quarta-feira, 1 de julho de 2015

PENSAMENTO - UM PROCESSO DE ESCOLHA

Se me permitem desviar por um momento, acho que é importante compreender o que significa ouvir para que então, talvez, o que é dito tenha um significado além das palavras. Parece-me que muito poucos de nós ouvem. Nós não sabemos como ouvir. Será que você já ouviu realmente seu filho, sua esposa ou marido, ou um pássaro? Será que já escutou sua mente quando ela vê o pôr do sol, ou se você leu um poema com atitude de ouvir? Se você souber como ouvir, esse próprio ouvir é uma ação onde o milagre da compreensão acontece. Se soubermos como ouvir o que está sendo dito, descobriremos se é falso ou verdadeiro. E o que é verdadeiro, não tem que ser aceito: é assim. Apenas quando há controvérsia entre o falso e o falso existe aceitação e rejeição, concordância e discordância. (Collected Works, Vol. XI, 352, Action)

Você compreende o que quero dizer com reação? Você me insulta, diz alguma coisa de que eu não gosto, e eu reajo; ou gosto do que você diz e, novamente, reajo. Mas não é possível ouvir o que o outro diz sem reagir? Certamente, se eu ouço para descobrir a verdade ou a falsidade do que você está dizendo, então desse ouvir, dessa percepção, há uma ação que não é reação. (Collected Works, Vol. XIII, 233, Action)

Então, o que estamos tentando fazer é perceber a totalidade da ação. Não existe ação sem a base do pensamento, existe? E pensamento é sempre escolha. Não aceitem isto simplesmente. Por favor, examinem, percebam. O pensamento é um processo de escolha. Sem pensamento você não pode escolher. No momento em que você escolhe, há uma decisão, e essa decisão cria seu próprio oposto – bom e mau, violência e não-violência. O homem que busca a não-violência por uma decisão cria uma contradição nele mesmo. O pensamento nasce, essencialmente, da escolha; eu escolho pensar de certo modo. Eu examino comunismo, socialismo, budismo; raciocino logicamente e decido pensar isto ou aquilo. Tal pensamento é baseado na memória, em meu condicionamento, em meu prazer, em meu gostar ou desgostar, e qualquer ação nascida de tal pensamento, inevitavelmente, criará contradição em mim mesmo e, consequentemente, no mundo; ela produzirá sofrimento, miséria, não apenas para mim, mas também para os outros. (Collected Works, Vol. XI, 164, Action)

O computador vai assumir todo o trabalho enfadonho do homem, no escritório e, também, politicamente; ele vai fazer todo o trabalho dos seres humanos nas fábricas. E, assim, o homem vai ter muito lazer. Esse é um fato. Você pode não vê-lo de imediato, mas está aí, chegando. Há uma tremenda onda, e você terá uma escolha a fazer: o que fará com seu tempo? Nós dissemos “escolha” – escolher entre várias formas de distração, entretenimento; em que estão incluídos todos os fenômenos religiosos – templos, missa, leitura de escrituras. Todas estas são formas de entretenimento! Por favor, não riam; o que estamos dizendo é muito sério. Você não tem tempo para rir quando a casa está pegando fogo. Nós apenas nos recusamos a pensar no que está, de fato, acontecendo. E você vai ter a escolha, isto ou aquilo? E quando a escolha está envolvida, há sempre conflito. Mas se você visse muito claramente dentro de si mesmo, como um ser humano pertencente à totalidade do mundo, não apenas a um pequeno país insignificante em alguma pequena divisão geográfica, ou divisão de classe, ou brâmane, ou não-brâmane, e todo o resto – se você visse esta questão claramente, então não haveria escolha. Assim, uma ação sem escolha não gera conflito. (Collected Works, Vol. XVI, 9, Action)





J. Krishnamurti







Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/