terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

CONSUMO E COBIÇA

[...] Às vezes, somos como crianças; quando se trata de lidar com nossas próprias necessidades, com frequência não mostramos nenhum sinal de maturidade. Basta pensar nisso: quando uma criança pequena chora, a maneira mais fácil de fazê-la parar é dar um brinquedo. Nós penduramos e balançamos a coisa na frente dela para chamar a atenção, até que ela vai lá e pega. Quando finalmente, damos o brinquedo, ela se aquieta. Nosso objetivo foi apenas parar o choro. Não tentamos lidar com as necessidades subjacentes da criança. Demos a ela alguma outra coisa para desejar e — com esse truque — ela, por enquanto, ficou quieta.

Como adultos, também usamos nossos eletrônicos e outros “brinquedos” de consumo de modo similar — para nos distrair de tudo que realmente esteja incomodando. Mas em nosso caso, dizemos que é só um pouco de diversão, um pouco de entretenimento. Nosso consumo com frequência se limita a tais objetivos de curto prazo, sem nenhuma preocupação com os hábitos a longo prazo que estamos criando, ou o impacto mais amplo de nossas ações. Raramente sequer nos perguntamos por que estamos insatisfeitos ou necessitados em primeiro lugar.

Precisamos compreender que há algo terrivelmente errado em permitir que nossos anseios e cobiça controlem nosso consumo dessa maneira. Ficamos cegos pela cobiça, e abrir os olhos é algo que depende de nós. Agir depende de nós. A cobiça em si não tem limites. É algo que nós mesmos devemos reconhecer, contra-atacar e ativamente limitar.




17º Karmapa




Fonte: “The Heart is Noble”, cap. 5
http://darma.info/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal