Perdemos energia principalmente por força de nosso diálogo interno que existe em oposição ao silêncio interior, “chashmal”. E porque não reconhecemos nossos padrões de energia, não reconhecemos nosso diálogo interno e perdemos energia. Só quando conseguirmos fazer a escuta de nossa energia é que conseguiremos nos utilizar da quantidade de energia disponível do nosso ser, pois só temos capacidade de produzir uma certa quantidade de energia.
O homem contemporâneo chega ao conhecimento cheio de vozes internas, cheio de certezas e repleto de conclusões fechadas acerca de si, formuladas principalmente por sua auto importância e história pessoal. Isto muitas vezes torna as coisas inegociáveis: o mestre pode jogar um conceito que pode ser entendido, negado, ou negado irremediavelmente. Você não tem condição de aprendizado se tiver milhões de vozes internas auto importantes e conclusões fechadas.
Para que o aprendizado aconteça deve haver uma quebra, uma ruptura, uma morte da personalidade. Nós temos rotinas exatas que pensamos que nos deixam seguros. A maior parte de nossas perguntas não são dúvidas legítimas: são jogos argumentativos para confirmar a nossa auto importância e história pessoal. São jogos de argumentação lógica para preservar os pontos de aglutinação. Para se ter dúvida tem que se ter critério, tem que haver escuta, anos de estudo, e como em geral não temos isto, só temos perguntas para afirmar nosso pontos de aglutinação: o sujeito grita para não se quebrar todo.
O contato com o “navi” (inspirado) produz uma grande inquietação, a vida ao lado de um “navi” é dura e difícil - ele tem um espírito duro e que cansa justamente porque ele está o tempo todo agredindo as tuas rotinas exatas, mesmo calado, e mesmo sem querer fazer isso.
Temos um contato precário e agressivo com a sabedoria, e o que é pior, achando que nossa opinião pessoal em relação ao que está sendo dito é a certa. Não temos detenção, espera, demora na sabedoria para se criar algum critério de julgamento. Não esperamos. Estamos sempre à espera de resultados rápidos para tudo na vida.
A sabedoria do silêncio é essa espera, mas toda nossa forma de existir é orquestrada e comandada por um pensamento público que exige velocidade para falar, para ouvir e principalmente para entender. Se você sai de uma aula sem entendê-la, você supõe que: ou a aula foi ruim, ou o mestre está falando besteira, ou que você é burro. Só o homem contemporâneo pensa desta forma. O homem antigo nunca poderia supor um sentido com sabedoria num primeiro contato. Não se entende que não entender é como funciona a sabedoria - começa-se a achar que há um problema com o curso, comigo, com a Tradição, e pior de tudo, sai-se emitindo critério sem ter absolutamente critério nenhum. Isso só reafirma o tamanho da auto importância perante si mesmo.
O mundo contemporâneo só nos preparou para o raso, e diante do profundo o ser se inquieta; não há nenhum problema – nem com o mestre nem com você - apenas o fato de você ser um estranho completo nas coisas profundas.
Rav Mario Meir
Fonte: Academia de Cabala
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Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal