Esoterismo: a ciência das essências; a ciência da alma das coisas, dos mundos, dos fatos e dos acontecimentos.
As palavras "esotérico" e "ocultismo" significam "aquilo que está escondido"; elas indicam aquilo que está por trás da aparência exterior e apontam para as causas que produzem aparências e efeitos; dizem respeito ao mundo mais sutil das energias e forças que todas as formas externas encobrem e escondem. Elas lidam com aquilo que deve ser conhecido antes que a consciência iniciática possa ser desenvolvida.
No passado, se deu ênfase às forças subjetivas mas ainda assim materiais (escondidas no ser humano), e frequentemente nos poderes psíquicos, tais como a clarividência e a clariaudiência que o homem compartilha com os animais. A pureza física mereceu enorme ênfase nas velhas escolas e diz respeito à limpeza das formas através das quais a alma se deve manifestar. Tal limpeza não é de natureza esotérica e não representa nenhum sinal de desenvolvimento esotérico ou espiritual. É apenas um estágio preliminar muito necessário; até que essa purificação ocorra, não é possível um trabalho mais avançado. As disciplinas físicas são necessárias e úteis e devem encontrar seu lugar em todas as escolas para iniciantes; por elas, o neófito estabelece hábitos de pureza e constrói o tipo de corpo necessário para que o discípulo possa iniciar o trabalho verdadeiro esotérico.
Esse treinamento elementar capacita o neófito a transferir sua consciência, do mundo tangível da vida diária para os mundos sutis das forças de sua personalidade. Ele se torna consciente das energias com as quais terá de lidar e a tenuemente sentir o que está por trás delas - a alma em seu próprio mundo, o Reino de Deus.
As novas escolas estão ocupadas com valores mais esotéricos. Elas treinam o discípulo a trabalhar como uma alma nos três mundos e a prepará-lo para trabalhar num grupo do Mestre como um discípulo aceito. Na maioria das vezes, as escolas, que pertencem à velha ordem, ignoram o estágio da integração da personalidade e do conhecimento treinado da vida nos três mundos nos quais o iniciante deveria ser instruído. Em vez disso, oferecem ao iniciante a tentadora perspectiva do contato com um Mestre e com o grupo de um Mestre, e isto antes dele ser uma personalidade coordenada, quando ele mal merecia a palavra "inteligente" e antes dele ter qualquer contato com a alma. A ênfase era posta, e é, na devoção - devoção ao instrutor no centro do grupo, devoção às verdades enunciadas pelo instrutor, devoção ao Mestre, mais uma firme determinação para merecer o título de "discípulo" e assim ser capaz de, algum dia, dizer, "Eu conheço este ou aquele Mestre". Ao mesmo tempo, o iniciante não recebe nenhuma verdadeira ideia do discipulado ou suas responsabilidades. As novas escolas, agora em formação, fornecem ideias muito diferentes aos seus estudantes e técnicas muito diferentes de treinamento.
1. Uma escola esotérica é aquela na qual é ensinada a relação da alma, o homem espiritual - com a personalidade. Ela é a principal linha de aproximação com o estudante, e o contato com a alma se torna seu primeiro grande empenho. Ele chega a se conhecer e luta para trabalhar como uma alma consciente e não apenas como uma personalidade ativa. Ele aprende a controlar e a dirigir sua natureza inferior através de uma compreensão técnica de sua constituição e a fazer jorrar através dela a luz, o amor e o poder da alma. Através do alinhamento, concentração e meditação, ele estabelece um contato permanente com seu ser espiritual interno e fica bem no caminho para se tornar um útil servidor da humanidade.
2. Uma escola esotérica é uma extensão para o mundo físico exterior, do grupo interno ou ashram de um Mestre. Assim como se ensina ao discípulo individual a se considerar como um canal para a alma, e como um posto avançado da consciência do Mestre, também a verdadeira escola esotérica é um posto avançado de algum grupo espiritual subjetivo ou ashram, condicionado e impresso pelo Mestre, tal como o discípulo é pela sua alma. Tal grupo está, portanto, em direta relação com a Hierarquia.
3. Uma verdadeira escola esotérica trabalha em quatro níveis de serviço e de experiência. Isto capacita o discípulo a fazer uma completa aproximação à humanidade e a usar todo o seu equipamento. Nas verdadeiras escolas espirituais, aprovadas e endossadas pelos Mestres, é ensinado o serviço à humanidade e não a necessidade de um discípulo estar em contato com um Mestre, como é o caso na maioria das escolas esotéricas da velha ordem. O contato com o Mestre depende da medida e da qualidade do serviço prestados pelo discípulo aos seus semelhantes. Esse é um ponto muitas vezes omitido pelos instrutores, que põem ênfase na conquista pessoal do indivíduo e na perfeição individual. As novas escolas, agora em formação estão preocupadas em treinar os homens para atenderem às necessidades mundiais e a servir espiritualmente, num dos seguintes quatro níveis de atividade consciente:
- No mundo exterior: O discípulo é ensinado a viver normalmente, prática, efetiva e espiritualmente no mundo do quotidiano. Ele nunca é um excêntrico nem um rabugento;
- No mundo do significado: O discípulo aprende o por quê e o para quê das circunstâncias e acontecimentos - tanto individuais como universais - Ele aprende assim a agir como um intérprete dos acontecimentos e a atuar como um portador da luz;
- O da alma em seu próprio mundo: Isso torna o discípulo um canal do amor divino, pois a natureza da alma é o amor;
- O do ashram ou grupo de seu Mestre. Ele aprende a cooperar com o plano hierárquico à medida que este lhe é gradualmente revelado e a chegar ao conhecimento que lhe permitirá dirigir algumas das energias produzindo acontecimentos mundiais. Ele assim cumpre os propósitos do grupo interno ao qual ele está afiliado. Sob a inspiração do Mestre e de seu grupo de discípulos e iniciados colaboradores ele traz à humanidade um conhecimento definido sobre a Hierarquia.
4. Uma escola esotérica treina o discípulo para o trabalho grupal. Ele aprende a renunciar aos planos da personalidade no interesse do propósito grupal - sempre dirigido ao serviço da humanidade e da Hierarquia. Ele se torna totalmente absorvido pelas atividades grupais e - sem perder nada de sua identidade particularizada e individualizada - ele é um dedicado contribuidor do Plano, sem qualquer pensamento do ser separado condicionar seu modo de pensar.
5. Uma escola esotérica não é baseada na autoridade ou nas imposições de algum instrutor, para que lhe prestem reconhecimento e obediência. Ela não é baseada nas exigências de alguma pessoa normalmente medíocre de ser um iniciado e, por seu status, autorizada a falar com ênfase dogmática. A única autoridade reconhecida é a da própria verdade, intuitivamente percebida e então sujeita à análise mental e interpretação do discípulo. O discípulo que (trabalhando sob um dos Mestres) começa uma escola esotérica não tem absolutamente qualquer autoridade, exceto a de uma vida tão perto da verdade quanto possível, mais a medida da verdade que ele pode apresentar ao seu grupo. A obediência desenvolvida em seu grupo de estudantes é a do reconhecimento da responsabilidade conjunta, a lealdade unida à intenção e o propósito grupais tais como indicadas pelo líder do grupo (sugerida por ele e não apresentada como uma ordem). A presença de atos autoritários emanando do instrutor do grupo, ou qualquer imposição de sua parte, quer de reconhecimento, quer de obediência e lealdade inquestionáveis de seus seguidores, o caracteriza como um iniciante e tão simplesmente como um aspirante - com boa intenção. Indica que ele não é um discípulo encarregado do trabalho da Hierarquia.
6. Um grupo esotérico é um no qual o desenvolvimento completo do discípulo recebe atenção. A construção do caráter e uma aspiração altruísta são consideradas como necessariamente presentes, mas não é dada grande ênfase às virtudes comuns, ou à pureza da vida exterior, ou à bondade, ao bom humor e liberdade individual. Essas qualidades são consideradas como essenciais e como presentes até certo ponto, mas seu desenvolvimento posterior é considerado como um problema pessoal do discípulo e não do instrutor e do grupo. O desenvolvimento mental é enfatizado para que o discípulo possa ser inteligente, analítico (mas não crítico) e na posse de um equipamento mental rico, bem organizado. A cabeça e o coração são considerados como de igual importância e como igualmente divinos. É com os estados de consciência dos homens em toda parte, de todas as classes, raças e nações que a Hierarquia trabalha e os discípulos são treinados a trabalhar da mesma maneira até que, por fim, eles próprios se tornem Mestres de Sabedoria. Isso eles adquirem dominando todas as dificuldades e obstáculos pelo poder de suas próprias almas. Eles assim desobrigam algum Mestre, agora ativo no mundo, para um trabalho mais elevado e diferente.
7. Uma escola esotérica é, portanto, um meio através do qual o foco da vida do discípulo se torna o da alma; nem o mundo físico nem os mundos emocional e mental são para ele a principal esfera de atividade. Eles são simplesmente seu campo de serviço, e sua personalidade se torna aquela através da qual sua alma serve. Ele aprende a trabalhar inteiramente dos níveis espirituais e sua consciência é estavelmente centrada na alma e no ashram de seu Mestre. A escola esotérica lhe ensina como alcançar isso, como fazer contato com sua alma, como viver como uma alma, como reconhecer seu Mestre e como trabalhar no grupo de seu Mestre. Ele aprende as técnicas pelas quais pode registrar as impressões do Mestre e a responder à intenção grupal e assim a ser cada vez mais sensível ao Plano com o qual seu Mestre e o ashram esperam que coopere. Ele aprende a fazer sua parte na elevação da consciência da humanidade; isso ele faz através do uso consciente e direcionado da mente treinada, de sua natureza emocional controlada e do seu cérebro apto a responder. Ele se torna eficiente no difícil papel, dual, do discípulo. Isto é, viver como uma alma na vida de cada dia e trabalhar conscientemente na relação com a Hierarquia.
Há muitas outras definições de uma escola esotérica mas eu escolhi as mais simples delas e as que devem ser primeiro alcançadas para que o progresso correto possa ser feito. Passo a passo o discípulo é conduzido ao longo do Caminho até que chegue o tempo em que ele esteja pronto para aqueles grandes desenvolvimentos de consciência a que ele chama de "Iniciações". Ele então começa a trilhar conscientemente o Caminho da Iniciação com o qual as escolas esotéricas do futuro familiarizarão o público em geral.
É com o esforço para atender a esses sete pré requisitos de todas as escolas esotéricas que a Escola Arcana se ocupa. Ela não se ocupa em preparar discípulos para iniciações. Nunca se ocupou com isso. Ela tenta preparar seus estudantes para fazer os contatos preliminares e para trabalhar como verdadeiros servidores do mundo; não há hoje nenhuma escola esotérica que esteja dando treinamento para iniciação. Aqueles que afirmam que estão fazendo isso estão enganando o público. O treinamento na vida do discipulado, academicamente entendido, pode ser dado. O treinamento na vida do iniciado tem ainda que ser assegurado individualmente, e através dos contatos no mundo do ser espiritual.
Alice A. Bailey
Fonte: Escola Arcana
120 Wall Street, 24th Floor, Nueva York, USA
Unidade de Serviço Buena Voluntad Rosario
www.sabiduriarcana.org
Fonte da Gravura: União Celestial
Pinturas de Freydoun Rassouli
http://www.rassouli.com/