quinta-feira, 6 de junho de 2013

SE VOCÊ NÃO DÁ NOME A ESSE SENTIMENTO

Quando você observa um sentimento, esse sentimento chega a um fim. Mas mesmo que o sentimento chegue a um fim, se houver um observador, um espectador, um censor, um pensador que permanece separado do sentimento, então existe ainda uma contradição. Assim é muito importante compreender como olhamos para o sentimento. Tome, por exemplo, um sentimento muito comum: ciúme. Todos nós sabemos o que é ser ciumento. Ora, como você olha para seu ciúme? Quando você olha para esse sentimento, você é o observador do ciúme como alguma coisa separada de você mesmo. Você tenta mudar o ciúme, modificá-lo, e tenta explicar por que você está justificando ser ciumento, e por aí vai. Assim existe um ser, um censor, uma entidade apartada do ciúme que o observa. Num momento o ciúme pode desaparecer, mas ele volta novamente, e ele volta porque você não vê realmente aquele ciúme como parte de você. O que estou dizendo é que no momento em que você dá um nome, uma marca para aquele sentimento, você o colocou na moldura do velho, e o velho é o observador, a entidade separada que é feita de palavras, ideias, opiniões sobre o que é certo e o que é errado. Mas se você não nomeia esse sentimento – o que exige tremenda atenção, muita compreensão imediata – então descobrirá que não existe observador, nem pensador, nem centro de onde você está julgando, e que você não é diferente do sentimento. Não existe “você” que o sente.



J. Krishnamurti, The Book of Life


Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DESTINOS MELHORES


Todos nós temos ideias sobre como achamos que as coisas deveriam ser. 

Nosso emprego dos sonhos, nossa alma gêmea, nossa casa perfeita – mas a verdade é que não sabemos. A experiência nos diz que, só porque aquilo é nosso ideal, não significa que nos tornará felizes. Quantas vezes já desejamos algo, obtemos e depois continuamos insatisfeitos? Quantas vezes tornamos nossos sonhos realidade, para depois descobrir que, afinal de contas, não era aquilo que queríamos? Mudamos de emprego, de casa, de companheiro, carro, roupa, dieta e tudo o mais que podemos na busca por ter tudo.

Os kabalistas acreditam que o Criador só quer nos dar plenitude máxima. A parte complicada é que as coisas que nos trarão a maior felicidade nem sempre são como esperamos. Quanto mais ocupados ficamos correndo atrás do que pensamos que nos fará felizes, tanto mais deixamos de entender o que o Criador está tentando nos dar neste exato momento. 

Apesar de ser importante ter objetivos e desejos, também é importante estarmos abertos para as muitas oportunidades que a vida apresenta.

Existe uma energia (...) que nos ajudará a pensar de forma mais ampla e que nos lembrará de que existe sempre um panorama mais abrangente que não conseguimos enxergar. Se alguém com quem você nunca teve um contato social o chamar para almoçar, aceite o convite. Se seus amigos quiserem ver um filme que na verdade não o interesse, vá assim mesmo. 

Se você quiser viver toda a alegria que o Universo lhe reserva, é essencial manter-se aberto para recebê-la. 

Quando seguimos caminhos novos, podemos chegar a destinos melhores. 



Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A PSICOLOGIA DA ORAÇÃO

Convencionou-se, ao longo do tempo, que a oração é um recurso emocional e psíquico para rogar e receber benefícios da Divindade, transformando-a em instrumento de ambição pessoal, realmente distante do seu alto significado psicológico.

A oração é um precioso recurso que faculta a aquisição da autoconsciência, da reflexão, do exame dos valores emocionais e espirituais que dizem respeito à criatura humana.

Tornando-se delicado campo de vibrações especiais, faculta a sintonia com as forças vivas do Universo, constitui veículo de excelente qualidade para a vinculação da criatura com o seu Criador.

Todos os seres transitam vibratoriamente em faixas especiais que correspondem ao seu nível evolutivo, ao estágio intelecto-moral em que se encontram, às suas aspirações e aos seus atos, nos quais se alimentam e constroem a existência.

A oração é o mecanismo sublime que permite a mudança de onda para campos mais sensíveis e elevados do Cosmo.

Orar é ascender na escala vibratória da sinfonia cósmica.

Em face desse mecanismo, torna-se indispensável que se compreenda o significado da prece, sua finalidade e a maneira mais eficaz pela qual se pode alcançar o objetivo desejado.

Inicialmente, orar é abrir-se ao amor, ampliar o círculo de pensamentos e de emoções, liberando-se dos hábitos e vícios, a fim de criar-se novos campos de harmonia interior, de forma que todo o ser beneficie-se das energias hauridas durante o momento especial.

A melhor maneira de alcançar esse parâmetro é racionalmente louvar a Divindade, considerando a grandeza da Criação, permitindo-se vibrar no seu conjunto, como seu filho, assimilando as incomparáveis concessões que constituem a existência.

Considerar-se membro da família universal, tendo em vista a magnanimidade do Pai e Sua inefável misericórdia, enseja àquele que ora o bem-estar que propicia a captação das energias saudáveis da vida.

Logo depois, ampliar o campo do raciocínio em torno dos próprios limites e necessidades imensas, predispondo-se a aceitar todas as ocorrências que dizem respeito ao seu processo evolutivo, mas rogando compaixão e ajuda, a fim de errar menos, acertar mais, e de maneira edificante, o passo com o bem.

Nesse clima emocional, evitar a queixa doentia, a morbidez dos conflitos e exterioridades ante a magnitude das bênçãos que são hauridas, apresentando-se desnudado das aparências e circunlóquios da personalidade convencional.

Não é necessário relacionar sofrimentos, nem explicitar anseios da mente e do coração, porque o Senhor conhece a todos os Seus filhos, que são autores dos próprios destinos e ocorrências, mediante o comportamento mantido nas multifárias experiências da evolução.

Por fim, iluminado pelo conhecimento da própria pequenez ante a grandeza do Amor, externar o sentimento de gratidão, a submissão jubilosa às leis que mantêm o arquipélago de astros e a infinitude de vidas.

*

Tudo ora no Cosmo, desde a sinfonia intérmina dos astros em sua órbita, mantendo a harmonia das galáxias, até os seres infinitesimais no mecanismo automático de reprodução, fazendo parte do conjunto e da ordem estabelecidos.

Em toda parte vibra a vida nos aspectos mais complexos e simples, variados e uniformes.

Sem qualquer esforço da consciência, circula o sangue por mais de 150 mil quilômetros de veias, vasos, artérias, em ritmo próprio para a manutenção do organismo humano tanto quanto de todos os animais.

Funções outras mantidas pelo sistema nervoso autônomo obedecem a equilibrado ritmo que as preserva em atividade harmônica.

As estações do tempo alternam-se facultando as variadas manifestações dos organismos vivos dentro de delicadas ondas de luz e de calor que lhes possibilitam a existência, a manifestação, o desabrochar, o adormecimento, a espera.

O ser humano, enriquecido pela faculdade de pensar e dotado do livre-arbítrio, que lhe propicia escolher, atado às heranças do primarismo da escala animal ancestral pela qual transitou, experiencia mais as sensações do imediato do que as emoções da beleza, da harmonia, da paz, da saúde integral,

Reconhece o valor incalculável do equilíbrio, no entanto, estigmatizado pela herança do prazer hedonista, entrega-se-lhe à exorbitância pela revolta nos transtornos de conduta, como forma de imposição grotesca.

Ao descobrir a oração, logo se permite exaltar falsas ou reais necessidades, desejando respostas imediatas, soluções mágicas para atendê-las, distantes do esforço pessoal de crescimento e de reabilitação.

É claro que aquele que assim procede não alcança as metas propostas, pois que elas ainda não podem apresentar-se por nele faltarem os requisitos básicos para o estabelecimento da harmonia interior.

A oração é campo no qual se expande a consciência e o Espírito eleva-se aos páramos da luz imarcescível do amor inefável.

Quem ora ilumina-se de dentro para fora, tornando-se uma onda de superior vibração em perfeita consonância com a ordem universal.

O egoísmo, os sentimentos perversos não encontram lugar na partitura da oração.

Torna-se necessário desfazer-se desses acordes perturbadores, para que haja sincronização do pensamento com as dúlcidas notas da musicalidade divina.

A psicologia da oração é o vasto campo dos sentimentos que se engrandecem ao compasso das aspirações dignificadoras, que dão sentido e significado à existência na Terra.

Inutilmente, gritará a alma em desespero, rogando soluções para os problemas que lhe compete equacionar, mesmo que atraindo os numes tutelares sempre compadecidos da pequenez humana.

Desde que não ocorre sintonia entre o orante e a Fonte exuberante de vida, as respostas, mesmo quando oferecidas, não são captadas pelo transtorno da mente exacerbada.

*

Quando desejares orar, acalma o coração e suas nascentes, assumindo uma atitude de humildade e de aceitação, a fim de que possas falar àquele que é o Pai de misericórdia, que sempre providencia todos os recursos necessários à aquisição humana da sua plenitude.

Convidado a ensinar aos seus discípulos a melhor maneira de expressar a oração, Jesus foi taxativo e gentil, propondo a exaltação ao Pai em primeiro lugar, logo após as rogativas e a gratidão, dizendo:

- Pai Nosso, que estais nos Céus...

Entrega-te, pois, a Deus, e nada te faltará, pelo menos tudo aquilo que seja importante à conquista da harmonia mediante a aquisição da saúde integral.




Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis




Fonte: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=322
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DIREITOS E DEVERES HUMANOS - UMA VISÃO DE TEILHARD DE CHARDIN


Estamos vivendo uma época em que certos conceitos devem vir à tona com mais frequência. Principalmente conceitos que reorientam o homem em sua marcha evolutiva e despertam a consciência global ou a consciência da unidade. No curso deste esforço temos, em Teilhard de Chardin, certos conceitos humanísticos que não devem ficar sem o nosso reconhecimento.

O humanismo na concepção de Chardin, segue três direções  essenciais, e são: "a fé apaixonada no progresso e na grandeza do homem"; "a exigência do universal"; e "o desenvolvimento sem limites das possibilidades e da expansão pessoal de cada homem". (cf. Denis Mermod, em "A Moral em T. de Chardin")

As três direções essenciais supra citadas são sintetizadas em Chardin em três ideias mestras, a saber: "Liberdade: a oportunidade oferecida a cada homem de tansumanizar-se, indo até o máximo de si mesmo; Igualdade: o direito de cada homem de participar, conforme suas qualidades e suas forças, ao esforço comum de promover, um pelo outro, o futuro do indivíduo; Fraternidade: do homem pelo homem, sentido de uma interligação orgânica fundada não somente em nossa coexistência sobre certa descendência comum, mas sobre o fato de representar, no conjunto, a frente extrema, o extremo de uma onda evolutiva ainda em pleno curso. Liberdade, igualdade e fraternidade não mais indeterminadas, amorfas e inertes, mas dirigidas, orientadas e dinamizadas pelo aparecimento de um movimento de fundo que subentende e os suporta." (cf. Denis Mernod, em "A Essência da Ideia de Democracia")

A soteriologia (salvação e redenção), em qualquer tradição religiosa ou filosófica, busca dar sentido e auxiliar a obra divina. E é neste sentido que conceitos de grandes pensadores, grandes almas e místicos se fazem cada vez mais necessários, mas não apenas no sentido de uma divagação filosófica, religiosa, sociológica ou política, porém em termos práticos, abarcando uma visão de síntese esotérica entre o protológico e o escatológico, ou seja, entre o princípio e o propósito ou destino do ser humano.

Lógico que isto só terá uma razão de ser aos que consideram o ser humano um ente com capacidade de ser redimido, reorientado e digno de respeito.

Que esta visão, sempre atual, de Chardin, possa dar ao ser humano a si mesmo e, ao mesmo tempo, o convite a descobrir-se, a (re)construir-se, a evoluir.




Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)




Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal