inferioridade, admiti-la, dar-lhe um santuário, alimentá-la e valorizá-la por si mesma. Todos nós ficamos terrivelmente embaraçados ao exibi-la mesmo para aqueles que amamos. E depois precisamos arranjar desculpas esfarrapadas quando, em vingança, o que deserdamos reivindica sua herança e executamos atos de violência contra os outros. Encarar o lado secreto e transexual da própria Natureza, iniciar o longo trabalho para libertá-lo e redimi-lo, também requer coragem. Preferimos deixar que um parceiro o vivencie por nós, de modo que, se ocorrer algum tipo de fracasso, será responsabilidade de outra pessoa.

Vivendo através e além do horóscopo do nascimento, está o indivíduo, que - no que diz respeito à consciência que desenvolve - não está limitado pelo seu Mapa Astrológico. Quem quer que tente diagnosticar problemas de relacionamento a partir da suposta incompatibilidade de signos vai ficar completamente desapontado. Porque, no fim, não é possível fugir do fato de que metade do relacionamento é sua própria criação e precisa ser investigado e manejado através do reconhecimento de sua própria Natureza, consciente e inconsciente - assim como o reconhecimento das motivações operando nele quando executa qualquer ato ou toma qualquer decisão importante. Se um indivíduo quer conhecer e experimentar o outro, precisa primeiro se conhecer e experimentar-se, e, para tanto, como nos dizem os contos de fadas, é preciso iniciar uma saga, uma jornada, durante a qual vai se deparar com os habitantes desconhecidos de seu próprio mundo interior, em estranhas formas e disfarces. E é preciso chegar à percepção de que eles não são criação do ego, mas participam, com o ego, da totalidade psíquica - e, nessa totalidade, o ego desempenha o papel de redentor amoroso e do servo dos deuses, não do ditador ou do escravo.

O verdadeiro terapeuta ou conselheiro é o processo de viver; é somente vivendo a própria vida com lealdade em relação ao SELF total, que se pode aprender a compreendê-la e tomar o conhecimento - quer na linguagem psicológica ou astrológica - realmente seu. Na época oportuna, no entanto, alguns indivíduos podem se beneficiar com a orientação, o aconselhamento ou a participação de experiência grupal; é só o medo e o orgulho sem sentido que nos convencem de que deveríamos ser sempre capazes de nos enxergar e nos ajudar calados e sozinhos. Muitos de nós também podem se beneficiar muito com a compreensão da astrologia, mas existem numerosas formas expressar o que o mapa simboliza, e nem todos entendem os mesmos símbolos. Acontece que, antes de a pessoa chegar a qualquer compreensão verdadeira, ela precisa tentar muitas coisas, vaguear por muito tempo na escuridão, sendo guiada somente por uma vaga intuição.

Nos momentos de maior necessidade, a psique inconsciente oferece ao consciente seus próprios símbolos de inteireza e do próximo estágio da jornada; se não quisermos viajar às cegas, precisamos aprender a ler esses símbolos em nossos sonhos e fantasias, assim como no horóscopo. É no reino dos símbolos, dos sonhos, dos mitos e contos de fadas, no domínio da sombra, no reino do filho idiota e do parceiro interior aprisionado que precisamos viajar, traçando nosso mapa enquanto caminhamos.

"O amor é uma força do destino cujo poder alcança desde o céu até o inferno" - JUNG

Mesmo a mais distorcida das projeções, se tiver o poder de impulsionar o indivíduo a se tornar maior do que era - a lutar, aspirar, crescer, tentar alcançar o outro -, abriga em algum lugar, o demônio do amor. Embora precisemos introjetá-las, as projeções também devem ser respeitadas, pois são emanações de nossa alma. Não é errado projetar. Pelo contrário, é muito provável que sejamos projeções do SELF. É só quando nos recusamos a reconhecer nossas projeções que somos culpáveis. O conteúdo de uma projeção é um aspecto, uma parte inseparável, da própria essência do indivíduo.

Não se trata de superar as ilusões infantis. Trata-se de aprender a viver tanto no mundo interior como no exterior, reconhecendo a linguagem de ambos - e que eles, e nós, fazemos parte da mesma totalidade.

LIZ GREENE

Fonte: do livro "Relacionamentos"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal



"Ai do homem que vê apenas a máscara. Ai do homem que vê apenas o que está escondido atrás dela. Somente o homem que tem a verdadeira visão vê ao mesmo tempo, e num simples relance, a bela máscara e a horrível face por trás dela. Feliz o homem, que por trás de sua fronte, cria essa máscara e essa face numa síntese ainda desconhecida da Natureza. Somente ele pode tocar com dignidade e graça a flauta dupla da vida e da morte"

NIKO KAZANTZAKIS