quinta-feira, 20 de junho de 2013

A REFORMA ÍNTIMA

Quanto puderes, posterga a prática do mal até o momento que possas vencer essa força doentia que te empurra para o abismo.

Provocado pela perversidade, que campeia a solta, age em silêncio, mediante a oração que te resguarda na tranquilidade.

Espicaçado pelos desejos inferiores, que grassam, estimulados pela onde crescente do erotismo e da vulgaridade, gasta as tuas energias excedentes na atividade fraternal.

Empurrado para o campeonato da competição, na área da violência, estuga o passo e reflexiona, assumindo a postura da resistência passiva.

Desconsiderado nos anseios nobres do teu sentimento, cultiva a paciência e aguarda a bênção do tempo que tudo vence.

Acoimado pela injustiça ou sitiado pela calúnia, prossegue no compromisso abraçado, sem desânimo, confiando no valor do bem.

Aturdido pela compulsão do desforço cruel, considera o teu agressor como infeliz amigo que se compraz na perturbação.

Desestimulado no lar, e sensibilizado por outros afetos, renova a paisagem familiar e tenta salvar a construção moral doméstica abalada.

É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores. Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, a requeimarem por dentro, passados os primeiros momentos.

Ninguém foge aos desafios da vida, que são técnicas de avaliação moral para os candidatos à felicidade.

O homem revela sabedoria e prudência, no momento do exame, quando está convidado à demonstração das conquistas realizadas.

Parentes difíceis, amigos ingratos, companheiros inescrupulosos, co-idealistas insensíveis, conhecidos descuidados, não são acontecimentos fortuitos, no teu episódio reencarnacionista.

Cada um se movimenta, no mundo, no campo onde as possibilidades melhores estão colocadas para o seu crescimento. Nem sempre se recebe o que se merece. Antes, são propiciados os recursos para mais amplas e graves conquistas, que darão resultados mais valiosos.

Assim, aprende a controlar as tuas más inclinações e adia o teu momento infeliz.

Lograrás vencer a violência interior que te propele para o mal, se perseverares na luta.

Sempre que surja oportunidade, faze o bem, por mais insignificante que te pareça. Gera o momento de ser útil e aproveita-o.

Não aguardes pelas realizações retumbantes, nem te detenhas esperando as horas de glorificação.

Para quem está honestamente interessado na reforma íntima, cada instante lhe faculta conquistas que investe no futuro, lapidando-se e melhorando-se sem cansaço.

Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício.

Toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.

Trabalha-te interiormente, vencendo limite e obstáculo, não considerando os terrenos vencidos, porém, fitando as paisagens ainda a percorrer.

A tua reforma íntima te concederá a paz por que anelas e a felicidade que desejas.


Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco




Fonte: da obra "Vigilância"
www.oespiritismo.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

FIQUE COM UM SENTIMENTO E VEJA O QUE ACONTECE

Você nunca fica com nenhum sentimento, puro e simples, mas sempre o rodeia com a parafernália das palavras. A palavra o distorce. O pensamento, rodopiando em torno dele, joga-o na sombra, domina-o com imensos medos e anseios. Você nunca fica com um sentimento e nada mais, com ódio, ou com esse estranho sentimento da beleza. Quando o sentimento de ódio surge, você diz como ele é ruim, há a compulsão, o esforço para superá-lo, a confusão do pensamento a respeito dele.Tente ficar com o sentimento de ódio, com o sentimento de inveja, ciúme, com o veneno da ambição; pois afinal, é isso que você tem na vida cotidiana, embora você possa querer viver com amor, ou com a palavra amor. Desde que você tem o sentimento de ódio, de querer ferir alguém com uma atitude ou com uma palavra veemente, veja se você pode ficar com esse sentimento, Pode? Já tentou? Tente ficar com um sentimento e veja o que acontece. Você achará tremendamente difícil. Sua mente não deixará o sentimento sozinho, ela chega correndo com suas lembranças, suas associações, seu fazer e não fazer, seu eterno tagarelar. Pegue um pedaço de concha. Você pode olhar para ele, se maravilhar com sua delicada beleza, sem dizer como ele é belo, ou qual animal o fez? Você pode olhar sem o movimento da mente? Pode você viver com o sentimento por trás da palavra, sem o sentimento que a palavra construiu? Se puder, você descobrirá uma coisa extraordinária, um movimento fora da medida do tempo, uma primavera que não conhece verão.



J. Krishnamurti 



Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NÃO NOMEIE UM SENTIMENTO

O que acontece quando você não nomeia? Você olha para uma emoção, para uma sensação mais diretamente e, portanto, tem uma relação totalmente diferente com ela, exatamente como tem com uma flor quando não a nomeia. Você é forçado a olhar para ela de novo. Quando você não dá nome a um grupo de pessoas, você é levado a olhar o rosto de cada indivíduo e não tratá-los todos como uma massa. Então você fica muito mais alerta, muito mais observador, mais compreensivo, tem um sentido mais profundo de piedade, amor; mas se você os trata a todos como uma massa, está acabado. Se você não rotula, tem que considerar cada sentimento quando ele surge. Quando você rotula, o sentimento é diferente do rótulo? Ou o rótulo desperta o sentimento? Se eu não dou nome a um sentimento, que é dizer se o pensamento não está funcionando simplesmente devido a palavras ou se eu não penso em termos de palavras, imagens, ou símbolos, o que a maioria de nós faz, então o que acontece? Certamente então a mente não é simplesmente o observador. Quando a mente não está pensando em termos de palavras, símbolos, imagens, não existe pensador separado do pensamento, que é a palavra. Então a mente está quieta, não está? – não se faz quieta, está quieta. Quando a mente está realmente quieta, então os sentimentos que surgem podem ser tratados imediatamente. Só quando damos nomes aos sentimentos e, portanto, os reforçamos é que os sentimentos têm continuidade; eles ficam armazenados no centro, de onde fornecemos mais rótulos, seja para reforçar ou comunicá-los.



J. Krishnarmurti



Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

REABILITAÇÃO PSICOLÓGICA


Em todos os acontecimentos encontramos alguma razão psicológica, consciente ou inconsciente. Isto está implícito e é inerente aos indivíduos, aos grupos e às nações. Basta uma pequena observação para assim o constatarmos nas atividades das religiões, tradições, culturas, comportamentos, aspirações, nacionalismos e tantas outras atividades do nosso cotidiano.

O grande problema, e que torna as razões psicológicas tendenciosas, conflitivas e egoístas, é a carência evolutiva que ainda permeia grande parcela da humanidade. A falta de evolução e visão trás à tona todas as “razões” e “tradições” de consequências perversas, em nível individual e coletivo.

Mas na própria problemática está embutida a busca de soluções. Assim, em meio às crises,  percebe-se uma crescente tomada de consciência da necessidade de uma revalorização, de uma nova avaliação e renovação filosófica, jurídica, política, religiosa e social menos parcial e mais abrangente. A evolução tem seus mecanismos de defesa para que o caos seja apenas corretivo e não a lei imperante.

Procurando-se ter uma visão mais espiritual do problema, cabe enfatizar a importância da alma como componente fundamental no processo de reabilitação. Alma que atua em um plano mais elevado, além do plano e visão da personalidade encarnada neste mundo. Sempre nos foi dito que devemos buscar as respostas e soluções no íntimo, na alma/espírito, no ser interior. Conhecer-se a si mesmo.

Vemos, portanto, que somente aquilo que é construído numa profundidade capaz de alcançar a essência espiritual do ser humano, a alma com suas respostas e intuições, poderá sobreviver e ser reabilitado, porque será erguido na dimensão da eternidade, mesmo que a ação e seus objetivos estejam inseridos no tempo e no espaço, ou seja, no plano de manifestação.

Devemos saber e ter uma habilidade de agir no tempo e no espaço, mas sempre investindo na eternidade, nos valores perenes, para que as ações não sejam destinadas ao fracasso de uma existência puramente fenomênica, ilusória e impermanente. Porque toda construção ou ação que se afasta do objetivo essencial ou do Plano Divino dá lugar a objetivos ilusórios e transitórios, normalmente calcados em interesses e personalismos humanos, filhos do orgulho, presunção e egoísmo.

É essencial uma pausa e uma reflexão constantes em nossa caminhada para que analisemos possíveis novos rumos a seguir. Observar como devem ser e os reais motivos de nossas propostas de ação e de serviço. E, de suma importância, devemos fazer o hercúleo esforço para que nos tornemos mais livres, gradativamente, das preferências geradas pelo personalismo tão cultuado pelo ser humano.

Urge que nossa visão e proposta de mundo sejam globais. Os estudos dos problemas humanos devem também ser ampliados e globalizados para que as respostas, propostas e possíveis soluções sejam válidas e aplicáveis no mundo que evolui e exige novas realidades, enfoques e soluções. Aumentar a abrangência dos estudos e reflexão proporciona ao homem uma percepção mais clara da integração psicológica e social e evita o aprisionamento nas partes e nas consequentes separatividades.

É momento de abandonarmos os ressentimentos e desconfianças. É hora de não somente nos enfocarmos nas diferenças externas. Não existem divisões entre luz e trevas, mas tão somente seres que caminham no mesmo planeta, e em todo o cosmos, em graus de consciência, despertamento, evolução e compreensões diferentes. Tudo evolui e não podemos permanecer estagnados em diferenciações e propostas que talvez já não sirvam mais a um propósito ou às necessidades atuais. Tradições são importantes, mas nosso objetivo maior não é ficar atrelado a elas, pois isso causa estagnação, presunção e fanatismo. Elas nos auxiliam porém, principalmente, nos indicam o caminho a seguir e não uma parada final.

A educação, em especial, deve seguir novas buscas, novos rumos e visão, pois é uma maneira de desenvolver uma atitude psicológica correta, levando os educandos a uma correta opinião pública, dentro do possível, sem as influências tendenciosas e intenções não corretas. A reabilitação psicológica reclama e requer os valores da cooperação. E uma educação que somente ensina a competir e não a cooperar está fadada ao fracasso. A verdadeira educação desperta a cidadania e esta, por sua vez, leva a uma reabilitação psicológica.

Um ideal, realmente maior, faz com que cada ser humano, cada grupo ou nação transcenda sua visão míope e fragmentada, suas pretensões e presunções egoístas e de auto-afirmação. O progresso e a felicidade das massas só podem ser conseguidos pela melhoria dos indivíduos, melhoria esta livremente aceite e compreendida, fruto da evolução  sócio-psico-espiritual e educação corretamente orientada. A educação é a condição “sine qua non” do progresso e da evolução, entretanto tem sido desvirtuada e falsificada por interesses diversos. Agora é necessário, e tendo-se em vista a reabilitação psicológica, desnacionalizá-la e usá-la no seu verdadeiro sentido que nada tem a ver com, simplesmente, informação ou instrução que na grande maioria das vezes tem sido perigosa, inútil, fútil e subordinada ao egoísmo, presunção e interesses de mentes alucinadas.

Com o passar dos tempos e com o avanço científico, o mundo cada vez se torna “menor”, obrigando os povos a se tonarem uma comunidade. Isto é um desafio para cada um e para todos os grupos e nações. E para enfrentar tal desafio o sentido de responsabilidade universal deverá ser a meta de todos; é uma questão, no mínimo, de sobrevivência. Todos os ramos do conhecimento e atividades humanas deverão rever seus conceitos e preconceitos e entrar num novo ritmo.

A reabilitação psicológica depende de cada um dos seres humanos, dos grupos e nações. Depende da atenção dada ao que acontece no mundo, depende da boa vontade daqueles que despertam para um novo mundo. Depende da atuação prática dos que se sentem tocados pelos novos paradigmas de uma nova ordem mundial. Depende do abandonar o “homem velho” e vestir-se do “homem novo”. Depende da cooperação como caminho, do novo enfoque da educação, do relacionamento do homem para com a natureza, das relações internacionais, da liberdade e do cultivo das qualidades humanas positivas e baseadas na sua essência interior, na alma, na voz divina interna que está sempre pronta ao auxílio. Depende do equilíbrio do coração-mente tendo em vista o espírito e o verdadeiro sentido da vida. Do contrário, trilharemos o caminho da fuga na ilusão, aprisionados num passado que não existe mais e num abstrato futuro, deixando fugir o presente, este onde se situam as melhores ferramentas para qualquer crescimento e soluções.




Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)



Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O PODER QUE VOCÊ TEM

Geralmente pensamos que, por sermos um só, as boas coisas que realizamos não podem fazer tanta diferença no mundo. Também usamos essa desculpa para justificar nossos momentos não tão bons. O conceito de que uma pessoa pode causar grande impacto no mundo soa bem, mas pode ser difícil de captar.

Para entender em um nível mais prático, podemos olhar através da história para dois tipos de pessoas. Existem as pessoas que rotulamos como “os caras maus”: Adolf Hitler, Joseph Stalin, Osama Bin Laden. E existem as pessoas que chamamos de “os caras bons”: Madre Teresa, Martin Luther King, Jesus Cristo. Existem apenas alguns poucos exemplos.

Olhando para essas duas listas, não deve haver dúvidas de que uma pessoa possui dentro de si o poder de influenciar bilhões de outras.

Ainda por cima, não importa em que lista estejam, são iguais em seu desejo de afetar as vidas de incontáveis pessoas. A diferença entre elas é que um grupo foi abastecido por desejos egoístas, enquanto o outro foi impulsionado por um incansável desejo de compartilhar. 

A verdade é que todos nós possuímos o poder de afetar o mundo – e saibamos ou não, já o fazemos. A ciência tem provado o que os kabalistas escreveram há aproximadamente centenas de anos: não existem pequenas ações. Tudo que fazemos possui uma energia inteligente que produz inúmeros efeitos em cascata. 

Com esse conhecimento, podemos compreender que não precisamos ser Madre Teresa para que nossas ações criem uma vasta mudança no mundo e também podemos perceber a dimensão da grande responsabilidade que temos uns com os outros.

É muito importante saber que você não só pode, mas realmente faz a diferença.

Quando entendemos quanta influência nossas ações realmente carregam, podemos enxergar a necessidade de transformar nossos desejos egoístas em desejos de compartilhar e, ao fazê-lo, nos tornamos um dos “caras bons”, comprometidos em criar um mundo melhor.



Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal