Pergunta:
Eu simplesmente não consigo entender porque o Espírito, que é
bem-aventurança sempre nova e sempre consciente, precisava da diversão
de uma criação imperfeita e ilusória. Quando voltarmos
para Deus, é impossível que Ele queira alguma outra coisa ou que
precise de algum outro tipo de diversão. O que Ele ganha com tudo isso?
Ele já tinha nosso perfeito amor, nossa perfeita bem-aventurança.
Desculpe a minha ignorância, mas tente fazer com que
a minha cabeça dura entenda isso, por favor.
Resposta:
Deus fez a Criação para compartilhar Sua Bem-aventurança. Ele não tinha
nosso perfeito amor e nossa perfeita bem-aventurança no céu, quando
primeiro nos criou e nos tentou com as tentações
materiais do mundo. Estamos fazendo o caminho de volta para aperfeiçoar
a arte, para poder oferecê-la voluntariamente a Deus, porque Ele não
vai Se impor a nós. Compreensivelmente, esta é uma das perguntas mais
comuns em satsangas. Por que a Criacão? Por que
o sofrimento? Num dos templos, recebi basicamente a mesma pergunta. Um
devoto escreveu: “Já que estou entalado no filme de maya, onde posso
achar a pipoca e as balinhas?” Nós todos sabemos que há um número
infinito de acontecimentos na vida que nos fazem querer
saber o porquê. Por que Deus criou? Por que o sofrimento tem que ser
uma parte tão fortemente incluída no caminho evolutivo da alma em
direção a Deus?
Guruji (*)
costumava ter discussões muito acaloradas com a Mãe Divina sobre este
assunto. Na palestra que aparece em “A eterna busca do homem” ou no
“Divine Romance”, ele diz: “A Criação é problema
de Deus. Mas eu Lhe digo sempre: ‘Por que o Senhor tem este hobby? Por
que nos dá tantos problemas?’ É um mundo realmente engraçado! Mas o
resultado de nossos erros não nos parece tão engraçado. É por isso que
brigo com Deus e O repreendo: ‘Por que criaste
todas as terríveis tentações que fazem Teus filhos caírem? Por que as
fizeste tão agradáveis?’ O Senhor responde: ‘Fiz você à minha imagem.
Você tem que se comportar como eu.’ Guruji não desiste: ‘Mas Senhor,
eles não sabem que são feitos à Tua imagem.’ Resposta
de Deus: ‘Bem, meus santos estão tentando dizer isso a todos. Não vou
obrigar ninguém a ser bom.’ Mesmo assim, o mestre não desistia: ‘Por que
nos colocaste nesta confusão? TU nunca estiveste neste pântano de
ilusão. Por que nos colocaste aqui?’ E é aqui que
o Senhor sorri e responde: ‘Assim é e assim tem que ser.’”
Fim da
discussão! Não é muito satisfatório para o intelecto, mas assim É!
Todos os santos e avatares dizem que algumas perguntas só serão
respondidas no outro lado... no além. Elas podem ser respondidas
através da sabedoria e da intuição da alma, mas não pelas palavras. Não
podem ser entendidas pelo intelecto. Por mais poderosa que seja, maya é
finita e o finito não consegue conter o infinito. Esta é uma das
razões, por exemplo, de Cristo não ter respondido
a Pôncius Pilatos quando este lhe perguntou o que era a verdade. Jesus
manteve silêncio. Guruji explicou que a Verdade não é uma discussão
interminável. A Verdade é a Verdade. Tem que ser compreendida pela
intuição e não pelo intelecto.
Nada do
que eu disser responderá totalmente a esta pergunta. Nada do que Guruji
já disse nos satisfará como resposta desta questão. A resposta tem que
vir de dentro – realização intuitiva. Nesse
meio tempo, precisamos ter fé nas razões divinas, em Deus e em Sua
atitude quanto ao porque da Criação, até entendermos intuitivamente. A
fé é a ponte entre a compreensão intelectual e a realização intuitiva.
Um
estudante universitário estava fazendo as provas de antes dos feriados
de Natal. Numa prova havia uma questão da qual ele não tinha a menor
ideia da resposta. Então escreveu um bilhetinho para
o professor: “Só Deus sabe a resposta desta questão. Feliz Natal!”
Quando acabaram os feriados e o professor devolveu as provas, o aluno
notou que ao lado de seu bilhetinho, o professor tinha escrito em
vermelho: “Deus tirou 10. Você tirou 0. Feliz Ano Novo!”
Continuaremos a tirar 0 e a sofrer o tempo todo, enquanto tentarmos
entender o porquê da Criação só pelo intelecto.
Vejamos
algumas razões que podem ajudar a entender o porquê da Criação. Parte
disto é a dualidade, e Guruji nos diz que sem experimentar o oposto não
podemos compreender nem apreciar plenamente
a bem-aventurança de Deus, o infinito de paz e alegria.
Um autor
desconhecido escreveu um texto com o título: “Você não entende”: “Você
não entende a alegria enquanto não enfrentar a tristeza. A fé...
enquanto ela não for testada. A paz... enquanto
não lidar com o conflito. A confiança... enquanto não for traído. O
amor… enquanto não o perder. A esperança… enquanto não lidar com as
dúvidas.” Há uma certa verdade nessas palavras e aqui temos parte da
resposta ao porquê Deus fez a Criação.
Outro
autor diz isso de modo bem artístico, mencionando a natureza. Ele deve
ter vivido numa região fria, onde havia neve. Sabemos como pode ser
bonito quando chega a primavera nessas regiões,
mas a transição de inverno para primavera nem sempre é bonita. Ele
escreveu: “Antes da primavera ser linda é tudo feio; só sujeira e lama.
Eu adoro o fato de que a palavra ‘humus’ – a matéria vegetal decomposta
que alimenta as plantas – tem a mesma raiz que
a palavra ‘humildade’. Isso me ajuda a entender que os acontecimentos
humilhantes da vida, que jogam ‘lama’ em meu rosto ou que deixam meu
nome ‘sujo’, podem criar o solo fértil onde algo novo crescerá.”
É
verdade que as humilhações podem causar acontecimentos dolorosos na vida
e que os testes e provas criam um solo fértil para o florescimento de
nossa realização espiritual. Esta dualidade é mencionada
em todas as Escrituras. Em Salmos, lemos: “O pranto pode durar uma
noite, mas a alegria vem pela manhã.” Quando realmente refletimos sobre
nossa vida de modo sincero, percebemos que em geral o progresso
espiritual não ocorre em nossa zona de conforto. Percebemos
que a dor e o sofrimento, inerentes à vida na Terra, é o que mais nos
impulsiona a tomar uma atitude. Por quê? Qual é o propósito da vida?
Procurar o sentido mais profundo na vida.
Depois
de assistir ao noticiário da Primeira Guerra e ficar muito comovido,
Guruji perguntou à Mãe Divina “por quê?” “Por que permites tanto
sofrimento?” Na visão em que a Mãe Divina apareceu,
ela lhe disse: “A dor é o cutucão da lembrança.” Percebemos que o
sofrimento nos dá o estímulo de buscar a Deus.
É como
andar de bicicleta – na descida, não precisamos fazer esforço nenhum e
curtimos aquilo, mas quando há uma subida pela frente temos que pedalar,
temos que nos esforçar muito. É a mesma coisa
na vida. Quando as coisas vão bem, a gente para de pedalar. Curtimos
aquilo, tudo bem. De tempos em tempos precisamos relaxar, mas, quando
queremos subir a montanha enfrentamos testes, provas e dificuldades.
Então que pedalamos com força. É a mesma coisa quando
vamos atrás do propósito da vida – a realização divina.
Depois
de 1 ano de treinamento, um marinheiro recebeu o primeiro trabalho num
destróier da Marinha. Ele servia na sala das máquinas e uma de suas
funções era abrir e fechar várias válvulas em determinados
momentos, todos os dias. Um dia, ele foi abrir uma válvula parecida com
o volante de um carro. Tentou e tentou, mas não conseguiu abrir a
válvula. Então foi falar com o supervisor, seu oficial de comando, que
lhe disse para voltar e continuar tentando. O oficial
também disse que mandaria o Minúsculo para ajudá-lo lá embaixo. O
marinheiro conta: “Logo apareceu o maior marinheiro que já vi, que se
inclinou perto de mim, onde estava a válvula – eu sorri, sabendo que ele
daria conta do recado. Mas em vez de mexer na válvula,
Minúsculo apontou para ela e gritou: ‘Abra esta válvula imediatamente!’
Consegui abrir na mesma hora.”
Para
tentar entender a questão da Criação e do sofrimento, Guruji nos
incentiva em praticamente todas as palestras – seja dieta, saúde,
meditação, devoção – seja o que for. Ele sempre ressalta
a perspectiva cósmica. Um aspecto disso é que temos um corpo e uma
mente mas somos a alma, e a alma é como diz Krishna: “Nenhuma arma pode
perfurar a alma; nenhum fogo queimá-la, nenhuma água molhá-la e nenhum
vento secá-la.” A alma não é tocada por nada do
que acontece no mundo.
Precisamos
pegar essas verdades e fazer delas uma realidade prática e viva. Elas
não são só uma filosofia, e sim algo que devemos aplicar diariamente na
vida e na tomada de decisões.
Outro
aspecto da perspectiva cósmica é o aspecto de filme cósmico da Criação, é
o sonho divino. Em “The Divine Romance” Guruji diz, em uma das
palestras: “Quanto mais vejo a vida, mais percebo
que é um sonho. Encontrei a maior segurança na filosofia que lhes
entrego agora. O mundo é um lugar de sonhos e todos estão sonhando aqui.
Esta vida não é real; vocês choram e riem na maior ilusão – não vale a
pena chorar por isso. Dar realidade às experiências
terrenas é atrair sofrimentos inenarráveis. Se identificamos nossa
consciência com o mundo, nós o vemos como um lugar de sofrimento. E o
que nos libertará do sofrimento? O dinheiro? Nada material conseguirá
nos libertar. Conhecer Deus e perceber que estamos
unidos a Ele para sempre é o único caminho para a liberdade. Lembrem
sempre disso. Deus seria realmente muito cruel se o mundo fosse real.
Mas Ele sabe que depois de passarmos pelo forno do sofrimento e da morte
um número suficiente de vezes, despertaremos
e venceremos a ilusão: perceberemos que a Terra é um sonho Dele e não
reencarnaremos mais.”
Como a
alma é feita à imagem de Deus, ela possui poder Infinito para vencer e
triunfar em todos os testes, provas e dificuldades da vida. É importante
pegar a perspectiva cósmica e perceber....
nós não sentimos... e afirmar que realmente temos o poder, a força e os
recursos para vencer todos os testes e provas. Infelizmente, cedo ou
tarde nós todos sentiremos o mesmo que Madre Teresa de Calcutá, que
disse: “Eu sei que Deus não vai me dar um fardo
maior do que eu posso carregar. Mas eu gostaria que Ele não confiasse
tanto em mim.”
Os
testes e o sofrimentos da vida parecem tão reais... e parecem não
terminar nunca. Isso também “desaparecerá como se nunca houvesse
existido”, quando a luz da autorrealização brilhar em nossa
consciência. Enquanto isso não acontecer, embora este seja um caminho
baseado na experiência, temos que confiar na fé para nos ajudar a manter
a paz, a felicidade e a sanidade enquanto caminhamos pela vida. Os
santos e avatares nos dão a perspectiva cósmica
inúmeras vezes. Só que esquecemos disso com facilidade. Mas até Guruji,
que era um avatar, disse que, mesmo nesta era inferior, a Mãe Divina
está tentando enviar esta mensagem através de muitos canais.
Vou
contar algumas histórias interessantes de pessoas que tiveram
experiências de quase-morte. Elas morreram clinicamente e foram
ressuscitadas, mas tiveram um vislumbre do mundo astral. Trouxeram
de volta experiências que corroboram tudo que Guruji diz – que
corroboram a perspectiva cósmica.
Primeiro,
Guruji diz: “É na bigorna desta grosseira Terra que forjamos a
salvação.” Nós progredimos no mundo astral, mas lá é mais um lugar de
descanso depois de uma vida física exaustiva. É na
Terra que fazemos o maior progresso espiritual. Aqui levantamos os
pesos pesados no que diz respeito à realização em Deus. Não são só os
desejos que nos fazem voltar. Queremos ser livres, e depois do descanso
no mundo astral percebemos que queremos voltar
para aprender lições e queimar karma, para progredir e livrar a alma da
ilusão.
Outra
analogia usada por Guruji para descrever a vida no mundo é que aqui é
uma escola. A gente vem e aprende lições... faz provas... aprende
lições... faz provas... até que nos formamos e, como
diz Guruji, não encarnamos mais. Mas até isso acontecer, é como em
nossa época na escola – éramos bons em algumas matérias e o mesmo ocorre
aqui. Não somos só vítimas. Escolhemos certos cursos e certas provas
para queimar karma, para aprender lições, para
progredir e para libertar a alma da ilusão.
Uma
mulher teve uma experiência de quase morte que lhe deu um vislumbre da
perspectiva cósmica. Ela escreveu: “Para minha surpresa, vi que a
maioria de nós escolhe as doenças que vai ter e a doença
que vai terminar com a vida de alguns. Às vezes a cura não vem logo ou
nem vem, porque temos que crescer com isso. Todas as experiências são
para nosso bem, e às vezes precisamos do que chamaríamos de experiências
negativas para desenvolver nossa alma. No
mundo astral estávamos muito desejosos, até ansiosos, para aceitar
todos os males, doenças e acidentes que fossem necessários aqui para
nosso aperfeiçoamento espiritual. Compreendi que a experiência terrena
dura só um momento, só uma fração de segundo da consciência
do mundo astral e que estamos muito desejosos de passar por ela.”
São
verdades, pensamentos e princípios que devemos e podemos aplicar,
tornando-os uma realidade viva e muito prática, que nos ajude a
processar a dor e o sofrimento da vida, até termos a percepção
intuitiva que responde a todas as perguntas do porquê da Criação.
Guruji
diz em uma palestra: “Nosso propósito na vida é conhecer o significado
do universo. É só um sonho de Deus, só um grande filme dramático ou uma
comédia e depois acaba e é esquecido. Assim
é a vida. Parece tão real e tão permanente, mas logo acaba. Todos os
problemas e lutas serão esquecidos quando você sair do mundo para o
mundo melhor do além. Não leve a vida muito a sério. Olhe por trás do
drama e veja o Mestre do Universo, o autor da peça
onírica.” Quando ouvimos o conceito de que a vida é um sonho pela
primeira vez, e durante muitos anos, ele nos parece muito estranho. Como
torná-lo uma realidade prática na vida?
Um jovem
que cresceu no Oeste dos EUA teve uma experiência de quase morte. Em “A
Ciência Sagrada”, Sri Yukteswar diz que quando atingimos o estágio de
kshatryia ou aspirante espiritual, precisamos
da ajuda de outras pessoas e é isso que estamos fazendo aqui – almas
ajudando almas. Não termina aqui. Continua no mundo astral. E o jovem
teve um vislumbre do mundo astral. Depois ele foi entrevistado para
falar sobre a experiência e um dos aspectos que viu
era um grupo de apoio espiritual. Ele contou ao entrevistador que o
humor era usado como um recurso franco para ajudar no progresso de
todos. Contou que eles brincavam entre si sobre o dramalhão que fazemos
aqui embaixo na Terra e como levávamos a vida a sério.
O entrevistador perguntou: “Você e seus amigos não achavam importante
levar a vida a sério na Terra?” O jovem respondeu: “Não me interprete
mal. Temos que desempenhar nosso papel, contribuir e aprender lições,
mas veja, a Terra é uma peça de 1 ato! Todos sabíamos
disso.” O entrevistador disse: “Isto era uma unanimidade no grupo?” O
jovem respondeu: “Com certeza! Nós nos vimos como atores numa gigantesca
produção.”
Então:
podemos usar este conceito, mas não devemos ser indiferentes,
irresponsáveis ou não práticos por isso. Mas ele pode nos ajudar a
processar a ilusão até termos a percepção intuitiva de tudo.
Por que é assim? Guruji disse que todos os santos dizem que
descobriremos que os maiores testes são os maiores professores, mas que
isso pode ser difícil de aceitar.
Um ateu
que não acreditava em Deus e não tinha fé nem respeito pelo próximo
logicamente estava repleto de medos. Ele escreveu descrevendo sua
experiência de quase morte: “Fui para o outro lado
com muitos medos a respeito de resíduos tóxicos, mísseis nucleares,
explosão demográfica e desmatamento da floresta tropical. Retornei com
amor por todos os problemas. Eu adoro resíduos nucleares. Adoro a nuvem
que é um cogumelo. Mais do que qualquer religião
ou filosofia na Terra, é isso que nos uniu de repente e nos levou a um
novo nível de consciência.” O que ele diz é verdade. Nesta era inferior, a
religião divide mais do que une. Em nome da religião, criaram as
Cruzadas. O terrorismo moderno é praticado em
nome da religião. Por exemplo: uma coisa tão trágica como a bomba
nuclear da Segunda Guerra fez muitas pessoas no mundo dizerem: “Nossa! É
melhor a gente aprender a conviver. A bomba nos levou a um estado de
consciência mais elevado.” Sim, é verdade que todas
as experiências vêm para nosso bem maior, para nos levar a um estado de
consciência mais elevado, mesmo nessas terríveis tragédias.
Na
perspectiva cósmica, é importante perceber os apegos da alma. As pessoas
têm experiências de quase morte por causa de acidentes horríveis,
durante cirurgias, nas guerras e assim por diante.
Exceto quando a pessoa é muito materialista, isto é, profundamente
apegada ao mundo, em geral ela sente muita paz, alegria, beleza e
bem-aventurança - indescritíveis - assim que se vê livre do corpo.
Independentemente da doença que as pessoas tenham,
ficam curadas. Se sofreram durante anos por causa de uma doença, ficam
curadas. Se eram cegas, ficam curadas. Sentem mais paz. Sentem-se mais
vivas do que nunca e quase todas dizem o mesmo – que aqui não é a nossa
casa, mas que lá se sentiram em casa. Finalmente
estavam em casa.
Mas
ainda não estão em casa! Estão mais perto, mas ainda não chegaram em
casa. Não se lamentam. Não se queixam: “Oh, só me livrei do corpo.”
Sentem-se mais vivas do que nunca. Sentem paz, uma bem-aventurança
imensa e indescritível – não sofrem porque perderam o corpo. Isso é para
nos ajudar a não sofrer indevidamente quando alguém perde a vida,
porque a pessoa fica imediatamente consciente da alma e pode desfrutar
de paz, alegria, bem-aventurança e felicidade muito
maiores do que é possível no mundo.
Sri Daya
Mata descreve sua experiência de quase morte no livro “Só o Amor” ou em
“Finding the Joy Within”. Ela conta que recebeu permissão de Guruji e
foi hospitalizada para uma cirurgia de emergência.
Mesmo anestesiada, soube intuitivamente que o médico estava fazendo a
operação errada. Ela deve ter morrido clinicamente, porque teve a
experiência com a mãe Divina. Sua experiência foi tão linda que ela
conta que até as coisas mais lindas que vemos na Terra
são grosseiras, se comparadas ao mundo astral. O que as pessoas
vivenciam quando morrem é a liberdade da ilusão do corpo. Elas se
desligam do corpo - e temos que praticar o mesmo desligamento,
desenvolvendo o processo do não envolvimento com ele.
A última
história é sobre um rapaz de 16 anos que jogava beisebol no time da
escola. No time adversário havia um garoto enorme, que pesava uns 120
quilos. Na sequência do jogo, o rapaz corre para
tentar apanhar a bola com a luva, mas colide com o garoto de 120
quilos, quebra o pescoço e morre. Ele escreve: “Antes que eu me desse
conta, o mundo que conhecia havia desaparecido.” Ele percebeu que não
estava mais no corpo, mas que estava muito vivo. “Percebi
que não estava no corpo físico. Não senti dor, nem desconforto. Eu me
senti totalmente em paz comigo mesmo. Estava parado atrás do treinador e
do pai de um colega do time. Os dois estavam ajoelhados ao lado de meu
corpo, bem onde eu tinha caído. A primeira
coisa que fiz foi checar se a bola estava na minha luva.”
É bem
típico de um homem! Ele acaba de morrer e perceber que não é o corpo.
Está experimentando a maior paz e a maior felicidade que já teve. Não
está exatamente se queixando dessas coisas, mas
a primeira coisa que faz é checar se realmente conseguiu pegar a bola!
Este é o apego que a alma tem depois de muitos anos no corpo. Podemos
usar esta verdade para nos ajudar a processar as aparentes crueldades e
injustiças da vida, até termos a percepção
intuitiva que responde a todas as perguntas.
É bom
tentar entender isso intelectualmente, mas não só pelo intelecto. Guruji
falou disso: “Tentar entender isso pelo intelecto só aumenta a dúvida.
Você não conseguirá compreender as leis de
Deus enquanto não for Um com Ele. Não perca tempo tentando entender
isso pela abordagem intelectual. Se você está lendo um livro em que o
herói é maltratado e o vilão está ganhando e cada novo capítulo parece
contradizer o anterior, ficará zangado e frustrado
com o autor do livro. Mas quando lê o último capítulo, você fica
satisfeito e pensa 'que livro maravilhoso, que história complexa!' Não
tente saber a resposta dessas verdades. Deus é o romancista mestre e Sua
Criação é maravilhosa por ser tão complexa. Não
tente saber sozinho a resposta do mistério. Você se perderá. Quando
encontrar Deus, Ele lhe dará, no ultimo capítulo, a resposta de tudo que
quer saber. E quando ouvir as respostas, você não conseguirá questionar
a sabedoria divina. Isso eu sei!”
Ritananda
Tradução de Lívia Mazzocato das notas feitas por devotos americanos, da Convocação de 2012
Fonte: Satsanga - perguntas e respostas - Bro. Ritananda
Quarta-feira, 1 de agosto de 2012 – 16:30h
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/um_guru_imortal
http://www.yogananda.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
(*) Paramahansa Yogananda