quinta-feira, 9 de agosto de 2018

EM CONFIANÇA


Tudo o que possuímos além da nossa necessidade, na verdade, não nos pertence, mas nos é dado em confiança pelos outros.

Uma das realidades mais difíceis de encarar para aqueles com uma visão espiritual do mundo e com um conhecimento do Criador é: "Por que existem alguns que possuem muito mais do que outros?"

A realidade é que se todos os recursos do mundo fossem distribuídos igualmente entre os habitantes da Terra, muitos dos problemas que afligem nosso mundo não existiriam. Por que então não é assim? Por que o Criador não “distribui a riqueza” equitativamente?

Esta é uma questão muito complexa, com muitas possibilidades de resposta. Mas há um ensinamento que deve influenciar como tratamos aquilo que temos em excesso, além das nossas necessidades. Os cabalistas ensinam que cada um de nós merece receber aquilo de que necessita. Infelizmente, às vezes, por diferentes motivos – talvez uma ação negativa ou algo semelhante – bloqueamos o fluxo do Criador em nossa direção. Mesmo assim, o sustento vem. Ele é concedido a uma outra pessoa, que na realidade não o merece, mas supostamente o obtém em confiança. Ela deve guardá-lo e, eventualmente, devolvê-lo ao seu verdadeiro dono. Este é um ensinamento poderoso, com muitas ramificações e abordaremos uma delas.

Quando vemos ou sabemos sobre uma outra pessoa que esteja necessitada, devemos compartilhar com ela, não com a consciência de que lhe estamos dando aquilo que é nosso. Antes, devemos compreender que provavelmente estamos devolvendo este excesso a seu verdadeiro dono. À medida que continuamos a compartilhar com os outros desta forma, construímos para nós maiores canais para a abundância do Criador, que assim nos abençoa com um potencial contínuo de compartilhar infinitamente.



Rav Michael Berg




Fonte: Centro de Cabala
https://es.kabbalah.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 7 de agosto de 2018

O CAMINHO INDIVIDUAL E COLETIVO RUMO A MATURAÇÃO ESPIRITUAL


“Por quanto tempo você tem andado distraído pelo labirinto do autodesenvolvimento sem saber onde realmente se encontra?”

Assim caminhamos como humanidade: alguns na animalidade, estado mais primitivo da alma, mais identificados com os desejos e instintos, outros mais humanizados (mas ainda muito identificados com o ego) e outros mais espiritualizados (já mais identificados com o espírito).

Este é um caminho individual rumo a maturação espiritual, a qual todos estamos sujeitos, onde o tempo do processo se reflete unicamente no indivíduo e não está sujeito a nenhuma imposição externa, apenas pode ser influenciada, pois é um caminho interno de desenvolvimento.

Como uma infância, onde não podemos pular esta etapa, não podemos exigir ou impor uma atuação madura de um adulto. Cabe aos mais espiritualizados, se tornarem fontes de inspiração e atuar de forma a contribuir com este processo de desenvolvimento.

Porque o mesmo acontece com o processo coletivo, que seria a soma das consciências individuais que formam a humanidade… Podemos perceber em que etapa de maturidade está a humanidade olhando para a consciência das pessoas como um todo.

Quantas pessoas ainda estão totalmente dominadas pelos aspectos mais animalescos da alma? Identificados completamente com a matéria? Com os instintos e prazeres sensoriais? Com a mente coletiva?

Quantas pessoas estão na busca por aprovação e reconhecimento social, preocupados excessivamente com sua autoimagem e na busca incansável pelo relacionamento perfeito. Que possuem uma preocupação excessiva com a estética pessoal, como a febre de selfs e busca por likes nas redes sociais – quanto mais curtidas, melhor e mais importante eu me sinto. Que suas aspirações e seu foco são exclusivamente em coisas que satisfaçam o seu ego e seus desejos pessoais, principalmente conquistas de ordem material?

Quantas pessoas estão preocupadas realmente em se tornar melhores seres humanos, que buscam o autodesenvolvimento e têm uma preocupação genuína com os outros seres humanos e com o planeta, que buscam o equilíbrio entre a autorrealização e a atuação em prol do desenvolvimento coletivo?

 Onde você se encontra nesse labirinto?



Leonardo Maia




Fonte: Biblioteca da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/forum/o-caminho-individual-e-coletivo-rumo-a-maturacao-espiritual/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

DESAPEGO


Nas nossas ações deveríamos seguir o impulso verdadeiro e espontâneo que nos vem do alto e não obedecer aos motivos de ordem contingente, egoística restrita.

Devemos amar a vida, respeitá-la gozar as suas belezas e alegrias, permanecendo, porém, sempre desapegados internamente, sabendo que tudo é transitório, ilusório; esta vida é o reflexo de outra mais verdadeira e real.

Não devemos deixar de nos dedicar às criaturas, às formas, mas devemos dedicar tendo a consciência de que são invólucros da Vida Una, da Vida Divina e não por apego e pavor da morte.

Quanto à felicidade, mesmo sabendo que as alegrias da Terra são efêmeras e transitórias, devemos saber gozá-las como dons temporâneos, sem sermos tétricos, tristes e exageradamente sérios.

Devemos saber gozar um belo dia de sol, um jardim florido, um afeto sincero, a graça de uma criança, uma obra de arte, mas, com desapego, sabendo, em nosso coração, que a verdadeira alegria é outra, que a verdadeira felicidade e qualquer coisa diferente e inexprimível e que um dia nos será possível conhecê-la e prová-la.

Devemos ser alegres e serenos, permanecendo, entretanto, livres e desapegados interiormente.

Enquanto estivermos presos pelo turbilhão dos desejos, estaremos atados a uma infinidade de apegos, estaremos preocupados, agitados, irrequietos, infelizes, sem perceber o chamado da nossa Alma e sem podermos ser sensíveis ao seu contínuo e constante apelo.



Dra. Angela Maria La Sala Batà



Fonte: do livro "Do Eu Inferior ao Eu Superior"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal