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Acabar com a guerra interior significa fazer chegar ao fim o conflito entre todas as suas personalidades. Você pode aliviar o eu-sombra da carga de energias do passado, criando assim uma condição para a paz interior, visto que é o medo de ser ferido que faz com que suas vozes interiores não tenham confiança umas nas outras. Mas você não pode começar a resolver essas tensões interiores enquanto não conhecer os componentes das suas personalidades interiores.
As personalidades são sempre formadas pela mesma coisa — uma energia antiga apegada a uma memória. Digamos, por exemplo, que você se lembra de ter sido punido quando criança por algo que você não fez. A energia do ressentimento ou da injustiça se apegará a essa lembrança, e você começará a criar um fragmento de personalidade — uma criança ressentida — que viverá de acordo com sua visão estreita das coisas até que essa energia seja liberada.
A criança interior ressentida é apenas uma memória que quer descarregar sua energia retida, e enquanto essa descarga não acontecer, essa energia ficará retida. Como você tem recordações que encerram tanto associações felizes quanto associações dolorosas, as personalidades interiores se manifestam de maneiras agradáveis e desagradáveis. É agradável recordar ter sido elogiado por um bom trabalho; é desagradável lembrar ter sido criticado. Mas essas memórias opostas não se neutralizam; elas retêm sua integridade e conflito com seus opostos.
Faz parte da natureza dos julgamentos dizer "Estou certo", mesmo que a experiência seguinte seja totalmente contraditória. A crítica ou a punição injusta seguirá com você, repetindo várias vezes as antigas cenas, enquanto no compartimento seguinte outra energia, a de ser tratado com justiça e bem recompensado estará expressando seu ponto de vista.
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Todas as subpersonalidades desejam a mesma coisa: expressar-se através de você. O bebé que chora, a criança solitária, o adolescente frustrado, o amante esperançoso, o funcionário ambicioso, todos querem ter uma vida através de você. E eles o conseguem, até certo ponto. Nenhuma personalidade individual jamais se realiza completamente; por conseguinte todas precisam gritar para obter seu momento ao sol — ou à sombra. É o conflito resultante que torna a vida humana tão ambígua, tão cheia de luz e sombra ao mesmo tempo.
O mago, porém, vive somente na luz. A semelhança de um bebé, o mago não se agarra à energia. Tendo abandonado todos os apegos da memória que alimentam nossa guerra interior, o mago transcendeu a personalidade e vive na consciência pura.
A maneira de nos deslocarmos do estado mortal para o estado do mago pode parecer misteriosa, mas é, na verdade, totalmente natural. Tudo que é necessário é o equilíbrio, o qual o fluxo da vida é perfeitamente capaz de preservar.
Existem muitas maneiras de liberar antigas energias. Uma das mais poderosas é simplesmente reconhecer que elas estão presentes. Em vez de negar que você sente vergonha ou culpa, por exemplo, olhe para si mesmo e diga simplesmente: "É assim que eu me sinto". Com frequência esse momento de autoconsciência é suficiente, porque, em última análise, todas as energias retidas são capturadas e mantidas presas do lado de dentro através da negação. Supere a negação, e metade da batalha estará vencida. O reconhecimento é uma forma de autoaceitação. Você não precisa dizer: "É aceitável sentir vergonha e culpa", porque na verdade essas são energias das quais você quer se descartar, e não perpetuar. Mas certamente é aceitável dizer: "Tenho esses sentimentos. Eles são reais."
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Dr. Deepak Chopra
Fonte: do livro "O Caminho do Mago", Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 1999
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal