terça-feira, 23 de outubro de 2012

A CABALA LURIÂNICA


Durante o séc. XVI um grupo de cabalistas viveu em Safed, na Galiléia. Durante algum tempo, o grupo teve como mentor o grande gênio místico Isaac Luria que, baseado nas imagens do Zohar, desenvolveu vários conceitos adicionais que tiveram um papel muito importante na teoria mística judaica.

Um deles é o conceito de TZIMTZUM (“contração”), segundo o qual, como Deus ocupa todos os espaços, Ele teve de contrair-se para ocupar uma parte mínima do seu infinito e abrir espaço para o universo criado. Como essa contração ocorreu igualmente de todos os lados, a forma resultante foi esférica A luz criadora divina introduziu-se nela em uma linha reta e dispôs-se tanto em círculos concêntricos como em uma estrutura unilinear chamada de “o Homem Primordial que precedeu todos os outros primordiais”. Por esse motivo, a forma de um círculo e de um homem são as duas direções nas quais todas as coisas criadas se desenvolvem.

Outro conceito surgido na cabala luriânica é o de SHEVIRAH HAKELIM (“quebra dos vasos”). Os vasos designados para as três Sefirôt superiores puderam conter a luz que irradiava para elas, mas a luz atingiu as próximas seis Sefirôt subitamente, e foi forte demais para ser contida nos vasos individuais. Um após o outro eles se quebraram, e os pedaços se espalharam e caíram. O vaso da última Sefirá, Realeza, também se quebrou, mas não tanto. Um pouco da luz que estivera contida nos vasos voltou à sua fonte, mas o resto foi arremessado para baixo, junto com os próprios vasos, e desses pedaços quebrados as KELIPÔT, as forças das trevas, tiveram força. Eles também são a origem de toda a matéria. A pressão irresistível da luz sobre os vasos também fez todos os mundos descerem do lugar que havia sido destinado a eles, por isso todo o sistema do mundo está em desacordo com a ordem e posição originalmente pretendidas.

Lúria ensinou que os efeitos lamentáveis da “quebra dos vasos” podem ser superados pelo processo de TIKUN (“restauração”). A força principal do Tikun é a luz irradiada pela testa do Homem Primordial para reorganizar a confusão que resultou da quebra dos vasos. Outras evoluções complicadas, nas quais o homem não pode tomar parte, resultaram em uma realização quase completa da restauração, mas ainda há um trabalho a ser feito, trabalho que apenas o homem pode fazer.

É dever do homem, através de atos religiosos e da contemplação mística, lutar contra e finalmente acabar com o exílio humano, e também com o exílio de SHECHINÁ (a Presença Divina) causado pela quebra dos vasos. O homem deve esforçar-se por reconduzir o mundo ao seu verdadeiro nível espiritual e atingir um estado permanente de comunhão entre todas as criaturas e Deus que as kelipôt, as partes externas malignas, serão incapazes de evitar.


Rabi Dr. Roy A. Rosenberg



Fonte: do livro "Guia Conciso do Judaísmo"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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