segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O LIMITADO NÃO CONHECE O ILIMITADO

O limitado não pode compreender o ilimitado. E, como a consciência humana é limitada, não pode conhecer Deus, o ilimitado. Ou, mais exatamente, o homem não pode conhecer Deus enquanto permanecer fora d’Ele. Só O conhecerá quando entrar nessa imensidão, quando se fundir nela, confundindo-se com ela. Enquanto uma gota de água estiver separada do oceano, não pode conhecê-lo; mas, se ela voltar ao oceano, já não se pode separá-la dele, ela torna-se o oceano e, nesse momento, conhece-o. Direis vós: «Mas o homem está no universo, faz parte dele, não está separado desse ilimitado, desse infinito que é Deus.» Sim, mas ele não tem consciência disso. Em contrapartida, é em plena consciência que, muitas vezes, ele decide separar-se de Deus e depois declarar que Ele não existe. Portanto, se quisermos conhecer Deus, devemos, conscientemente, fundir-nos n’Ele, perder-nos n’Ele. Nós O conheceremos porque nos tornaremos Ele, seremos um com Ele.




Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O COCHEIRO

Já abordamos o fato de que a mente possui várias funções que atuam em diferentes planos e que quase sempre se apresentam opostas umas as outras. A maneira contraditória e desarmoniosa com que elas se comportam conduzem o indivíduo a conflitos internos que causam sofrimento, desgaste de sua energia e anulação de seus esforços. Aquele que deseja ser senhor de si mesmo buscará meios de domar esses cavalos selvagens para que sirvam ao seu objetivo.

Para fazer isso de maneira eficaz, tal pessoa precisa ter claro e bem definido tais objetivos, e se ele ousar e for capaz, que defina o Grande Objetivo ao qual dedicará a sua vida. Como pode o cocheiro direcionar os cavalos se ele próprio não sabe para onde ir? A primeira meta daquele que deseja ser senhor de si mesmo é descobrir quem é, e qual a sua relação com o ambiente e época em que vive.

Quem está perdido no deserto não deve gastar suas energias correndo de um lado para o outro contando com a sorte para achar um oásis. Ao invés disso deve estar consciente de sua direção – ainda que cercado de incerteza – enquanto caminha do ponto A ao ponto B. Mesmo que não chegue ao oásis terá aprendido mais sobre o deserto e poderá escolher a direção seguinte com mais propriedade. Avançando atento e consciente de suas escolhas, terá mais chances de encontrar o oásis de sua aspiração do que a pessoa que corre sem rumo pelo deserto da vida atrás de cada miragem que surge.

Existem vários métodos para isso, e a validade deles deve ser comprovada através da experiência direta. Quer você escolha praticar o misticismo de povos antigos ou fazer terapia psicanalítica, a verdade é inalcançável através do raciocínio lógico, emoção, idealismo ou sobrevivência isoladamente – pois nesse caso um dos cavalos comandaria a carruagem – mas apenas vivenciando tais inclinações com todas as partes de seu ser. Dessa forma um se realizará como soldado, outro como arquiteto, um ganhará a vida como artista, outro em um escritório. Ao se aperfeiçoar naquilo que traz realização, benefício e prazer, busque se refinar e aperfeiçoar até os limites de sua arte e ofício. Ao atingir esse limite, busque transcendê-lo e ampliá-lo. Dessa forma trará avanços não apenas para si e sua arte em particular, como para a humanidade como um todo.

Isso pode parecer complexo para o iniciante, portanto darei um exemplo prático. Há alguns anos um de meus discípulos me disse que pretendia se tornar capaz de erguer um pneu de trator que utilizávamos para treinamento funcional. Sugeri que ele refletisse no porquê dessa vontade, e nossa conversa foi mais ou menos a seguinte:

— Eu quero ser capaz de levantar aquele pneu.
— E por quê?
— Porque aí verei que estou forte.
— E por que quer ver que está forte?
— Porque saberei que meu treino está dando resultado.
— E por que quer que o treino dê resultados?
— Fará bem para minha auto-estima.

Em menos de um minuto percebemos que seu objetivo não era levantar o pneu, mas aumentar sua auto-estima, e para isso existem métodos muito mais eficazes que levantar um pneu. Em outros casos, descobre-se que os “porquês” por trás de nossos desejos são influência alheia – ainda que bem intencionada, como a de um pai que deseja um emprego estável para o filho. Vivemos em um mundo que te ensina que para você ser feliz e realizado precisa ter o emprego X, dirigir o carro Y, vestir as roupas Z, ter o telefone da moda, etc. Se você faz tudo que te mandam fazer e nada do que realmente quer, ainda que seja “bem-sucedido” se sentirá um fracassado.

O caminho na busca de sua Verdadeira Vontade raramente é fácil, mas para os vencedores há a justa recompensa.





Frater F. 418






Fonte do Texto e da Gravura: HADNU
https://www.hadnu.org
O Hadnu é uma comunidade ocultista focada em Thelema e Golden Dawn.