terça-feira, 5 de março de 2013

SÍMBOLOS DE SEU PRÓPRIO MUNDO


Por que é que um místico cristão sempre tem visões cristãs, não as de um budista? 

Por que é que um budista sempre vê as figuras de seu próprio panteão e não, por exemplo, Jesus ou a Madona? 

Por que é que um cabalista, em busca de iluminação, se encontra com o Profeta Elias e não com a figura de um mundo estranho? 

A resposta é, evidentemente, que a expressão da experiência de um místico é por ele imediatamente transportada para símbolos de seu próprio mundo. (Gerson Scholem)

Isso é um dos conceitos de arquétipo. Cada cultura, cada sociedade, cada pessoa veste os mesmos simbolismos com roupagens mentais adequadas a seu percurso social e individual. (Carl Gustav Jung)



Referências e sugestões bibliográficas:

- Jung C. G., O Homem e Seus Símbolos
- Scholem, Gerson., A Cabala e Seu Simbolismo


Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SUPERAÇÕES BIOLÓGICAS



Estamos habituados a pensar que os grandes abalos que subitamente sacodem o mundo físico ou moral são resultados de meras interações casuais entre fenômenos e, assim, acreditamos que não acontecem por nossa culpa. Por isso, nos surpreende a afirmativa: ...determinam-se movimentos; canalizam-se correntes dinâmicas; acentuam-se atrações e repulsões, donde depois se exteriorizarão os fenômenos, desde as convulsões físicas às morais ... Para Ubaldi, mesmo um terremoto que sacode a crosta geológica do planeta não tem como causa apenas as forças físicas originárias das profundezas do solo. Segundo sua teoria monista o Todo é solidário com as partes, assim todos os fenômenos, sejam eles de natureza física, dinâmica ou moral, se influenciam e se interagem. O orbe terrestre é uma unidade coletiva que é produto sintético das unidades menores pertencentes aos mundos físico, dinâmico e mental, ou seja, a Terra é uma individuação coletiva em que se integram num sistema orgânico hierarquizado os seus três modos de ser: Matéria (γ), Energia (β) e Espírito (α), em consequência não pode existir nenhum fenômeno isolado. O mundo mental (espírito=α ) por pertencer a um nível evolutivo superior supera, domina e dirige as fases energia(β) e matéria(γ). Segundo Ubaldi, a vanguarda da pesquisa científica já constatou que o observador não é exterior ao fenômeno e distinto dele, mas é um fenômeno no fenômeno. (P. Ubaldi - "Problemas do Futuro"). Fato este que nos leva a a surpreendente conclusão que nós mudamos o mundo quando o observamos. 

Tudo isto nos mostra que o universo é um Todo que ainda quando pulverizado em infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único, permanece organicamente compacto, porque ele é construído segundo um esquema único, consoante um idêntico modelo que se repete ao infinito em cada unidade menor, em que a maior se ramifica e se diferencia até à extrema pulverização. O que toma compacto o universo é ser ele um "eu", é o mesmo princípio unitário que mantém compacta toda forma que, à semelhança da máxima, é uma unidade coletiva resultante da coordenação orgânica de unidades "eu" menores. Assim. tudo permanece unido porque coligado por uma contínua atração de parte a parte, por uma confraternização dos "eu" menores nas unidades maiores. (P. Ubaldi - "Deus e Universo") 

Sustentado por essa base conceitual e observando o comportamento histórico da humanidade, Ubaldi anuncia o surgimento, em futuro próximo, de cataclismos tremendos que se por um lado trarão destruição e sofrimentos, por outro conduzirão a vida terrestre a uma renovação profunda. A acumulação, pela humanidade de deletérias ações egoísticas, está gerando no inconsciente coletivo planetário tremendas reações destruidoras que purificarão e clarearão a escura atmosfera psíquica que envolve a Terra. O amadurecimento destas reações não é percebida pela nossa mente racional que devido a sua natureza analítica vê o mundo como um conjunto pulverizado de seres, objetos e fenômenos. Assim, a ciência, produto desta mente analítica, perdeu-se num emaranhado de fatos, não conseguindo visualizar a unidade conceitual do Todo. O espírito religioso que poderia fornecer rumos unificadores ao pensamento humano, esclerosou-se e caiu na apatia de uma velhice decrépita. 

Na atual fase da evolução humana não existe uma orientação que propicie um rumo seguro para a vida coletiva. Nos grandes agrupamentos coletivos atuais existem apenas facções de indivíduos ou individualidades isoladas que se entrechocam numa luta sem trégua para alcançar a supremacia de uns sobre os outros. Não há, portanto, no mundo atual, um pensamento diretor que coordene as diversas atividades humanas de maneira construtiva de forma a superar a feroz luta animal que visa a seleção do mais forte e não a do mais evoluído e, portanto, mais civilizado. 

Muitas pessoas, ofuscadas pelo brilho das conquistas tecnológicas modernas, acreditam que o mundo já avançou muito no processo civilizatório. No entanto, Ubaldi nos mostra que aconteceu apenas um progresso formal: Hoje em dia a vida se apresenta feroz e desapiedada como nos tempos pré-históricos. Não estar armado de pedras lascadas, mas de metralhadoras, não estrangular seu semelhante com as mãos, e sim com os Bancos, representa apenas progresso formal, substancialmente fictício. (P. Ubaldi - "A Nova Civilização do Terceiro Milênio") 

No burburinho da apressada vida moderna só se dá valor ao ruidoso mundo dos fenômenos exteriores e, por isso, a introspectiva faculdade intuitiva que revelava verdades sintéticas aos profetas bíblicos e a outros iluminados foi relegada ao campo da fantasia e da superstição. A análise do detalhe passou a conduzir o pensamento humano, determinando o nascimento da moderna ciência racional. A infinidade de fatos colecionados pela ciência prejudicou a visão do conjunto, mas, - como tudo é regido pela Lei do Equilíbrio - para restabelecer a unidade dessa fragmentação do conhecimento, surge este livro, "A Grande Síntese", e os outros volumes da imensa obra Ubaldiana que serão pontos de referências da ciência sintética do futuro, como nos revela a frase: Nos grandes momentos só a mão de Deus vos guia a todos, e ela está hoje em ação, como no tempo das maiores criações. 

Os sinais dessa grande virada já é pressentida até pela própria ciência ao constatar, através de suas observações, que aquilo que considerava pedra de toque da pesquisa cientifica, isto é, a independência entre o fenômeno e o observador não é mais considerada nos altos escalões do pensamento científico moderno. O pesquisador, agora, será obrigado a voltar o olhar para si próprio para investigar a verdadeira e real fonte do conhecimento: a psique humana. Olhando a si mesmo o homem encontrará a explicação e a compreensão do Todo. Esta é uma atitude que ressaltará o significado da antiga máxima dos filósofos gregos: "Conhece a ti mesmo que as portas do infinito se abrirão para ti". E demonstrará, sobretudo para as mentes cépticas, que o preceito evangélico: "Amai o próximo como a si mesmo" se fundamenta na constatação de que, num universo monístico, não havendo separação entre sujeito e objeto, o amor ao próximo está na natureza própria do Universo. Não é, portanto, um adendo a ser acrescentado na ordem das coisas, é, por conseguinte, um sólido pilar que sustenta e suporta a estrutura universal.

Esse capítulo prenuncia o reaparecimento através de superações biológicas da humanidade, da faculdade intuitiva que ficou perdida no emaranhado factual da ciência materialista. E, será a própria ciência que a reconduzirá, renovada e alicerçada pela conquista racional dos últimos séculos, à proeminência da investigação científica. E, assim como nos diz Ubaldi: O homem refará a grande descoberta de que um supremo pensamento desce do Alto. 


Pedro Orlando Ribeiro

(comentários e observações sobre o Cap. 44 do livro "A Grande Síntese", de Pietro Ubaldi)


(desconheço a fonte do texto)
Fonte da Gravura: AI(IA)