sábado, 18 de outubro de 2014

EXPECTATIVAS DA PRÁTICA (Trechos Budistas)

Algumas pessoas vem a mim e dizem: “Agora, já pratiquei por dez anos”; ou até: “Pratico há 20 anos e passei um bom tempo em retiro, mas não cheguei a nenhuma experiência especial ou qualquer realização notável. Nada aconteceu”. Por que isso?

Não basta chamar a si mesmo de praticante e deixar o tempo passar. Esse não é o significado de praticar o Darma. Estamos no samsara há incontáveis vidas. Nossas mentes ficaram completamente absorvidas nas tendências da existência samsárica — como podemos ter a expectativa de nos transformarmos totalmente em alguns anos? Não é assim que acontece.

Os padrões habituais e a fixação dualista estão todos latentes em nossas mentes. Eles têm estado lá, em constante recreação, desde um tempo sem início. [...] Quando essas tendências são purificadas, nossos três kayas ["corpos iluminados"] intrínsecos são de fato realizados. Quando os três kayas estão completamente evidentes, chegamos ao estado búdico.

Até esse ponto, contudo, nossa natureza buda está oculta. A única maneira de tornar a natureza buda plenamente manifesta é continuar praticando o Darma de modo genuíno. E isso não acontece apenas praticando aqui e ali por alguns anos. Claro que a prática esporádica deixa boas marcas mentais, mas ela não gera mudança autêntica a partir das profundezas de nosso ser. [...]

Sentir-se desencorajado porque nada extraordinário aconteceu desde que você começou a praticar é errar o alvo. Renúncia é o verdadeiro sinal de êxito, benção e realização. Em outras palavras, há um desencanto natural com sucessos mundanos, com qualquer estado samsárico.

Infelizmente, as pessoas às vezes anseiam pelo extraordinário. Alguns esperam que o divino desça lá de cima e nos conceda poderes especiais. Outros pensam que ao forçar certa experiência em suas mentes, para se intoxicar nisso, eles podem ficar elevados o tempo todo, drogados com a prática do Darma. [...] Algumas pessoas, quando entram em algum estado alterado de meditação, pensam que as formas sutis dos três venenos — conhecidas como as experiências de êxtase, claridade e não-pensamento — são realização. Muitas pessoas ficam presas nessas crenças. [...]

Não credite nenhuma importância a essas experiências temporárias; nenhuma, jamais. [...] O que realmente importa é um aumento de sua devoção e confiança no Darma, de modo que a partir de dentro, você sente que apenas o Darma importa, que apenas praticar é importante. Este é um sinal inequívoco de realização.





Tulku Urgyen Rinpoche





Fonte: “As It Is, vol. 2″, loc. 3614
http://darma.info/
Fonte da Gravura: http://www.good-will.ch/postcards_es.html

O QUE É O EGO?

Nós sabemos o que queremos dizer com ego? Com isso, quero dizer a ideia, a memória, a conclusão, a experiência, as várias formas de intenções nomeáveis e não-nomeáveis, o empenho consciente para ser ou para não ser, a memória acumulada do inconsciente, o racial, o grupo, o individual, o clã, e tudo isto, seja projetado exteriormente em ação ou projetado espiritualmente como virtude; o esforço por tudo isto é o ego. Nele está implicada a competição, o desejo de ser. A totalidade desse processo é o ego; e nós sabemos, quando estamos frente a ele, que ele é uma coisa maligna. Estou usando a palavra “maligna” intencionalmente, porque o ego divide; o ego é fechado nele mesmo: suas atividades, conquanto nobres, são separativas e isoladoras. Conhecemos tudo isto. Também conhecemos aqueles extraordinários momentos quando o ego não está, em que não há sensação de esforço, de empenho, e que acontecem quando há amor. (What Are You Doing with Your Life?)

O ego deve cessar pela conscientização de sua própria limitação, da falsidade de sua própria existência. Conquanto profundo, vasto e extensivo ele possa ser, o ego é sempre limitado, e até ser abandonado, a mente nunca pode ser livre. A simples percepção desse fato é o fim do ego, e só então é possível que aquilo que é real surja. (Collected Works, Vol. VIII, 312, Choiceless Awareness)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: http://www.good-will.ch/postcards_es.html

APARÊNCIA DO ÊXITO - A DOR ENCERRA UM SEGREDO

Desconfia da aparência de um êxito perfeito, mas, ao contrário, se, depois de haver triunfado, encontrares que todavia te falta muito por fazer, regozija-te e avança, pois o trabalho é grande até a verdadeira perfeição.

Não há erro mais embrutecedor que o de confundir uma etapa pelo final ou deter-se demasiado no alto.

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Por meio da dor e da tristeza, a natureza recorda a alma que o prazer de que goza não é mais que uma débil indicação da verdadeira alegria da existência.


Cada sofrimento, cada tortura de nosso ser contém o segredo da chama de um êxtase em comparação a qual nossos maiores gozos não são mais que brilhos vacilantes.

Este é o segredo que produz a atração da alma pelas grandes provas, os sofrimentos e as experiências terríveis da vida, que nossa mente nervosa abomina e foge.




Sri Aurobindo





Fonte: Escola Gurdjieff São Paulo
www.ogrupo.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal