domingo, 16 de abril de 2017

PÁSCOA – AÇÃO DO SANGUE DE CRISTO NA TERRA E NO COSMOS


Cristo, uma entidade sagrada proveniente das mais elevadas regiões espirituais vincula todo o seu sagrado ser à Terra e nos momentos que antecedem a sua morte vai se esvaindo em sangue. Essa substância portadora de vida que foi sendo aprimorada em seu ser vai gotejando no solo e transmitindo à substância terrestre morta, mineralizada e sem nenhuma possibilidade de transformação, um novo impulso capaz de torná-la novamente espiritualizada, permitindo que os seres humanos possam continuar esse trabalho de transformação da matéria.

“Há, porém, ainda muitas outras coisas que Cristo realizou; e, se cada uma delas fosse escrita, cuido que nem o mundo todo poderia conter os livros que teriam sido escritos…” (João 21:25)

A festa da Páscoa e comemorada no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorre depois do Equinócio de Outono (ou de Primavera no Hemisfério Norte). É uma festa móvel; sem vínculo com um determinado dia do ano, e isso significa que não é uma festa totalmente terrestre. O fato dela estar relacionada com o Equinócio nos revela uma característica cósmica. Além disso, ela é comemorada no Domingo, e isso tem uma íntima relação com o Sol. A Páscoa é uma festa de natureza cósmica que dirige nossa consciência à mais elevada entidade que já viveu entre nós, o Cristo, intimamente ligado às forças Solares. Ao considerarmos a Páscoa segundo esse aspecto estaremos omitindo uma outra característica muito importante relacionada com essa festa que é a Lua, pois o Domingo de Páscoa ocorre após a Lua cheia.

O presente trabalho pretende estabelecer uma relação da Páscoa com a Lua, não apenas com a esfera lunar atual que tem relação com a Prata e com os processos de espelhamento e reflexão, mas também com a Antiga Lua cujo representante é o planeta Marte relacionado com o Ferro, com a vontade humana e com o sangue.

Ao cultivarmos em nossa vida interior o ambiente daquilo que acolhemos ao lermos as descrições da crucificação de Cristo, começa a surgir em nosso íntimo uma imagem que vai se tornando cada vez mais forte e viva à medida em que vamos contemplando esses sagrados acontecimentos dia após dia.

E a imagem que surge diante de nós é a de um ambiente de trevas e angústia. O Sol no alto do céu afogado por um eclipse criando um ambiente de sombras. Durante uma eclipse os animais ficam irritados, os cães latem, os pássaros gritam e voam de maneira agitada. Toda a atmosfera é preenchida por sons de medo e terror emitido pelos animais que percebem instintivamente a atmosfera tenebrosa do eclipse onde toda a paisagem parece estar morta. As cores mais vivas deixam de existir, predominando sons acinzentados e azulados. Uma atmosfera de tensão que precede algo terrível paira no ar.

Ao longe, três cruzes. Na do meio jaz uma entidade que está em vias de morrer. As palavras que ele emite reverberam na atmosfera e permanecem ecoando, gerando espaços e ambientes. Seu corpo parece emitir uma luz sagrada naquele ambiente de trevas.

A Terra consumida, acinzentada e totalmente opaca a tudo aquilo que vem do Cosmos se revela como algo compacto, material e morto. Ainda hoje, durante os eclipses a Terra se revela como algo totalmente material.

Nessa atmosfera de morte, trevas e angústia, gotas de sangue caem da cruz. E naquele momento em que o sangue de Cristo se encontra com aquele solo escuro e tenebroso, esse próprio solo começa a brilhar. À medida que o sangue de Cristo vai caindo, aquela terra antes tenebrosa e opaca vai se tornando luminosa e transparente.

Diante dessa imagem vai surgindo em nosso íntimo a seguinte pergunta: O que é esse sangue do Cristo, capaz de transformar o solo mineral e morto em uma entidade espiritual? Como esse sangue é capaz de espiritualizar toda a Terra? Existem tantos aspectos que poderiam ser mencionados em relação a esse sangue, mas gostaríamos de mencionar o aspecto de ver o sangue como uma espécie de ESPELHO.

Ao depositarmos Chumbo na superfície de um vidro iremos obter um espelho que reflete um mundo acinzentado, doentio e morto. Um espelho de Cobre reflete um ambiente avermelhado, como se tudo estivesse quente, pegando fogo. Os espelhos comuns, capazes de revelar o meio ambiente sem interferir na imagem refletida são feitos de Prata. Podemos considerar o sangue de Cristo como um espelho que além de refletir o mundo Espiritual na Terra, adiciona matizes de amor e devoção a esse reflexo, ou seja, é algo que HUMANIZA esse reflexo. Podemos encontrar uma referência bastante significativa em relação a isso na palestra de 31 de dezembro de 1911 proferida por Rudolf Steiner em Hannover (GA 134 – “O Mundo dos Sentidos e o Mundo do Espírito”).

Para podermos mencionar essa característica de espelho do sangue precisamos nos dirigir novamente aos primórdios da criação. Durante os primórdios da evolução em uma era descrita pela ciência Espiritual como Antigo Saturno, iremos encontrar seres muito elevados, denominados Tronos, oferecendo seu próprio ser que consiste em uma calorosidade criadora capaz de gerar mundos e seres. Entidades ligadas aos períodos de tempo e aos estilos das épocas, que denominados Arqueus acolhem essa calorosidade geradora de seres que paira no meio ambiente transformando-o em algo íntimo. O trabalho dos Arqueus de transformar a calorosidade criadora existente no meio ambiente em algo próprio e íntimo vai fazendo com que surja nessas entidades a experiência deles serem algo distinto do meio ambiente, ou seja, durante a evolução do Antigo Saturno os Arqueus vão adquirindo a consciência Eu pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do corpo físico humano, e nos primórdios da criação do ser humano nós servimos de espelho para que os Arqueus pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte, denominada Antigo Sol, elevados seres denominados Espíritos da Sabedoria contemplam o sacrifício dos Tronos. Para eles isso é algo tão maravilhoso que eles vertem todo o seu ser nessa contemplação gerando atmosferas de encontro, reverência e gratidão que fluem no antigo Sol. Os Arcanjos captam essa atmosfera viva preenchendo aquelas estruturas-calor que tinham sido formadas na evolução anterior. Os Arcanjos tornam íntima a atmosfera de reverência e admiração emanada pelos Espíritos da Sabedoria fazendo com que aquelas estruturas calor irradiem vida. Os Arcanjos ao verterem a substancialidade espiritual do meio ambiente nessas estruturas-calor, vão tornando íntimo, interno, aquilo que existe no meio ambiente. E à medida que eles vão realizando essa atividade, eles vão tendo a experiência de serem diferentes do meio ambiente, ou seja, os Arcanjos vão adquirindo a consciência EU pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do Corpo Etérico do ser humano que serviu de ESPELHO para que os Arcanjos pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte denominada Antiga Lua, os Espíritos do Movimento contemplaram os desvios que estavam ocorrendo na evolução, doando todo o seu Ser no restabelecimento de um equilíbrio dinâmico capaz de estabelecer um relacionamento entre aquilo que existe no Cosmos. E tudo começa a fluir. Os Anjos captam esse ambiente de fluidez dinâmica e dirigem sua atividade no sentido de dotar de movimento e mobilidade aquelas estruturas de calor-vida que estavam sendo formadas e que começaram a manifestar um movimento interno de fluidez e revelar um movimento externo. E à medida que os Anjos iam realizando essa atividade, eles iam tendo a experiência de serem uma entidade que difere do meio ambiente, ou seja, os Anjos ao se ESPELHAREM nessa estrutura que eles iam criando, iam adquirindo a consciência EU. Essa organização que eles iam criando e se espelhando constitui o germe de nosso Astral. Durante a antiga Lua o ser humano serviu de ESPELHO para que os Anjos fossem adquirindo sua consciência EU ou humana.

Se toda a evolução tivesse transcorrido em harmonia, no degrau evolutivo seguinte, que é a Terra atual, os Espíritos da Forma teriam emanado a única substância física que existiria no Cosmos, e teria sido aquilo que temos hoje como SANGUE. Esse sangue seria algo em estado disperso, dinamizado, e durante um período bem curto iria cristalizar-se em uma estrutura plana, em uma película análoga a um ESPELHO capaz de refletir o mundo espiritual à própria Terra. Esse sangue humano teria atingido o degrau mais elevado da evolução, e esse degrau é a forma como algo capaz de refletir na Terra aquilo que ocorre no mundo Espiritual, ou seja a FORMA como um ponto de passagem entre o Universo Criado e a Terra que seria transformada pelo ser humano.

Contemplemos uma escultura que é algo que tem uma FORMA. Essa obra de arte é o resultado de algo que começou com a vontade, o entusiasmo, com o QUERER CALOROSO em criar algo novo. Para concretizar essa vontade, o escultor concebeu, planejou e pensou essa obra, ou seja, a obra de arte passou pelo estágio da SABEDORIA. Depois da escultura ter sido pensada, ela será executada. Uma série de movimentos na argila, uma sucessão de formas em contínua transformação vão surgindo durante a elaboração da escultura. Essa obra de arte passou pelo estágio do Movimento e depois disso surgiu a FORMA definitiva. Resumindo, temos os seguintes estágios que culminaram com o surgimento da FORMA.


QUERER CALOROSO

Essa forma terminada é capaz de transmitir uma mobilidade interior, um MOVIMENTO interno. Ela nos revela um determinado estilo que é a ideia geral representada por uma série de esculturas do mesmo autor, ou seja, essa escultura nos mostra uma SABEDORIA que se revela como um estilo. Essa escultura também nos transmite uma força configurativa que nos transforma, agindo até as profundezas mais inconscientes de nosso ser, despertando em nós uma CALOROSIDADE como força moral. Temos então o seguinte:



A Forma é o ponto de passagem entre o mundo que foi tecido e configurado pela criação, pelo escultor, e o mundo recriado pelo ser humano, a escultura, é a EXPRESSÃO de toda a obra divina. O mundo IMPRESSO pelos deuses se ESPELHA através da FORMA em um mundo capaz de EXPRESSAR a obra divina.

Durante a evolução terrestre os Espíritos da Forma emanam algo que é a própria FORMA como um ponto de passagem entre o universo dado pelos Deuses e o Cosmos re-criado pelos seres humanos. E essa “substancialidade” da forma está relacionada com o sangue. O ser humano em estado totalmente espiritual acolheria em seu ser inspirações, intuições e imaginações provenientes do mundo divino. Nesse estado de acolhimento seu sangue estaria totalmente disperso, em estado imaterial, dinamizado. Durante um tempo muito curto esse sangue viria se materializar como uma fina película, como um espelho plano capaz de transmitir à Terra tudo aquilo que foi acolhido no mundo cósmico como imaginações, inspirações e intuições.

A medida que o ser humano ia transmitindo através de seu SANGUE que durante um curto período de tempo se condensava como uma superfície plana capaz de espelhar o mundo criado pelos seres Espirituais, o ser humano nesse momento da condensação do sangue tinha a experiência do Eu, de ser uma entidade distinta do meio ambiente.

O sangue em estado espiritual permitia que o ser humano acolhesse aquilo que foi realizado pela criação. O sangue ao se condensar permitia que aquilo que foi acolhido fosse plasmado na Terra. Nesse momento o ser humano se reconhecia como um Eu distinto do meio ambiente plasmando a Terra através de sua individualidade.

A ação de Lúcifer no sangue humano se realizou de maneira a impedir que ele se transformasse em um plano capaz de servir de ponto de passagem entre o mundo impresso pelos Deuses e o mundo expresso pelos homens. Esse espelho deixou de ser algo plano capaz de refletir com precisão, mas foi se dissolvendo, se liquefazendo e tornou-se algo ligado à própria interioridade humana. O sangue humano tornou-se dessa maneira uma entidade que reflete o mundo INTERNO transmitindo tudo isso à entidade humana. Dessa maneira o homem começou a sentir-se como um Eu distinto do meio ambiente, capaz apenas de ter vivências internas isoladas do Cosmos. A forma foi dissolvida, liquefeita e o sangue tornou- se algo capaz apenas de transmitir à nossa consciência um mundo de sentimentos, sensações e paixões provenientes de uma vida interior isolada do meio ambiente. A ação de Lúcifer é de impedir o surgimento da forma como ponto de transição entre dois universos deixando o ser humano estacionado em um degrau anterior que é o do movimento.

A ação de Arimã no sangue humano é o de impedir que ele transmita as intuições, inspirações e imaginações provenientes do mundo Espiritual à Terra, mas que essa forma seja apenas capaz de expressar as forças metabólicas do organismo humano relacionadas com os processos de degradação e digestão da matéria, e essas forças relacionadas com o número, peso e quantidade.

A evolução culminou no surgimento do ser humano que é a expressão de toda a atividade criadora. O metabolismo está relacionado com a perda da vitalidade da matéria que está sendo digerida e com a formação de substâncias próprias. O mundo espiritual ao gerar o metabolismo humano insuflou uma maravilhosa sabedoria ligada ao peso, número e quantidade e isso tem relação com a própria matéria que está sendo transformada nesses processos digestivos. Os processos de reprodução também fazem parte do metabolismo. A própria configuração dos ácidos nucleicos nos revela os maravilhosos ritmos criadores cósmicos congelados na estrutura química desses compostos que estão ligados à formação de substâncias. Os ácidos nucleicos permitem que a vida vá desaparecendo na substância. Além dos processos digestivos e reprodutivos, o sistema metabólico está ligado com o movimento e com os membros que são as estruturas capazes de promover a mobilidade humana. A energia obtida através dos processos metabólico-digestivos de cisão e quebra da substância viva é dirigida aos membros que se movem. Os processos metabólico-digestivos lidam internamente com a substância e esses processos ocorrem em nível praticamente inconsciente. Os processos de movimento dos membros nos permitem lidar com a matéria de maneira muito mais consciente.

Os seres Arimânicos têm como desejo apoderar-se da inteligência existente nos processos metabólicos de digestão, reprodução e membros. Em relação aos processos de degradação da substância os seres Arimânicos pretendem se apoderar das forças relacionadas com o número, peso e quantidade, e isso está ligado com as concepções materialistas que existem na ciência e na economia.

Em relação aos processos metabólicos, Árimã pretende dominar os processos de desvitalização e formação de substância física material. Isso está ligado com a manipulação dos genes para obter substâncias às custas da extinção da vida. Em relação aos membros, Arimã pretende se apoderar das forças e energias dirigidas à ação humana. Brinquedos infantis que exigem apenas o movimento de dois dedos para conseguir jogar constituem um exemplo da estagnação do movimento humano. Essas forças são dirigidas à própria tensão emocional existente no jogo, nutrindo esse mundo virtual com essas forças humanas.

Mencionamos que o sangue humano se revela como um ESPELHO, como uma forma capaz de ser o elo de transição entre o mundo DADO e o mundo CRIADO. A ação Luciférica transformou o ser humano em uma entidade fechada, excluída do Cosmos, e o sangue humano aprisionado na organização corpórea humana tornou-se líquido, vinculando-se à vida interior humana ligada com as sensações, emoções e paixões, e incapaz de configurar uma forma capaz de espelhar na Terra as forças criadoras divinas.

Cristo, uma entidade proveniente da mais elevada região celeste, da esfera da Trindade, em atitude de profundo amor pela criação desce até o mais baixo degrau da evolução, e durante três anos, entre o Batismo no Jordão e a morte na cruz vive como ser humano. Durante o primeiro ano Cristo redime o corpo Astral transformando-o em uma organização de Fé. No segundo ano Cristo redime o corpo Etérico transformando-o em uma organização de Amor, e no terceiro ano redime seu corpo Físico transformando-o em uma organização capaz de preencher todas as esperanças e aspirações que as entidades espirituais depositaram no ser humano. É natural que o SANGUE que fluiu em seu corpo tenha acompanhado tal transformação.

Cristo viveu em si inicialmente uma dor interna diante dos desvios ocorridos na evolução e do afastamento dos seres humanos das grandes virtudes aspiradas pelos criadores. Além da dor interna foi sendo adicionada a dor externa, inicialmente sua superfície corporal quando foi chicoteado, depois em suas partes mais profundas quando foi coroado com espinhos e em seguida uma dor ainda mais interna junto com uma profunda sede quando foi crucificado. E essa dor que foi se transformando em amor foi sendo acompanhada gradualmente por uma abertura de seu corpo. A princípio o chicote que fez sua superfície corporal sangrar, depois os espinhos que furaram o seu corpo até as partes mais internas e logo em seguida os pregos da cruz que atravessaram totalmente seu corpo. Depois de tudo isso uma lança perfurou seu coração.

Cristo, uma elevada entidade divina, totalmente pura e inocente viveu em si a dor da abertura corpórea. E essa dor transformada em Amor faz parte de seu sagrado Ser. E aquele sangue que estava fluindo de seus ferimentos também tinha como conteúdo a dor de estar sendo aberto, transformando-se em Amor. E isso foi sendo emanado aos seres humanos. E como se trata de uma entidade acima da 1ª Hierarquia, aquilo que ocorreu está ocorrendo e vai continuar a ocorrer. Essa dor de estar sendo aberto transformada em Amor e vertida aos homens através de seu Sangue permite que cada um de nós possa superar o isolamento criado por Lúcifer rompendo aquela carapaça que nos isola dos sagrados eventos da criação e da ligação com outros seres humanos, e também possibilitando que aquele mundo interior de paixões, fúria e cobiça possa ser aberto deixando entrar uma luz sábia e plena de calorosidade capaz de transformar aqueles sentimentos que foram gerados nas trevas em novas virtudes humanas.

Iremos examinar a seguir a superação do impulso Arimânico através do sangue de Cristo.

Uma elevada sabedoria criadora se consumou no surgimento do sistema metabólico humano. Árimã quer se apoderar dessa elevada inteligência que plasmou esse sistema voltando-se aos processos de reprodução, metabolismo alimentar e movimento dos membros. Em relação à reprodução Arimã dirige sua ação na transformação da vida em substâncias trazendo como conseqüência o enfraquecimento e a desvitalização dos seres vivos.

Cristo, uma entidade sagrada proveniente das mais elevadas regiões espirituais vincula todo o seu sagrado ser à Terra e nos momentos que antecedem a sua morte vai se esvaindo em sangue. Essa substância portadora de vida que foi sendo aprimorada em seu ser vai gotejando no solo e transmitindo à substância terrestre morta, mineralizada e sem nenhuma possibilidade de transformação, um novo impulso capaz de torná-la novamente espiritualizada, permitindo que os seres humanos possam continuar esse trabalho de transformação da matéria.

Os seres Arimânicos tentam usurpar a inteligência contida nos processos metabólico-digestivos intimamente ligados aos impulsos materializantes relacionados com o número, peso e quantidade. Esses seres pretendem emanar os três elementos em todas as atividades da vida. O SANGUE de Cristo supera esse impulso da seguinte maneira: Cristo ao abandonar as regiões mais elevadas do mundo espiritual vincula seu ser com a Terra e com os seres humanos. Durante sua vida transcorrida entre o batismo no Rio Jordão e a morte na cruz aquela entidade inocente e pura foi transformando seu corpo de maneira a não se tornar apenas aquele ser humano previsto e planejado pelos criadores totalmente livre das influências Luciféricas e Arimânicas, mas muito mais do que isso, uma entidade que transformou toda a dor cósmica e terrestre em um profundo Amor. E o sangue de Cristo, o representante da humanidade, se revela como aquela substância primordial planejada pelos seres criadores do Universo. Ao fluir de seus ferimentos esse sangue cai na Terra e como um ESPELHO transmite toda a beatitude celeste, todas as virtudes do mundo Espiritual à Terra. E não só isso: esse sangue não agiu apenas como um espelho, pois não era algo plano que se condensava e se dissolvia como tinha sido planejado pelos seres criadores, mas seu sangue líquido também era o portador de tudo aquilo que se passava em sua vida íntima. Todo aquele sofrimento transformado em Amor foi adicionado ao seu sangue. E todas essas virtudes também foram transmitidas à Terra e às substâncias materiais. Quando o sangue de Cristo estava gotejando, a Terra foi se tornando transparente e começou a reluzir. Todos os reinos da natureza receberam uma nova vida preenchida de um intenso Amor.

Ao lidarmos com uma substância estaremos trabalhando diretamente no próprio corpo de Cristo. Aquela materialidade morta, sombria e sem nenhuma possibilidade de transformação recebe através do sangue de Cristo uma nova possibilidade de ir se tornando não apenas algo novamente de natureza espiritual, mas essa matéria espiritualizada poderá ainda, continuar sua evolução denominada NOVO Júpiter.

Essa transubstanciação da matéria que acolheu em si as dádivas do sangue de Cristo não ocorre de maneira espontânea e automática, pois Cristo ao se vincular com a Terra e com os seres humanos fundiu todo o seu trabalho com a humanidade. Diante de tudo isso, o ser humano deixa de ser uma entidade passiva diante da evolução, mas vem se tornando um livre colaborador de todo o processo evolutivo. A matéria recebeu as forças de vida doadas pelo sangue de Cristo, mas nada poderá ser feito no sentido da espiritualização da Terra se o ser humano não participar ATIVAMENTE como um colaborador de todo esse processo evolutivo.

Através das forças de amor presentes no sangue de Cristo o ser humano poderá superar as influências Luciféricas tornando-se capaz de abrir-se para o Cosmos superando as dificuldades ligadas aos sentimentos, emoções e paixões e ao isolamento social. Através das forças de amor doadas através do sangue do Cristo a humanidade poderá vencer as tentações de Árimã ligadas à desvitalização e à formação de uma matéria morta e inerte, cuja imagem é o pão das pedras. Esse próprio sangue nos dá as Forças para podermos novamente vitalizar as substâncias que estavam mortas transformando a Terra no corpo de Cristo, e essa transubstanciação não é algo simplesmente dado por Cristo, essa entidade ao unir-se com a Terra e com a humanidade torna os seres humanos responsáveis pela continuidade desse trabalho.




Flavio E. Milanese




Fonte: Biblioteca Virtual da Antroposofia
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