sábado, 15 de agosto de 2015

O DISCÍPULO E A ESTABILIDADE

Os acontecimentos que vós testemunhais ou viveis diariamente, tal como as pessoas que encontrais, inspiram-vos certos pensamentos e certos sentimentos. Ficai a saber que, conforme a sua natureza e a intensidade que lhes imprimistes, esses pensamentos e esses sentimentos seguem um determinado caminho no espaço e depois regressam ao seu lugar de origem, ou seja, vós mesmos. Se forem justos, bons, generosos, chegarão até vós bênçãos, mas, se eles forem contaminados por um veneno saído da vossa cabeça ou do vosso coração, não deveis surpreender-vos se vos sentirdes envenenados. Chama-se a isso o choque de retorno e é uma lei que funciona tanto para o bem como para o mal.

Claro que, mesmo que sejais um discípulo da Ciência Iniciática, não conseguireis controlar os vossos pensamentos e sentimentos de um dia para o outro; mas o essencial é que tenhais cada vez mais consciência da importância desta questão. Após um certo tempo, não só tereis o domínio da vossa vida psíquica, como sereis capazes de rechaçar as influências nocivas vindas do exterior que tentarão atacar-vos.

É à custa de um longo trabalho que o discípulo de um ensinamento espiritual alcança um nível de consciência superior. Mas, depois de o ter alcançado, também lhe é difícil, e até mais difícil, manter-se nele. Por isso, a estabilidade é considerada como um ponto culminante da iniciação, é esse momento em que o discípulo pode finalmente dizer, como o hierofante do antigo Egito: «Eu sou estável, filho de estável, concebido e engendrado no território da estabilidade.» Em que consiste a estabilidade? Em já não ser perturbado pelo mal, isto é, em se ter elevado até às regiões onde ele já não tem qualquer poder. Por que é que certos acontecimentos que, em determinado momento, nos irritaram ou desanimaram, se ocorrerem noutras circunstâncias já não nos afetam? Porque nós chegamos a um nível de consciência em que eles já não nos atingem.

Na Cabala, é dito que a serpente pode subir até certas séfiras, mas que lhe é impossível ir até à região formada pelas três séfiras: Kether, Chochmah e Binah. E, como nós somos criados à imagem do universo, também existem em nós regiões em que o mal já não encontra condições de existência favoráveis. Nas regiões sublimes do nosso ser e do universo reina uma tal luz, uma tal intensidade de vibrações, que tudo o que não está em harmonia com essa pureza, com essa luz, é desagregado.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal