terça-feira, 1 de abril de 2014

A REAL NATUREZA DO PENSAMENTO

Tempo é pensamento, e pensamento é o processo da memória que cria o tempo como ontem, hoje e amanhã, como uma coisa que nós usamos como meio de aquisição, como modo de vida. O tempo para nós é extraordinariamente importante, vida após vida, uma vida levando a outra vida que é modificada, que continua. Certamente, o tempo é a real natureza do pensamento, pensamento é tempo. E enquanto o tempo existir como meio para alguma coisa, a mente não pode ir além dela mesma, a qualidade de ir além dela mesma pertence à nova mente, que está livre do tempo. O tempo é um fator no medo. Por tempo, não estou falando de tempo cronológico, do relógio, segundo, minuto, hora, dia, ano, mas tempo como um processo psicológico, interno. É esse fato que produz medo. Tempo é medo; como tempo é pensamento, ele gera medo; é o tempo que cria frustração, conflitos, porque a imediata percepção do fato, ver o fato independe de tempo. Assim, para compreender o medo, deve-se estar cônscio do tempo - tempo como distancia, espaço, "eu", que o pensamento cria como ontem, hoje e amanhã, usando a memória de ontem para se ajustar ao presente e condicionar o futuro. Assim, para a maioria de nós o medo é uma extraordinária realidade; e a mente que está enredada no medo, na complexidade do medo, nunca pode ser livre; ela nunca pode compreender a totalidade do medo sem compreender as complicações do tempo. Eles andam juntos.





J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: http://www.morguefile.com/

DEUS FEZ A CRIAÇÃO PARA COMPARTILHAR

Pergunta: Eu simplesmente não consigo entender porque o Espírito, que é bem-aventurança sempre nova e sempre consciente, precisava da diversão de uma criação imperfeita e ilusória. Quando voltarmos para Deus, é impossível que Ele queira alguma outra coisa ou que precise de algum outro tipo de diversão. O que Ele ganha com tudo isso? Ele já tinha nosso perfeito amor, nossa perfeita bem-aventurança. Desculpe a minha ignorância, mas tente fazer com que a minha cabeça dura entenda isso, por favor.

Resposta: Deus fez a Criação para compartilhar Sua Bem-aventurança. Ele não tinha nosso perfeito amor e nossa perfeita bem-aventurança no céu, quando primeiro nos criou e nos tentou com as tentações materiais do mundo. Estamos fazendo o caminho de volta para aperfeiçoar a arte, para poder oferecê-la voluntariamente a Deus, porque Ele não vai Se impor a nós. Compreensivelmente, esta é uma das perguntas mais comuns em satsangas. Por que a Criacão? Por que o sofrimento? Num dos templos, recebi basicamente a mesma pergunta. Um devoto escreveu: “Já que estou entalado no filme de maya, onde posso achar a pipoca e as balinhas?” Nós todos sabemos que há um número infinito de acontecimentos na vida que nos fazem querer saber o porquê. Por que Deus criou? Por que o sofrimento tem que ser uma parte tão fortemente incluída no caminho evolutivo da alma em direção a Deus?


Guruji (*) costumava ter discussões muito acaloradas com a Mãe Divina sobre este assunto. Na palestra que aparece em “A eterna busca do homem” ou no “Divine Romance”, ele diz: “A Criação é problema de Deus. Mas eu Lhe digo sempre: ‘Por que o Senhor tem este hobby? Por que nos dá tantos problemas?’ É um mundo realmente engraçado! Mas o resultado de nossos erros não nos parece tão engraçado. É por isso que brigo com Deus e O repreendo: ‘Por que criaste todas as terríveis tentações que fazem Teus filhos caírem? Por que as fizeste tão agradáveis?’ O Senhor responde: ‘Fiz você à minha imagem. Você tem que se comportar como eu.’ Guruji não desiste: ‘Mas Senhor, eles não sabem que são feitos à Tua imagem.’ Resposta de Deus: ‘Bem, meus santos estão tentando dizer isso a todos. Não vou obrigar ninguém a ser bom.’ Mesmo assim, o mestre não desistia: ‘Por que nos colocaste nesta confusão? TU nunca estiveste neste pântano de ilusão. Por que nos colocaste aqui?’ E é aqui que o Senhor sorri e responde: ‘Assim é e assim tem que ser.’”
 



Fim da discussão! Não é muito satisfatório para o intelecto, mas assim É! Todos os santos e avatares dizem que algumas perguntas só serão respondidas no outro lado... no além. Elas podem ser respondidas através da sabedoria e da intuição da alma, mas não pelas palavras. Não podem ser entendidas pelo intelecto. Por mais poderosa que seja, maya é finita e o finito não consegue conter o infinito. Esta é uma das razões, por exemplo, de Cristo não ter respondido a Pôncius Pilatos quando este lhe perguntou o que era a verdade. Jesus manteve silêncio. Guruji explicou que a Verdade não é uma discussão interminável. A Verdade é a Verdade. Tem que ser compreendida pela intuição e não pelo intelecto.

Nada do que eu disser responderá totalmente a esta pergunta. Nada do que Guruji já disse nos satisfará como resposta desta questão. A resposta tem que vir de dentro – realização intuitiva. Nesse meio tempo, precisamos ter fé nas razões divinas, em Deus e em Sua atitude quanto ao porque da Criação, até entendermos intuitivamente. A fé é a ponte entre a compreensão intelectual e a realização intuitiva.

Um estudante universitário estava fazendo as provas de antes dos feriados de Natal. Numa prova havia uma questão da qual ele não tinha a menor ideia da resposta. Então escreveu um bilhetinho para o professor: “Só Deus sabe a resposta desta questão. Feliz Natal!” Quando acabaram os feriados e o professor devolveu as provas, o aluno notou que ao lado de seu bilhetinho, o professor tinha escrito em vermelho: “Deus tirou 10. Você tirou 0. Feliz Ano Novo!” Continuaremos a tirar 0 e a sofrer o tempo todo, enquanto tentarmos entender o porquê da Criação só pelo intelecto.

Vejamos algumas razões que podem ajudar a entender o porquê da Criação. Parte disto é a dualidade, e Guruji nos diz que sem experimentar o oposto não podemos compreender nem apreciar plenamente a bem-aventurança de Deus, o infinito de paz e alegria.

Um autor desconhecido escreveu um texto com o título: “Você não entende”: “Você não entende a alegria enquanto não enfrentar a tristeza. A fé... enquanto ela não for testada. A paz... enquanto não lidar com o conflito. A confiança... enquanto não for traído. O amor… enquanto não o perder. A esperança… enquanto não lidar com as dúvidas.” Há uma certa verdade nessas palavras e aqui temos parte da resposta ao porquê Deus fez a Criação.

Outro autor diz isso de modo bem artístico, mencionando a natureza. Ele deve ter vivido numa região fria, onde havia neve. Sabemos como pode ser bonito quando chega a primavera nessas regiões, mas a transição de inverno para primavera nem sempre é bonita. Ele escreveu: “Antes da primavera ser linda é tudo feio; só sujeira e lama. Eu adoro o fato de que a palavra ‘humus’ – a matéria vegetal decomposta que alimenta as plantas – tem a mesma raiz que a palavra ‘humildade’. Isso me ajuda a entender que os acontecimentos humilhantes da vida, que jogam ‘lama’ em meu rosto ou que deixam meu nome ‘sujo’, podem criar o solo fértil onde algo novo crescerá.” 

É verdade que as humilhações podem causar acontecimentos dolorosos na vida e que os testes e provas criam um solo fértil para o florescimento de nossa realização espiritual. Esta dualidade é mencionada em todas as Escrituras. Em Salmos, lemos: “O pranto pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Quando realmente refletimos sobre nossa vida de modo sincero, percebemos que em geral o progresso espiritual não ocorre em nossa zona de conforto. Percebemos que a dor e o sofrimento, inerentes à vida na Terra, é o que mais nos impulsiona a tomar uma atitude. Por quê? Qual é o propósito da vida? Procurar o sentido mais profundo na vida.

Depois de assistir ao noticiário da Primeira Guerra e ficar muito comovido, Guruji perguntou à Mãe Divina “por quê?” “Por que permites tanto sofrimento?” Na visão em que a Mãe Divina apareceu, ela lhe disse: “A dor é o cutucão da lembrança.” Percebemos que o sofrimento nos dá o estímulo de buscar a Deus.

É como andar de bicicleta – na descida, não precisamos fazer esforço nenhum e curtimos aquilo, mas quando há uma subida pela frente temos que pedalar, temos que nos esforçar muito. É a mesma coisa na vida. Quando as coisas vão bem, a gente para de pedalar. Curtimos aquilo, tudo bem. De tempos em tempos precisamos relaxar, mas, quando queremos subir a montanha enfrentamos testes, provas e dificuldades. Então que pedalamos com força. É a mesma coisa quando vamos atrás do propósito da vida – a realização divina. 

Depois de 1 ano de treinamento, um marinheiro recebeu o primeiro trabalho num destróier da Marinha. Ele servia na sala das máquinas e uma de suas funções era abrir e fechar várias válvulas em determinados momentos, todos os dias. Um dia, ele foi abrir uma válvula parecida com o volante de um carro. Tentou e tentou, mas não conseguiu abrir a válvula. Então foi falar com o supervisor, seu oficial de comando, que lhe disse para voltar e continuar tentando. O oficial também disse que mandaria o Minúsculo para ajudá-lo lá embaixo. O marinheiro conta: “Logo apareceu o maior marinheiro que já vi, que se inclinou perto de mim, onde estava a válvula – eu sorri, sabendo que ele daria conta do recado. Mas em vez de mexer na válvula, Minúsculo apontou para ela e gritou: ‘Abra esta válvula imediatamente!’ Consegui abrir na mesma hora.”

Para tentar entender a questão da Criação e do sofrimento, Guruji nos incentiva em praticamente todas as palestras – seja dieta, saúde, meditação, devoção – seja o que for. Ele sempre ressalta a perspectiva cósmica. Um aspecto disso é que temos um corpo e uma mente mas somos a alma, e a alma é como diz Krishna: “Nenhuma arma pode perfurar a alma; nenhum fogo queimá-la, nenhuma água molhá-la e nenhum vento secá-la.” A alma não é tocada por nada do que acontece no mundo.

Precisamos pegar essas verdades e fazer delas uma realidade prática e viva. Elas não são só uma filosofia, e sim algo que devemos aplicar diariamente na vida e na tomada de decisões.

Outro aspecto da perspectiva cósmica é o aspecto de filme cósmico da Criação, é o sonho divino. Em “The Divine Romance” Guruji diz, em uma das palestras: “Quanto mais vejo a vida, mais percebo que é um sonho. Encontrei a maior segurança na filosofia que lhes entrego agora. O mundo é um lugar de sonhos e todos estão sonhando aqui. Esta vida não é real; vocês choram e riem na maior ilusão – não vale a pena chorar por isso. Dar realidade às experiências terrenas é atrair sofrimentos inenarráveis. Se identificamos nossa consciência com o mundo, nós o vemos como um lugar de sofrimento. E o que nos libertará do sofrimento? O dinheiro? Nada material conseguirá nos libertar. Conhecer Deus e perceber que estamos unidos a Ele para sempre é o único caminho para a liberdade. Lembrem sempre disso. Deus seria realmente muito cruel se o mundo fosse real. Mas Ele sabe que depois de passarmos pelo forno do sofrimento e da morte um número suficiente de vezes, despertaremos e venceremos a ilusão: perceberemos que a Terra é um sonho Dele e não reencarnaremos mais.”

Como a alma é feita à imagem de Deus, ela possui poder Infinito para vencer e triunfar em todos os testes, provas e dificuldades da vida. É importante pegar a perspectiva cósmica e perceber.... nós não sentimos... e afirmar que realmente temos o poder, a força e os recursos para vencer todos os testes e provas. Infelizmente, cedo ou tarde nós todos sentiremos o mesmo que Madre Teresa de Calcutá, que disse: “Eu sei que Deus não vai me dar um fardo maior do que eu posso carregar. Mas eu gostaria que Ele não confiasse tanto em mim.”

Os testes e o sofrimentos da vida parecem tão reais... e parecem não terminar nunca. Isso também “desaparecerá como se nunca houvesse existido”, quando a luz da autorrealização brilhar em nossa consciência. Enquanto isso não acontecer, embora este seja um caminho baseado na experiência, temos que confiar na fé para nos ajudar a manter a paz, a felicidade e a sanidade enquanto caminhamos pela vida. Os santos e avatares nos dão a perspectiva cósmica inúmeras vezes. Só que esquecemos disso com facilidade. Mas até Guruji, que era um avatar, disse que, mesmo nesta era inferior, a Mãe Divina está tentando enviar esta mensagem através de muitos canais.

Vou contar algumas histórias interessantes de pessoas que tiveram experiências de quase-morte. Elas morreram clinicamente e foram ressuscitadas, mas tiveram um vislumbre do mundo astral. Trouxeram de volta experiências que corroboram tudo que Guruji diz – que corroboram a perspectiva cósmica.

Primeiro, Guruji diz: “É na bigorna desta grosseira Terra que forjamos a salvação.” Nós progredimos no mundo astral, mas lá é mais um lugar de descanso depois de uma vida física exaustiva. É na Terra que fazemos o maior progresso espiritual. Aqui levantamos os pesos pesados no que diz respeito à realização em Deus. Não são só os desejos que nos fazem voltar. Queremos ser livres, e depois do descanso no mundo astral percebemos que queremos voltar para aprender lições e queimar karma, para progredir e livrar a alma da ilusão.

Outra analogia usada por Guruji para descrever a vida no mundo é que aqui é uma escola. A gente vem e aprende lições... faz provas... aprende lições... faz provas... até que nos formamos e, como diz Guruji, não encarnamos mais. Mas até isso acontecer, é como em nossa época na escola – éramos bons em algumas matérias e o mesmo ocorre aqui. Não somos só vítimas. Escolhemos certos cursos e certas provas para queimar karma, para aprender lições, para progredir e para libertar a alma da ilusão.

Uma mulher teve uma experiência de quase morte que lhe deu um vislumbre da perspectiva cósmica. Ela escreveu: “Para minha surpresa, vi que a maioria de nós escolhe as doenças que vai ter e a doença que vai terminar com a vida de alguns. Às vezes a cura não vem logo ou nem vem, porque temos que crescer com isso. Todas as experiências são para nosso bem, e às vezes precisamos do que chamaríamos de experiências negativas para desenvolver nossa alma. No mundo astral estávamos muito desejosos, até ansiosos, para aceitar todos os males, doenças e acidentes que fossem necessários aqui para nosso aperfeiçoamento espiritual. Compreendi que a experiência terrena dura só um momento, só uma fração de segundo da consciência do mundo astral e que estamos muito desejosos de passar por ela.”

São verdades, pensamentos e princípios que devemos e podemos aplicar, tornando-os uma realidade viva e muito prática, que nos ajude a processar a dor e o sofrimento da vida, até termos a percepção intuitiva que responde a todas as perguntas do porquê da Criação.

Guruji diz em uma palestra: “Nosso propósito na vida é conhecer o significado do universo. É só um sonho de Deus, só um grande filme dramático ou uma comédia e depois acaba e é esquecido. Assim é a vida. Parece tão real e tão permanente, mas logo acaba. Todos os problemas e lutas serão esquecidos quando você sair do mundo para o mundo melhor do além. Não leve a vida muito a sério. Olhe por trás do drama e veja o Mestre do Universo, o autor da peça onírica.” Quando ouvimos o conceito de que a vida é um sonho pela primeira vez, e durante muitos anos, ele nos parece muito estranho. Como torná-lo uma realidade prática na vida?

Um jovem que cresceu no Oeste dos EUA teve uma experiência de quase morte. Em “A Ciência Sagrada”, Sri Yukteswar diz que quando atingimos o estágio de kshatryia ou aspirante espiritual, precisamos da ajuda de outras pessoas e é isso que estamos fazendo aqui – almas ajudando almas. Não termina aqui. Continua no mundo astral. E o jovem teve um vislumbre do mundo astral. Depois ele foi entrevistado para falar sobre a experiência e um dos aspectos que viu era um grupo de apoio espiritual. Ele contou ao entrevistador que o humor era usado como um recurso franco para ajudar no progresso de todos. Contou que eles brincavam entre si sobre o dramalhão que fazemos aqui embaixo na Terra e como levávamos a vida a sério. O entrevistador perguntou: “Você e seus amigos não achavam importante levar a vida a sério na Terra?” O jovem respondeu: “Não me interprete mal. Temos que desempenhar nosso papel, contribuir e aprender lições, mas veja, a Terra é uma peça de 1 ato! Todos sabíamos disso.” O entrevistador disse: “Isto era uma unanimidade no grupo?” O jovem respondeu: “Com certeza! Nós nos vimos como atores numa gigantesca produção.”

Então: podemos usar este conceito, mas não devemos ser indiferentes, irresponsáveis ou não práticos por isso. Mas ele pode nos ajudar a processar a ilusão até termos a percepção intuitiva de tudo. Por que é assim? Guruji disse que todos os santos dizem que descobriremos que os maiores testes são os maiores professores, mas que isso pode ser difícil de aceitar.

Um ateu que não acreditava em Deus e não tinha fé nem respeito pelo próximo logicamente estava repleto de medos. Ele escreveu descrevendo sua experiência de quase morte: “Fui para o outro lado com muitos medos a respeito de resíduos tóxicos, mísseis nucleares, explosão demográfica e desmatamento da floresta tropical. Retornei com amor por todos os problemas. Eu adoro resíduos nucleares. Adoro a nuvem que é um cogumelo. Mais do que qualquer religião ou filosofia na Terra, é isso que nos uniu de repente e nos levou a um novo nível de consciência.” O que ele diz é verdade. Nesta era inferior, a religião divide mais do que une. Em nome da religião, criaram as Cruzadas. O terrorismo moderno é praticado em nome da religião. Por exemplo: uma coisa tão trágica como a bomba nuclear da Segunda Guerra fez muitas pessoas no mundo dizerem: “Nossa! É melhor a gente aprender a conviver. A bomba nos levou a um estado de consciência mais elevado.” Sim, é verdade que todas as experiências vêm para nosso bem maior, para nos levar a um estado de consciência mais elevado, mesmo nessas terríveis tragédias.

Na perspectiva cósmica, é importante perceber os apegos da alma. As pessoas têm experiências de quase morte por causa de acidentes horríveis, durante cirurgias, nas guerras e assim por diante. Exceto quando a pessoa é muito materialista, isto é, profundamente apegada ao mundo, em geral ela sente muita paz, alegria, beleza e bem-aventurança - indescritíveis - assim que se vê livre do corpo. Independentemente da doença que as pessoas tenham, ficam curadas. Se sofreram durante anos por causa de uma doença, ficam curadas. Se eram cegas, ficam curadas. Sentem mais paz. Sentem-se mais vivas do que nunca e quase todas dizem o mesmo – que aqui não é a nossa casa, mas que lá se sentiram em casa. Finalmente estavam em casa.

Mas ainda não estão em casa! Estão mais perto, mas ainda não chegaram em casa. Não se lamentam. Não se queixam: “Oh, só me livrei do corpo.” Sentem-se mais vivas do que nunca. Sentem paz, uma bem-aventurança imensa e indescritível – não sofrem porque perderam o corpo. Isso é para nos ajudar a não sofrer indevidamente quando alguém perde a vida, porque a pessoa fica imediatamente consciente da alma e pode desfrutar de paz, alegria, bem-aventurança e felicidade muito maiores do que é possível no mundo.

Sri Daya Mata descreve sua experiência de quase morte no livro “Só o Amor” ou em “Finding the Joy Within”. Ela conta que recebeu permissão de Guruji e foi hospitalizada para uma cirurgia de emergência. Mesmo anestesiada, soube intuitivamente que o médico estava fazendo a operação errada. Ela deve ter morrido clinicamente, porque teve a experiência com a mãe Divina. Sua experiência foi tão linda que ela conta que até as coisas mais lindas que vemos na Terra são grosseiras, se comparadas ao mundo astral. O que as pessoas vivenciam quando morrem é a liberdade da ilusão do corpo. Elas se desligam do corpo - e temos que praticar o mesmo desligamento, desenvolvendo o processo do não envolvimento com ele.

A última história é sobre um rapaz de 16 anos que jogava beisebol no time da escola. No time adversário havia um garoto enorme, que pesava uns 120 quilos. Na sequência do jogo, o rapaz corre para tentar apanhar a bola com a luva, mas colide com o garoto de 120 quilos, quebra o pescoço e morre. Ele escreve: “Antes que eu me desse conta, o mundo que conhecia havia desaparecido.” Ele percebeu que não estava mais no corpo, mas que estava muito vivo. “Percebi que não estava no corpo físico. Não senti dor, nem desconforto. Eu me senti totalmente em paz comigo mesmo. Estava parado atrás do treinador e do pai de um colega do time. Os dois estavam ajoelhados ao lado de meu corpo, bem onde eu tinha caído. A primeira coisa que fiz foi checar se a bola estava na minha luva.”

É bem típico de um homem! Ele acaba de morrer e perceber que não é o corpo. Está experimentando a maior paz e a maior felicidade que já teve. Não está exatamente se queixando dessas coisas, mas a primeira coisa que faz é checar se realmente conseguiu pegar a bola! Este é o apego que a alma tem depois de muitos anos no corpo. Podemos usar esta verdade para nos ajudar a processar as aparentes crueldades e injustiças da vida, até termos a percepção intuitiva que responde a todas as perguntas.

É bom tentar entender isso intelectualmente, mas não só pelo intelecto. Guruji falou disso: “Tentar entender isso pelo intelecto só aumenta a dúvida. Você não conseguirá compreender as leis de Deus enquanto não for Um com Ele. Não perca tempo tentando entender isso pela abordagem intelectual. Se você está lendo um livro em que o herói é maltratado e o vilão está ganhando e cada novo capítulo parece contradizer o anterior, ficará zangado e frustrado com o autor do livro. Mas quando lê o último capítulo, você fica satisfeito e pensa 'que livro maravilhoso, que história complexa!' Não tente saber a resposta dessas verdades. Deus é o romancista mestre e Sua Criação é maravilhosa por ser tão complexa. Não tente saber sozinho a resposta do mistério. Você se perderá. Quando encontrar Deus, Ele lhe dará, no ultimo capítulo, a resposta de tudo que quer saber. E quando ouvir as respostas, você não conseguirá questionar a sabedoria divina. Isso eu sei!”





Ritananda






Tradução de Lívia Mazzocato das notas feitas por devotos americanos, da Convocação de 2012




Fonte: Satsanga - perguntas e respostas - Bro. Ritananda
Quarta-feira, 1 de agosto de 2012 – 16:30h

https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/um_guru_imortal
http://www.yogananda.com.br 
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal



 (*) Paramahansa Yogananda

AS NECESSIDADES FANTASIOSAS QUE CRIAMOS SÃO GERADORAS DE GRANDE PARTE DE NOSSAS AFLIÇÕES


926. Ao criar novas necessidades, a civilização não é uma fonte de novas aflições?

Os males deste mundo estão na razão das necessidades fantasiosas que os homens criam. Aquele que sabe restringir seus desejos e olha sem inveja para o que esteja acima de si poupa para si muitos desenganos nesta vida. O que tem menos necessidades é o mais rico. Inveja-se os prazeres daqueles que parecem ser os felizes do mundo. Mas porventura, vocês sabem o que está reservado para eles? Se os seus deleites são todos pessoais, pertencem eles ao número dos egoístas: o reverso então virá. De preferência, vocês devem lastimá-los. Algumas vezes Deus permite que o mau prospere, mas a sua felicidade não é de causar inveja, porque será paga com lágrimas amargas. Quando um justo é infeliz, isso representa uma prova que lhe será levada em conta, se a suportar com coragem. Lembrem-se destas palavras de Jesus: "Bem-aventurados os que sofrem, pois que serão consolados."
 
 
 
Allan Kardec 

 

Fonte: "O Livro dos Espíritos", questão 926.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MÊS DE NISSAN - ENERGIA DE ÁRIES - PESSACH - PÁSCOA

Nissan (Áries) é o primeiro mês da roda astrológica. Este mês também é chamado de Chodesh Aviv. Permutando as letras de aviv podemos construir a frase “pai de doze”, uma referência às 12 Tribos de Israel e aos 12 meses do ano. Tudo o que for feito em Nissan irá influenciar os próximos 12 meses, pois trata-se da semente do ano. A semente requer proteção especial para não ser corrompida. Os 12 primeiros dias nos traz a capacidade de controlarmos cada mês. Na ocasião da saída dos hebreus do Egito, o Eterno determina uma nova contagem do tempo: "Este mês seja para vós princípio dos meses; seja ele (Nissan) para vós o primeiro dos meses do ano.“ (Shemot 12:2)

A lua cheia do mês nos conecta com a totalidade da Luz revelada no período. A lua cheia de Áries abre uma importante fenda no calendário cabalista – Pêssach. Esta celebração está associada ao fato histórico que marca a saída dos hebreus do Egito. Para Cabalá, NÃO SE TRATA DA SAÍDA DE UM LUGAR, MAS SIM DE UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA DE ESCRAVIDÃO PARA UM ESTADO DE LIBERTAÇÃO.

A liberdade sem entendimento pode resultar na troca de uma prisão por outra. Este é um momento propício para refletirmos sobre os padrões repetitivos em nossas vidas. Devemos perceber que a liberdade só é possível quando atingimos a verdade sobre as questões pertinentes ao que nos prende. A conexão de Pêssach pode nos trazer o entendimento de nossas limitações e injetar coragem e a determinação necessárias para rompermos com os condicionamentos (muitos deles inconscientes) que limitam o nosso crescimento.

Viver no Egito (Mundo das limitações) é valorizar a forma ao invés do conteúdo, é estar preso a uma realidade ilusória e subjetiva. É achar que “algo” fora determina quem somos ao invés de acreditar que é a nossa natureza interior que molda a realidade ao redor.

Pêssach é uma celebração de oito dias. Na 1ª noite a conexão se estabelece através de um Sêder, um rito onde comemos vários alimentos com significados diferentes. Durante os oito dias desta celebração, eliminamos o fermento (que simboliza o desejo de receber para si mesmo) da nossa alimentação.


LETRAS REGENTES

Áries é o mês do impulso e da liderança. Devemos ficar atentos aos dois aspectos desta energia impulsionadora: o aspecto positivo diz respeito a nossa capacidade de realização e concretização de projetos. O aspecto negativo em Nissan está relacionado à impulsividade, o comportamento reativo e ao desejo de receber para si mesmo que está no seu auge. Controlar estes aspectos negativos na semente da roda astrológica, significa uma grande possibilidade de manter este controle ao longo do ano.

As letras que nos conectam com os aspectos positivos do mês são: Hei e Dalet - ד, ה    

A letra Hei representa Tale, a constelação de Áries. É a quinta letra do alfabeto hebraico, também relacionada ao Tetragrama, onde aparece duas vezes. Hei é uma janela, simbolizando as diversas formas de comunicação. É a janela de comunicação entre os diferentes níveis de consciência, representando as três vestimentas da alma (pensamento, fala, ação) através das quais nos expressamos. Hei é uma letra ligada ao mundo da Criação e ao nível de consciência superior (neshamá), mas encontra-se também no mundo da Ação. É através das nossas ações no Mundo físico que conseguimos despertar este nível de consciência mais elevado.

Dalet representa o planeta Marte e segundo o Sêfer Ietsirá esta letra cria a semente e a desolação. O significado de Dalet é uma porta. Todo portal é um canal de receber. A porta deve estar aberta para aquilo que o Universo quer nos entregar. Marte nos conecta com uma energia guerreira que necessitamos para transformação de coisas essenciais na nossa existência e na nossa vida cotidiana. Desperta a inclinação para superarmos qualquer obstáculo. Os confrontos e desafios são estimulantes, mas temos que tomar cuidado com a impulsividade.

A grande reflexão de Nissan é essa: O QUE ME MANTÉM COMO ESCRAVO? DE QUE QUERO ME LIBERTAR?





Cristina Torres





Fonte do Texto e das Gravuras:
Os Caminhos da Cabala

http://cabalasp.blogspot.com/