domingo, 29 de junho de 2014

ABERTO ÀS POSSIBILIDADES

Por que acreditais que a ajuda, o apoio, hão de chegar-vos unicamente sob a forma que esperais? Há tantas possibilidades que se vos apresentam! Mas vós não as vedes, não quereis vê-las. Criais a expectativa de que determinada porta vai abrir-se diante de vós, mas ela permanece fechada… Em vez de vos lamentardes diante dessa porta, pensai que pode existir uma outra, ao lado, que se abrirá. Ou talvez ela até já esteja aberta mas vós não a vedes. Vós esperais ter a compreensão e a ajuda de alguém; porém, essa pessoa não só não se mostra compreensiva nem vos ajuda, como até é desagradável. Pois bem, em vez de vos deixardes obcecar por esta decepção, olhai um pouco melhor à volta: há certamente outras pessoas prontas a ajudar-vos. Se ficardes muito focados na vossa decepção, não vereis esses amigos que vêm até vós. É também neste sentido que certas provações são úteis: obrigam a fazer ou a descobrir o que não se faria e não se descobriria sem elas. Quantas vezes a vossa obstinação vos impediu de sair das vossas dificuldades! Então, daqui em diante não fiqueis a lamentar-vos diante de uma porta fechada, olhai à volta para tentar descobrir uma que esteja aberta!





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 28 de junho de 2014

NOVA ORDEM MUNDIAL

Quando nos voltamos em busca de caminhos para o estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial baseada em valores espirituais, percebemos que, mesmo que possam ser formulados de várias maneiras, esses valores podem ser resumidos em três leis e três princípios universais:

LEI DAS CORRETAS RELAÇÕES HUMANAS: é o ponto de união entre as pessoas. Baseia-se no princípio da boa vontade em estabelecer a harmonia em todas as áreas da vida. Ela incentiva o senso de responsabilidade, de compreensão, paciência, compaixão, respeito, amor e serenidade dentro de nós mesmos, com os outros seres e em todos os aspectos da vida. A partir de uma correta atitude interna esta lei favorece o bom fluxo dos nossos relacionamentos, rompendo barreiras e abrindo o caminho para que este fluxo penetre a vida de outros seres.

PRINCÍPIO DA BOA VONTADE: intenção básica para praticar o bem, é a motivação interna para vivermos relacionamentos corretos. Este princípio e essa lei são hoje consideravelmente enfatizados por aqueles que se preocupam com o bem estar humano e a paz mundial. A importância desses dois fundamentos já é amplamente compreendida, e seu cultivo é reconhecido como vital para a solução de nossos problemas, seja na vida familiar ou nos domínios político, econômico e social. Atualmente o estudo e a promoção da ciência do relacionamento, através da psicologia, das ciências sociais e de muitas outras áreas, estão dando uma nova perspectiva ao poder das corretas relações humanas e da boa vontade.

LEI DO ESFORÇO GRUPAL: é a nota básica da Nova Era. Ela nos oferece a oportunidade de perceber que além de indivíduos, somos parte de grupos como a família, o trabalho, a comunidade, a nação e a humanidade; que devemos viver em cooperação com o bem de todos, buscando uma meta comum, mesmo que isso não satisfaça nossos desejos individuais. Essa lei nos ensina que nosso progresso individual depende do progresso do grupo como um todo, e consequentemente de toda a humanidade.

PRINCÍPIO DA UNANIMIDADE: ou unidade em nível de alma, é a força que aglutina as pessoas. Esta é também uma das principais tendências da Nova Era. Observamos por toda parte um esforço de trabalhar em cooperação e em harmonia dentro de grupos, buscando uma meta comum através da unanimidade. A supervalorização da individualidade está sendo substituída pela integração do indivíduo no grupo. Cada vez mais grupos são formados e funcionam por uma motivação interna, não por regulamentos impostos.

LEI DA APROXIMAÇÃO ESPIRITUAL: nos aproxima de nossa divindade e da essência divina do universo. É a lei que nos liga ao nosso Ser Maior, o caminho através do qual o propósito de Deus pode ser alcançado.

PRINCÍPIO DA DIVINDADE ESSENCIAL: é a centelha de Deus presente em todas as coisas. Ela nos possibilita perceber que estamos mais próximos de Deus do que imaginamos, que somos essencialmente divinos. A Lei da Aproximação Espiritual e o Princípio da Divindade Essencial revelam nossa participação numa vida mais abrangente do que a nossa vida individual, e mostram que não há distância real entre o homem e Deus.

A cada dia, novas descobertas são feitas nas diversas áreas da ciência, revelando nossa relação com uma vida mais abrangente, nossa interdependência como unidade de uma realidade maior. Entre todas as maravilhas que se apresentam, nenhuma é mais reveladora e inspiradora do que a natureza idêntica do microcosmo e do macrocosmo, do átomo às estrelas.

Estas leis e princípios formam um código fundamental para nossa vida na Nova Era, fazendo ressoar as notas das nossas mais altas possibilidades. Eles podem ser adotados como plataforma, quaisquer que sejam nossas convicções ou crenças. A partir do seu emprego, serão estabelecidas na Terra as condições necessárias para a verdadeira construção de um mundo novo.





Fonte: Grupo de Meditação para a Nova Era - GMNE
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 23 de junho de 2014

PROGRESSÃO DOS MUNDOS

O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.

Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa ideia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam!

Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. (Santo Agostinho, Paris, 1862)





Allan Kardec





Fonte: do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", FEB
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NOÇÃO DE COLETIVIDADE

Quer isso lhe agrade, quer não, todo o ser humano pertence a uma coletividade e, se nessa coletividade ocorrerem perturbações, nem ele nem os seus bens pessoais estão muito seguros. Houve na história pessoas tão poderosas e ricas que parecia que nada poderia atingi-las; mas surgiram perturbações na coletividade e elas acabaram por perder tudo, até a vida. A segurança dos indivíduos depende do bom funcionamento da sociedade. Por isso, cabe a cada um substituir o seu ponto de vista pessoal por um ponto de vista mais vasto, mais universal: com isso, ele ganhará não só no plano material, mas também e sobretudo no plano da consciência. A consciência desperta verdadeiramente no homem quando ele se torna sensível à noção de coletividade, de universalidade: mesmo que, fisicamente, seja um ser separado, no plano psíquico ele sente os outros como um prolongamento de si mesmo. A partir desse momento, ele vivencia o que acontece de bom ou mau aos outros como se isso lhe sucedesse a ele e esforça-se por só fazer o bem, pois sente, sabe, que é também a si próprio que está a fazer bem.





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

BELEZA - BONS VOTOS

Quando alguém fala algo que toca o nosso coração, geralmente dizemos: Que pessoa linda! Nesse momento estamos incorporando a ideia de que beleza vem do caráter. Cada caráter, incluindo o nosso, contém esse potencial de beleza. Portanto, ao invés de basear nossa beleza em nossa aparência, devemos transferi-la para o seu caráter.

Bons votos não é só ter esperança de que aquela pessoa irá mudar, mas alimentar e criar condições para que ela consiga isso. Quando você vê que alguém está tendo uma atitude ruim, tenha misericórdia. Ela não está fazendo isso porque é ruim, mas sim porque é fraca. Então, procure não absorver a negatividade dela, isso é compaixão. Dê a ela uma nova oportunidade, através de sua visão generosa, sem expectativa e livre de julgamento.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 15 de junho de 2014

NO APRIMORAMENTO

No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observamos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.

Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da loucura.

Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.

Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.

Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais profundamente respira no plano das ideias, influenciando e sendo influenciada.

Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear. Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.

Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.

Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade, encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e estreitas em que se agita.

Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, imitindo luz que é também matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.

Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior para a sublimação de si mesmas.

Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.

Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinquentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.

No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado e divino, com que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.





Francisco Cândido Xavier / Emmanuel





Fonte: do livro "Roteiro", cap. 7, p. 17, FEB
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A DANÇA DE SHIVA


Um dos pontos centrais da teoria junguiana é o processo de individuação, e quando é citado sempre surgem algumas questões a respeito de aspectos negativos presentes neste processo, os quais eu gostaria de evidenciar no momento.

O processo de individuação ou de transformação interna nos leva sempre a um questionamento e consequente conscientização de determinadas partes escondidas de nossa psique assim como nos aproxima mais de nossa verdadeira essência. Isso o transforma numa grandeza imensurável cujo contato se faz difícil e na maioria das vezes muito doloroso de se enfrentar.

O autoconhecimento que nos conduz à profundezas inesperadas e a um reconhecimento de nosso lado sombrio, egóico, tem força suficiente para desencadear perturbações geradoras de problemas e consequentes mudanças de personalidade que jamais poderíamos prever. O confronto com situações conflituosas provenientes do inconsciente requer intencionalidade e inteireza no propósito, pois simplesmente não podemos amenizar o sofrimento deste contato com desculpas ilusórias ou explicações cômodas. Desta forma só estaríamos ampliando, em muito, as possibilidades destrutivas existentes.

O inconsciente é de natureza amoral, e é dele que se apresenta o que for necessário para nos desapegarmos dos agregados ilusórios do ego, resultando em um crescimento em direção à uma consciência mais ampla. E isto não é tarefa fácil, pois dificilmente abriremos mão do que somos, de nossas identificações, para aceitarmos uma posição, uma perspectiva ou um jeito novo que em geral nos é totalmente desconhecido e oposto a nós.

Daí surge a necessidade de um trabalho psicoterapêutico onde a análise junguiana se caracteriza pelo confronto dialético entre consciência e inconsciente. E nossa individuação se faz percebida pela tomada de consciência de componentes de nossa personalidade, que originariamente apresenta sintomas negativos, aos quais Jung denominou de sombra.

Quando damos uma atenção especial às nossas questões internas, vamos de encontro a esta personalidade inferior, onde está contido tudo que não se encaixa, que não procede. Tudo que não se ajusta às leis e regras de nossa vida consciente. Na realidade, tudo que é esquecido ou rejeitado não só por motivos de ordem moral como também por conveniências inconsequentes.

Em resumo, todas aquelas pequenas e insignificantes imposições as quais somos condicionados deste pequenos, tais como: ‘mamãe não gosta’ ou ‘papai do céu acha feio’; e todas as demais características que somos levados a nos identificar para melhor sermos aceitos no meio onde crescemos.

Na verdade todo o nosso inconsciente é a nossa própria sombra quando o contrapomos à consciência representada pela luz, ou ainda, quando tomamos uma postura de distanciamento, rejeição ou medo, em relação aos conteúdos desse inconsciente, ou melhor dizendo, de nós mesmos.

O que caracteriza alguma coisa como pertencente à sombra é exatamente a nossa postura em relação a ela ou à forma como reagimos a esses conteúdos. As diferentes perspectivas pelas quais vemos determinados conflitos internos surgem a partir de influências de nossas próprias emoções que nos farão lidar com tais conflitos de maneira agradável e simples, ou desagradável e autodestrutiva.

Normalmente nos livramos dos aspectos desta metade obscura de nossa alma usando de artifícios onde atribuímos aos outros o que é feio, preconceituoso e esquisito. Ou, às vezes, para nos sentirmos salvos ou isentos de pecados, os transferimos para um mediador divino através de um ato de arrependimento. Jung dizia que sem pecado não há arrependimento, e sem arrependimento não há o ato de redenção.

Somente através de uma análise profunda é que podemos nos confrontar com essa metade obscura da personalidade, pois uma vez iniciado o processo, torna-se inevitável esse contato e na maioria das vezes, muito doloroso.

Esse é um momento psicológico onde não há opção; somos expulsos do paraíso. Restando-nos apenas suportar com paciência, coragem e confiança até que ocorra a solução, a mudança de paradigma, no devido momento. Nem antes nem depois.

E quando nos aventuramos por um passeio por esse inferno dantesco, i.e., quando tentamos entender o que nosso inconsciente produz, o caminho mais direto e natural seria permitir à nossa alma um curso livre, através de um recuo de nossas projeções internas, sem interferências do ego.

Modelando a realidade que nos circunda com uma concepção mais realista da vida e livre de ilusões. Agindo dentro do que é certo, em cada momento, de acordo com o que temos disponível, com o que somos, para que não se permita que forças maléficas se tornem explicitamente excessivas.

Uma vez que corrigimos essas projeções, ou seja, que separamos a realidade, das camadas de ilusão que a envolvem, nos aproximamos de limites perigosos onde ultrapassá-los significaria um empreendimento muito difícil. Pois esses limites representam verdades específicas de um momento psicológico que normalmente preferimos evitar.

Se obstáculos existem, é porque eles devem ter alguma serventia, e talvez encubram algum recanto delicado com uma escuridão que às vezes é salutar. Determinados aspectos que talvez fossem muito mais tranquilos que jamais viessem à luz.

Essas mudanças decorrentes dessa experiência interna são tão profundas que possuem um caráter numinoso, i.e., somos compelidos a achar que elas representam uma vontade de Deus. Isso é devido ao caráter autônomo dos símbolos que surgem, pois o caminho ou a solução para os conflitos se apresentam com um impacto tão grande que nos fazem entender essa força resultante desta maneira.

Esses símbolos, que possuem os opostos representados em si, são manifestações de um ponto central que representa a totalidade, o Uno, e acabam funcionando como um Senhor do Mundo Interior, portando, em sua estrutura, luz e trevas.

Os primitivos possivelmente tinham alguma percepção dessa grandeza, pois em seus rituais representavam o Sol como Deus-Pai. Fecundador e criador, fonte de toda a energia do mundo. O Sol não só é benfazejo como também destruidor com seu calor abrasador. Ele brilha igualmente para todos, bons e maus. E faz crescer tanto vidas úteis quanto nefastas. Todas essas características o tornam adequado para representar o Deus visível deste mundo, nossa força propulsora, a libido cuja essência é produzir a nossa realidade.

Em culturas diferentes, existem infinitas outras representações para simbolizar esse arquétipo central da totalidade portador do bem e do mal. Na mitologia hindu encontramos Shiva, que dispôs de uma metade de seu corpo para servir de morada para a sua consorte, Parvati. Esta é uma magnífica representação do mistério da união dos opostos que simboliza a essência da iluminação. Neste padrão hindu de Deus-Shiva e sua Shakti se encontra o poder procriador da substância imortal, fonte de toda a vida.

Na iconografia tibetana encontramos a mesma representação na imagem de Vajradhara e sua contraparte feminina, estreitamente abraçados numa formação conhecida como yab-yum. Aqui, as duas figuras fundem-se uma na outra em suprema concentração e absorção tântrica.


Sentados num trono de lótus que simboliza o Portal do Universo, em régia atitude de calma imortal. As imagens de Shiva-Shakti simbolizam a vida universal e individual como uma incessante interação de opostos cooperantes.

Outra representação de Shiva relativa a um par de opostos começou a surgir na Índia com a invasão dos povos árias do norte. Eles possuíam uma coletânea de hinos chamados Rig Vedas, em sânscrito primitivo, usado quando se ofereciam os sacrifícios arianos. Ali, Shiva, conhecido como Rudra, O Terrífico, era uma divindade menor a qual os devotos se dirigiam em apenas três hinos.

Sob o nome de Shiva, mais tarde esta divindade vem a se transformar em um dos três principais deuses do panteão hindu, depois de absorver algumas características de um Deus da Fertilidade indígena. Nesse momento configurou-se a trindade constituída por Vishnu, significando existência, luz, concentração e preservação. Shiva como representante de aniquilamento, trevas, dispersão e destruição. E Brahma, no centro, com eixo de equilíbrio, construção.

Shiva, depois de passar, como Rudra, por características sinistras, misteriosas e associadas às funções destrutivas, apresenta-se plenamente desenvolvido, combinando características contrastantes. Como Mahakala, ele é o grande deus do tempo infinito, que tudo destrói. Com um aspecto oposto, ele é Pashupati, o senhor de toda a criação. Contam que a terra estava ficando desolada e foram pedir a Vishnu que despejasse sobre a terra o rio cósmico Ganga, para restaurar toda a vida do planeta.

Acontece que este rio tinha uma tal força torrencial que se caísse sobre a terra, destruiria tudo, a faria em pedaços. Shiva, ao saber, amparou o rio em sua cabeça, e pela água que lhe escorriam pelo seus longos cabelos negros surgiram os veios que deram origem ao rio Ganga (Ganges), que possui exatamente esta função restauradora e purificadora.

Shiva é ainda Nilakanta, o Garganta Azul. Dizem que a serpente Vasúki espalhou sobre o universo um veneno que o ameaçava de destruição. Os devas e asuras, que não podiam lidar com tamanho problema, recorreram a Shiva que bebeu o veneno livrando todo o universo de ser destruído.

Já como Nataraja, o Senhor da Dança, Shiva possui os dois aspectos: destruidor e criador. Na reclusão de sua morada, no alto do Monte Kailasa, nos Himalaias, Shiva dança. E ao executar este ritual ele revolve toda a neve sob seus pés, e à sua volta. Assim, enquanto dança ele destrói o universo. Mas a neve remexida pela dança se derrete e começa a formar um pequeno filete de água que desce as montanhas formando pequenos veios que mais abaixo se transformam numa volumosa fonte de vida que é o rio Ganga.

Shiva é ainda Ashutosha, Aquele Que se Basta, o Senhor do Desapego. Aceita de bom grado o que lhe é oferecido valorizando, desse modo, mais a intenção do que o objeto oferecido.

Como uma lembrança do que é impermanente ou da constante mudança, Shiva é Akasha, o éter, o sem forma. Os fiéis de Shiva neste estado o veneram em ritos usando uma pedra normalmente colhida no rio Ganga ou no rio Gandaki, no Nepal, para representar a sua imagem sem forma. E transcendendo o estado de Akasha encontramos a “consciência pura”.

Com todas essas manifestações através das formas e da não forma, de sua dança através dos tempos, encontramos nos Svetasvattara Upanishads uma menção sobre “este Deus (que) é o artesão do Universo, o Ser Supremo. (Ele) mora eternamente no coração das criaturas”. E ainda é dito que “quando não há trevas, não há nem dia nem noite, nem ser nem não ser, então (este) é Shiva , o Absoluto, é o Imperecível”.

Para que os devotos lidem com todas essas representações, é pedido a eles que adorem não os nomes e as formas, mas o dinamismo, a torrencial corrente cósmica de fugazes evoluções, que continuamente produz e aniquila as existências individuais, como gotas de uma poderosa queda d’água. O indivíduo passa a ter uma atitude, identificando sua mente com o princípio que lhe dá existência. Que o lança para dentro de um processo de crescimento, eliminando as contradições existentes em seu caminho. Assim ele se sente como parte dessa força suprema. Tanto os pesares quanto as alegrias são transcendidos na entrada em um estado puro, livre de opostos.

Assim como em todo este simbolismo védico, as estruturas psicológicas contêm secretamente o seu oposto, ou está de alguma forma ligado a ele. E não existe nenhum ritual, ou momento psicológico, que não se converta em seu oposto quando se toma uma posição extrema. Quanto mais tomamos uma atitude unilateral, tanto mais podemos esperar sua reversão para o seu contrário. Isto é chamado Enantiodromia.

Portanto, todas as nossas qualidades e características das quais mais gostamos e defendemos são as mais ameaçadas com certa perversão diabólica. Pois são exatamente elas que mais reprimem o mal.

O autoconhecimento é uma aventura que nos conduz a amplidões e profundezas inesperadas, sendo sempre muito doloroso desencadearmos perturbações difíceis de se administrar. Nossa existência individual caracteriza-se por uma relação entre a alma livre, pura e perfeita, e as ilusões do mundo exterior. Mas sempre poderemos transcender esses obstáculos temporais e todos os nossos apegos para conseguirmos discernir a realidade aparte das camadas de ilusão que a envolvem.

Para a psicologia moderna, com esse empreendimento estaremos sempre lidando com a vida e a morte da consciência comum, para dar lugar ao surgimento de uma consciência superior. Num confronto com a sombra, que apesar de sinistro e inevitável, é o que nos projeta para a individuação.

E, sempre que olho para lugares ermos do inconsciente, vejo Shiva. No topo do Monte Kailasa. Pronto para começar a sua dança.




Sérgio Pereira Alves





Fonte do texto e das gravuras: GnosisOnLine
http://www.gnosisonline.org/

terça-feira, 10 de junho de 2014

ABANDONE A SERIEDADE

Perguntaram a Osho: Embora seu discurso de ontem tenha sido bem sério e profundo, havia estranhas cócegas e gargalhada surgindo em mim. Em algum lugar profundo, havia um senso de humor, como uma sutil subcorrente. E lágrimas frequentemente rolavam! Os momentos de clareza e insight dão origem a um senso de humor? E o que são as lágrimas?

Sim, Chinmaya, a clareza sempre traz um senso de humor. A pessoa começa a rir, não dos outros, mas de si mesma, de todo o ridículo dos jogos do ego, de toda a estupidez da mente humana. E quando há gargalhada as lágrimas não estão distantes; elas são aspectos de uma só energia. Elas não são diametralmente opostas, mas complementares.

Sempre que houver uma profunda gargalhada, fatalmente haverá lágrimas seguindo-a. E sempre que houver lágrimas profundas a gargalhada virá logo. Elas andam juntas, são partes de um só clima — o clima da clareza, da profundidade, da altura.

Você pode ficar surpreso ao saber que os esquizofrênicos não podem rir, e uma pessoa que não pode rir tem algo da esquizofrenia; ela é mentalmente enferma. Os esquizofrênicos começam a rir somente quando estão saindo de suas esquizofrenias. Foi observado que o psicoterapeuta pode terminar o tratamento uma vez que perceba o esquizofrênico rindo. Este é um fato de grande importância.

Muitos pretensos santos são realmente esquizofrênicos — eles não podem rir. E se você não pode rir como pode chorar, verter lágrimas? Ambos se tornam impossíveis. Quando a risada e o choro são impossíveis, seu coração fica completamente fechado; você não tem emoções e começa a viver somente na cabeça, e toda a sua realidade consiste em pensamentos. Pensamentos são secos, eles não podem trazer a risada ou as lágrimas. As lágrimas e a risada vêm do coração. E a clareza não é da mente, mas do coração; a confusão é da mente.

Assim, Chinmaya, essa foi uma boa experiência. Sua esquizofrenia está desaparecendo, e posso terminar com o tratamento. Ria mais, chore mais, torne-se novamente uma criança. A seriedade é sua doença; abandone a seriedade.

E nunca se confunda entre a seriedade e a sinceridade — a seriedade não é sinceridade. A sinceridade não precisa ser séria; ela pode rir, pode chorar, pode verter lágrimas. A seriedade é um estágio bloqueado da mente, um estágio em que você não pode fluir; é um estado de não-fluxo, de estagnação. Pessoas sérias são pessoas doentes.





Osho, em "Vá Com Calma - Discursos Sobre o Zen-Budismo"





Fonte: http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AMOR E JUSTIÇA

Quem, de uma maneira ou de outra, ajudou outras pessoas, acha justo receber algo em retorno. Isso é justo, sim, mas o amor que impele a dar sem nada esperar está acima da justiça. O sentimento daquilo que é justo já habita naturalmente no homem; mesmo os malfeitores podem ter, de certo modo, o sentido da justiça, e até os animais. E quantos crimes não são cometidos para, supostamente, restabelecer a justiça? Não se pode negar que a justiça é uma virtude, mas o amor é uma virtude ainda maior. Vós manifestastes a vossa generosidade e, em nome da justiça, pensais que vos devem alguma coisa, pelo menos um agradecimento. Mas, se persistis em esperar aquilo que pode não chegar – há pessoas que nem sequer pensam em dizer “obrigado” –, sentis uma decepção, um descontentamento. E por que é que ruminais esses sentimentos negativos? Por causa do bem que fizestes! Será isso inteligente?... Por que é que não procurais preservar, por todos os meios, a alegria que sentistes ao fazer o bem?





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MUNDOS REGENERADORES

Entre as estrelas que cintilam na abóbada azul do firmamento, quantos mundos não haverá como o vosso, destinados pelo Senhor à expiação e à provação! Mas, também os há mais miseráveis e melhores, como os há de transição, que se podem denominar de regeneradores. Cada turbilhão planetário, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo seus mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade. Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.

Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.

Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida. Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.

Mas, nesses mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdido completamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver firmado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então, novas e mais terríveis provas o aguardam.

Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da prece, a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas cabeças, indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que uni mundo regenerador vos abra seu seio, após a expiação na Terra. (Santo Agostinho - Paris, 1862)





Allan Kardec 





Fonte: do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", FEB, cap. 3
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DOÇURA - RENÚNCIA

Precisamos ficar atentos para o curso de nos tornarmos doces. Quem me tornará doce? Uma pessoa se torna doce quando ela é alegre. Podemos pensar que basta falar a verdade, mas quando falamos a verdade precisamos ser muito doces. Precisamos encontrar uma maneira de falar docemente. Se houver peso, deixe que haja leveza. Não pergunte “Como?”, diga “Agora!”. Deus deseja nos tornar inocentes das negatividades.


Renunciar não é abdicar-se da casa, do carro, da família, do trabalho, do mundo. Não é optar por uma vida de eremita. O verdadeiro significado da renúncia é abandonar aqueles padrões de pensamentos e aquelas atitudes que me causam sofrimento. Com autorrespeito, detectar os pontos fragilizados. Com determinação, divorciar-se deles, definitivamente. Renúncia não é perda, é aquisição. Porque quando conseguimos nos livrar do peso da tristeza, criamos espaço interior para uma vida plena.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 9 de junho de 2014

AUSÊNCIA DE HARMONIA ESPIRITUAL - ALEGRIAS EXTERNAS - SOLIDÃO

Quanto mais triste o homem é internamente, pela ausência de harmonia espiritual, tanto mais necessita ele de alegrias externas, geralmente ruidosas e violentas. Esse homem não tolera a solidão, que lhe traz consciência mais nítida da sua vacuidade ou desarmonia interior; por isso, evita quanto possível estar a sós consigo; procura companhia por toda a parte, e, quando não a pode ter em forma de pessoas, canaliza para dentro da sua insuportável solidão parte dos ruídos da rua, por meio do jornal, do rádio, da televisão. Alguns vão mais longe e recorrem a entorpecentes - maconha, cocaína, morfina etc. - para camuflarem, por algum tempo, a sensação da sua triste solidão.

Quem teme a concentração necessita de toda a espécie de distrações para poder suportar-se a si mesmo. E, como essas distrações e prazeres, pouco a pouco, calejam a sensibilidade, necessita esse homem de intensificar progressivamente os seus estimulantes artificiais para que ainda produzam efeito sobre seus nervos cada vez mais embotados. Por fim, nem já os mais violentos estimulantes lhe causam mossa (impressão) e então esse homem chega, não raro, a tal grau de tristeza, no meio de suas “alegrias” que põe termo à sua tragédia por meio do suicídio. Outros acabam no manicômio. É que nenhum homem pode viver sem uma certa dose de alegria.

Enquanto o homem não descobrir a bela tristeza da vida espiritual, tem de iludir a sua fome e sede de felicidade com essas horrorosas alegrias da vida material. Essas alegrias externas, porém, têm sobre ele o efeito da água do mar, que tanto maior sede dá quanto mais dela se bebe.

Mas, quando o homem acerta em descobrir a bela tristeza da vida com Deus, renuncia espontaneamente a essas horrorosas alegrias da vida sem Deus, ou então satura de espiritualidade todas as suas materialidades, transformando em oásis de vida abundante o seu velho deserto morto. E então compreende ele o que o divino Mestre quis dizer com as palavras “não dou a minha paz assim como o mundo a dá”. O que o mundo dá não é paz real, é apenas uma trégua artificial, espécie de armistício temporário e precário entre duas guerras, ou melhor, em um campo de batalha de guerra permanente. A paz do Cristo, porém, é uma paz profunda e sólida, porque nascida da Verdade que liberta. O homem cuja felicidade nasceu da verdade é calmo e sereno em todas as vicissitudes da vida, porque sabe que não precisaria mudar de direção fundamental se a morte o surpreendesse nesse instante.





Prof. Huberto Rohden





Fonte: do livro "O Sermão da Montanha", pp. 48-9
Livraria Freitas Bastos S/A, RJ, 1960
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 7 de junho de 2014

SEU DEUS NÃO É DEUS

Ser teísta ou ateu, para mim, são ambos absurdos. Se você soubesse o que a verdade é, o que Deus é, não seria nem teísta nem ateu, pois nessa conscientização a crença é desnecessária. É o homem que não está consciente, que só espera e supõe, que confia na crença ou na descrença para apoiá-lo, e para levá-lo a agir de um modo particular. Ora, se vocês abordam isto de forma completamente diferente, descobrirão por vocês mesmos, como indivíduos, uma coisa real que está fora das limitações de crenças, fora da ilusão das palavras. Mas isso, a descoberta da verdade, de Deus, exige grande inteligência, que não é afirmação de crença ou descrença, mas o reconhecimento dos obstáculos criados pela falta de inteligência. Assim, para encontrar Deus ou verdade – e eu afirmo que tal coisa existe, eu percebi – para reconhecer isso, para perceber isso, a mente deve estar livre de todos os obstáculos que foram criados através dos tempos, baseados na autoproteção e na segurança. Você não pode se libertar da segurança simplesmente dizendo que está livre. Para penetrar nos muros desses obstáculos, você tem que ter muita inteligência, não apenas intelecto. Inteligência, para mim, é a mente e o coração em total harmonia; e então você descobrirá por si mesmo, sem perguntar a ninguém, o que essa realidade é.


Um homem que crê em Deus nunca pode encontrar Deus. Se você está aberto para a realidade, não pode haver crença na realidade. Se você está aberto ao desconhecido, não pode haver crença nisto. Afinal, crença é uma forma de autoproteção, e só uma mente insignificante pode crer em Deus. Olhem para a crença dos aviadores durante a guerra que diziam que Deus era a companhia deles enquanto lançavam bombas! Então você acredita em Deus quando mata, quando está explorando pessoas. Você adora Deus e vai extorquindo dinheiro cruelmente, apoiando o exército; também diz que acredita em piedade, compaixão, benevolência. Enquanto a crença existir, não pode haver o desconhecido; você não pode pensar no desconhecido, o pensamento não pode medi-lo. A mente é produto do passado, é o resultado do ontem, e pode tal mente estar aberta ao desconhecido? Ela só pode projetar uma imagem, mas essa projeção não é real; assim, seu Deus não é Deus, é uma imagem que você mesmo fabricou, uma imagem de sua própria gratificação. Só pode haver realidade quando a mente compreende a totalidade do processo de si mesma e chega a um fim. Quando a mente está completamente vazia – só então ela é capaz de receber o desconhecido. A mente não está purificada até compreender o conteúdo da relação – sua relação com a propriedade, com pessoas – até ter estabelecido relação correta com todas as coisas. Até compreender a totalidade do processo de conflito na relação, a mente não pode ser livre. Apenas quando a mente está totalmente silenciosa, completamente inativa, não projetando, quando não está buscando e está inteiramente imóvel – só então aquilo que é eterno e infinito surge.





J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O MEDO DA SOLIDÃO

Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é , na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.

A necessidade de relacionamento humano, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de ideias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.

Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distancia pelas conveniências dos grupos.

A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a benefício de outrem.

O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consideração e respeito ou conceda ao próximo este apoio, que gostaria de fruir.

A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o panegírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepultam os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.

O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira.

O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto morais, nem o vitalismo das ideias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apoia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças á rapidez com que devora as suas estrelas.

Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentirosa, trabalhada em estúdios artificiais.

Parece muito importante, no comportamento social, receber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a estados de amarga solidão, de desprezo por si mesmo.

O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado. Atirado à solidão.

Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentado, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictícia.

A conquista desse triunfo e a falta dele produzem solidão.

O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspirações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição.

A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo.

Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.

Campeia, assim, o "medo da solidão", numa demonstração caótica de instabilidade emocional do homem, que parece haver perdido o rumo, o equilíbrio.

O silêncio, o isolamento espontâneo, são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, autoaprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.

O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.

Os campeões de bilheteira, nos shows, nas rádios, televisões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão.

Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e solitários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os envolvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos derivativos que os mantém sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e humanos.

A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios.

Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandecimento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos animais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.

O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.

A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o prazer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar.

O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar à confiança nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui.

Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o "amor ao próximo como a si mesmo" após o "amor a Deus" como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente.

O homem solidário, jamais se encontra solitário.

O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.

Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.

A fé no futuro, a luta por conseguir a paz intima - eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.




Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis 





Fonte: do livro "O Homem Integral", LEAL.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O PARADOXO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

Eu ouvi dizer...

Um grande Mestre Zen, Sozan, foi interrogado para explicar o ensinamento derradeiro de Buda. Ele respondeu: “Você não irá entendê-lo antes de tê-lo.” Mas, então, qual é o ponto de compreendê-lo? Quando você o tem, você o tem; não há necessidade de compreendê-lo. Quando você não o tem, não pode compreendê-lo, e existe a necessidade de compreendê-lo. Este é o paradoxo: você pode entendê-lo somente quando tem.

Não há jeito de entendê-lo antes de tê-lo; somente a experiência o explicará para você. Nada mais pode fazer este trabalho, nenhum substituto é possível. Mas, então, não há necessidade — quando você tem, você tem. Quando está lá, está lá. Não há nem mesmo um desejo de compreendê-lo; aconteceu, você conheceu, tornou-se você. Exatamente como quando você come: quando você come, não se torna a comida. Você já observou? Do contrário, você teria se tornado uma banana. Você come uma banana; você não se torna uma banana, a banana transforma-se em você.

E exatamente o mesmo acontece quando você conheceu Deus: Deus se torna você. Quando você conheceu a verdade, a verdade torna-se você; digerida, ele corre no seu sangue, torna-se os seus ossos, torna-se o seu tutano, torna-se a sua presença. Não há necessidade de compreendê-la. De fato, não há ninguém para compreendê-la, ninguém é deixado para trás, você tornou-se ela. A sua compreensão tornou-se ela. A necessidade existe porque não compreendemos. Então, continuamos a procurar explicações, e nenhuma explicação pode ser dada.

Este é o paradoxo da experiência religiosa: aqueles que conhecem não precisam de nenhuma compreensão sobre ela. Eles estão tremendamente contentes conhecendo-a; é mais do que suficiente. Eles podem dançar, podem cantar, podem rir, mas não estão, de maneira alguma, procurando explicá-la. Eles podem vivê-la, podem ficar quietos sobre ela - podem sentar silenciosamente ou podem tomar-se loucamente extasiados com ela — mas não se incomodam em explicá-la.

Esta é a razão pela qual todas as grandes escrituras do mundo: os Upainishads, o Tao te Ching, os dizeres de Jesus, o Dhammapada de Buda, são simplesmente colocações, não explicações. Os Upanishads não provam Deus, eles simplesmente afirmam; eles dizem: É assim. Não é um argumento. Não estão propondo nenhuma hipótese, estão simplesmente declarando: É assim. É uma declaração. Não produzem nenhuma prova de porque eles declaram isto, porque declaram que existe. Eles simplesmente dizem: É assim — pegue ou deixe, mas é assim. E não há necessidade de nenhuma prova: eles são a prova.

Mas, para aqueles que ainda estão na noite escura da alma, tropeçando, tateando, alguma explicação é necessária. Estará muito, muito longe da verdade, será uma mentira — mas, ainda assim, é necessária.

Então, os místicos falam. Eles têm que falar, têm que derramar os seus seres, sabendo que isto pode ajudar uns poucos. Ajuda somente umas poucas pessoas. Ajuda somente aquelas pessoas que estão prontas para confiar — do contrário, nunca ajudam. Se você argumenta, está perdido — porque um místico não pode argumentar, não pode convencê-lo.

Nesse sentido, o místico é muito frágil. Nesse sentido, logicamente, ele é muito frágil: ele não pode argumentar e não pode provar. Você pode chegar perto dele, pode sentir o seu ser, pode olhar nos seus olhos, pode pegar na sua mão, pode apaixonar-se no seu amor, pode confiar neste homem louco, o místico pode ir com ele numa jornada desconhecida. Será uma corajosa aventura de confiança. Se você duvida, de repente, é cortado. Se você duvida, então, não há nenhuma possibilidade de uma ponte. A pessoa tem que confiar.





Osho, em "O Caminho do Amor: Discursos Sobre as Canções de Kabir"





Fonte: http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NUNCA NINGUÉM ESTÁ SÓ

Como é possível haver tantas pessoas a queixarem-se de solidão? E será que elas compreenderão se lhes disserem que foram elas, na sua cabeça, que criaram essa solidão? Na realidade, nunca ninguém está só. Todo o universo nos olha e nos escuta. Nenhuma das nossas palavras, nenhum dos nossos gestos, fica sem um eco. Se ganhardes o hábito de, quando abris a janela de manhã, dizer bom dia à Terra, ao céu, a toda a criação, vozes vindas dos quatro cantos do espaço responder-vos-ão em eco: “Bom dia, bom dia, bom dia!...” E sentir-vos-eis acompanhados durante todo o dia. E, quando saís de casa, cruzais-vos nas ruas com um certo número de pessoas; não conheceis a maior parte delas, mas ser-vos-á assim tão difícil mostrar-lhes um rosto aberto, fraterno? E será que elas não merecem que, pelo pensamento, lhes desejeis a luz, a paz, a alegria?... Dizeis que elas não vos inspiram? Sim, talvez, porque vos focais nas aparências. Mas por detrás dessas aparências há almas e espíritos. Podeis estar certos de que, quando souberdes, pela vossa alma e pelo vosso espírito, entrar em relação com todas as almas e todos os espíritos da Terra, quando o que há de melhor em vós encontrar que há de melhor nos outros, nunca mais vos sentireis sós.




Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da gravura: Acervo de autoria pessoal

ACEITAÇÃO - SER FÁCIL

Algumas situações precisam de uma análise clara, mas apenas a análise não finaliza o assunto. A mente fica repetindo os eventos, uma vez, outra vez, e novamente ficamos tentando manter nossa objetividade. Mas a aceitação pode clarear os sentimentos subjetivos e nos permitir seguir com nossa vida. Aceitação não significa negar ou reprimir. Aceitação é uma profunda sabedoria em perceber que nada mais pode ser feito para aquilo que já aconteceu. Tudo o que podemos fazer é aprender a lição e progredir para o futuro. Charles Hogg

Quando surgir um problema, procure não manter o negativo em sua mente nem na mente dos outros. Falar para si mesmo é bom, mas tente falar as coisas certas. Mantenha tudo muito simples e fácil em sua mente. Mantenha apenas os pensamentos corretos. Pensamentos claros e limpos se concretizam facilmente. Eles são a base do sucesso.”




Brahma Kumaris




Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da gravura: Acervo de autoria pessoal



TODA A AÇÃO É UMA SEMENTE

Toda ação traz consigo uma reação igual. Toda ação é uma semente e essas sementes tornam-se árvores, por isso sempre realize apenas ações sagradas. Às vezes empreendemos ações com pleno entusiasmo e alegria. Quando acabamos sofrendo as consequências da ação, derramamos lágrimas e lamentos. Por isso, antes de começar a fazer qualquer coisa, você deve primeiro pensar; discrimine entre boa e má ação e porte-se de acordo. Você também deve dar importância à conveniência do discurso que flui através da ação. Nunca faça algo que cause problemas aos outros. Pode parecer impossível continuar com os seus deveres sem a sensação de consciência do corpo e do apego. Mas, pensando constantemente em Deus, você deve reduzir esses sentimentos. Então não haverá miséria; dor e prazer não o incomodarão.





Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da gravura: Acervo de autoria pessoal

ESPÍRITO AGONIADO POR SENSAÇÕES DEPRESSIVAS

Se trazes o espírito agoniado por sensações depressivas, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar.

Se alguém te ofendeu, desculpa.

Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude.

Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres.

Parentes difíceis repontam de todo núcleo familiar.

Trabalho é a lei do Universo.

Disciplina é alicerce da educação.

Circunstâncias constrangedoras assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima.

Incompreensões com relação a caminho e decisões que se adotem são empeços e desafios, na experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.

Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização impossível.

Separações e renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.

Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.

Conflitos íntimos marcam toda criatura que aspire a elevar-se.

Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã.

Problemas enxameiam a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.

Compreendendo a realidade de toda a pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma, retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e, abraçando o trabalho que a vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.





Francisco Cândido Xavier / Emmanuel





Fonte: da Revista "Reformador", Junho de 1971
Fonte da gravura: Acervo de autoria pessoal

O CAMINHO DA MEDITAÇÃO

Eu vou entrar passo a passo no que é meditação. Por favor, não esperem até o fim, confiando que terão uma descrição completa de como meditar. O que estamos fazendo agora é parte da meditação. Agora o que se deve fazer é ficar cônscio do pensador, e não tentar resolver a contradição e provocar uma integração entre pensamento e pensador. O pensador é a entidade psicológica que acumulou experiência e conhecimento; ele é o centro limitado pelo tempo que é o resultado da influência ambiental sempre mudando, e deste centro ele olha, escuta, experimenta. Enquanto não se compreende a estrutura e a anatomia deste centro, sempre haverá conflito, e uma mente em conflito não pode compreender a profundeza e a beleza da meditação. Na meditação não pode haver pensador, o que significa que o pensamento deve chegar a um fim – o pensamento que é impelido pelo desejo a conseguir um resultado. Meditação não tem nada a ver com conseguir um resultado. Ela não é uma questão de respirar de um modo particular, ou olhar para seu nariz, ou despertar o poder de executar certos truques, ou qualquer dessas tolices infantis. A meditação não é uma coisa apartada da vida. Quando você está dirigindo um carro ou sentado num ônibus, quando está conversando vagamente, quando está caminhando sozinho num bosque ou olhando uma borboleta levada pelo vento; estar consciente de tudo isso sem escolha é parte da meditação.

A verdade é uma coisa final, absoluta, fixa? Nós gostaríamos que ela fosse absoluta porque assim poderíamos nos abrigar nela. Gostaríamos que ela fosse permanente porque assim poderíamos nos prender a ela. Encontrar nela a felicidade. Mas a verdade é absoluta, contínua, para ser experimentada uma vez após outra? A repetição da experiência é simples cultivo da memória, não é? Em momentos de quietude, eu posso experimentar certa verdade, mas se me prendo a essa experiência através da memória e a torno absoluta, fixa – isso é verdade? A verdade é a continuação, o cultivo da memória? Ou, verdade é encontrada apenas quando a mente está completamente imóvel? Quando a mente não está presa em memórias, não está cultivando a memória como centro de reconhecimento, mas está consciente de todas as coisas que estou dizendo, tudo que estou fazendo em minhas relações, em minhas atividades, vendo a verdade de todas as coisas de momento a momento; certamente, esse é o caminho da meditação, não é? Há compreensão apenas quando a mente está imóvel, e a mente não pode estar imóvel enquanto for ignorante de si mesma. Essa ignorância não é dissipada através de nenhuma forma de disciplina, nem por se seguir qualquer autoridade, antiga ou moderna. A crença só cria resistência e isolamento e onde existe isolamento não há possibilidade de tranquilidade. A tranquilidade só chega quando compreendo a totalidade do processo de mim mesmo – as várias entidades em conflito umas com as outras que compõem o “eu”. Como essa é uma tarefa árdua, procuramos outros que nos ensinem vários truques que chamamos de meditação. Os truques da mente não são meditação. Meditação é o início do autoconhecimento, e sem meditação não há autoconhecimento.





J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 3 de junho de 2014

OS SETE CORPOS

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Atualmente, a ciência materialista considera o homem apenas em seu aspecto físico, sem levar em conta a existência dos mundos suprafísicos. Outros creem que somos duais, que temos corpo e alma. Há outros, ainda, que admitem a existência do corpo, da alma e do espírito.

Esses corpos são invisíveis para a maioria dos homens pelo fato de estarem adormecidos os nossos sentidos sutis e elevados, que poderiam servir para demonstrar a realidade das dimensões superiores (e também inferiores) da Natureza e do Cosmo.

Em relação aos mundos suprafísicos, a maioria dos homens se encontra em circunstâncias análogas a de um homem nascido cego neste mundo dos sentidos.

Embora esteja envolvido pela luz e pela cor, é incapaz de aperceber-se delas. Para ele, isso não existe e é algo incompreensível, simplesmente porque lhe faltam os sentidos apropriados que lhe permitiriam perceber tais realidades cósmicas.

Objetos físicos todos nós podemos sentir, ver, apalpar, simplesmente por que temos os sentidos físicos que nos capacitam perceber a realidade tridimensional; mas não outras realidades, porque nossos outros sentidos estão atrofiados/adormecidos.

Assim acontece com a maior parte da humanidade. Sentem e veem objetos e ouvem sons do mundo físico, mas outros reinos e planos que unicamente os clarividentes chamam de “mundo superior” são para esta humanidade tão incompreensíveis como a luz e a cor para os cegos de nascença.

Porém, porque o homem cego não pode ver nem a luz nem a cor, isto não é argumento plausível contra a sua existência e realidade. Tampouco teria lógica o argumento de que pelo fato de a maioria das pessoas não poder ver os mundos suprafísicos é que absolutamente ninguém os possa ver. Se o cego adquirir a visão, verá a luz e a cor.

Caso os sentidos superiores dos que atualmente estão cegos para o mundo suprafísico forem despertados com os meios apropriados, estes também poderão ver tais mundos que presentemente lhes são ocultos.

Um estudo de anatomia, para que seja completo, tem de abarcar em seu conjunto os sete corpos do homem, em toda suas inter-relações.

Através do segundo fator, a magia sexual, teremos de construir os corpos existenciais do Ser, tal como para nascer no mundo físico, para criar nosso corpo físico, é necessária a união sexual; assim também, para a criação dos corpos em outras dimensões será também necessária a energia sexual, pois tudo nasce da união dos opostos, do positivo e do negativo, isto ocorre na criação de todos os Universos, do maior (os Cosmos) até os menores (o Ser Humano é um microcosmos).

Na tabela abaixo, observamos os corpos e percebemos que é necessário um corpo para cada dimensão.


CORPOS – DIMENSÃO – SITUAÇÃO INICIAL

1º – corpo Físico - mundo tridimensional físico - nós o temos, mas está desequilibrado;

2º – corpo Vital - mundo vital - também o temos;

3º – corpo Astral - mundo astral (5ª dimensão) - temos apenas uma forma lunar, temos de construí-lo;

4º – corpo Mental - mundo mental (5ª dimensão) - temos apenas uma forma lunar, temos de construí-lo;

5º – corpo Causal ou da Vontade - mundo causal (6ª dimensão) - não o possuímos, está em embrião;

6º – corpo Búdico ou da Consciência - mundo búdico (6ª dimensão) - já construído, mas pertence ao Íntimo;

7º – corpo Átmico ou Íntimo - 7ª dimensão - já construído, mas pertence ao Íntimo.


Salienta-se que essa divisão não é arbitrária, mas necessária, porque a substância de cada um desses corpos está sujeita à leis que, praticamente, não atuam nos outros. Além disso, a matéria desses corpos varia de densidade, sendo o corpo físico o mais denso de todos.


1º – Corpo Físico

Serve para nos manifestarmos no plano tridimensional, chamado comumente plano denso, que é onde a matéria tem sua completa manifestação. É claro que esse veículo adaptado para a zona física não serve para nos manifestarmos em outros planos (salvo em situações esotéricas muito especiais) onde a matéria é mais sutil. Para essas dimensões necessitamos de um veículo apropriado, com as características indispensáveis e acondicionadas às leis que regem essas dimensões. O Físico é o laboratório, através dele poderemos trabalhar e construir os demais corpos.


2º – Corpo Etérico ou Vital

No organismo humano existe um corpo bioeletromagnético. Este é o corpo vital ou assento vital, chamado também corpo etérico, e no Oriente de Lingam Sharira. É o assento da vida orgânica. Nenhum organismo físico poderia viver sem o corpo vital. Cada átomo do corpo vital penetra dentro de cada átomo do corpo físico para fazê-lo vibrar intensamente.

Ambos os corpos se penetram e compenetram sem, porém, confundir-se. Todos os fenômenos químicos, fisiológicos e biológicos, todo fenômeno de percepção, todo processo metabólico, toda ação das calorias etc., têm sua base no corpo vital. Este tem mais realidade que o físico. Sabemos muito bem que a cada sete anos muda totalmente o físico devido à renovação constante das células.

Ao cabo desse tempo não fica um só átomo antigo em dito corpo. No entanto, o corpo vital não muda. Nele estão contidos todos os átomos da infância, da adolescência, da juventude e ainda da idade adulta e velhice. O corpo físico pertence ao mundo de três dimensões, ao passo que o vital é um corpo da quarta dimensão.

Durante os desdobramentos astrais, o assento vital aproveita para repor no corpo físico as energias perdidas durante o dia. Quando o paciente dorme, o médico se tranquiliza, porque sabe que despertará melhor. Essa recuperação é devida ao assento vital que está realizando seu trabalho. Na verdade, o corpo vital jamais abandona o físico, salvo no último instante da vida.

O corpo vital está constituído de quatro níveis: a) éter químico, b) de vida, c) luminoso e d) refletor.

a ) Éter Químico:

As forças que produzem a assimilação e a excreção trabalham por meio dele. A assimilação é o processo pelo qual os diferentes elementos nutritivos dos alimentos e da respiração se incorporam ao corpo da planta, do animal e do homem. Essas forças não atuam cega e mecanicamente, mas de forma seletiva, realizando assim as suas finalidades, que são o crescimento e a manutenção do corpo.

A excreção é efetuada por forças da mesma índole, por meio das quais são expulsos os materiais contidos nos alimentos que são impróprios para o corpo, ou são expulsos os que já prestaram toda sua utilidade possível e que, portanto, devem ser eliminados do sistema. Esses processos, como todos os demais que são independentes da vontade do homem, são sábios, seletivos e não puramente mecânicos em sua atuação.

b ) Éter de Vida:

Assim como o éter químico é o condutor ou meio de atuação das forças que têm como finalidade a manutenção da forma individual, o éter de vida é o meio de operação das forças que têm como finalidade a manutenção das espécies, a força de propagação. O éter de vida tem polos positivos e negativos.

As forças que trabalham através do polo positivo são as que atuam na fêmea durante o período de gestação, tornando-a assim capaz de efetuar o trabalho ativo e positivo de formar um novo ser. Por outro lado, as forças que trabalham pelo polo negativo do éter de vida tornam o macho capaz de produzir o sêmen.

c ) Éter luminoso:

Este éter é também positivo e negativo e as forças que atuam pelo seu polo positivo são as que geram o calor do corpo dos animais superiores e do homem, as que os convertem em fontes individuais de calor. As forças que atuam pelo polo negativo do éter luminoso são as que operam através dos sentidos manifestando-se como função passiva da visão, audição, tato, olfato e paladar. São também os que constroem os olhos e os conservam.

Nas plantas, as forças que atuam pelo polo positivo do éter luminoso produzem a circulação da seiva. No inverno, quando o éter luminoso não está carregado de luz solar como no verão, a seiva deixa de correr até o estil. As forças que atuam pelo polo negativo do éter luminoso depositam a clorofila – substância verde das plantas – e dão cor às flores.

d) Éter Refletor:

A imagem mental de uma casa, gerada pela mente do arquiteto, pode ser recuperada, tomando-a da memória da Natureza, ainda mesmo depois de falecido o arquiteto. É que todo conhecimento deixa após uma indestrutível imagem neste éter refletor. Assim como as samambaias gigantescas da infância da Terra deixaram sua marca no carvão petrificado, assim como a marcha dos glaciais que podem ser observados pelos sinais que deixam nas rochas… assim são os pensamentos e atos dos homens que ficam gravados indelevelmente pela Natureza no éter refletor, no qual o clarividente treinado pode ler sua história com uma exatidão proporcional à sua habilidade.

O éter refletor é assim denominado por mais uma razão: as recordações ou imagens que nele se encontram são apenas reflexos das memórias da Natureza. A memória propriamente dita da Natureza encontra-se em um reino muito mais elevado. Nenhum clarividente desenvolvido dá importância à leitura deste éter, porquanto as imagens que ele apresenta são obscuras e vagas comparadas com as que encontram nos reinos superiores. Leem neste éter os que geralmente não podem fazer outra coisa ou que na realidade não sabem onde estão lendo.

Em geral, os psicômetras e também os estudantes das escolas ocultistas, nos primeiros passos do caminho do desenvolvimento, observam este éter refletor, mas o seu instrutor sempre os previne da influência deste éter como meio de adquirir informações exatas, evitando assim que venha a tirar conclusões errôneas.

Esse éter é o agente pelo qual o pensamento faz impressão sobre o cérebro humano.

Em determinado ponto do processo iniciático, o estudante aprende a liberar os éteres superiores para viajar com eles longe do corpo físico. Inquestionavelmente, as percepções clarividentes e clariaudientes se intensificam extraordinariamente quando observemos em nosso corpo os dois éteres. Tais éteres permitem ao estudante trazer a seu cérebro físico a totalidade das recordações suprassensíveis.


3º – Corpo Astral ou Corpo de Desejos

Este veículo é um corpo mais sutil que o etérico e nele tem sua vivenda os sentimentos e as emoções. Nas horas de vigília, envolve completamente o corpo denso, tendo a aparência de um ovoide luminoso; quando projetado para fora do corpo físico, assume a mesma forma destes.

Durante o sono normalmente abandonamos temporariamente a parte densa do corpo físico utilizando-nos do corpo astral como veículo. Porém, o homem comum e corrente não é consciente do que lhe sucede no mundo astral enquanto dorme em seu corpo físico. Muitas vezes recorda-se parcialmente e dirá que sonhou.

O homem que deixa o corpo físico pelo exercício de sua vontade, o deixa com plena consciência e conhece por conseguinte tudo que o rodeia no mundo astral. Então, utiliza o corpo astral por veículo, como utiliza o corpo físico, tornando-se capaz de estudar os fenômenos do mundo astral tão claramente como quando em seu corpo de carne e osso estuda os fenômenos do mundo físico.

Diz-se que o homem está desperto no mundo astral quando é capaz de valer-se de seu corpo astral como veículo operante de sua consciência, quando observa e discerne os fenômenos astrais como qualquer um de nós pode observar e discernir os fenômenos do mundo físico.

Nesse corpo existe certo número de centros sensoriais que na maioria das pessoas se encontram em estado latente. Na grande maioria das pessoas esses chacras são simples redemoinhos e não têm qualquer atividade como meio de percepção.

Todavia, é possível despertá-los em todas as pessoas, mas, conforme forem os métodos utilizados, assim serão os resultados. No clarividente involuntário, desenvolvido no sentido negativo e impróprio, esses vórtices de energia giram na direção contrária. No corpo de desejos de um clarividente voluntário, devidamente desenvolvido, giram na mesma direção dos ponteiros do relógio (quando este é apontado para o nosso corpo).

No ser humano comum e corrente, o corpo de desejos é quase completamente desorganizado, sombrio e de natureza lunar, impossibilitando o indivíduo de usufruir de uma série de experiências conscientes.

Num ser completamente desenvolvido, esse corpo é de natureza solar, eletrônica, tendo sido elaborado de forma consciente, através de grandes esforços. Tal corpo lhe possibilitará experiências transcendentais como a saída consciente em corpo astral.


4º – Corpo Mental

Aqueles que supõem que a mente é o cérebro, estão totalmente equivocados. A mente é energética, pode independizar-se da matéria densa, pois é um corpo à parte, constituído de matéria mental. A mente elabora os pensamentos que se expressam por meio de cérebro. Pensamentos, mente e cérebro são três coisas totalmente distintas. Temos de aprender a dominar a mente, submetendo-a à vontade do Ser.

A razão divide a mente entre o batalhar das antíteses; os conceitos antitéticos convertem a mente num campo de batalhas. O processo de racionabilidade extremada rompe as delicadas membranas do corpo mental. O pensamento deve fluir silencioso sereno e integralmente, sem o batalhar das antíteses.

O corpo mental pode viajar através do tempo e do espaço, independentemente do cérebro físico. Neste determinado processo do estudo esotérico, o discípulo aprende a se desdobrar em corpo astral. Já em corpo astral, aprende a abandonar este corpo e a ficar no corpo mental. O corpo mental da raça humana encontra-se até agora na aurora de sua evolução, estando quase completamente desorganizado (corpo mental lunar).


5º – Corpo Causal ou da Vontade

O corpo causal vem a ser o veículo da alma humana. No ser humano comum e corrente, este corpo ainda não está formado, tendo encarnado dentro de si mesmo apenas uma fração da alma humana. Tal fração é denominada Essência; no zen budismo, de “Budhata”.

Podemos e devemos estabelecer diferença entre o seu corpo da vontade de seres humanos comuns e correntes, do tipo lunar, e o corpo da vontade consciente de um mestre. O legítimo corpo da vontade permite ao Adepto realizar ações nascidas da vontade consciente e determinar circunstâncias.

Normalmente, pensamos que temos força de vontade, para realizar tal ou qual coisa ou projeto, porém, na verdade, o que temos é desejo concentrado e, de acordo com esse desejo, efetuamos sacrifícios a fim de lograr, de triunfar.


6º – Corpo Búdico ou da Consciência

Também chamado de “Budhi” ou Alma Divina. É um corpo totalmente radiante que todo ser humano possui, porém, ao qual ainda não está intimamente ligado.


7º – Corpo Átmico ou Íntimo

Chamado também de o Deus Interno, o Real Ser, o Íntimo de cada um.

De forma sintética, podemos ensinar o seguinte: Atman, em si mesmo é o Ser Inefável, o que está além do tempo e da eternidade. Não morre ou se reencarna, é absolutamente perfeito. Atman se desdobra na alma espiritual, esta se desdobrando na alma humana, a alma humana se desdobra na essência e esta se encarna em seus quatro veículos (corpo físico, etérico, astral e mental); se veste com eles.

Devemos trabalhar intensamente para construir ou nos ligar aos Corpos Existenciais do Ser, para podermos ir despertando e vivendo nessas dimensões superiores.






Fonte do texto (adaptado) e da gravura: 
Gnosis Online
http://www.gnosisonline.org/