quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

LITERATURA MEDIÚNICA

Comecemos por uma premissa: não devemos aceitar nem rejeitar sistematicamente tudo quanto vem do alto.

A respeito de livros e mensagens do além, há duas posições que nos parecem muito sistemáticas, senão inconvenientes: há os que absolutamente repelem qualquer mensagem, qualquer trabalho mediúnico quando não conhecem o grupo, o ambiente onde a mensagem foi recebida; e há os que aceitam tudo, sem exame, sem crítica, apenas porque vem do alto. De um lado e do outro, há, evidentemente, exagero, porque é sempre necessário que prevaleça, antes de tudo, o bom senso. Não devemos aceitar como verdade tudo quanto nos dizem certos espíritos, ainda que o façam em boa forma literária.

O próprio Allan Kardec rejeitou muitas comunicações que não estavam de acordo com o bom senso e com os conhecimentos universais. Sem prejuízo desta orientação, que é mais lógica, mais aconselhável, não devemos repelir tudo imediatamente, sem exame.

Há ocasiões em que alguns trabalhos mediúnicos nos trazem palavras edificantes, palavras que confortam embora não possamos identificar o espírito comunicante. Tenho, por exemplo, em mãos, um livro mediúnico intitulado “Orai e Vigiai”, publicado há pouco nesta Capital. (...) Nele encontro uma comunicação em que a entidade comunicante, falando sobre a imortalidade da alma, diz: “A alma traz em si paixões e só depois de vencê-las é que começa a sentir a paz da imortalidade." Mais adiante afirma ainda: "Libertai a vossa alma de tudo que possa fazê-la padecer, porque se pensais que com a morte tudo acaba, é porque ainda não chegastes ao conhecimento da verdade."

Não há, evidentemente, originalidade nestes conceitos. Mas ninguém pode negar a exatidão do pensamento que estas palavras encerram para os que aceitam a imortalidade da alma. Não procuramos saber a identidade do espírito, mas concordamos com as ideias que ele defende. 

Queremos dizer com isto que na literatura mediúnica, embora haja muitas ideias que não podemos aceitar imediatamente, há muitos conceitos aceitáveis, muitas páginas que nos dão coragem, que nos reerguem espiritualmente. Não devemos, portanto, condenar tudo, apenas porque não conhecemos a fonte. Devemos ler tudo e raciocinar.




Deolindo Amorim


(Trechos de uma crônica lida no programa Seleções Espiritualistas, dirigido por Nélson Batista de Azevedo, da União dos Discípulos de Jesus, através da Rádio Guanabara, PRC-8, do Rio de Janeiro, nos anos 50.)




Fonte: do livro ANALISES ESPÍRITAS
(Livro compilado por Celso Martins, com plena concordância de Delta dos Santos Amorim e ajuda prestimosa de Enéas Pereira Dourado, Zilda Alvarenga e Yedda Macedo Sampaio)
FEB - FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA - Rio - RJ — Brasil
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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