terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O QUE FAZER FRENTE AOS PROBLEMAS?


Sempre que rotulamos uma situação de "problema", o primeiro passo para resolvê-lo de uma vez por todas é mudar o rótulo para "lição". Não se trata de um problema de linguística ou a troca de uma palavra por outra. Nessa troca tudo se modifica, pois a palavra "problema" desencadeia o medo que gera a produção de mediadores químicos no sistema nervoso que atrapalham o raciocínio dificultando que se encontre a solução. A palavra "lição" não vem acompanhada da obrigação de se encontrar um resultado correto imediato, e o aprendizado fica facilitado. 

Cada situação deve ser analisada de forma simples e direta para que o trabalho desenvolvido seja eficiente. Quem se recusa a parar para pensar e analisar para aprender a discernir entre as polaridades: verdade e mentira, realidade e ilusão, certo ou errado, bom ou mau, certamente vai desperdiçar preciosas oportunidades de humanizar-se. Observar, deduzir, planejar, executar são condições básicas de humanização. Quem resolver conduzir a existência ao "Deus dará", ao sabor dos acontecimentos, será um eterno pedinte de favores divinos. 

Tudo a seu tempo, pois "a pressa é inimiga da perfeição." A consciência de que nem tudo vai ser resolvido ou aprendido nesta existência traz uma sensação de paz relativa e uma certa felicidade. Além disso, facilita o correto uso dos recursos do conhecimento e do tempo. Aceitar que determinadas situações não serão resolvidas desta vez é sinal de inteligência e humildade. O perigo que corremos com a aceitação é cair nos braços da inércia e entregar tudo na mão de Deus. Deixar de executar o que é possível naquele instante é uma armadilha a ser evitada. Pedir a Deus que as provas e as expiações sejam retiradas, como habitualmente fazemos, é desprezar o material de aprendizado ou as ferramentas que nós próprios escolhemos antes da reencarnação. 

Em algum instante da vida, seja por incompetência ou ignorância, alguns pais dão a entender ou verbalizam aos filhos que eles são um fardo a ser carregado ou um problema nas suas vidas. Pensar assim indica pobreza de compreensão das leis da evolução. Nenhum pai ou mãe educa os filhos, apenas participa da educação daquele espírito com os recursos de que dispõe. 

Compreender que nenhum espírito fará a evolução pelo outro é também condição básica para progredir com calma. Mesmo aconselhar não é apontar soluções; mas sim, mostrar um conjunto de possibilidades de causa e efeito. Sofrer com os outros também não é indicação de bondade nem de evolução espiritual; apenas indica falta de educação emocional. 

Nenhum problema da evolução humana será resolvido se nos esquecermos das reais finalidades do existir.


Américo Marques Canhoto



Fonte: do livro "A Reforma Íntima Começa no Berço", EBM Editora.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A CAMINHO DO CONHECIMENTO


O homem em evolução sempre procura o conhecimento como um meio necessário a sua própria existência. Como ser racional ele deixa de seguir a instintos promovidos pelo ambiente onde vive para, com o uso da razão, desenvolver a sua melhor forma de viver. A complexidade desse processo permite que tudo ocorra de uma maneira que parece ser sutil, simples e ao acaso. Somente é possível enxergar uma pequena luz desse processo se for analisado com base na evolução do espírito. Evidentemente os diferentes graus evolutivos de cada ser humano, promovem as diferentes formas de busca do conhecimento conforme a necessidade de cada um. Na sobrevivência num meio hostil, adquirem-se os conhecimentos imprescindíveis a continuidade da vida. Toda doença tem sua cura graças ao conhecimento adquirido em seu devido tempo, mas novos desafios aparecem indefinidamente, caso contrário, a busca do conhecimento nessa área seria desnecessária. A necessidade da nutrição para sobrevivência do corpo, faz com que o homem caminhe no avanço tecnológico em busca da quantidade de alimento para a manutenção da vida no planeta. Da mesma forma, observa-se a necessidade da busca do conhecimento em todas as áreas de atuação da vida no homem na Terra. E no comportamento individual e convivência do homem em sociedade?

O conhecimento é fruto da evolução individual de cada pessoa. Assim, ele é gerado de acordo com que cada um deseja no momento. Se um indivíduo tem sede e necessita de água, ele terá que beber de alguma forma, mas muitos sabem que uma água limpa e potável é melhor do que uma água suja e poluída. A evolução de bens materiais também ocorre conforme as necessidades e o desejo de cada indivíduo.

Vamos analisar a vida sob três tipos básicos evolutivos. Para uns a vontade predomina sobre a razão em todos os sentidos e a vida parece caminhar como uma máquina programada para executar um serviço. Vive-se assim conforme caminha a vida geral da comunidade. As pessoas agem individualmente e raramente ela se preocupa com o próximo. Reza-se para não aparecer dificuldades e faz-se tudo da maneira mais simples possível evitando o aparecimento de qualquer problema ao seu lado. Entretanto, as dificuldades estão presentes constantemente e promovem sofrimentos que parecem perpetuar eternamente. São pessoas incapazes de enfrentar uma competição para uma sobrevivência melhor. Acomodam-se passando longo tempo praticamente no mesmo ponto. Tem medo até de pensar, ou seja, de usar a própria razão. A fé é quase sempre inquestionável. Confia em Deus ou em Entidades Superiores e aguarda passivamente o seu destino. As pessoas que vivem dessa maneira têm muita dificuldade em competir pela própria sobrevivência e vivem em constante alerta intuitivo.

Os indivíduos que vivem num segundo tipo evolutivo, buscam o conhecimento da verdade através da certeza de que somente a honestidade ou a forma de vida em comunidade sem prejudicar ninguém é o caminho correto a se seguir. Não há o comodismo, luta pela sobrevivência questionando sempre o papel do próximo. O homem deve desenvolver o seu potencial para ter o direito de viver em sociedade. Aqueles que não procuram viver com seus próprios passos, devem ser excluídos, pois não se pode admitir que um trabalhe mais em favor de outro que tem a mesma possibilidade de trabalho. A competitividade é marca definida nessa sociedade. Vive-se com conforto satisfatório ao padrão local. O conhecimento é uma busca constante em favor do maior conforto material, evitando os sofrimentos provocados pelo meio onde vivem. Mas o meio age sempre em ação de novos desafios, promovendo um círculo vicioso. Por exemplo, conhece-se a cura de uma doença e surge outra com características intrínsecas apropriadas com um novo grau de dificuldade para solução. Constroem-se locais mais confortáveis em detrimento da natureza e a própria natureza se modifica lançando novos desafios para se manter adequados. Da mesma forma, a fé é inquestionável e o único obstáculo para a reflexão coletiva é o medo da morte e a possibilidade de um julgamento desfavorável permitindo a sua vida em um local pior do que a que possui no momento.

No último tipo, os indivíduos nunca estão satisfeitos com o que são e buscam o conhecimento da verdade a qualquer custo. A vida parece ser momentânea e há uma preocupação maior não com o estado individual das coisas e sim com a satisfação pessoal em ver a vida como um todo em harmonia. A sua individualidade é considerada como essencial para o Espírito, ou seja, a sua vontade própria é fundamental para a liberdade de pensamento. A competitividade existe mas com respeito ao próximo, inclusive sacrificando-se em determinadas situações. O conforto deve ser fruto do seu trabalho mas preocupa-se com a necessidade geral onde vive. A fé é questionável e a razão é a linha mestra de toda a sua conduta, pois confia na racionalidade do homem como um dos mais fortes meios em favor da vida. A razão é considerada como dádiva de Deus, ou se não, caminha em busca de outra forma de pensamento e nada é aceito sem o crivo da sua própria razão.

Inúmeras outras variáveis certamente existem entre esses três tipos de pessoas. Mas o que isso importa? A procura da verdade é imprescindível a uma vida alegre e feliz.

O homem a caminho da verdade segue ao lado da CIÊNCIA e a medida que o planeta evolui, a ciência desperta novos interesses anteriormente desnecessários. O terceiro milênio será o marco de grandes avanços da ciência em relação a verdadeira fonte de conhecimentos necessários a evolução do homem. Dogmas e fé cega cairão por terra e a caracterização da verdadeira vida, que é a do plano espiritual, despertará os grandes temas científicos. O conhecimento do Espírito, a vida após a morte, a vida antes da vida terrena, a vida em outros planetas, as fontes energéticas a serviço do homem e da natureza, a atuação da medicina na auto-cura de doenças, a comunicabilidade entre as diferentes formas de vida existentes no universo, o auto-conhecimento e as relações de sociabilidade etc., serão os temas prediletos do conhecimento científico.

Nessa procura constante do conhecimento, é importante que tomemos iniciativas a favor de uma vida melhor. Por analogia podemos dizer que um grande campeão de xadrez é capaz de derrotar qualquer iniciante facilmente. Mas para se jogar bem é preciso conhecer o jogo e aprender suas regras. Depois gostar de jogar e começar a praticar e quanto mais se praticar maior será a habilidade do jogador. Chegará um ponto que ele não consegue derrotar outros adversários, mas aí todos os seus concorrentes atingiram um verdadeiro estágio de superioridade no jogo em que o prazer de jogar é plenamente compartilhado com novas ideias e como passou a amar o jogo de xadrez ele passa a admirar, respeitar e incentivar todos aqueles que querem ser um grande jogador de xadrez. Sabe-se que atropelamentos e desonestidade não levam o jogador para frente, pois ele chegará num ponto e permanecerá por muito tempo. Ao contrário, o amor ao jogo, a dedicação, a disciplina, a paciência e o respeito são virtudes imprescindíveis ao bom desempenho do jogador. Assim, precisamos bem compreender as regras da VIDA para podermos viver cada vez melhor. O espiritismo, numa linguagem atualizada de Jesus Cristo e de outros importantes pensadores que já passaram pela Terra, nos mostra as regras básicas e nos incentiva a praticá-las nesta reencarnação. A reflexão, uma dádiva Divina, é o nosso maior técnico e novos conhecimentos surgirão conforme novas necessidades evolutivas.

Resta-nos agora duas perguntas para reflexão de cada um. Em que ponto da caminhada evolutiva você está no momento? O que você espera daqui para frente?...



Raul Franzolin Neto



Fonte: Publicado no Boletim GEAE, nº 295, de 2 de junho de 1998
http://www.caminhosluz.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal