quinta-feira, 9 de maio de 2013

OS AUXILIARES INVISÍVEIS E A REALIDADE DA VIDA SUPERFÍSICA


Parece difícil àqueles que estão acostumados apenas às tendências usuais, e um tanto ou quanto materialistas, do século dezenove, acreditar e compreender perfeitamente uma condição de perfeita consciência fora do corpo físico.   Todo o cristão, pelo menos, tem, pelas exigências da sua própria crença, que acreditar que possui uma alma; mas, se lhe insinuardes a possibilidade de que essa alma seja uma coisa suficientemente real para que possa tornar-se visível, em certas tas condições, sem ter que ver com o corpo, quer durante a vida ou depois da morte, é quase certo que ele vos responderá, desdenhosamente, que não acredita em espectros e que uma ideia dessas não passa de uma sobrevivência anacrônica de uma extinta superstição medieval.

Se, portanto, quisermos compreender a obra do grupo de "auxiliares invisíveis" (espíritos fora do corpo somático), e mesmo aprender como tomar parte nela, temos que nos libertar das peias do pensamento contemporâneo sobre esses assuntos e tentar abranger a grande verdade (para muitos de nós já um fato demonstrado) de que o corpo físico não passa, na realidade, de um instrumento ou veste do verdadeiro homem. É abandonado de vez, quando morremos, mas também é abandonado temporariamente quando adormecemos — o adormecer não consiste senão no fato do homem real sair, no seu instrumento astral, para fora do seu corpo físico.

Torno a repetir: não se trata de uma mera hipótese ou conjetura engenhosa. Há entre nós muitos que são capazes de praticar (e todos os dias de fato o praticam) esse ato elementar de magia com plena consciência — que passam de um plano para outro pela ação da vontade; e, isso uma vez compreendido, bem claro será que grotescamente absurda lhes deve parecer a vulgar confirmação impensada de que tal fato é de todo impossível. É como se se dissesse a um indivíduo que ele não pode adormecer e que, se alguma vez o julgou ter feito, estava sendo vítima de uma alucinação.

Ora, o indivíduo que ainda não desenvolveu o elo entre a consciência física e a astral, é incapaz de abandonar quando quiser o seu corpo mais denso, e de se recordar da maioria das coisas que lhe acontecem quando fora dele; mas continua sendo coisa certa que ele o abandona sempre que adormece, e que qualquer clarividente instruído o poderá ver pairando acima dele ou vagueando a uma distância maior ou menor, conforme as circunstâncias.

O indivíduo inteiramente sem desenvolvimento paira em geral a pouca distância acima do seu corpo físico, quase tão adormecido como ele, e em estado relativamente amorfo e incoerente, e não podendo ser levado para uma pequena distância que seja desse corpo físico, sem que se lhe cause um desconforto grave que daria, aliás, o resultado de o acordar. À medida, porém, que o indivíduo se desenvolve, o seu corpo astral torna-se mais definido e consciente, e assim se torna um instrumento mais apto a funcionar. No caso da maioria das pessoas inteligentes e cultas, o grau de consciência é já bastante elevado, e um indivíduo já com desenvolvimento espiritual está tão em si nesse instrumento como no seu corpo mais denso.

Mas, ainda que possa ter plena consciência no plano astral durante o sono e ali deslocar-se livremente quando assim o queira, não se segue que esteja já em condições de fazer parte do grupo de auxiliares. A maioria da gente neste estágio está tão preocupada com os seus pensamentos — em geral uma continuação das suas preocupações de vigília — que é como um indivíduo em devaneio, absorto ao ponto de não dar pelo que se passa em seu redor.   E por muitas razões é bom que assim seja, porque há muitas coisas no plano astral que bem podem assustar e desvairar qualquer indivíduo que não tenha a coragem, filha do perfeito conhecimento da natureza real, daquilo que ali poderá ver.

Às vezes um indivíduo pouco a pouco se arranca a esta condição — acorda, por assim dizer, para o mundo astral que o cerca — mas o mais vulgar é ele permanecer nesse estado até que o acorde alguém que já ali viva ativamente e o tome a seu cargo. Não é esta, porém, responsabilidade que possa ser assumida de ânimo leve, pois, conquanto seja relativamente fácil assim acordar um indivíduo no plano astral, é quase impossível, exceto pelo exercício, aliás muito pouco recomendável, de influência mesmérica, fazê-lo adormecer outra vez.   De modo que, um dos membros do grupo de auxiliares invisíveis que assim acorde um indivíduo adormecido, deve primeiro adquirir a plena certeza de que esse indivíduo dará bom emprego aos poderes adicionais de que se achar investido, e também de que os seus conhecimentos e a sua coragem são bastantes para que seja razoavelmente  certo  de que nenhum mal lhe advirá de assim ser despertado. Um acordar destes coloca um indivíduo em condições de fazer parte, se quiser, do grupo daqueles que auxiliam a humanidade. Convém, porém, não esquecer que esse poder nem necessariamente, nem mesmo geralmente, envolve a capacidade de se recordar em vigília de qualquer coisa que astralmente se faça. Essa capacidade, tem o indivíduo que a adquirir por si própria, e na maioria dos casos não aparece senão anos depois — talvez apenas em uma outra vida.   Mas, felizmente, esta falta de memória corpórea de modo algum impede o trabalho fora do corpo, de modo que, exceto pela satisfação que um indivíduo tem em saber em vigília qual a obra que esteve realizando durante o sono, não é coisa de importância. O que realmente importa é que essa obra se faça, não que nos lembremos de quem a fez.



C. W. Leadbeater (Ex-Presidente da Sociedade Teosófica)



Fonte: do livro "Auxiliares Invisíveis", cap. 5, Ed. Pensamenteo, São Paulo
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PUREZA DOUTRINÁRIA E O PROGRESSO DA CIÊNCIA ESPÍRITA


“O Espiritismo, marchando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar errado sobre um ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade for revelada, ele a aceitará” (Kardec, 1868). Temos aqui, nesse trecho da codificação, a exposição por Allan Kardec de um dos principais aspectos do Espiritismo, que o diferencia das outras disciplinas que estudam o sentimento religioso, a noção de espiritualidade e Deus: a sua estrutura científica de base.

Esse aspecto ao mesmo tempo em que é uma virtude do Espiritismo, lhe atrai uma responsabilidade e um desafio: (1º) Como conciliar a necessidade de manter a integridade doutrinária do conhecimento Espírita, e ao mesmo tempo promover o seu progresso com a produção de novos conhecimentos, pesquisas e conceitos? (2º) Como permitir a comunicação interdisciplinar do saber Espírita com as outras áreas de conhecimento científico, sem abdicar de sua “pureza doutrinária”? (3º) Por fim, como possibilitar a comunicação dialética entre o Espiritismo e as outras religiões, uma vez que o campo estrutural de conhecimento Espírita foi criado de forma a abrir espaço a essa possibilidade?

Uma advertência implícita a esses questionamentos é o cuidado que devemos ter em não transformarmos o conceito e o objetivo de manter a “pureza doutrinária”, em um discurso ideológico e dogmatizante que paralise o progresso da ciência espírita e acarrete o seu fechamento para o diálogo com outras áreas de sabedoria. É bastante comum que uma área de conhecimento científico se modifique ao longo do tempo sem, entretanto, perder a identidade que o particulariza. Essa é uma característica estrutural do conhecimento científico, marcando a sua qualidade de evolução e progresso.

Para exemplificar, tomarei como ilustração outra ciência humana progressiva  –  a Psicanálise. Fundada por Sigmund Freud, a Psicanálise surgiu através do estudo dos aspectos desconhecidos do psiquismo humano. A Psicanálise estuda aquilo que existe de desconhecido em cada um de nós  –  o inconsciente  –  através da análise clínica de sonhos, verbalizações e outras produções psíquicas em ambiente psicoterapêutico. Freud fundou a Psicanálise no início do século XX. Seu livro sobre a “Interpretação dos Sonhos” foi publicado em 1900.

Mas, desde essa época até os dias atuais, a Psicanálise progrediu de forma a ultrapassar sobremaneira a contribuição genial de seu fundador. Acumulou novas descobertas, que confirmaram alguns dos postulados de Freud, e negaram ou refutaram outros. Revisões e transformações conceituais foram realizadas, e decisivamente, as contribuições freudianas foram cada vez mais valorizadas à medida que os psicanalistas desenvolveram a capacidade de raciocinarem por si mesmos, partindo de Freud, mas mantendo um pensamento independente dele, ou seja, não reduzindo as suas conclusões apenas àquilo que Freud pregava. Além disso, a psicanálise dialogou com muitas outras áreas de conhecimento  –  teologia, filosofia, filologia, biologia, sociologia, antropologia etc.  –  o que é algo comum à interdisciplinaridade científica. Quando isso acontece, alguns conceitos e ideias são inevitavelmente reformulados, sem que a área de conhecimento em questão precise deixar a sua consistência estrutural fundante. Assim, a ciência psicanalítica evoluiu sem deixar de ser Psicanálise. Parte originalmente da herança teórica deixada por Freud, mas não se limita a essa  –  ao contrário, transcende-a. Sendo o Espiritismo uma ciência, desafio semelhante se fixa à sua frente.

Os questionamentos levantados se justificam à medida que a Codificação foi escrita na segunda metade do século XIX, num linguajar apropriado para a época, mas que precisa ser revisado em função das novas descobertas e conceitos que se desenvolveram até os dias atuais. Porém tal revisão precisa estar fundamentada em bases críticas que mantenham a integridade da doutrina, possibilitando transformações e revisões conceituais progressivas ao corpo teórico do Espiritismo e não distorções pseudocientíficas alienadoras.

Assim, em que parâmetros podemos nos basear para promover o progresso da ciência Espírita, de forma a manter a sua Pureza Doutrinária? A resposta se encontra na análise histórica do próprio percurso evolutivo dessa ciência. Quando Kardec  –  orientado pelos Espíritos que são, aliás, os reais fundadores do Espiritismo  –  organizou a literatura existencialista da Codificação, balizado pela sua formação de pedagogo humanista e especialista em várias áreas de saber, em grande medida ele se encontrava em sintonia com o racionalismo iluminista e a filosofia positivista de meados do século XIX, que se expressa na ciência Espírita pela predileção de basear as suas conclusões experimentais em dados de observação empírica.

Mas, num certo sentido relativo, Kardec já se encontrava muito à frente de seu tempo. Para integrar ciência, filosofia e religião, Kardec precisou transcender o caráter positivista do seu conhecimento, adotando um discurso pedagógico dialético e sintetizador. À semelhança de filósofos como Hegel, apenas através de uma lógica dialética (num discurso que une tese e antítese, em uma síntese) Kardec poderia ter integrado noções aparentemente tão díspares como fé e razão, ou a compreensão dos mecanismos de interação entre espírito e matéria.

Abstrai-se da leitura kardecista o mesmo criticismo racional de Kant, e a construção do discurso analítico nos moldes de uma hermenêutica clínica, semelhante à que Freud fundaria como epistemologia científica na Psicanálise do século seguinte, baseada no método da consistência interna do raciocínio lógico empregado. Resultou daí, um discurso “totalizante” por parte de Kardec, semelhante ao dos pesquisadores modernos de orientação holística. Entretanto, essa metodologia científica não se encontrava formalizada na época de Kardec, ou seja, o Codificador já possuía um olhar científico clínico e holístico (portanto, sintetizador, amplo e global) numa época em que a ciência não se pautava por tal paradigma. Certamente, foi necessário a união de sua formação acadêmica rigorosa com a contribuição revolucionária dos Espíritos, para tal.

Essa estrutura global de produção de conhecimento permitiu simultaneamente que ao longo do tempo, a ciência Espírita muitas vezes se colocasse à frente da chamada “ciência oficial”, ao mesmo tempo que muitas descobertas da ciência e da filosofia caminhassem em direção à confirmação dos postulados Espíritas.

Assim, a evolução do conhecimento científico do Espiritismo avançou com as comunicações mediúnicas do Espírito André Luiz, ao ilustre médium Francisco Cândido Xavier, com informações que se tornaram a base de boa parte do conhecimento produzido, por exemplo, por pesquisadores em medicina espírita. A contribuição mútua entre o Espiritismo e a Medicina, também foi responsável pela fundação da reconhecida Associação Brasileira de Médicos Espíritas, e suas regionais em cada estado do país. Instituições universitárias respeitáveis como a USP e a UNICAMP acabaram formando pesquisadores que são nomes importantes dentro do movimento Espírita, tais como Núbor Orlando Facure (neurologista e ex-professor da UNICAMP) e o mestre em Medicina Sérgio Felipe de Oliveira, que abriu espaço para o Espiritismo em ambiente universitário com o seu curso de Pós-graduação sobre Integração Cérebro-Mente-Corpo-Espírito, na própria USP. No campo da filosofia o mérito é de José Herculano Pires, como tradutor das obras de Kardec e pesquisador de parapsicologia. Outros nomes merecem ser citados como Hernani Guimarães Andrade (na Parapsicologia e Psicobiofísica, com seus estudos sobre o Modelo Organizador Biológico) e o psiquiatra Carlos Toledo Rizzini, que escreveu sobre Psicologia e Espiritismo.

Outro fator de destaque: pouco a pouco, começam a surgir teses de mestrado sobre o saber Espírita, em ambiente acadêmico universitário, legitimando a posição científica da Doutrina. Algumas dessas teses já alcançaram as bem-conceituadas Universidades Federais Públicas, e outras foram defendidas nas PUCs de diferentes regiões. Uma dessas teses deu origem a um livro recentemente lançado  -  “O Espírito em Terapia” da psicóloga clínica Ercília Zilli, de quem os esforços são responsáveis pela fundação, coordenação e manutenção da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE), outra vitória importante para a divulgação da ciência Espírita.

Todas esses pesquisadores estão contribuindo, pouco a pouco, para a construção da história da ciência Espírita no Brasil. Sem se limitarem literalmente aos escritos da Codificação, mas partindo dela, vêm promovendo um processo de evolução do conhecimento Espírita, aliando a liberdade de pensamento crítico com os ideais de “Pureza Doutrinária” tão apregoados pela comunidade Espírita. Trabalhos interdisciplinares entre o Espiritismo e as outras ciências foram surgindo, sem descaracterizar as especificidades de cada campo, sendo as revisões conceituais realizadas em um contexto livre do pensamento dogmatizante, mesmo porque a ciência não se forma sob um saber absolutista, mas sobre “verdades” relativas e provisórias.

Como ciência, o Espiritismo também desenvolveu uma tecnologia própria, inicialmente com os experimentos mediúnicos realizados por Kardec (tais como os que são encontrados em  “O Livro dos Médiuns”), depois com as contribuições da Parapsicologia (Andrade, 1990) e mais recentemente com as Experiências de Transcomunicação Instrumental. Essa evolução também teve consequências no aprimoramento dos vários tipos de serviços de orientação espiritual, constituindo uma aplicação prática acessível à população.

Por fim, um próximo passo do desafio evolutivo do conhecimento Espírita, será a articulação da sua cosmovisão esclarecedora com o conhecimento produzido por outras religiões e disciplinas espiritualistas. Filosoficamente, a estrutura dinâmica e dialética do Espiritismo também foi criada para possibilitar a comunicação e a transdisciplinaridade entre essas várias escolas de pensamento (vide a questão 628 de “O livro dos Espíritos”), cabendo aos tempos futuros a concretização dessa possibilidade.




Bibliografia Complementar

Zilli, Ercília. O Espírito em Terapia – Hereditariedade, Destino e Fé. São Paulo: DPL, 2001.

Andrade, Hernani Guimarães. Parapsicologia Experimental, 1990.

Facure, Núbor O. Muito além dos neurônios. Conferências e entrevistas sobre Mente e Espírito. Associação Médico-Espírita de São Paulo, 1999.

Luiz, André (Espírito) Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 18a ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999.

Kardec, Allan (1868). A Gênese (os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo). São Paulo: FEESP, 1998.




Adalberto Ricardo Pessoa
Psicólogo Clínico e Analista Junguiano formado pela USP
Membro da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE)



Fonte: www.bvespirita.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

UM MUNDO MARAVILHOSO EM MÃOS ERRADAS...


Perguntaram a Osho: Amado Osho, certa vez, você disse que este é um mundo maravilhoso, mas que ele estava em mãos erradas. Eu concordo com todo o meu ser. Eu sinto isso. Mas como poderemos deter essas mãos gananciosas que estão torturando a natureza e escravizando os homens, se não lutarmos e não brigarmos? Não é preciso destruir o velho, para se construir o novo?

Giovanni, essa é uma das armadilhas mais velhas em que o homem tem caído. Sim, eu disse que o mundo é muito belo mas que ele está em mãos erradas - e, imediatamente, a sua mente começou a pensar em como destruir aquelas pessoas erradas, como tirar o mundo dessas pessoas erradas, livrá-lo de suas mãos. Ao invés de transformar a si mesmo, ao invés de transformar a sua própria mente, você imediatamente começa a pensar em termos de política. Eu falo religião e você imediatamente interpreta como política.

E isso parece lógico, Giovanni, porque isso parece perfeitamente correto: 'Mas como poderemos deter essas mãos gananciosas que estão torturando a natureza e escravizando os homens, se não lutarmos e não brigarmos?'

Mas, se você lutar e brigar, você acha que será capaz de transformar o mundo e toda essa situação? Ao lutar e brigar, você simplesmente vai se tornar como aquelas pessoas contra as quais você está lutando e brigando. Essa é uma das leis fundamentais da vida. Escolha seus inimigos muito cuidadosamente!

Os amigos você pode escolher sem qualquer cuidado. Não há qualquer necessidade de se preocupar com os amigos, porque amigos não têm impacto sobre você, eles não impressionam você tanto quanto os inimigos. É preciso tomar muito cuidado com os inimigos porque você terá que brigar com eles. Ao brigar, você terá que usar as mesmas estratégias e as mesmas táticas deles. E você usará essas estratégias e táticas por anos e anos. Elas irão condicionar você. É assim que tem acontecido ao longo das eras. 

Joseph Stálin revelou-se um czar muito mais perigoso que os czares que haviam governado a Rússia antes do comunismo tomar a direção. Por quê? Porque ele aprendeu a estratégia com os czares. Lutando contra os czares, ele teve que aprender os caminhos e os meios; os mesmos caminhos e meios usados pelos czares. Passando toda a vida lutando, praticando violência, com o tempo Joseph Stálin chegou ao poder. Ele foi um czar muito mais perigoso, obviamente, porque ele foi o melhor ao lutar contra os czares. Ele precisou ser mais esperto, mais violento, mais ambicioso e mais maquiavélico. De outra maneira, teria sido impossível vencer os czares. 

E ele fez o mesmo, numa escala muito maior. Ele venceu todos os czares. Todos os czares, colocados juntos, nunca praticaram tanta violência, tantos assassinatos, quantos fez Joseph Stálin sozinho. Ele aprendeu a lição tão bem que suspeita-se que o líder da revolução, Lênin, foi envenenado pouco a pouco, por Joseph Stalin, adulterando sua medicação. Ele estava doente e, com sua medicação adulterada, ele foi envenenado pouco a pouco e morreu.

Se Lênin ainda estivesse vivo, Joseph Stálin seria o homem número três, porque ainda havia um outro homem, Leon Trotsky, que era o número dois. Assim, a primeira coisa a fazer era: como destruir Lênin. E ele o matou. Depois, a segunda coisa era: como matar Trotsky. E ele o matou. Então, ele ficou no poder, e uma vez no poder, ele começou a matar muita gente. Todos os membros do Politburo, os líderes comunistas do mais alto comando, foram mortos por Stalin, um a um. Eles precisavam ser destituídos do poder, porque todos eles conheciam as estratégias.

Isso aconteceu com todas as revoluções no mundo.

Agora, QUANDO EU DIGO QUE ESTE MUNDO É MUITO BELO, MAS ESTÁ EM MÃOS ERRADAS, EU NÃO QUERO DIZER PARA VOCÊ COMEÇAR A LUTAR CONTRA AQUELAS MÃOS ERRADAS. O QUE EU QUERO DIZER É: POR FAVOR, NÃO SEJA AQUELAS MÃOS ERRADAS, E ISSO É TUDO.

EU NÃO ENSINO REVOLUÇÃO, EU ENSINO REBELIÃO, E A DIFERENÇA É GRANDE. Revolução é política e rebelião é religiosa. Revolução necessita que você se organize como um partido político, como um exército, e lute contra os inimigos. Rebelião significa que você se rebela enquanto indivíduo, você simplesmente sai fora, desiste de todo esse esquema. Pelo menos você não deve destruir a natureza.

E se mais e mais pessoas se tornarem 'desistentes', o mundo poderá ser salvo. Essa será a verdadeira revolução, não política. Ela será espiritual. Se mais e mais pessoas abandonarem as velhas mentes e seus caminhos, se mais e mais pessoas se tornarem mais amorosas, se mais e mais pessoas forem não-ambiciosas, se mais e mais pessoas forem não-gananciosas, se mais e mais pessoas não estiverem mais interessadas em poder político, em prestígio, em respeitabilidade...

Isso é o sannyas! Sannyas é abandonar o velho e podre jogo, e viver a sua vida por si mesmo. Não é uma briga contra o velho, é simplesmente sair das garras do velho, e essa é a única maneira de enfraquecê-lo, essa é a única maneira de destruí-lo. 

Se milhões de pessoas no mundo simplesmente escapassem das mãos dos políticos, os políticos iriam morrer por si mesmos. Você não consegue lutar contra eles. Se você lutar, você mesmo se torna um político. Se você lutar contra eles, você se torna ambicioso, você se torna ganancioso. Isso não irá ajudar.

Seja um 'desistente'. E você tem uma vida pequena: por cinquenta, sessenta ou setenta anos você poderá estar aqui. Você não pode ter esperança de transformar o mundo, mas você pode ter esperança de ainda poder curtir e amar o mundo. 

Use a oportunidade desta vida para celebrar tanto quanto for possível. Não a desperdice em brigas e lutas. 

Eu não estou criando uma força política aqui, não, absolutamente. Todas as revoluções políticas fracassaram tão completamente que somente os cegos podem continuar acreditando nelas. Aqueles que têm olhos podem lhe ensinar alguma coisa nova. 

Isso é alguma coisa nova! Isso foi feito antes também, mas não em larga escala. Nós temos que fazer isso em larga escala: milhões de pessoas têm que se tornar 'desistentes'! Por 'desistentes' eu não quero dizer que vocês têm que deixar a sociedade e ir para as montanhas. Você segue vivendo na sociedade, mas você deixa a ambição, você deixa a cobiça, você deixa o ódio. Você vive na sociedade e é amoroso; vive na sociedade como um ninguém.

Nós podemos mudar o mundo todo, mas não pela luta. Não desta vez. Chega! Nós temos que mudar este mundo pela celebração, pela dança, pelo canto, pela música, pela meditação, pelo amor, não pela briga. 

O velho tem que cessar, para que o novo surja, mas, por favor, não me interprete mal.

Giovanni é um italiano e a Itália moderna é política em demasia; todo o pensar é político. Toda mente italiana é obcecada por política. Talvez seja porque eles estão cheios do Vaticano católico, do papa e de todas essas tolices. Eles viram tanto isso que passaram para o outro extremo. 

Certamente o velho tem que cessar, mas o velho está dentro de você, não fora. Eu não estou falando das velhas estruturas da sociedade, eu estou falando da velha estrutura da sua mente, a qual tem que cessar para que o novo surja. E é incrível, inimaginável, inacreditável como um simples homem abandonando a velha estrutura da mente cria um espaço tão grande para muitos transformarem as suas vidas. Um simples homem transformando a si mesmo, torna-se um desencadeador. E então, muitos outros começam a mudar. A sua presença se torna um agente catalisador. 

Essa é a rebelião que eu ensino: você abandona a velha estrutura, você abandona a velha cobiça, você abandona o velho idealismo. Você se torna uma pessoa silenciosa, meditativa, amorosa. Você será mais uma dança e então verá o que acontece. Alguém, mais cedo ou mais tarde, irá juntar-se à dança com você, e depois, outras pessoas mais. Foi assim que aconteceu aqui. 

Lao Tzu diz que você não precisa sair do seu quarto. Tudo pode acontecer enquanto você vive dentro de seu quarto. Mas Lao Tzu teve que sair. Ele costumava ir em seu búfalo, movimentando-se de uma vila a outra. Eu tenho seguido o seu conselho. Eu nunca saio de meu quarto.

A pequena Hasya vive no Lao Tzu (o nome dado à casa em que Osho vivia, em seu Ashram, em Puna). Outras crianças perguntam a ela: "algumas vezes você vê o Osho andando pela casa?" Mas ela ainda não me viu, então, o que ela pode dizer?

Eu estou simplesmente vivendo no meu quarto e todos vocês vieram de diferentes cantos do mundo. Isso é um milagre! Por que vocês vieram? E muito mais estão a caminho, eles chegarão logo. Este lugar vai se tornar uma tremenda força no mundo, uma força transformadora no mundo. Ele vai se tornar uma explosão espiritual, mas nós não vamos lutar contra ninguém, nós não vamos brigar com ninguém.

Eu não tenho qualquer inclinação política. Eu sou totalmente contra a política. Sim, o velho tem que cessar para que o novo surja, mas o velho tem que cessar dentro de você, então o novo surgirá aí. E uma vez que o novo esteja dentro de você, o novo é contagioso, e começa a se espalhar em outras pessoas. 

A alegria é contagiosa! Ria e você verá outras pessoas começando a rir. Assim é com a tristeza; fique triste e alguém olhando para a sua face séria, de repente se tornará triste. Nós não somos separados, nós estamos juntos, ligados. Assim, quando o coração de alguém começa a rir, muitos outros corações começam a ser tocados, algumas vezes até corações distantes. 

Vocês vieram de locais tão distantes. De alguma maneira, o meu riso alcançou vocês, de alguma maneira, o meu amor alcançou vocês. De alguma maneira, por algum caminho misterioso, o meu ser tocou o seu ser e vocês vieram até aqui, enfrentando todas as dificuldades. Mil e uma dificuldades estão sendo criadas, e muitas outras serão criadas. Embora eu não esteja lutando contra ninguém, ainda assim, aqueles que estão no poder ficam com medo porque eles não conseguem pensar que possa haver um homem sem inclinação política. Eles não conseguem acreditar que possa haver um homem que possa atrair milhares de pessoas e não use o poder dessas pessoas para alcançar algum poder político, algum status político. Eles não conseguem acreditar nisso! Como eles podem acreditar nisso? Eles só conseguem entender o caminho que eles conhecem.

Assim, os políticos ficam com medo e estão criando todo tipo de barreiras. Mas isso não vai dificultar ninguém. Na verdade, isso irá ajudar-me tremendamente! Eu me tornarei um desafio para todas as pessoas corajosas. Isso poderá impedir uns poucos covardes, e será bom se eles forem impedidos, porque aqui eles não terão qualquer proveito. Na verdade isso será como uma tela dizendo: só as pessoas que podem ser beneficiadas por mim chegarão aqui. Assim, isso é bom. Qualquer obstáculo que for criado será bom. 

Mas eu não estou lhe ensinando a brigar contra coisa alguma. Sempre que você briga contra alguma coisa, você se torna um reacionário, porque isso é uma reação, você se torna obcecado a respeito de alguma coisa, você fica contra aquilo. E então existe toda a possibilidade de que a coisa que você está contra, o domine. Talvez de uma maneira negativa, mas ela dominará você.

Friedrich Nietzche era contra Jesus Cristo, em demasia. Mas a minha análise de Friedrich Nietzche é que ele era muito impressionado com Jesus Cristo, por isso ele era contra ele. Ele estava obcecado, ele estava realmente tentando tornar-se um Jesus Cristo do seu próprio jeito. O seu grande livro Assim Falava Zaratustra, é um esforço para criar um novo evangelho. A linguagem que ele usa, as metáforas que ele usa, a poesia que ele usa, certamente lembram Jesus Cristo, embora fosse contra ele. Ele nunca perdia uma oportunidade sequer; se ele pudesse condenar Jesus, ele imediatamente condenava. Mas Jesus era repetidamente lembrado. Ele estava obcecado.

Quando ele enlouqueceu, na última fase de sua vida, ele passou a assinar suas cartas como 'Anti-Cristo Friedrich Nietzche'. Ele não conseguiu esquecer-se de Jesus, nem mesmo quando ele se tornou louco. Primeiro ele escrevia 'Anti-Cristo' e depois ele assinava. Você pode ver a obsessão, a profunda inveja que ele tinha de Jesus e que o dominou por toda a vida. Isso destruiu a sua imensa criatividade. Ele poderia ter sido um rebelde, mas ele reduziu-se a um reacionário. Ele poderia ter trazido alguma coisa nova para o mundo, mas ele não conseguiu. Ele permaneceu obcecado em relação a Jesus.

Eu não sou contra nada nem ninguém. Eu não quero que você seja livre de alguma coisa, eu simplesmente quero que você seja livre. Veja a diferença: 'liberdade de' nunca é total; aquele 'de' o mantém na armadilha do passado. 'Liberdade de' nunca pode ser liberdade verdadeira. Nem a 'liberdade para' pode ser liberdade verdadeira; ela está à procura de uma nova escravidão. E essas 'liberdade de' e 'liberdade para' quase sempre seguem juntas como dois lados de uma mesma moeda. 

O que eu ensino é simplesmente liberdade, nem 'de' nem 'para', simplesmente liberdade. Nem contra o passado, nem a favor do futuro, mas simplesmente estando no PRESENTE.



Osho, em "The Guest"



Fonte do Texto e da Gravura: www.palavrasdeosho.com
http://www.flickr.com/photos/duke_raoul/2261478794/

A ESTRADA PARA UMA VIDA MELHOR


Muitos de nós, num primeiro momento, nos aproximamos do estudo da Kabbalah ou assumimos um caminho espiritual na esperança de que nossas vidas se tornem mais fáceis  –  e no início, às vezes isso acontece. Toda semana recebo incontáveis e-mails de alunos iniciantes que me dizem que viveram um despertar devido a seus estudos e que estão verificando grandes mudanças internas e na forma como percebem o mundo.

Por outro lado, recebo outros tantos e-mails de alunos que, após alguns meses, descobrem que a infusão inicial de energia que receberam não só se esgotou, como os desafios ainda permanecem ou até mesmo alguns novos surgiram. 

Isso vai acontecer com todos nós em algum ponto do caminho espiritual, e é um sinal de que boas coisas estarão a caminho. 

Os kabalistas ensinam que a única forma de obter mais plenitude nesse mundo é passar pelo processo de merecê-la. Quando uma pessoa realmente se compromete em remover sua negatividade, o universo lhe fornece mais oportunidades para que isso aconteça. 

Com esse conhecimento, a estrada que precisamos pegar para chegar a uma vida melhor deveria ser óbvia: é a estrada que possui obstáculos enviados pelos céus para superarmos, porque é através dessas realizações que revelamos nossas bênçãos. 

Quando o universo atinge você com uma frequência maior de dificuldades, entenda que é mais do que um bom sinal. É a melhor coisa que pode acontecer. 

A Kabbalah não é um meio de tornar sua vida mais fácil. É uma oportunidade de merecer uma vida que seja melhor. 

Quando as coisas forem mal, nunca esqueça, jamais – quanto maior o desafio, tanto maior a bênção.


Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal