quinta-feira, 13 de abril de 2023

PRESSÃO ARTERIAL - FUGA DOS CONFLITOS QUE ENVOLVEM A AFETIVIDADE


É a pressão exercida nas paredes arteriais pela onda sanguínea. A pressão arterial é calculada de acordo com a intensidade dos batimentos cardíacos e a elasticidade das paredes vasculares. Caso as paredes arteriais apresentem maior resistência à passagem do sangue, a pressão é alta (hipertensão); já, se houver a diminuição da resistência vascular, o quadro é de pressão baixa (hipotensão).

No âmbito metafísico, a pressão alta ou baixa é provocada da mesma atitude interior: fuga dos problemas de ordem afetiva.

A razão de serem conflitos ligados à afetividade deve-se ao fato de tratar-se de situações mais difíceis de resolver. Um problema relacionado aos amigos, à sociedade, ou mesmo a uma dificuldade no trabalho não é fácil de solucionar; no entanto, uma situação complicada em família é muito pior de encarar e resolver. A cumplicidade existente entre as pessoas ligadas afetivamente dificulta manter uma atitude frente aos entes queridos.

Por exemplo, se você trabalha com uma pessoa acomodada, imediatamente toma as providências cabíveis; formula uma queixa ou mesmo providencia a substituição por outro profissional. Se tem alguém chato e impertinente no grupo de amigos, não é difícil cortar a amizade. Porém, se a pessoa inconveniente está dentro de sua própria casa e for alguém por quem você nutre profundo sentimento, é complicado tomar uma atitude mais drástica.

As pessoas propensas a frequentes variações de pressão arterial, quando se deparam com os conflitos da convivência, buscam subterfúgios para não encarar os problemas familiares. Elas não se propõem a resolver definitivamente aquilo que está incomodando no outro e gerando profundo desconforto para si.

Os mecanismos de fuga são os mais variados possíveis. No entanto, existem dois comportamentos básicos que determinam a somatização em forma de pressão alta ou baixa; são eles: entregar-se excessivamente ao trabalho, assumindo uma sobrecarta de atividades para não ter tempo de se dedicar aos problemas que se tem em casa; essa postura é característica das pessoas que sofrem de pressão alta. Ou adotar uma atitude oposta, negar, sequer pensar naquilo que não está bem. Tentar esquecer os episódios desagradáveis, inconscientizando os fatos ruins da convivência com os entes queridos; esse comportamento é típico das pessoas acometidas pela pressão baixa.

Em ambos os casos existe uma grande resistência em encarar os fatos, bem como tomar as medidas cabíveis para resolver as complicações afetivas.

Essas atitudes, além de serem nocivas para o corpo, também causam prejuízos aos laços afetivos. Pois as situações mal resolvidas vão se agravando, até chegar ao ponto de ofuscarem o sentimento.

Chega uma hora que o amor fica tão desgastado pelas picuinhas da convivência que surge o desafeto.

Pode-se dizer que tudo aquilo que se tentou evitar, acabou acontecendo. Inicialmente, a pessoa não agia da maneira devida, para não descontentar os outros nem comprometer os laços afetivos. Fugia para não encarar as divergências e acabou gerando uma sobrecarga de desconforto que tornou insustentável a convivência.

Por isso, se você quer manter sua relação cada vez melhor e mais intensa, é indispensável que tome os procedimentos devidos para manter a harmonia da convivência.

Lembre-se, o que é tolerável hoje pode se tornar insuportável amanhã. As divergências devem ser resolvidas com diálogos e atitudes; não com fuga e negação. É preciso admitir que existem algumas situações para serem aprimoradas em você mesmo ou nos outros. Mantenha o firme propósito de fazer tudo o que for possível para alterar o desconforto que compromete a harmonia e ameaça a convivência.

Essa atitude, metafisicamente, é fundamental para resgatar a estabilidade da pressão arterial, bem como manter os laços afetivos.

Existem pessoas que sofrem de variação da pressão; ora estão com a pressão baixa, ora com a pressão elevada. Isso é decorrente da alteração da conduta dos indivíduos; às vezes eles negam o que está se passando e desejam esquecer; num outro momento, dedicam-se excessivamente aos afazeres ou se entregam às preocupações.

Para compreender melhor esses aspectos metafísicos da pressão arterial, vejamos a seguir cada caso, isoladamente.


PRESSÃO ALTA
Fuga através da preocupação ou dedicação excessiva aos afazeres.

No âmbito metafísico, as pessoas que sofrem de elevação na pressão arterial geralmente vivem cercadas de problemas. Para fugir ao desconforto provocado pelas situações mal resolvidas, apelam para o trabalho, assumindo uma sobrecarga de atividades.

Quando não existe essa possibilidade, ou seja, não têm o que fazer, elas começam a se preocupar com os problemas dos outros. Querem encontrar soluções para os conflitos alheios, deixando de lado suas próprias dificuldades.

Vale lembrar que a solução de qualquer problema está dentro da própria situação, nunca fora dela. Portanto, não adianta mobilizar-se para o mundo lá fora achando que as coisas ruins no seu meio vão desaparecer.

Não encarar de frente os problemas faz com que permaneçamos cercados por eles e distantes das soluções.

As soluções começam a surgir na medida em que vamos desvendando o emaranhado que nos cerca. Conforme vamos conhecendo a real problemática, começam a surgir ideias e alternativas para melhorar a situação.

Focar a atenção para as complicações aumenta a chance de solucionar aquilo que nos aflige. Somente assim fortalecemos nossas bases emocionais. Estar bem interiormente é fundamental para sermos bem-sucedidos, realizados e felizes.

Distorcer o foco de atuação é viver em função do trabalho ou preocupado com os problemas dos outros. Essa conduta só adia os problemas e não resolve absolutamente nada daquilo que nos aflige. Cedo ou tarde teremos que encarar nossos próprios conflitos. Não adianta protelar; é necessário atuar naquilo que não está em harmonia no ambiente.

Pare de viver em função dos outros ou excessivamente preocupado com o trabalho; isso não acrescenta muito para o seu mundo pessoal, só agrava as pendências que existem no seu meio.

Assuma sua própria vida e dedique-se àquilo que o incomoda; somente assim você estará mobilizando seu potencial em benefício da sua própria felicidade.

Não tente sufocar o profundo desconforto causado pelas complicações do ambiente. A aparente frieza e indiferença às questões afetivas ou familiares é um mecanismo de defesa para esconder o quanto está estraçalhado emocionalmente e arrasado em sua vida pessoal.

Fingir não se abalar com os problemas é uma tentativa de demonstrar aos outros uma força que não existe, e também negar seus próprios sentimentos.

As pessoas hipertensas são dotadas de grande força agressiva, o que lhes possibilitaria impor-se na situação, com grande chance de encontrar as soluções dos seus problemas. No entanto, deslocam sua capacidade conquistadora para o trabalho ou para os outros, deixando muito a desejar nas questões que dizem respeito a sua própria vida.

Costumam dar o pior para si e o melhor para os outros. São pessoas prestativas e dispostas a atender a todas as solicitações externas. Têm necessidade de dominar os meios que frequentam; querem se destacar no trabalho e sobressair-se entre os amigos. Cobram de si uma conduta exemplar, obrigam-se a ter um notável desempenho profissional, nunca admitem errar e se punem quando não atingem as metas estabelecidas.

Apesar de ser difícil às pessoas afetadas pela pressão alta admitir, sua conduta alimenta a vaidade.

Em função da vaidade, as pessoas assumem uma série de obrigações e compromissos para serem consideradas pelos outros. A vaidade provoca um sentimento de opressão, impedindo a realização pessoal.

O vaidoso se preocupa excessivamente com o próprio desempenho, quer fazer tudo certo, para provar aos outros suas habilidades e força. Isso causa grande tensão, o que prejudica a atuação na vida, podendo também provocar no corpo a elevação da pressão arterial.

Quando a pessoa relaxa e não se cobra perfeição, tudo flui harmonia. Abandonar a vaidade e agir com naturalidade é melhor caminho para a saúde e o bem-estar.

Procure realizar suas tarefas da melhor maneira possível, mas não se cobre o impossível nem ultrapasse seus limites; respeite-os, o importante é aquilo que você sente e acredita, e não o que os outros vão dizer a seu respeito.

O valor da vida não está somente nas conquistas materiais, nem tampouco na condição de destaque perante os outros, mas naquilo que sentimos. Realização pessoal não se baseia só nos bens materiais, mas também na nossa condição interior.

Na vida tudo é provisório, nada é permanente. Temos a ilusão de que o mundo externo é a causa de tudo o que acontece conosco; mas, na verdade, é o contrário; somos nós que provocamos as situações externas. Tudo o que acontece ao nosso redor é um reflexo do estado interior.

Os conteúdos internos projetados na realidade tornam-se evidentes, favorecendo-nos a solucionar aquilo que existe em nos. À medida que lidamos com as complicações do meio, estamos resolvendo nossas próprias dificuldades. Pode-se dizer que as tramas da vida são instrumentos das experiências que favorecem a edificação do nosso ser.

As pessoas que se negam a encarar seus obstáculos, principalmente aqueles ligados a afetividade, perdem a oportunidade de se resolver dificultando seu próprio desenvolvimento interior.


PRESSÃO BAIXA
Fuga pelo esquecimento. Desejo de abandonar tudo.

A pressão baixa é caracterizada pelo comportamento de fugir dos acontecimentos, inconscientizando as situações conflitantes. As pessoas afetadas pela pressão baixa, sempre que se deparam com episódios difíceis negam-se a enfrentá-los, querem esquecer que estão passando por tais problemas.

São derrotistas e sentem-se incapazes de superar alguns obstáculos do cotidiano. Não têm suporte emocional para lidar com as confusões do meio. Frustam-se com facilidade, principalmente quando algo sai diferente daquilo que imaginam.

A maioria dos acontecimentos inusitados provoca-lhes muita tensão, ficam confusas e embaraçadas diante dos problemas da vida pessoal. Decepcionados, recorrem ao isolamento; evitam até tocar no assunto para não sofrer ainda mais. Essa condição diminui sua capacidade de deixar fluir seus sentimentos.

A sobrecarga das tensões acumuladas provoca um desejo de abandonar a situação, para não se deparar mais com as confusões.

A queda de pressão pode chegar ao ponto de causar desmaios. A perda da consciência é uma condição oportuna, para a pessoa não assumir suas responsabilidades frente aos conflitos da convivência. Esse estado proporciona a sensação de que o problema desapareceu; mas, na verdade, a ausência da consciência não poupa as pessoas daquilo que elas têm para resolver em suas vidas.

As pessoas afetadas pela pressão baixa se deixam influenciar pelos outros ou pelas situações da vida. São propensas a se fazer de vítimas, colocando-se na condição de fracas e indefesas; geralmente caem nas garras dos dominadores, subjugando-se aos domínios dos outros.

Aceitar os obstáculos da vida e se propor a mobilizar seus potenciais para superar os desafios representa grande demonstração de coragem e força.

Todos passamos por situações difíceis, mas somente aqueles que não se deixam vencer conquistam uma vida saudável e feliz. É importante não se render diante das dificuldades da vida, nem tampouco se deixar abater pelas situações desagradáveis, entregando-se às frustrações.

Sinta-se em condições de resolver tudo aquilo que a vida impõe no seu caminho. Encare de frente seus problemas; não adianta sair pela tangente ou deixar para depois aquilo que deve ser resolvido hoje.

Confie em você e não dependa do auxílio dos outros para solucionar aquilo que cabe exclusivamente a você.


Gasparetto & Valcapelli



Fonte: do livro "Metafísica da Saúde", vol. 2, Ed. Vida & Consciência
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/cora%c3%a7%c3%a3o-vermelho-corda-lealdade-3085515/

ACUMULAR TESOUROS NO CÉU


«Não acumuleis tesouros na terra, onde os vermes e a ferrugem corroem e os ladrões destroem as paredes para roubar. Mas acumulai tesouros no céu, onde os vermes e a ferrugem não corroem nem os ladrões destroem as paredes para roubar. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.» «Ninguém poderá servir dois senhores. Porque ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mammon.» (São Mateus, 6,19-20.24)

Esta passagem do Evangelho de São Mateus deve ser comparada com o capítulo 16 de São Lucas sobre o administrador infiel. Primeiro, porque um e outro tratam de maneira idêntica a questão das riquezas; depois, porque ambos são seguidos de um comentário sobre os dois senhores: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mammon.» «Não acumuleis tesouros na terra, onde os vermes e a ferrugem corroem e os ladrões destroem as paredes para roubar; mas acumulai tesouros no céu…»

Para Jesus existem, pois, duas espécies de bancos muito diferentes: os bancos da Terra e os bancos do céu, que têm, evidentemente, empregados muito diferentes uns dos outros. Mas é o próprio homem que representa estes dois bancos e eles funcionam em simultâneo num edifício comum: o seu foro íntimo. Porém, na realidade estes dois bancos são sucursais de dois grandes bancos cósmicos que os alimentam.

Estais admirados por eu utilizar tais comparações para interpretar o Evangelho?... É porque a vida do nosso mundo visível é construída a partir do modelo das realidades invisíveis. O que está em baixo é o reflexo do que está em cima; digo bem, um reflexo, porque nem a beleza nem a luz do mundo invisível podem ser encontradas na Terra, mas existem correspondências que permitem comparar os dois mundos e compreender o que se encontra no mundo do Alto graças ao que vemos no mundo de baixo, o nosso mundo. O que são, pois, estes dois bancos, o da Terra e o do Céu? São a personalidade e a individualidade (...)

Pode-se dizer que um banco terrestre se compõe, em geral, de três serviços diferente. O primeiro serviço é o dos depósitos; são os cofres-fortes, onde se põe as reservas em segurança. O segundo serviço ocupa-se das trocas de capitais, dos empréstimos. O terceiro interessa-se pelas operações financeiras, pelas especulações. Pois bem, encontramos exatamente estes três serviços na estrutura da personalidade. Os cofres-fortes correspondem às reservas do corpo físico, o serviço de trocas de capitais corresponde aos sentimentos, ao plano astral, ao mundo do coração, que estabelece continuamente relações baseadas no interesse. O serviço das especulações corresponde ao plano mental, ao intelecto, que só pensa em fazer cálculos nas costas dos outros, imaginando sempre as vantagens que pode tirar da sua ruína, atual ou futura. O banco terrestre enriquece sempre à custa dos outros, procurando sempre convencer o mundo inteiro de que o que faz, sente e pensa é inspirado somente pelo amor e pelo respeito ao próximo.

(...) dizia-vos que cada frase de Jesus é plena de significado. Vamos ver o que significa: «Acumulai tesouros no céu, onde os vermes e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não destroem as paredes para roubar», prestando atenção às três palavras “ferrugem”, “vermes” e “ladrões”.

Comecemos pela ferrugem. Sempre se disse que os alquimistas procuravam a pedra filosofal para transformar os metais em ouro. Por que em ouro? Porque, dos metais, só o ouro não se oxida e não é atacado pela água, pelo ar e pelos ácidos; ele só é solúvel numa mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico, chamada água-régia. O ferro, pelo contrário, é conhecido por se oxidar com muita facilidade ao contactar com o ar úmido, formando a ferrugem que o destrói pouco a pouco. A ferrugem pode, pois, ser considerada como símbolo das matérias que atacam os metais e, de uma maneira geral, o reino mineral. Ora, na hierarquia dos reinos da natureza, o reino mineral corresponde ao plano físico; a ferrugem simboliza, pois, o que destrói o plano físico, o corpo humano.

Com os vermes, entramos no mundo astral, que é o do coração, dos sentimentos. Um ser cujo coração está cheio de ódio, de dúvida, de orgulho, de desprezo, de violência, é presa dos vermes. Não se diz, precisamente, que ele “se corrói”?... Se se corta um verme em pedaços pensando que se está a destruí-lo, verifica-se que, na realidade, ele se multiplica.

Do ponto de vista simbólico, é um fenómeno muito significativo, que se encontra no combate mítico de Hércules contra a Hidra de Lerna. A hidra era a monstruosa serpente de sete cabeças que renasciam à medida que eram cortadas; para a vencer, era preciso cortar as sete cabeças ao mesmo tempo.

Hércules conseguiu vencer a hidra pelo fogo. Esta hidra representa os sete pecados capitais que renascem à medida que se tenta aniquilá-los. Só existe um meio de os destruir: o fogo divino do amor que queima todas as cabeças de uma só vez. Mas eu queria dizer-vos simplesmente que, ao falar de vermes, Jesus pretendia designar os inimigos que nos atacam no plano astral, certos desejos que nos corroem.

Os ladrões também são um símbolo. O ladrão está munido de chaves falsas, de um punhal ou de um revolver, e espera que a noite chegue para se pôr a trabalhar. Finalmente, quando todas as luzes se apagam, quando as pessoas estão a dormir, ele introduz-se na casa. Os ladrões simbolizam os nossos inimigos do plano mental. Aquele cujo intelecto está obscurecido ou entorpecido será atacado pelos ladrões, porque, por toda a parte onde reina a escuridão, os ladrões aparecem. Estes ladrões são entidades invisíveis – dúvidas, inquietações – que estão em vós. Todos esses pensamentos que vos deixam sem forças, fracos, esgotados, não são uma prova de que se trata de ladrões que vieram roubar os vossos bens? Mostrai-me os vossos tesouros de força, de alegria, de paz… Não podeis? É porque os ladrões os levaram. Os ladrões são os pensamentos que trabalham na escuridão para vos roubar as vossas aspirações, a vossa fé etc. (...)


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: do livro "Nova Luz Sobre os Evangelhos"
Parte do IV Capítulo - "Acumulai Tesouros"
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DIFERENTES FORMAS DE ORAÇÃO


Na “Conferência 9” de Juan Cassiano, Abba Isaac, um dos Padres do Deserto, começa a transmitir ensinamentos sobre a oração a Cassiano e seu amigo Germano. Primeiro, diz-lhes que existem diferentes formas de rezar: “O apóstolo (São Paulo) define quatro tipos de oração”.

"Meu conselho é que, acima de tudo, súplicas, orações, pedidos e ações de graças sejam feitas por todos os homens" (1 Tm 2,1). Agora podemos ter certeza de que essa divisão não foi feita levianamente pelo apóstolo. Abba Isaac passa a dar explicações detalhadas sobre os tipos de oração mencionados e quando são apropriados. E conclui: “Portanto, todas essas formas de oração são muito valiosas para os homens e, certamente, necessárias”.

Ele até ilustra como Jesus usou cada um desses tipos de oração. Ele continua com uma explicação da oração que Jesus nos ensinou, o "Pai Nosso" e se refere a ela como a mais perfeita das orações. E finalmente chega à oração mais desejável para todos: a “oração pura”, a “contemplação”, quando já não estamos conscientes de que estamos a rezar. Frase de Santo Antônio: "A oração não é perfeita quando o monge está consciente de si mesmo e de que está orando." Abba Isaac enfatiza que todas as formas de oração podem levar à "oração pura". O que é necessário para isso é fé e perseverança.

Em seguida, ele encoraja seus discípulos a “seguir o preceito do Evangelho que nos ensina a entrar em nosso quarto (Mateus 6,6) e fechar a porta para que possamos rezar ao nosso Pai. Rezamos em nosso quarto quando retiramos completamente o coração do barulho dos pensamentos e preocupações e revelamos nossas orações ao Senhor, em segredo, como se fosse algo íntimo. Rezamos com a porta fechada quando, com os lábios cerrados e em total silêncio, rezamos ao buscador, não com a voz, mas com o coração”. Aqui, Abba Isaac descreve a base da contemplação sem lhe dizer em detalhes como "entrar em nosso quarto". Porém, em sua próxima Palestra ele explica como fazer, já que Cassiano e Germano mostram que estão preparados para esse tipo de oração fazendo a pergunta certa. É aqui que chegamos ao caminho da oração que John Main descobriu, para sua satisfação, nos ensinamentos de Cassiano: rezar repetindo uma “fórmula” que leva à contemplação.

Isaac não restringe esta oração a determinados momentos do dia, mas pede a Cassiano e Germano que a façam uma “oração incessante”: “Você deve meditar constantemente neste versículo em seu coração. Você não deve parar de repeti-lo quando estiver fazendo algum trabalho ou quando estiver viajando. Você deve repeti-lo dentro de si mesmo, enquanto dorme, enquanto come e quando atende às necessidades da natureza.

Vemos que, embora não possamos negar a importância dessa forma de oração tanto para nós quanto para os primeiros cristãos, devemos lembrar que é apenas mais uma forma de oração. Laurence Freeman usa a metáfora de uma roda para representar a oração. “Pense na oração como uma grande roda. A roda conduz toda a nossa vida para Deus. Os raios da roda representam cada uma das formas de oração. Oramos de maneiras diferentes, em momentos diferentes e conforme nos sentimos. Os raios são as formas ou expressões de oração que convergem no centro da roda, que é a oração do próprio Jesus. Todas as formas de oração são válidas. Todas elas são eficazes. Todas elas participam da oração da consciência humana de Jesus que habita em nós pela graça do Espírito Santo” (Laurence Freeman).



Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/orar-est%c3%a1tua-de-buda-rezar-a-medida-5183164/