domingo, 7 de agosto de 2016

PSICOSES E VIDAS PASSADAS

A psicanálise, através de sua visão psicodinâmica, informa-nos sobre a existência de três grandes estruturas do inconsciente humano: as neuroses, as perversões e as psicoses, sendo esta última, um estado de confusão mental acompanhada de delírios e alucinações, sendo as auditivas (ouvir vozes) as mais comuns. A psicose, portanto, vem a ser um desmoronamento do mundo simbólico e de sua relação com a realidade consensual.

No entanto, como a tendência atual é de uma perspectiva interdisciplinar no sentido do tratamento das consideradas "doenças mentais", o Dr. Mario Sergio Silveira, em entrevista concedida à Érika Silveira (Revista Cristã do Espiritismo - n° 27), através de uma ótica espiritual, define a psicose como "a impossibilidade de construir uma personalidade, um eu atual, em razão da predominância das subpersonalidades anteriores, ainda presas aos dramas ocorridos em outros tempos, incluindo também os demais co-participantes que não se libertaram pelo benefício que somente o perdão poderia proporcionar. Deste modo, o ego, esta instância psíquica responsável pela noção de identidade e pelo critério de realidade, não pode operar, uma vez que não se constituiu, ficou com um "defeito" que chamamos "preclusão". Como a vivência da realidade é função do estado de consciência (postulado transpessoal), o ser fica a mercê da invasão de outras vivências de realidade. E aí estamos na experiência psicótica", conclui.

Em relação a recursos médicos e espirituais para evitar ou minimizar um quadro psicótico, Mario Sérgio lembra-nos "que a prevenção primária depende da evolução moral da humanidade". E, a respeito da importância do exercício consciente da maternidade e da paternidade, completa: "Quando pais mais equilibrados recebem em família espíritos em desajuste, maiores são as chances de recuperação, pois estes espíritos desajustados têm mais possibilidades de construírem uma nova personalidade sadia".

No sentido de "minimizar" um quadro psicótico, ou seja, tratar, terapeutizar, ele entende que o avanço psicofarmacológico associado às antigas e novas psicoterapias, assim como a terapia ocupacional, as terapias complementares e os centros espíritas e os centros de umbanda - na dimensão espiritual - são opções de profilaxia e tratamento.

Sobre a psicose sendo tratada através de uma visão interdisciplinar no Hospital Espírita Bom Retiro, de Curitiba, o Dr. Mario Sérgio relata-nos o caso de uma menina de 14 anos, com o diagnóstico de hebrefenia *, que, conforme a psicanálise, é a perda do mundo objetivo ou de todo interesse, onde o ego não realiza atividade alguma com a finalidade de "defender-se", onde recai no passado refugiando-se nos tipos infantis de receptividade passiva, talvez intra-uterinos e de existência mais ou menos vegetativa: "Ela chegou no hospital muito prostrada, afeto embotado, confusão mental, ouvindo vozes, apresentando grande dificuldade de contato. Foi medicada com psicofármacos, estimulada a participar de atividades terapêuticas, porém pouco respondia. Seu nome foi incluído no SAE - Serviço de Atendimento Espiritual. No grupo de desobsessão, foi atendida em desdobramento (projeção), o que facilitou muito o contato, pois adquiria maior consciência. Assim, nós soubemos que o tio que a abusou sexualmente, tendo desencadeado seu surto, tinha sido seu marido numa outra existência, quando em estado de embriaguez a matou. O próprio tio, em desdobramento, admitiu que preferia não ter nenhum parentesco, pois a desejava como mulher. Soubemos, também, que o obsessor, desafeto de outra existência, planejou sua vingança agindo sobre seus centros nervosos, de modo a embaralhar suas memórias de vidas passadas, como um arquivo que tivesse suas fichas todas misturadas".

E no seguimento de seu relato de caso, Mario Sergio conclui: "Felizmente, tivemos a oportunidade de ajudá-la a acessar estas memórias, revivendo-as e "fechando estas portas", uma a uma, num total de quatro encarnações. O obsessor foi afastado para tratamento e a equipe espiritual relatou a realização de uma espécie de cirurgia nos tecidos sutis de seu perispírito, reconstituindo o "buraco" que havia sido aberto pela ação espiritual. Não é preciso dizer que sua melhora foi surpreendente para os parâmetros da psiquiatria".

Em relação a outros casos atendidos no mesmo hospital, subjetivamente, Silveira refere-se ao núcleo "família" como importante fator de evolução ou, como é o enfoque, de desencadeamento de situações conflitantes que dizem respeito ao pretérito: "Em outros casos, encontramos, através do desdobramento, personalidades de outras encarnações que se recusam a aceitar o novo corpo, a família atual, geralmente composta de desafetos de outras existências, e também a condição social que ora se encontram. São almas orgulhosas, arrogantes que não desejavam reencarnar e passar pela experiência retificadora. Provavelmente, se trata de reencarnações compulsórias".

Para finalizarmos, o Dr. Mario Sergio responde sobre qual o tratamento mais adequado para o paciente psicótico: "O tratamento adequado é interdisciplinar, no mínimo. No Hospital Espírita Bom Retiro caminhamos rumo a transdisciplinariedade, numa visão bio-psico-sociocultural e espiritual, onde o espiritual ocupa o centro de integração dos diversos saberes, das diversas disciplinas e especialidades. Precisamos superar a divisão, a compartimentalização, caminhando para uma visão integral. Precisamos abandonar o formalismo, seja científico, filosófico ou religioso. Em suma, o tratamento médico, psicoterápico, ocupacional, familiar, energético e espiritual, de forma integrada".


MENSAGEM: "É necessário que confiemos que todos nós temos um Eu Divino, onde mora a saúde, a paz e principalmente o amor que tudo equilibra, dentro de um tempo que é transitório e diante da vida que é eterna. A tarefa desta encarnação é a de nos reencontrarmos com o nosso verdadeiro Eu, ainda encoberto pela sombra de nossos enganos na caminhada evolutiva". Dr. Mario Sérgio Silveira


* forma de esquizofrenia que surge na puberdade, com incoerência na fala e nas atitudes, comportamento tolo ou inapropriado; esquizofrenia hebefrênica (minha nota - conf. dicionário)






Flávio Luiz Gomes Bastos
Psicanalista Clínico de Orientação Reencarnacionista






Fonte: www.flaviobastos.com
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AS DUAS FACES DO DHAMMA (Dhamma (em páli: धम्म) ou Dharma (em sânscrito: धर्म))

Nosso primeiro encontro com o Buddhismo nos confronta com um paradoxo. Intelectualmente, ele parece ser o deleite do livre pensador: sóbrio, realista, não dogmático, quase científico, em sua estrutura e em seu método. Mas, se entramos em contato íntimo com o Dhamma vivo, descobrimos logo que ele tem um outro lado que parece ser a antítese de todos os nossos pressupostos racionalistas. Ainda aqui não encontramos credos rígidos ou especulações aleatórias, mas não deixamos de encontrar ideais religiosos de renúncia, contemplação e devoção; um corpo de doutrinas lidando com temas que transcendem a percepção sensorial e o pensamento; e - talvez o que seja mais desconcertante - um programa de treinamento no qual a fé aparece como uma virtude cardeal e a dúvida como um obstáculo, barreira e grilhão.

Quando tentamos determinar nosso próprio relacionamento com o Dhamma, nos vemos desafiados a descobrir um sentido nessas duas faces aparentemente irreconciliáveis: a face empírica, voltada para o mundo, que nos diz para investigar e verificar as coisas por nós mesmos; e a face religiosa, voltada para o além, aconselhando-nos a dissipar nossas dúvidas e depositar a confiança no Mestre e no seu Ensinamento.

Um modo de resolver esse dilema é aceitar somente uma face do Dhamma como autêntica, rejeitando a outra como espúria ou supérflua. Assim, com o pietismo tradicional buddhista, podemos abraçar o lado religioso da fé e da devoção, mas nos afastar da visão de mundo mais realista e da tarefa da inquirição crítica; ou, com a apologética buddhista moderna, podemos exaltar o empirismo do Dhamma e a semelhança com a ciência, mas nos defrontarmos embaraçosamente com o lado religioso.

Ainda assim, uma reflexão sobre os requisitos de uma espiritualidade buddhista genuína, torna claro que ambas as faces do Dhamma são igualmente autênticas, e que ambas devem ser levadas em consideração. Se fracassarmos em fazê-lo, não somente nos arriscamos a adotar uma visão parcial do ensinamento, mas nosso próprio envolvimento com o Dhamma será, provavelmente, dificultado por atitudes parciais e conflitantes.

O problema, entretanto, permanece: como integrar as duas faces do Dhamma sem cair em contradição? Sugerimos que a chave para alcançar essa reconciliação e assegurar assim a consistência interna de nossa própria perspectiva e prática repousa na consideração de dois pontos fundamentais: primeiro, o propósito condutor do Dhamma; segundo, a estratégia empregada para alcançar tal propósito. O propósito é a obtenção da libertação do sofrimento. O Dhamma não tem como objetivo a aquisição de informação fatual sobre o mundo, e assim, apesar de uma compatibilidade com a ciência, seus objetivos e preocupações são necessariamente diferentes daqueles da ciência. Primária e essencialmente, o Dhamma é um caminho de emancipação espiritual, de libertação da roda de nascimento, morte e sofrimento repetidos. Oferecido a nós como o meio insubstituível de libertação, o Dhamma não busca o mero assentimento intelectual, mas demanda uma resposta que deve ser totalmente religiosa. Ele nos chama do fundo do nosso ser; e de lá, ele desperta a fé, a devoção e o compromisso apropriados quando o objetivo final de nossa existência está em jogo.

Mas, para o Buddhismo, a fé e a devoção são somente incentivos que nos impelem a entrar e perseverar ao longo do caminho; elas não podem, por si mesmas, assegurar a libertação. A causa primária da prisão e do sofrimento – ensina-nos o Buddha - é a ignorância com relação à verdadeira natureza da existência; assim, na estratégia buddhista de libertação, o instrumento primário deve ser a sabedoria, o conhecimento e visão das coisas como elas realmente são. Investigação e inquirição crítica, calmas e descompromissadas, constituem o primeiro passo em direção à sabedoria, capacitando-nos a dissipar nossas dúvidas e ganhar uma compreensão conceptual das verdades das quais depende a nossa libertação. Mas a dúvida e o questionamento não podem continuar indefinidamente. Uma vez tendo decidido que o Dhamma será nosso veículo para a libertação espiritual, devemos embarcar nesse veículo, devemos deixar nossa hesitação para trás e entrar no curso do treinamento que nos levará da fé para a visão libertadora.

Para aqueles que se aproximam do Dhamma com o objetivo de gratificação intelectual ou emocional, inevitavelmente ele revelará duas faces, e uma delas permanecerá sempre uma incógnita. Mas se estivermos preparados para nos aproximar do Dhamma segundo seus próprios termos, como um caminho de libertação do sofrimento, não haverá, de modo algum, duas faces. Ao contrário, veremos o que estava lá desde o começo: a face única do Dhamma, a qual, como qualquer outra face, apresenta dois lados complementares.




Bhikkhu Bodhi






Fonte: do livro “Pensando o Buddhismo”
Este artigo apareceu na Newsletter n. 2 do Outono de 1985.
Tradução de Ricardo Sasaki - Equipe Nalanda
Edições Nalanda, 2000
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O EU E A ALMA (O EU NATUREZA E O OUTRO EU)

Considerai que, em vossa personalidade, existem dois órgãos que dirigem a consciência: um que conheceis, que vos faz dizer “eu”, e outro muito mais poderoso, que não conheceis. É para esse segundo eu, a alma, o alter ego, que devereis agora transmitir a direção. E podeis fazê-lo. Se o fizerdes, não tereis necessidade de vos agitar. Todas essas tensões desgastantes, essa torrente de sofrimentos e de misérias, deslizará sobre vós; vossos problemas serão resolvidos de maneira totalmente diferente. Vós, o eu nascido da natureza, não tereis mais necessidade de vos agitar, pois o Outro estará ativo em vós.

Não devereis ver nisso uma incitação à preguiça ou à displicência; não tomeis isso em sentido negativo, porém no sentido das palavras do Sermão da Montanha: “Buscai primeiro o reino de Deus”  que está em vós  “e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo”.

Vivereis e experimentareis a vida de uma maneira nova; estareis no mundo, porém já não sereis do mundo.




J. van Rijckenborgh e Catharose de Petri






Fonte: do livro "A Gnosis Chinesa : comentários sobre o Tao Te King de Lao Tsé"
Tradução : Lectorium Rosicrucianum, 2. ed., Jarinu, SP, 2010
Escola Espiritual da Rosacruz Áurea
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JNANA YAJNA - CONHECIMENTO PRÁTICO E SABEDORIA

Quando o ego desaparece, o conhecimento brilha como sabedoria.

Jnana Yajna é especialmente recomendado para todos pelas escrituras. Jnana não significa simplesmente conhecimento adquirido a partir de estudiosos e livros, mas, na verdade, conduzir-se de acordo com esse conhecimento. Conhecimento nunca pode amadurecer em sabedoria enquanto o ego persistir na ânsia de resultados para satisfazer seus desejos. Quando o ego desaparece, o conhecimento brilha como sabedoria. Quando yajnas são executados exclusivamente para a paz e prosperidade do mundo (Loka-Kalyan), eles chegam a Deus. Jnana revela que em cada sacrifício, Deus é o Incitador, o Promotor, o Sacrificador, o Sacrifício, o Produto alcançado e o Destinatário do produto. Deus é o consumidor de toda a oferta sagrada (Yajnabhuk); Ele é o guardião do yajna (Yajna-bhrith) e seu intérprete (Yajna krith). Ele é tudo; é somente quando Ele é tudo que o ato torna-se um verdadeiro yajna. Se esta atitude puder saturar todas as atividades, ela santificará cada momento de sua vida e a tornará um yajna. (Discurso Divino, 02 de outubro de 1981)




Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
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O MAIS BELO SORRISO (NOSSOS TRAÇOS FÍSICOS)

Tudo o que nós trazemos inscrito hoje no nosso corpo, no nosso rosto, primeiro foi preparado, formado, no nosso psiquismo, pois existe uma lei absoluta, implacável, segundo a qual cada pensamento, cada sentimento, desencadeia correntes de forças que produzem efeitos até no plano físico. Claro que isso não é imediatamente visível. Ao longo de um dia, nós somos atravessados por múltiplas emoções, sensações fugidias, e, embora esses estados de consciência se inscrevam imediatamente algures na nossa matéria sutil, não se fixam profundamente no nosso corpo físico nem sequer no nosso rosto.

Na vida corrente, o nosso rosto exprime o capital em ação, isto é, o que estamos a viver, e isso corresponde como que a uma ligeira ondulação à superfície da água. Só são profundamente inscritos em nós os movimentos desencadeados já há muito tempo e repetidos muitas vezes. Sabendo isso, vós compreendeis o poder que tendes para modelar o vosso corpo e os traços do vosso rosto.

É extraordinário ver como um sorriso pode transformar os rostos inexpressivos ou mesmo ingratos. Como um bom sorriso é acompanhado por um bom olhar, esse olhar cheio de amor, de bondade, expande uma tal luz que os traços do rosto parecem fundir-se nela: já só se vê essa luz. Então, que alegria, que conforto pode proporcionar-nos esse sorriso! É como um presente de que não se estava à espera. E o sorriso do sol quando emerge das nuvens para nos envolver com a sua luz!...

Mas o mais belo, o mais desejado, o sorriso a que toda a nossa alma aspira, é o que Deus nos concede depois de termos passado por sofrimentos aos quais pensávamos que não conseguiríamos sobreviver. Quando esse sorriso surge, a escuridão, a angústia, o medo, as imagens ameaçadoras, desaparecem, tudo se ilumina e se harmoniza. Esse sorriso vale mais do que todas as riquezas e todas as outras alegrias da terra. Nenhuma violência pode conquistá-lo, só o amor, a esperança e a fé. Muitas vezes, é preciso esperar durante bastante tempo para merecer um tal sorriso. Ele é a maior das recompensas.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
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