segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A BUSCA DO VERDADEIRO SER

Em todos os tempos, a compreensão da evolução do mundo foi ligada à compreensão do próprio homem. 

Nos mais amplos círculos se sabe que nas épocas em que não se considerava apenas a existência material, mas também a espiritual, o ser humano era concebido como um microcosmo, como um pequeno universo; isto quer dizer que se via em seu ser, em sua atividade, em toda a sua manifestação no mundo, uma concentração de todas as leis e atividades cósmicas e, de modo geral, de toda a essência do Universo. Costumava-se afirmar com segurança, em tais épocas, que uma compreensão do mundo só seria possível com base numa compreensão do homem.

Uma reflexão muito simples pode mostrar-nos que a verdadeira entidade do homem, bem como sua atividade interior como personalidade e individualidade, não podem ser encontradas no mundo sensório que o circunda.

Assim, para conhecer o mundo ele se vê diante da tarefa de primeiro fazer evoluir seu verdadeiro ser, primeiro buscar seu verdadeiro ser.




Rudol Steiner





Fonte: do livro "O Conhecimento Iniciático"
Sociedade Antroposófica
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A CONSCIÊNCIA DO AGIR BEM E AGIR MAL

É preferível agir bem, mas agir mal não é ainda o mais grave. O que é grave é não ter consciência disso.

Há pessoas que têm um grande ideal de justiça, de generosidade, de devoção, não se pode negar isso. Mas ter um ideal não significa, necessariamente, ser capaz de o realizar.

Quem não vê que está a agir em contradição com o seu ideal acaba por cair em situações muito complicadas. É mal sucedido em projetos, é rejeitado pelos outros, e não compreende porquê: julga-se irrepreensível, está convencido de que os outros devem aprová-lo e até admirá-lo. Por isso, fica perturbado com o que lhe acontece e, como não tem qualquer lucidez em relação a si mesmo, imagina que todos estão contra ele, o que influencia muito negativamente os seus pensamentos e os seus sentimentos: ele revolta-se e, pouco a pouco, perde as qualidades que queria pôr ao serviço do seu ideal. Isto muito simplesmente porque se recusa a admitir que fazer os seus atos estarem em concordância com o seu ideal é muito mais difícil do que ele imaginava e é incapaz de se ver tal como é.

Para se estar à altura do seu ideal, é preciso, pois, começar por estar lúcido em relação a si mesmo.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO

Quando surpreendido pelo sofrimento de qualquer matiz, lembra-te do Divino Educador, corrigindo-te as imperfeições.

Convidado ao leito por enfermidade sorrateira e perturbadora, não te consideres desamparado. Esse é um recurso educativo para ensejar-te reflexões em torno da existência terrestre e da vida como um todo.

Tomado pelo vendaval da incompreensão, não te sintas em desamparo sob o látego da injustiça. Toma a ocorrência como forma de recuperação moral a respeito de delitos que permaneciam aguardando reparação.

Vitimado por calúnias ultrizes e empurrado ao fosso da injúria e da difamação, entre amigos a quem estimas, não te tenhas em conta de desventurado. Estás sendo convocado ao testemunho do silêncio e da confiança em Deus.

Tomado pela angústia da desencarnação de um ser querido, tragicamente arrebatado ou vitimado pelo desgaste biológico que a enfermidade cruel venceu, não te lastimes. A morte é mensagem da vida, contribuindo para a valorização da oportunidade existencial.

Abandonado por companheiros e afetos, que se afastaram do teu círculo quando mais necessitavas deles, não seguirás a sós. O Senhor está convocando-te a labores mais elevados, que te exigem solidão para melhor trabalhares o mundo íntimo.

Açodado por presenças espirituais negativas que te ameaçam, não te permitas autoanálises pessimistas. Trata-se de recurso superior concitando-te à conduta mental e moral correta, a fim de permaneceres em equilíbrio, auxiliando aqueles que ainda se demoram na ignorância.

Nem sempre o êxito e o aplauso, o apoio como a glória terrestres significam conquistas valiosas para o Espírito. Cada uma representa, invariavelmente, um empréstimo Divino, de forma que o aprendiz humano invista esses estímulos no próprio crescimento.

O apóstolo Paulo, reflexionando em torno de tais dificuldades e testemunhos, afirmava, conforme se lê em Hebreus doze, versículo sete: - É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija?

As dores que chegam aos corações, em luta de redenção, não têm caráter punitivo, antes constituem técnicas de educação, de que se utiliza o Pai Amoroso convocando o filho rebelde à edificação interior, à reparação dos próprios erros.

Júbilos, facilidades, conforto, beleza e saúde são concessões espirituais de que os seus possuidores terão que prestar contas, conforme o uso que deles façam.

Convencionou-se que o Amor de Deus deve sempre oferecer o mais agradável à criatura humana, mesmo quando esta não tenha condições de multiplicar os títulos de sabedoria que lhe são concedidos, desperdiçando tempo e oportunidade, que recuperarão com lágrimas e angústias.

Desse modo, as ocorrências consideradas como infortúnios, quando não provocadas pela incúria ou pela insensatez, constituem recurso salvador oferecido a todo aquele que se encontra em débito, para que mais facilmente supere as próprias dificuldades e recupere a paz íntima, avançando para a bem-aventurança que lhe está reservada.

O alimento mantenedor da vida é o amor, sem o qual a mesma se transforma em fenômeno vegetativo, sem significado psicológico existencial.

O amor, quando verdadeiro, irradia-se como a luz, nunca se maculando com ressentimentos, dissabores, amarguras...

Perdoa naturalmente e, às vezes, nem necessita fazê-lo, porque não se melindra com ofensas, nem agressões.

Serve sem cessar, porque essa é a sua finalidade, construindo o bem, a paz, o progresso em todo lugar.

Graças à sua presença, aquele que o esparze vive em paz de consciência, com alegria, retirando bons proveitos de todas as ocorrências, sem observar-lhes a procedência.

A autorrealização que anelas decorrerá da aplicação de algumas das leis essenciais da Vida: amor, perdão e serviço.

O Amor de Deus te inunda, e o Seu perdão às tuas faltas oferece-te o ensejo da reencarnação, na qual deves servir até o momento final na Terra.




Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis




Fonte: do livro "Desperte e Seja Feliz", cap. 17, LEAL, Salvador/BA, 11ª ed., 2013
Fonte da Gravura: Montanha Vermelha
Pintura de Nicholas Roerich
http://www.roerich.org/

INSPIRAÇÃO - PENSAMENTO PURO - BONS SENTIMENTOS - VERDADE

Qualquer pessoa pode aprender a ser um bom orador, mas quantos vivem de uma maneira da qual os outros possam aprender? Hoje em dia as pessoas estão cansadas de ouvir discursos, elas querem ver a aplicação prática do sentido das palavras. Se não agimos de acordo com o que falamos a flecha não atinge o alvo. A mensagem perde o poder quando não espelha o comportamento do orador. É a coerência entre as palavras e as ações que torna alguém uma fonte de inspiração.

O potencial de um pensamento tem uma relação próxima e direta com a pureza dele – quanto menos adulterado é o pensamento, maior é seu poder criativo. Um pensamento puro não é fragmentado, distraído ou interrompido pela dúvida, mas é poderoso e naturalmente enraizado na verdade e na crença. Ele tem a capacidade de disparar pensamentos semelhantes que tornam mais próximo o destino. Assim como o extrato puro de uma substância é forte e apenas uma gota dele é suficiente, poucos pensamentos puros podem produzir resultados significativos e concretos. (The power of pure thoughts, Purity, September, 2013)

O processo transformador da meditação é como o de uma pedra bruta cujas saliências são suavizadas pela correnteza da montanha. A meditação traz à tona os bons sentimentos da alma. Como a água de um riacho, os bons sentimentos são suaves e doces, mas também muito poderosos quando mantidos em qualquer situação. Com o tempo os bons sentimentos removem meus lados ásperos e fazem o mesmo pelos outros. Mas isso só acontece se eu continuar a fazer o que sei que é certo. Preciso apenas manter o fluxo sereno ao ficar conectado com a Fonte. (Jayanti Kirpalani, Taking full charge of my experience, Purity, September 2013)

A verdade tem tal poder que ela se manifesta sem ninguém ter que prová-la. Viver com ideais elevados pode não ser um mar de rosas, pois é preciso enfrentar muita oposição ao persistir em um caminho que possa ser irracional aos outros. Mas esse é o preço a pagar para ter uma consciência clara, conhecimento e a satisfação de estar no caminho certo. (Being good in bad times Purity, August 2013)





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


TODO TORNAR-SE É DESINTEGRAÇÃO - ALÉM DO TEMPO

A mente tem uma ideia, talvez agradável, e ela quer ser como essa ideia, que é uma projeção de seu desejo. Você é isto, de que não gosta, e quer se tornar aquilo, de que você gosta. O ideal é uma autoprojeção; o oposto é uma extensão do que é; não é, absolutamente, o oposto, mas uma continuidade do que é, talvez um tanto modificado. A projeção é obstinada, e o conflito é o empenho em direção à projeção. Você está empenhado em se tornar alguma coisa, e essa coisa é parte de você mesmo. O ideal é sua própria projeção. Veja como a mente lhe pregou uma peça. Você está empenhado atrás de palavras, perseguindo sua própria projeção, sua própria sombra. Você é violento, e está empenhado em se tornar não-violento, o ideal; mas o ideal é uma projeção daquilo que é, apenas sob um nome diferente. Quando você está consciente desta peça que pregou em você mesmo, então o falso como falso é visto. O empenho em direção a uma ilusão é o fator desintegrador. Todo conflito, todo tornar-se é desintegração. Quando há consciência desta peça que a mente pregou nela mesma, então fica apenas o que é. Quando a mente fica despida de todo tornar-se, de todos os ideais, de toda comparação e condenação, quando sua própria estrutura entrou em colapso, então o que é passou por uma completa transformação. Enquanto houver o dar nome ao que é, há relação entre a mente e o que é; mas quando este processo de dar nome – que é memória, a própria estrutura da mente – não existe, então o que é não existe. Só nesta transformação há integração. (The Book of Life)

É a mente, é o pensamento, que cria tempo. Pensamento é tempo, e o que quer que o pensamento projete deve estar no tempo; portanto,o pensamento não pode ir além dele mesmo. Para descobrir o que está além do tempo, o pensamento deve chegar ao fim – e essa é a coisa mais difícil, pois o fim do pensamento não chega pela disciplina, pelo controle, pela negação ou supressão. O pensamento só acaba quando compreendemos todo o processo do pensar e, para compreender o pensar, deve haver autoconhecimento. Pensamento é o ego, pensamento é a palavra que se identifica como “eu”, e em qualquer nível, elevado ou baixo, que o ego esteja colocado, é ainda dentro do campo do pensamento. E o ego é muito complexo; ele não está no nível da pessoa, mas é formado de muitos pensamentos, muitas entidades, cada uma em oposição à outra. Tem que haver uma constante consciência de todas elas, uma consciência em que não há escolha, nem condenação ou comparação, ou seja, deve haver a capacidade de ver as coisas como elas são sem distorcê-las ou traduzi-las. No momento em que julgamos ou traduzimos o que é visto, distorcemos aquilo de acordo com nosso conteúdo. Ser é estar em relação, e é apenas no centro da relação que podemos, espontaneamente, descobrir a nós mesmos como somos. É esta própria descoberta de nós mesmos como somos, sem nenhum sentido de condenação ou justificação, que produz uma transformação fundamental no que somos – e esse é o início da sabedoria. (Collected Works, Vol. VI, 220, Choiceless Awareness)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal