terça-feira, 26 de março de 2013

VISÃO ESPÍRITA DA PÁSCOA


Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita.

- Deve-se comemorar a Páscoa?
- Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas?
- Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus?

Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para marcar a data, como fazem as demais religiões ou filosofias cristãs. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.

O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso.

Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento.

A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas 22,15-16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma comemoração, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi aproveitar o sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à imolação de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos e a ressurreição.

Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do Pessach, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à festa dos ázimos, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nissan) e, a partir do evento bíblico denominado "êxodo" (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia.

Mas há outros elementos evangélicos que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa. Os primeiros relacionam-se ao martírio, ao sofrimento de Jesus, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus.

No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter subido aos Céus em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os eleitos no chamado juízo final. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios.

A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a competência ou a qualificação de todos os Espíritos. Com tantas oportunidades quanto sejam necessárias, no nascer de novo, é possível a todos progredirem.

A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos nossos pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para nos salvar, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os bíblicos Adão e Eva, no Paraíso. A presença do cordeiro imolado, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o filho de Deus, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam em cores vivas as fases da via sacra.

Esta tradição cristã da culpa é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe. Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande e última lição de Jesus, que vence as iniquidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que permaneceria eternamente conosco, na direção bussolar de nossos passos, doravante.

Porque Jesus não morreu para nos salvar; Jesus viveu para nos mostrar o caminho da salvação. Esta palavra “salvação”, segundo Emmanuel, vale por “reparação”, “restauração”, “refazimento”. Portanto, “salvação” não é ganhar o reino dos céus; não é o encontro com o paraíso após a morte; salvação é "libertação" de compromisso; é regularização de débitos. Como diz a bandeira do Espiritismo: "Fora da Caridade não há Salvação". Então, fora da prática do amor (caridade) de uns pelos outros, não estaremos salvos, livres das complicações criados por nós mesmos, através de brigas, violência, exploração, desequilíbrios, frustrações e muitos outros problemas que fazem a nossa infelicidade. Portanto, aproveitemos mais esta data, para revermos os pedidos do Cristo, para "renovarmos" nossas atitudes. 

A Doutrina codificada por Allan Kardec não possui dogmas, rituais, não institui abstinências alimentares, nem possui comemorações vinculadas a datas comerciais e cívicas. Por isso, os espíritas não comemoram a morte nem o reaparecimento de Jesus. O Espiritismo nos ajuda a entender os acontecimentos da passagem de Jesus no plano Terra e esclarece que a Páscoa é uma festividade do calendário adotada em nossa sociedade por algumas religiões. Para os espíritas a Páscoa, como qualquer outro período do ano, deve ser um momento de reflexão, estudos e reafirmação do compromisso com os ensinamentos do mestre, a fim de que cada um realize dentro de si, e no meio em que vive, o reino de paz e amor que ele exemplificou.

Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar coordenando o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.

Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de sermos deuses, fazendo brilhar a nossa luz.

Comemore, então, meu amigo, uma outra Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.




Fonte: Adaptação de textos de: 

Marcelo Henrique
http://rumoslibertadores.blogspot.com.br/2013/03/visao-espirita-da-pascoa.html

Rudymara do Grupo de Estudo Allan Kardec http://grupoallankardec.blogspot.com.br/2012/04/pascoa-na-visao-espirita.html

Fonte da Gravura: 
http://www.mensagenscomamor.com/images/jpgs/img/p/pascoa_2013_3.jpg

FESTA-CONEXÃO DE PESSACH (PÁSCOA)


A Bíblia conta que nessa época Moisés libertou o povo de Israel do Faraó, através das 10 pragas.

A Cabala ensina que há muitos códigos nessa passagem. 

O Egito é um código para nosso ego, e o povo de Israel é um código para a humanidade.

As 10 pragas é um código que diz que foi preciso 10 golpes da Luz em nosso ego para que nos tornássemos livres. 

Este acontecimento, essa vitória da Luz sobre a escuridão (nosso ego) no acontecimento de Pessach aconteceu no passado mas abriu um canal de energia que está disponível a cada ano, desde os tempos bíblicos, para o benefício das gerações futuras. 

O tempo é uma roda. De ano em ano, as energias estão no mesmo lugar, na mesma data. Então, que aproveitemos a energia de liberdade disponível para anular nosso ego e assim criar espaço para a Luz. 

Como disse Rabi Baal Shem Tov: "Não há espaço para a Luz num homem cheio de si mesmo." 

Somos um recipiente: com o que queremos estar preenchidos? De Luz ou de escuridão (ego)?




Rav Yehuda Berg




Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: http://dicashoje.com.br/wp-content/uploads/2013/03/pascoa-2013-brasil.jpg