quarta-feira, 11 de setembro de 2013

REMUNERAÇÃO ESPIRITUAL

"O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos." Paulo - ll Timóteo, 2:6

Além do salário amoedado o trabalho se faz invariavelmente, seguido de remuneração espiritual respectiva, da qual salientamos alguns dos itens mais significativos: acende a luz da experiência; ensina-nos a conhecer as dificuldades e problemas do próximo, induzindo-nos, por isso mesmo, a respeitá-lo; promove a auto-educação; desenvolve a criatividade e a noção de valor do tempo; imuniza contra os perigos da aventura e do tédio; estabelece apreço em nossa área de ação; dilata o entendimento; amplia-nos o campo das relações afetivas; atrai simpatia e colaboração; extingue, a pouco e pouco, as tendências inferiores que ainda estejamos trazendo de existências passadas.

Quando o trabalho, no entanto, se transforma em prazer de servir, surge o ponto mais importante da remuneração espiritual: toda vez que a Justiça Divina nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado. E, quando ocorre, em momento oportuno, o nosso contato indispensável com os mecanismos da Justiça Terrena, eis que a influência de todos aqueles a quem, porventura, tenhamos prestado algum benefício aparece em nosso auxílio, já que semelhantes companheiros se convertem espontaneamente em advogados naturais de nossa causa, amenizando as penalidades em que estejamos incursos ou suprimindo-as, de todo, se já tivermos resgatado em amor aquilo que devíamos em provação ou sofrimento, para a retificação e tranquilidade em nós mesmos.

Reflitamos nisso e concluamos que trabalhar e servir, em qualquer parte, ser-nos-ão sempre apoio constante e promoção à Vida Melhor.



Emmanuel / Francisco Cândido Xavier



Fonte: do livro "Perante Jesus"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O AMOR PRECISA IR ALÉM DO CORPO

Pergunta a Osho:

Recentemente, tenho começado a perceber como até mesmo a pessoa que eu amo é uma estranha para mim. Ainda assim, há um intenso anseio para sobrepujar a separação entre nós. Chega quase a parecer como se fôssemos duas linhas correndo paralelas uma à outra, destinadas a nunca se encontrar. O mundo da consciência é como o mundo da geometria, ou há uma chance de as paralelas se encontrarem?

Esta é uma das grandes misérias que todo amante tem de enfrentar: não há como dois amantes acabarem com o desconhecido, com o não-familiar, com a separação entre eles. Na verdade, todo o funcionamento do amor está ligado a isto: eles devem ser pólos opostos. Quanto mais distantes estão, mais atraentes. A separação é a atração entre eles. Eles se aproximam, chegam bem perto, mas nunca se tornam um.

Eles chegam tão perto que parece que, um passo a mais, eles se tornarão um. Mas esse passo nunca foi dado. Não pode ser dado por pura necessidade, por causa de uma lei natural.

Pelo contrário, quando eles estão muito próximos, imediatamente começam a se separar novamente, a se afastar. Porque, quando eles estão muito próximos, a atração é perdida; eles começam a brigar, a reclamar, tornam-se rancorosos. Esses são os meios de se criar distância novamente. E quando a distância acontece, imediatamente eles começam a se sentir atraídos. E isso vai se repetindo como um ritmo: aproximan­do-se, afastando-se, aproximando-se, afastando-se.

Há um anseio profundo para se tornarem um - mas em termos de biologia, em termos de corpo, não é possível se tornarem um. Mesmo enquanto estão fazendo amor, vocês não são um. A separação no nível físico é inevitável.

Você diz: "Recentemente, tenho começado a perceber como até mesmo a pessoa que eu amo é uma estranha para mim".

Isso é bom. Isso faz parte de uma compreensão cres­cente. Somente pessoas infantis pensam que conhecem um ao outro. Você nem mesmo se conhece, como pode conce­ber que conhece o seu amado?

Nem o amado se conhece, nem você se conhece. Dois seres desconhecidos, dois estranhos que não conhecem nada sobre si mesmos, estão tentando conhecer um ao outro - é um exercício fútil. Está fadado a se tornar uma frustração, um fracasso. Por isso todos os amantes ficam com raiva um do outro. Eles pensam que talvez o outro não lhe esteja permitindo entrar em seu mundo particular. “Ele está me mantendo separado, está me mantendo um pouco distan­te.” E ambos vão pensando da mesma forma. Mas não é verdade, todas as acusações são falsas. Simplesmente eles não entendem a lei da natureza.

Corporalmente, vocês podem se aproximar, mas não po­dem se tornar um. Somente no nível do coração vocês podem se tornar um - mas apenas momentaneamente, não permanen­temente.

No nível do ser, vocês são um. Não há nenhuma ne­cessidade de se tornarem um. Isso tem apenas de ser desco­berto.

Você diz: “Ainda assim, há um intenso anseio para so­brepujar a separação entre nós”.

Se você continuar tentando no nível físico, continuará fracassando. O anseio profundo simplesmente mostra que o amor precisa ir além do corpo, que o amor quer algo mais elevado do que o corpo, algo maior do que o corpo, algo mais profundo do que o corpo.

Até mesmo o encontro coração com coração - embora doce, embora imensamente deleitoso - ainda é insuficiente, porque ele ocorre somente por um momento e então, no­vamente, estranhos são estranhos. A menos que vocês des­cubram o mundo do ser, vocês não serão capazes de preen­cher o anseio profundo de se tornarem um. E o fato estra­nho é o seguinte: no dia em que você se tornar um com seu amado, você se tornará um com toda a existência também.

Você diz: “Chega quase a parecer como se fôssemos duas linhas correndo paralelas uma à outra, destinadas a nunca se encontrar”.

Talvez você não conheça a geometria não-euclidiana, pois ela ainda não é ensinada em nossos institutos educa­cionais. Ainda nos ensinam, nas universidades, a geometria euclidiana, que tem dois mil anos de idade. Na geometria euclidiana, as linhas paralelas nunca se encontram. Mas foi descoberto que, se você continuar e continuar e continuar, elas se encontram. A última desco­berta é que não existem linhas paralelas; por isso é que elas se encontram. Não se pode criar duas linhas paralelas.

As novas descobertas são muito estranhas: você não pode nem mesmo criar uma linha, uma linha reta, porque a terra é redonda. Se você criar uma linha reta aqui, se conti­nuar prolongando-a de ambos os lados e continuar e conti­nuar, finalmente, você descobrirá que ela se tornou um cír­culo. E se uma linha reta traçada até o seu máximo torna-se um círculo, ela, em primeiro lugar, não era uma linha reta; era apenas parte de um círculo muito grande, e uma parte de um círculo grande é um arco, não uma linha reta. As linhas desapareceram na nova geometria não-euclidiana e, quando não há linhas, o que dizer de linhas paralelas? Não existem linhas paralelas também.

Assim, se fosse uma questão de linhas paralelas, ha­veria uma chance de os amantes poderem se encontrar - talvez na velhice, quando eles não podem mais lutar, não têm mais energia disponível ou ficaram tão acostumados que... Qual o sentido? Já tiveram aquelas mesmas discus­sões, os mesmos problemas, os mesmos conflitos; ambos estão cansados um do outro.

Com o decorrer do tempo, os amantes até mesmo param de falar um com o outro. Qual o sentido? Porque começar a falar significa começar uma discussão - e é a mesma discussão, ela não vai mudar. Eles já discutiram tantas vezes e o fim é sempre o mesmo. Mas, mesmo assim, as linhas paralelas, no que diz respeito aos aman­tes... Na geometria elas podem começar a se encontrar, mas no amor não há nenhuma esperança; eles não podem se encontrar.

E é bom que eles não possam se encontrar, porque, se os amantes pudessem satisfazer seu anseio profundo de se tornarem um em termos de corpo físico, eles nunca olha­riam para cima. Nunca tentariam descobrir que há muito mais escondido no corpo físico - a consciência, a alma, o deus.

É bom que o amor fracasse, porque o fracasso do amor está destinado a levá-lo a uma nova peregrinação. O anseio profundo o perseguirá, até que ele o leve ao templo onde o encontro acontece. Mas o encontro sempre acontece com o todo, no qual estará o seu amor, mas no qual também esta­rão as árvores e os rios e as montanhas e as estrelas... Nesse encontro, somente duas coisas não estarão presentes: seu ego não estará ali e o ego do seu amado não estará ali. Fora essas duas coisas, toda a existência estará presente. E esses dois egos eram realmente o problema, era o que estava fazendo deles duas linhas paralelas.

Não é o amor que está criando o problema; é o ego. Mas o anseio profundo não será satisfeito. Nascimento após nascimento, vida após vida, o anseio profundo permane­cerá, a não ser que você descubra a porta certa para ir além do corpo e entrar no templo.

Um casal de velhos - um com 93 anos e o outro com 95 - vai ao seu advogado e diz que quer se divorciar.

“Divórcio?!”, exclama o advogado. “Na idade de vocês?

Mas, seguramente, vocês agora precisam mais que nun­ca um do outro! E, de qualquer forma, vocês estão casa­dos há tanto tempo! Qual o sentido disso?”

“Bem”, diz o marido, “nós estamos querendo o divór­cio há anos, mas achamos que deveríamos esperar até que os filhos morressem.”

Eles realmente esperaram! E todos os filhos morreram. Agora, não há nenhum problema, eles podem se divorciar. Não houve nenhum encontro, mas houve o divórcio.

Simplesmente mantenha o anseio profundo ardendo, chamejante. Não perca o coração.

Seu anseio profundo é a semente da sua espiritualidade. Seu anseio profundo é o começo da união final com a existência. Seu amado é apenas um pretexto.

Não fique triste, fique feliz. Alegre-se de que não haja possibilidade de encontro no nível físico. De outra forma, os amantes não teriam nenhum meio de transformação. Eles permaneceriam atolados um com o outro, eles se destrui­riam um ao outro. E não há mal nenhum em amar um estra­nho. Na verdade, é mais excitante amar um estranho.

Quando vocês não estavam juntos, havia grande atra­ção. Quanto mais vocês se aproximaram, mais a atração se tornou nublada. Quanto mais vocês se tenham tornado co­nhecidos um do outro, superficialmente, menor é a excita­ção. A vida torna-se muito rapidamente uma rotina.

As pessoas vão repetindo as mesmas coisas sem pa­rar. Se olhar para o rosto das pessoas mundo afora, você ficará surpreso: por que todas essas pessoas parecem tão tristes? Por que seus olhos dão a impressão de que perde­ram toda a esperança? A razão é simples, a razão é a repetição. O homem tem inteligência; a repetição cria té­dio. O tédio traz a tristeza, porque a pessoa sabe o que vai acontecer amanhã, e depois de amanhã... até chegar à cova será a mesma coisa, a mesma história.

Um judeu e um polaco estão sentados à noite num bar, assistindo ao noticiário da TV. No programa, eles estão mostrando uma mulher de pé, sobre a saliência de um rochedo, ameaçando pular. O judeu então diz ao polaco:

“Vou lhe propor uma coisa. Vamos fazer uma aposta: se ela pular, eu ganho vinte dólares. Se ela não pular, você ganha vinte dólares. Certo?”

“Combinado”, diz o polaco.

Alguns minutos mais tarde, a mulher salta despenhadeiro abaixo e morre. O polaco tira vinte dólares da carteira e dá ao judeu. Mais alguns minutos, o judeu se vira para o polaco e diz:

“Olhe aqui, não posso ficar com esses seus vinte dólares. Tenho que lhe confessar uma coisa: eu já tinha visto isso no noticiário do início da tarde. Foi uma reprise o que passou agora.”

“Não, não!”, diz o polaco. “Você fica com o dinheiro, você o ganhou legitimamente. Olhe, eu também vi isso na TV no início da tarde.”

“Você viu?! Então por que apostou que a mulher não pularia?”, perguntou o judeu.

“Bem”, respondeu o polaco, “eu não pensei que ela fosse tão estúpida para pular de novo!”

A vida é assim...

Essa tristeza no mundo, esse tédio e essa miséria po­dem ser mudados se as pessoas souberem que estão pe­dindo o impossível.

Não peça o impossível. Encontre a lei da existência e siga-a.

Seu anseio profundo de se tornar um com o outro é o seu desejo espiritual, é a sua própria natureza religiosa es­sencial. Só que você está focando o ponto errado.

Seu amado é apenas um pretexto. Deixe seu amado ser uma experiência para um amor maior - o amor por toda a existência.

Deixe seu anseio profundo ser uma busca pelo seu próprio ser interior. Lá, o encontro já está acontecendo. Lá, nós já somos um. Lá, ninguém jamais se separou.

O anseio profundo é perfeitamente certo; apenas o objeto do anseio profundo não está certo. Isso está criando o sofrimento e o inferno. Simplesmente mude o objeto, e a sua vida se torna um paraíso.


Osho, em "Vida, Amor e Riso"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal