sábado, 24 de dezembro de 2016

AS DOZE NOITES SANTAS (1ª NOITE - 24/25 dezembro)

Soam as 12 badaladas da meia noite anunciando o Natal. Vem a aurora, atravessamos o dia, cai a noite e uma luz se acende no céu irradiando um brilho que emana da Constelação de Peixes e ilumina a primeira vigília santa.

Estamos no primeiro degrau da escada que está assentada na esfera humana terrena na dimensão da existência do anthropos – o ser da liberdade.

A liberdade é uma das duas principais forças espirituais que nos foram destinadas conquistar ao longo da vida. A outra força será ao final da escada, o amor.

A sabedoria antiga nos conta que foram as forças espirituais de Peixes que configuraram os pés humanos. Quando observamos os pés verificamos que eles são formados em forma de uma abobada que vai propiciar simultaneamente com a verticalização da coluna o andar ereto, primeiro grande aprendizado da vida. Quando criança nos arrastamos, engatinhamos e finalmente nos erguemos e nos apoiamos nos próprios pés superando as forças da gravidade significando isto uma grande conquista e a condição para o desenvolvimento do pensamento, sendo o pensar o que diferencia o Humano dos outros reinos da natureza.

Ao longo da vida seguidamente fazemos uma analogia íntima com este fato: "andar nos meus próprios pés", "saber por onde ando", "seguir os meus próprios passos", "não vou andar nos passos de ninguém", são expressões que expressam uma correta relação com a Terra e com o destino em termos de liberdade pessoal.

Nesta primeira Noite Santa recebemos da constelação de Peixes os impulsos para se firmar nos próprios pés e se erguer, condições básicas para alcançar a liberdade individual, meta ao qual nos destinamos como seres individualizados.

Na madrugada ou ao amanhecer do dia 25, acenda uma vela. Deixe o silêncio e a devoção penetrarem na alma e a luz frágil da vela iluminar o seu espaço interno, e que na vivência do seu próprio Eu, a verdadeira luz solar do Eu do Cristo se faça presente.

Nesta noite, da região de Peixes, os sábios da Humanidade derramam suas bênçãos de sabedoria sobre você. Eles formam um círculo protetor a sua volta, emanando a força que você precisa para se firmar nos próprios pés e tomar seu destino nas próprias mãos. Abra os braços e as pernas formando com o próprio corpo uma estrela de cinco pontas e diga:

Com firmeza eu ocupo meu lugar no mundo,
Com certeza eu caminho pela vida,
Com amor no íntimo do meu ser,
Com esperança em tudo que eu faço,
Com confiança no meu pensar,
Forças jorrem do meu coração.





Texto de Rudolf Steiner e Serguei Prokoffief
Pesquisa Edna de Andrade






Fonte do Texto e da Gravura: www.noitessantas.com.br
Via Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/

AS EXPERIÊNCIAS DURANTE OS SONHOS

Para Entender Nossos Sonhos, Devemos Primeiro Entender a Nós Mesmos


Embora sejam um tema de experiência e de interesse universais, os sonhos são pouco compreendidos. É verdade que há um interesse generalizado por conhecer textos sobre experiências durante sonhos, por ouvir os sonhos de outras pessoas e também por narrar os nossos próprios sonhos; mas geralmente falta a explicação racional, assim como inexiste a capacidade de guiar a vida em estado de vigília de modo que os sonhos possam ser controlados.

Todos os sonhos, desde os que têm uma causa fisiológica até os mais elevados, que são capazes de revolucionar a vida pessoal, são apenas os resultados das condições ou estados de consciência. Temos que entender a nós mesmos primeiro, se quisermos entender o significado dos nossos sonhos. Os sonhos que surgem do aspecto mais elevado da nossa natureza podem dar-nos uma ajuda e uma orientação reais. Este tipo de sonhos pode ser encorajado, e, se o assunto for adequadamente compreendido, é possível também evitar os sonhos sensoriais, que às vezes lançam uma sombra sobre toda a vida.

Em todos nós há três níveis de consciência – normal, subnormal e supranormal – assim como o corpo físico tem temperaturas normais, subnormais e supranormais. Nossos hábitos e nossos maneirismos, nossos preconceitos e predileções, pertencem ao nível normal e são mais ou menos os mesmos para o homem médio. Se agimos de modo infantil e mesquinho quando o curso normal das nossas vidas sofre uma interferência, ou quando não obtemos o que queremos, caímos abaixo do nível normal de inteligência. Um exemplo possível é o do homem que está acostumado a um tipo de pão e que em certa ocasião não consegue obtê-lo; se ele criar uma confusão e perder a calma por causa disso, cairá em um estado de espírito subnormal. Se aproveitar silenciosamente a oportunidade para mortificar o seu apetite, estará em um estado de espírito levemente supernormal.

O ser humano tem três aspectos, corporal, mental e espiritual. A própria palavra “humano” vem do termo sânscrito “Mana” ou “Manas”, que significa “mente”. O estado de espírito normal do ser humano é mental. O estado de espírito é subnormal quando um homem permite que sua inteligência seja afetada ou escravizada pelo corpo, ou por suas paixões e desejos terrestres. Quando o aspecto humano é colocado pelo menos durante algum tempo em harmonia com o Eu divino ou Espiritual, as tendências animais são controladas e o estado de espírito é supranormal.

Em correspondência com essa classificação tríplice, nossos sonhos são: (a) corporais ou sensórios; (b) normais; ou (c) do tipo mais elevado, experiências verdadeiramente espirituais.

Nossos estados de espírito são os sonhos da vida de vigília. Um estado de espírito medianamente bom corresponde a sonhos normais, um estado de espírito sensual corresponde a sonhos subnormais, e um estado de espírito elevado, como a de uma verdadeira meditação, tem a mesma substância que os sonhos puros e inspiradores. Sonhar acordado com base em fantasias é subnormal. As pessoas tecem histórias em torno de si mesmas como personagens centrais, ou têm conversas imaginárias em que elas sempre têm a última palavra, etc. A razão fica de lado quando imaginamos estar no centro da cena. Construir castelos no ar é mera perda de tempo, e se continuamos a construí-los eles se tornam perigosos, porque a fantasia pode evoluir por canais errados, levando a práticas corporais equivocadas.

A fantasia é uma característica da adolescência e não deveria ser levada até a vida adulta. Na adolescência, garotos e garotas deveriam ser ajudados a colocar suas fantasias em canais corretos. Para isso, eles devem estar rodeados de uma atmosfera de pureza, e deve ser dado um ideal nobre para a sua tendência de adorar heróis. Eles devem ter algo para fazer, de modo que não haja oportunidade para passarem muito tempo sonhando acordados. Infelizmente, nesta idade os jovens têm a permissão de ler livros indesejáveis e de ir indiscriminadamente ao cinema, o que intensifica as suas tendências subnormais. A fantasia é a antítese da verdadeira imaginação, aquela ação-de-fazer-imagens que pertence à Alma e durante a qual a Razão está extremamente ativa.

A diferença entre a consciência desperta e a consciência adormecida está apenas no fato de que, durante o sono, as impressões externas não existem. Não há interrupção das funções corporais orgânicas, nem da consciência corporal. A mente, no entanto, funciona à parte do corpo físico, em um estado inteiramente subjetivo, isto é, a mente está voltada para dentro, para si mesma, e não tem consciência de quaisquer objetos que rodeiem o corpo físico.

Há dois tipos principais de sonhos corporais – os que são causados por desconforto corporal e os que têm como base impressões corporais causadas por indulgência errada, de fato ou em fantasia, durante a vida desperta. Nossos pensamentos e sentimentos afetam constantemente o corpo. Eles fazem o coração bater mais rápido, ou tornam a respiração irregular, ou fazem com que ela seja rítmica. As experiências em sonhos que são reações a pensamentos tidos em estado de vigília podem ocorrer muito mais tarde, como quando uma pessoa sonha que está comendo carne, vários anos depois de adotar o vegetarianismo.

No homem normal, a mente está tentando libertar-se dos sonhos corporais e viver nos termos da sua própria ideação. Isso é inicialmente impossível, e por isso ele tem sonhos confusos. Quando alguma impressão do Eu Espiritual é acrescentada à mistura de sonhos mentais e corporais, pode surgir um sonho alegórico. A verdade é captada pelo cérebro, mas é distorcida por imagens corporais e mentais.

A mente pura, controlada e autoconcentrada, pode receber as impressões do Eu Espiritual, e as impressões são então transferidas para o cérebro. Assim ocorrem os sonhos que são avisos, para si mesmos e para os outros, e os sonhos retrospectivos, que descrevem encarnações passadas. Os sonhos proféticos são ainda mais elevados. Eles procedem do Eu Superior, e são possíveis mesmo durante o estado de vigília, se o corpo tiver sido mantido puro como o Templo de um Deus Vivo. Em um estado ainda mais alto de calma e concentração purificadas, o homem que possui um firme desejo de beneficiar a humanidade pode receber sonhos dos Grandes Gurus cuja religião, filosofia e ciência é a Fraternidade.

A coisa mais importante a lembrar é que as experiências durante os sonhos dependem da consciência em estado de vigília. Para termos sonhos elevados, devemos controlar e purificar os sentidos e estudar e meditar sobre princípios universais.




The Theosophical Movement






Fonte do Texto e da Gravura: Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com/as-experiencias-os-sonhos/
(O texto foi publicado pela primeira vez pela revista teosófica internacional “The Theosophical Movement”, na Índia, edição de outubro de 2004, pp. 403-405. Título original: “Dream Experiences”.)

AS DOZE NOITES SANTAS (INTRODUÇÃO)

Segundo uma antiga tradição cristã, as Doze Noites Santas é o período que vai da noite de Natal até o dia de Reis.

Através da Luz Espiritual que brilha das estrelas do Zodíaco, as bênçãos divinas se derramam sobre aqueles que oram e vigiam. Os sonhos nestas noites se tornam mensageiros do Espírito!

Quando se acendeu no céu a estrela há muito tempo esperada, os Reis Magos iniciaram a jornada até a Criança que seria o novo Sol do Mundo. Após doze noites, consideradas sagradas a partir de então, eles puderam alcançá-la e ofertar o incenso, a mirra e o ouro, em nome de toda a Humanidade, acompanhados dos votos de que o Espírito Divino pudesse viver no pensar, sentir e querer humanos.

Dos pés à cabeça podemos vivenciar a transformação, de pessoas terrenas e materialistas, em pessoas espiritualizadas, que olham o mundo com uma visão espiritual. Vislumbramos a escada de expansão da consciência, que ajuda a dar nascimento, no último degrau, ao Ser Divino em cada um de nós.

A cada Natal temos a chance de um novo nascimento. E a cada ano, a oportunidade de uma nova vida. Não podemos nos esquecer disso, pois precisamos urgentemente de forças espirituais, não apenas para cada um de nós individualmente, mas para toda a Humanidade.

Na meditação das noites santas, podemos colocar na alma as sementes da Esperança em relação aos doze meses do ano que entra. Meditando dos pés em direção à cabeça, podemos almejar a consolidação das forças do nosso ser e a transformação dessas forças em qualidades verdadeiramente humanas e sagradas.

As 12 badaladas da meia noite do Natal anunciam a vigília, que pode ser um preparo espiritual, como se as Noites Santas fossem uma prévia dos 12 meses do ano que se inicia.

As inspirações recebidas das hierarquias espirituais nestas doze noites, através da meditação, injetam forças no  desenvolvimento espiritual ao longo de todo o ano.

O Evangelho de Mateus nos remete aos mistérios espirituais da Antiguidade, etapa do desenvolvimento da humanidade na época do assentamento na região do Mediterrâneo, quando aqueles que eram iniciados desenvolviam a visão clarividente. Os corpos siderais eram vistos por eles como a manifestação de seres espirituais em atividade constante e contínua transmutação. A esse antigo estado de consciência clarividente está associado o surgimento da Astrologia, sabedoria baseada na analogia do movimento e posição dos astros com o destino humano. Ao fazermos a vigília das Noites Santas podemos retomar a jornada dos Reis Magos através da ligação com esta sabedoria, recebendo irradiações das 12 constelações do Zodíaco.

As hierarquias espirituais podem ser contempladas como esculturas, no portão sul da Catedral de Chartres, a mais importante catedral gótica da Idade Média. Neste portão, chamado de Portão da Transubstanciação, as hierarquias formam uma escada ascendente que representa o ensino espiritual.

O aluno vai de degrau em degrau se conectando a esses seres espirituais, que representam diferentes estados de Consciência. Neste aprendizado, o pensar e o sentir, integrados, se tornam órgãos de compreensão e de participação no mundo espiritual.

Os nomes das hierarquias se originaram de um manuscrito de Dionísio, o Aeropagita, que fundou a primeira escola esotérica cristã da Antiguidade. Dionísio, um iniciado nos antigos centros de mistérios gregos, renomeou os seres divinos, que eram chamados na Antiguidade como seres de Vênus, seres de Mercúrio e outros, a partir de uma revelação do Cristo feita a ele por Paulo de Damasco.

O Manuscrito escreve os nove níveis de seres divinos associados em grupos de três hierarquias que participaram da evolução da Terra e do ser humano.

A primeira hierarquia inclui os Serafins, Querubins e Tronos, que iniciaram a evolução. 

Eles atuam a partir do divino, da esfera macrocósmica, que é denominada a esfera do Pai, de Deus, de Alá, do amor divino, do grande mistério, da doação cósmica. Eles são seres de um estado evolutivo anterior ao nosso, tão avançados em sua evolução que foram capazes de fazer fluir de si a sua própria substância, dando nascimento ao atual estado do nosso sistema solar.

A segunda hierarquia é formada pelos Kyriotetes, Dynamis e os Exusiai, ou Elohins. Eles também são chamados de Domínios, Virtudes e Potestades. Enquanto no processo de configuração do nosso Cosmos a primeira hierarquia atuou de fora, a segunda hierarquia, de dentro do processo, acolheu os planos divinos transformando-os em sabedoria, dando-lhes movimento e forma.

E por último a terceira hierarquia - os Arqueus, ou Principados, os Arcanjos e Anjos, próximos do ser humano, porque desenvolveram a sua essência nesta etapa evolutiva em que nós, Anthropos, nos encontramos, e na qual estamos destinados a nos tornar cocriadores da Evolução.

Rudolf Steiner, filosofo alemão que revelou a Antroposofia ao mundo, chamava a atenção para o fato de que o homem autoconsciente deveria reaprender a vivenciar as hierarquias na sua vida interna como realidades.

Ele diz que esses seres espirituais vêm ao nosso encontro quando nos preparamos para conhecê-los, e falarão à nossa alma primeiramente como pensamentos e sentimentos, e só então os perceberemos como realidades!

Sergei Prokofieff, um dos dirigentes mundiais da Antroposofia, descreveu o ensino espiritual de Chartres na tradição da vigília das 12 noites santas.

Ele delineia a escada de expansão da consciência, que ajuda a dar nascimento, no último degrau, ao Ser Divino em cada um de nós.

Prokofieff faz uma analogia entre este caminho de transformação e o processo de desenvolvimento descrito por Rudolf Steiner como o caminho de Jesus a Cristo.

Jesus nasce como a criança arquetípica, destinada a se desenvolver como um Ser Humano, de tal forma que possa acolher em si o Eu do Cosmo, no Batismo do Jordão. Este acontecimento místico derramará sua influência por sobre toda a história da Humanidade, como um grande arquétipo de desenvolvimento espiritual. (continua)





Texto de Rudolf Steiner e Serguei Prokoffief
Pesquisa Edna de Andrade





Fonte do Texto e da Gravura: www.noitessantas.com.br
Via Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/

AS AÇÕES REVELAM SOBRE UMA PESSOA

Uma pessoa é julgada pelas ações. As boas ações revelam uma pessoa boa e as más ações revelam uma pessoa perversa. Suas qualidades e ações são interdependentes, pois as ações revelam suas qualidades interiores e suas qualidades interiores impulsionam suas ações. Esforce-se para se reformar, desenvolvendo boas qualidades. Simplesmente ouvir discursos espirituais ou viver em lugares sagrados ou em companhia sagrada é inútil, a menos que um esforço seja feito para praticar alguns dos nobres ensinamentos. Qualidades como tolerância (kshama), compaixão, verdade, amor e empatia não estão restritas a qualquer nação, raça ou fé. Estas são qualidades espirituais e são essenciais para as pessoas em todos os lugares, em todos os momentos. Propagação da Retidão (Dharma) não significa propagar o conhecimento sobre algo que é desconhecido. O conhecimento do Dharma é adquirido apenas para promover sua prática e somente aqueles que praticam a retidão estão qualificados a propagá-la. Somente praticando na vida diária é que você aprende sua verdadeira natureza e realiza seu completo valor. (Discurso Divino, 7 de janeiro de 1988)




Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

OS DOIS CAMINHOS (VIAS) PARA A AUTORREALIZAÇÃO

Existem, em tese, dois caminhos para a plena auto-realização do homem. Eles se chamam via crucis e via discipular. A via crucis é, de longe, a mais árdua, e corresponde, a rigor, sobretudo ao trabalho dos avatares dentro de suas Ordens eternas, mas também vem a ser em algum grau o caminho dos santos. Já a via discipular é o caminho regular das Ordens milenares e dos sábios.

Uma das grandes diferenças é que, desde o ponto de vista da plena realização, jamais existe uma expressão massiva na primeira via, de tal modo seletiva e árdua que é, não se prestando portanto a uma expressão realmente social, mas diretamente hierárquica. Destina-se a purificar uma raça e dar mostras da mudança de tempos através da geração de um novo consenso espiritual e da preparação para o surgimento um Avatar que o coroe. Está também por isto na base da via discipular.

Explicamos. Enquanto não existe uma ordem real no mundo, a via discipular tampouco pode ser tomada com sucesso, naquilo que diz respeito à plena realização do homem. Então a tendência é pelo aspecto menor da via crucis, que é o caminho da santidade. Mas, chegada a hora, este caminho é coroado pela iluminação de um Mestre, dando lugar com isto a uma Ordem organizada, à partir da autorrealização do próprio Mestre enquanto modelo e arquétipo divino-humano.

De fato, a própria chegada de um Mestre – no caso, um Avatar – deixa implícito que está praticamente terminado o tempo para a via crucis em qualquer grau que seja, sendo agora desejável a reorganização do mundo, porquanto uma síntese já foi realizada e necessita ser agora difundida para o Bem geral. Daí que absolutamente tudo se acha sempre centrado na presença da Hierarquia e sobretudo na figura do Avatar.

Dito de outra forma, a Busca do Graal interno deu já seus frutos maiores, transformando-se num Graal externo que deve ser igualmente procurado, encontrado e entronizado. Este último corresponde também à Via da Espada (o discipulado coroado), simbolizada por Excalibur, onde o portador da espada sagrada tinha alcançado a autorrealização pela via discipular.

Um dos sinais da existência deste Graal manifestado está precisamente na existência das Escolas Iniciáticas, as quais representam o serviço natural e necessário de um Mestre. Tais Escolas existem para servir de receptáculo à realização superior, com fins de preservar no mundo uma Ordem perfeita que sirva de sementeira para a geração de homens superiores. Quanto mais o mundo necessita de organização superior, mais importantes são estas Ordens e mais devem se difundir.

Em nossos dias a Busca pelo Graal se encontra já encerrada, para júbilo de todos, porque isto significa que uma Nova Ordem começa a ser implantada no mundo a partir da Hierarquia manifestada, com o que a verdadeira realização pode ser oferecida no caminho natural, que é o do discipulado, onde pode-se contar com a benéfica e poderosa influência dos Mestres, assim como a sua ciência e a sua sabedoria.

Vale lembrar que o termo "nova ordem" não sugere apenas a troca de uma ordem por outra, mas a restituição de uma Ordem real onde a rigor não existia nenhuma. As coisas podem ser organizadas mais ou menos aleatoriamente numa "certa ordem", mas isto não significa que obedeçam ao sentido exato do termo, que é o de organizar tudo de uma forma perfeita e segundo a posição ou a função real de cada coisa em cada lugar e momento. O estabelecimento de uma Ordem real dá lugar à realeza, que é a forma de organização que adquire a Hierarquia de Luz em período de manifestação e atuação ativa no mundo, dando lugar às Idades de Ouro da Civilização.

Todo aquele que empreende uma relação de cooperação com a Hierarquia nestes termos e momentos, está participando já de uma esfera de irradiação solar e integra em princípio uma nobreza, no sentido lato do termo, que é o de realizar uma existência a mais nobre possível, em função de se estar empreendendo a tarefa histórica mais exaltada e significativa de todas, através da construção ativa de um mundo superior. Apenas isto já dispõe carmicamente uma alma na própria esfera da Iniciação solar (3° grau), tamanhos são os méritos trazidos por esta espécie de trabalho. Quanto mais próximo ao centro (leia-se: ao Mestre) maiores serão as conquistas, quanto mais consciente o trabalho, melhores os resultados. (...) A conscientização da função histórica de uma Escola de Mistérios e da realidade histórica da Hierarquia está na base da Iniciação.





Luís A. Weber Salvi






Fonte: do livro "Alquimia Espiritual"
Fonte da Gravura: Tumblr.com