sábado, 30 de março de 2024

QUEM É O TODO ?


E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mateus 22:36)

Para poder cumprir isso é preciso entender quem é o Todo. (Aton)

Quando usamos um microscópio podemos ver pedaços cada vez menores de matéria. Com um microscópio eletrônico podemos “ver” até o mundo atômico. Mas, se nos aprofundássemos mais e mais o que “veríamos”? Depois dos átomos temos os prótons, elétrons e nêutrons. Os prótons são formados por quarks. É neste ponto que a ciência chegou até o momento. Existem duas interpretações a seguir: uma diz que “abaixo” do nível dos quarks estão as supercordas e outra diz que existe o Bóson de Higgs; o campo que dá massa à tudo o que existe.

“Abaixo” disto existe o que? O Vácuo Quântico. Um infinito campo de energia primordial. É dele que “emerge” tudo o que existe. A energia que “emerge” e que entra em contato com o campo do Bóson de Higgs (que também “emerge” do Vácuo Quântico) é que dá massa aos quarks que forma os prótons que forma os átomos que forma as moléculas que forma as células que forma os órgãos que forma o corpo de qualquer ser orgânico. O ser humano por exemplo.

Esta é a realidade pura e simples. Tudo vem do Vácuo Quântico. Ele é tudo o que existe. Tudo o demais é uma emanação dele ou uma organização ou auto-organização dele. (Por enquanto estou usando minúsculas para ser didático). As demais interpretações são metafóricas. E qualquer metáfora é válida desde que entendida que é uma metáfora.

Tudo o que existe é formado pela energia primordial. Este vácuo Quântico está presente em tudo. Desde o nível do oceano primordial de energia (do qual tudo emerge) até as galáxias, aglomerados de galáxias e o universo inteiro. Nada está fora do Vácuo Quântico. Ele é tudo o que existe. Estou simplificando para ficar mais fácil de entender.

É de importância fundamental entender isso. Não existe nada que não seja o Vácuo Quântico. Ele é a energia que está presente em tudo. Ele é energia. Não tem massa ou matéria para ficar claro. É pura energia. A massa só aparece quando a energia entra em contato com o campo do Bóson de Higgs (que também vem do Vácuo Quântico). Estou repetindo para ficar claro, pois até hoje isso não foi entendido quando se fala do versículo acima. Sem entender qual era a intenção ao dizer uma coisa fica-se sujeito a n interpretações. Daqui a muito tempo a física aceitará isso. Por enquanto estamos vivendo na filosofia materialista. E o resultado está ai.

Quando as pessoas entenderem que são formadas pelo Vácuo Quântico e que tudo também o é, todos os problemas desaparecerão. Tudo estará resolvido.

Ser formado pelo Vácuo Quântico significa que a essência dele está dentro de todas as pessoas. Essa essência é o que se chama Centelha Divina. Um “Átomo” do Vácuo Quântico. Como se fosse uma impressão digital dele. Cada ser que existe tem uma Centelha Divina individual e individualizada. Emanada do Vácuo Quântico. A Centelha é o próprio Vácuo Quântico. Entender e reconhecer isso é o que se chama Iluminação. Iluminado é o ser que sente isso. Sentir é a palavra-chave aqui. Sem sentir não se aceita a Centelha Divina e portanto as guerras continuam e continuarão até que isso seja sentido.

Portanto, para se amar o Todo é preciso sentir que o Todo é a essência de tudo o que existe. No nível mais profundo o Todo e a pessoa são a mesma coisa. Só que a pessoa tem de sentir isso. Quando a pessoa sente isso ela passa a deixar que o Todo resolva tudo. É o que se fala sobre “abandonar” o ego. Deixar a Centelha agir. Deixar os interesses particulares de lado e deixar a Centelha guiar tudo. Sem isso a pessoa tentará dirigir a própria vida com a sua mente. E nesse ponto os problemas aparecerão inevitavelmente, pois deixar o Todo de lado e querer dirigir a própria vida (que é formada pelo Todo) é uma coisa completamente ilógica e não tem como funcionar. Soltar o ego e deixar a Centelha cuidar de tudo é a única solução. Isso não quer dizer não fazer nada, não trabalhar, não estudar, etc. É justamente o contrário. Temos de fazer o máximo que estiver ao nosso alcance para que a Centelha possa atuar. Lembram-se de que a Centelha está dentro do nosso corpo? O corpo é o veículo da Centelha. É preciso que o veículo seja o melhor possível.

Os problemas aparecem mais e mais até que a pessoa entenda e aceite que a Centelha Divina existe. Não há necessidade de sofrimento para entender isso. Basta aceitar e tudo está resolvido. O sofrimento vem de resistir a entender que tudo é o Todo. E que o Todo é tudo o que existe. Não é possível estar dentro de um corpo (como uma célula de um fígado, por exemplo) e não aceitar que está dentro do fígado. Nós estamos “dentro” do Todo. O Todo está dentro de nós. Tudo é o Todo.

Evidentemente que o que está escrito acima até hoje não foi entendido e nem aceito. É óbvio. Vejam o que acontece no planeta Terra!

É por isso que toda pessoa que lê esses versículos acha que é o resumo perfeito da fórmula para ser feliz e ao mesmo tempo vê que isso não é aplicado praticamente em lugar algum. E a aplicação disto só acontecerá quando a Centelha Divina for aceita e sentida. Ou vocês acham que o mundo dos negócios poderia continuar a ser do jeito que é se a Centelha fosse sentida?



Hélio Couto
www.heliocouto.com




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Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/%C3%A1tomo-logotipo-ci%C3%AAncia-1472657/

REFLEXÕES DE SÁBADO SANTO


Por um tempo, a morte parece uma realidade abstrata de nossas vidas. Passada aquela breve imortalidade da juventude, e com a primeira experiência de perda de um ente querido, a morte surge como uma possibilidade real. Mesmo quando temos a graça inexplicável de acompanhar alguém que amamos até aquele momento em que a morte “foi consumada” e ele suspira pela última vez enquanto seguramos sua mão, o verdadeiro momento cai como a lâmina de uma guilhotina. Como no Sábado Santo, encontramos um grande silêncio, uma ausência e um vazio sem fundo.

A forma como uma pessoa morre pode ampliar a porta pela qual a graça da morte - que nos obriga a enfrentar a verdade nua e crua - nos invade. Nesse transe, enquanto espera na cruz, você pode se sentir em paz, confiante e até surpreendentemente maravilhado com o que está vendo, o que o chama e o acolhe. Passamos a perceber parte dessa realidade vendo como eles a percebem.

Por um momento, devido ao nosso ego irritante, podemos sentir-nos ignorados e esquecidos, à medida que o nosso ente querido fica irresistivelmente imerso no que está a ver. Com o seu último suspiro, esta visão partilhada parece chegar ao fim, como o cair da cortina no final da performance. Ficamos sozinhos com a memória, num mundo desolado em que ela abandona todas aquelas manifestações com as quais a conhecemos.

Nunca foram escritas palavras mais poderosas do que aquelas que ouvimos ontem para comunicar este mistério, paz com dor e pesar doloroso. Vemos o que eles viram do que ele estava vendo através de uma memória transmitida por aqueles que estavam ali e foram transformados por aquilo que observaram e não souberam explicar. Porém, ao contrário do que costuma acontecer, a memória não começou a desaparecer no dia seguinte para eventualmente chegar ao grande esquecimento que tudo consome. A mão que seguramos começa a perder o calor humano, ainda maravilhoso, mas não mais o da pessoa que amamos e perdemos.

Enquanto chorava, Maria olhou para o sepulcro… “levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”.

O Sábado Santo é um estado de espírito: um espaço de transição entre o que sabemos e o que não sabemos. Está muito cheio de vazio, a ausência é muito presente e o silêncio é ensurdecedor.

Não vamos imaginar nada. Hoje é um dia em que meditar é uma prioridade.



Laurence Freeman, OSB



Fonte do Texto e da Gravura: WCCM Espanha
Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.

sexta-feira, 29 de março de 2024

A FONTE QUE JORRA


A fonte jorra e corre incessantemente, e mesmo que alguns raminhos secos e folhas mortas ameacem obstruí-la, como ela continua a correr, a corrente arrasta-os. A fonte permanece sempre pura, sempre viva, porque corre continuamente. Então, onde encontrareis uma filosofia melhor do que a da fonte? Tomai a fonte por modelo, tornai-vos como ela, ou seja, amai... Amai apesar de todas as contrariedades. Esse amor que jorra proteger-vos-á das impurezas e dos sofrimentos. Nem sequer vos apercebereis de que alguém quis manchar-vos ou fazer-vos mal, pois tudo o que puder suceder-vos de mau será arrastado pela água, pelo amor. Conservai permanentemente em vós a imagem da fonte que corre, e que elimina o mal e as impurezas. Nunca pareis de amar, e já não sofrereis.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 28 de março de 2024

UMA DAS DIFICULDADES DE APRENDER A MEDITAR É...


Uma das dificuldades de aprender a meditar é por ser muito simples. Na nossa sociedade, muitos pensam que as coisas valem mais se forem complexas. Na meditação você aprende a ser simples – e este é um verdadeiro desafio para todos nós.

A simplicidade envolvida na aprendizagem da meditação faz-nos deixar para trás a multiplicidade e todas as opções de distração e leva-nos a concentrar-nos na simplicidade do ser. Imagine que você está aprendendo a andar de bicicleta. Para aprender a dirigi-la, primeiro você deve aprender a se equilibrar e dirigir em linha reta. O que há de extraordinário nisso é que, ao dedicar sua energia para manter o equilíbrio e permanecer no caminho certo, você descobre harmonia e um novo tipo de liberdade. O mesmo vale para a meditação. Assim como aprender a andar de bicicleta, você deve ter vontade de querer aprender. Você deve ter vontade de se concentrar. Você deve aprender a direcionar sua energia para a simples tarefa de manter o equilíbrio e dirigir com segurança na mesma direção.

Estar no caminho da meditação envolve ter a simplicidade de deixar tudo de lado para então estar em harmonia e liberdade. A meditação é a abertura para a realidade que só podemos descobrir e encontrar no fundo do nosso ser. Portanto, devemos aprender a ficar em silêncio, em profundo silêncio. O extraordinário é que, apesar de todas as distrações do mundo moderno, esse silêncio é possível para você. Mas para descermos a este silêncio devemos dedicar tempo, energia e Amor.

A primeira coisa que você deve aprender com a meditação é que você deve dedicar tempo a ela. É necessário meditar todas as manhãs e todas as noites (...).

Deixe-me agora dizer o que você deve fazer durante esse período. Sente-se confortavelmente e reserve dois minutos para encontrar uma posição confortável onde possa ficar quieto durante o tempo de meditação. Depois feche os olhos e comece a repetir o seu mantra, dentro de você, silenciosamente. A arte da meditação consiste em repetir o mantra (1) do começo ao fim: 'Ma-ra-na-tha' (2). Você não sabe o quanto isso é importante. Não se desvie do seu caminho e repita essa palavra, o seu mantra, do começo ao fim. Você deve ressoar isso silenciosamente em seu coração. É esta ressonância interna que abre você para outros níveis de consciência que não podem ser alcançados fora do silêncio.


Fr. John Main, OSB



Fonte: do livro "Momento de Cristo"
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/meditar-ioga-medita%C3%A7%C3%A3o-paz-budismo-8578852/



Para mais detalhes ver:

* CAMINHO DO MANTRA: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2022/09/mantra-duas-maneiras-de-ser-particula-e.html

* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html


Notas:

1 - Mantra, aqui neste contexto, é uma ou mais palavras, numa determinada língua, que tenha algum significado na condução da nossa meditação.

2 - Maranatha é uma expressão aramaica que, resumidamente, significa: “Vem, Senhor!”, e que é uma das expressões (mantras) usadas na tradição cristã. Obviamente, o mantra pode ser outro conforme a tradição (cabala, budismo, hinduísmo, sufismo etc.) (Nota deste blog)

sábado, 23 de março de 2024

REFLEXÃO QUARESMAL: DÚVIDA, CORAGEM E MUDANÇA


A Quaresma começa com a história do Êxodo e termina com o mito vivido na pessoa de Jesus. [...] as leituras da liturgia centram-se nos acontecimentos que levaram ao trágico ápice da sua queda, morte e ressurreição. Em Jo 12,20-33, começa com um detalhe aparentemente mundano: entre aqueles que vieram celebrar a festa, havia alguns gregos. Estes se aproximaram de Filipe, que vinha de Betsaida, na Galileia, e lhe perguntaram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus.” Filipe foi contar a André e os dois juntos foram contar a Jesus. Entendemos com isso (1) destacar a expansão de sua influência para além do mundo judaico ou (2) enfatizar o perigo físico em que Jesus se encontrava e a necessidade que ele tinha de segurança?

Em muitos momentos da vida, a própria incerteza sobre qual poderia ser a interpretação correta de um acontecimento aguça nosso senso de realidade. Quantas vezes temos uma sensação de incerteza sobre o significado de algo ou uma sensação incipiente de falta de sentido e ao mesmo tempo sentimos que algo importante está acontecendo? Os detalhes passageiros das últimas horas de vida de um ente querido podem permanecer conosco pelo resto de nossas vidas. Nos momentos importantes prestamos atenção em tudo, inclusive nas pontas soltas e nas questões sem resposta que a vida tem.

Deste ponto em diante no ciclo da Quaresma, somos arrebatados por uma história de intensidade inescapável e por uma sequência de eventos que já ouvimos antes. Mas, como acontece com as crianças, a cada repetição os acontecimentos tornam-se novos.

Jesus acaba de ser informado de que alguns estrangeiros querem vê-lo. Sua resposta a este pequeno assunto é aceitação. (...) ele expressa a sua ansiedade tanto em relação à direção que os acontecimentos estão a tomar como ao significado que já está a começar a revelar-se e cujo resultado ele sabe ser inevitável. Chegou a sua hora e o sentido último da sua jovem vida será cumprido. Isto acontecerá não através do sucesso e da aclamação, mas através do fracasso, da dor, da perda e da inegociabilidade da morte. Por esta razão diz que uma semente tem que morrer antes de produzir uma colheita.

Depois, passando do seu destino pessoal à verdade universal da condição humana, ele partilha connosco o sentido, a verdade. Quem quiser encontrar a sua vida deve perdê-la. E, se ele for o caminho que seguimos, teremos que passar pelo que ele está passando. Por mais difícil que possa parecer este caminho, o discipulado revela-nos o Pai, a fonte, como Jesus o conheceu e viveu desde que iniciou a sua missão.

O êxodo nesta transição pessoal é a ruptura definitiva com os poderes do Samsara, a aliança de forças ilusórias que nos bloqueiam e enganam. O que parece ser o fim torna-se transparente e vemos um novo começo tomar forma. Tudo será novo à medida que nos libertarmos da velha escravidão e abraçarmos o dom único da vida que faz de cada um de nós quem realmente somos.


Laurence Freeman, OSB



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/fundo-de-natal-estrela-mandala-6317027/

segunda-feira, 18 de março de 2024

SECTARISMO: O FLAGELO DA HUMANIDADE


O sectarismo em todas as suas nuances acompanha uma grande parte da humanidade. Seja na religião, seja na ciência ou em qualquer outro ramo do pensamento e conduta dos humanos tem pervertido e comprometido as relações humanas gerando vários conflitos através da história.

É sabido que pessoas com uma mentalidade sectária tende a ver os outros como objetos, não como indivíduos com suas próprias crenças, valores e experiências, daí surgem as guerras e conflitos sociais.

Em outras palavras, é possível afirmar que a mente sectária causa, dentre inúmeros outros fatores, o seguinte:

- Reduz a complexidade dos outros, pois uma mente sectária coloca as pessoas em caixas, categorizando-as como "nós" e "eles". Essa categorização leva a uma visão simplista e estereotipada dos outros, ignorando suas individualidades e aspirações;

- Desumaniza os outros porque desvaloriza a humanidade dos outros, tornando-os objetos a serem manipulados ou controlados. E isso pode levar à indiferença ou até mesmo à crueldade em relação aos outros, especialmente aqueles que são considerados "diferentes";

- Nega a autonomia dos outros. A mente sectária nega a capacidade dos outros de pensar e agir por conta própria. As pessoas são vistas como seguidores passivos de uma ideologia ou líder, sem autonomia ou autodeterminação.

Por exemplo, um membro de uma seita religiosa que acredita que somente o seu grupo será salvo pode ver os membros de outras religiões como "hereges" ou "pecadores". Um nacionalista extremista que coloca seu país acima de tudo pode ver os cidadãos de outros países como "inimigos" ou "uma ameaça". Consequentemente, essa maneira de pensar pode levar a uma série de consequências negativas, como: discriminação, intolerância, violência, desumanização.

Cabe lembrar que todos nós somos suscetíveis a ter pensamentos sectários de vez em quando. No entanto, é importante estar ciente desses pensamentos e desafiá-los, reconhecendo a humanidade e a individualidade de cada pessoa.

Podemos evitar a mente sectária através da educação, do diálogo e da promoção da empatia. É importante aprender sobre diferentes culturas e perspectivas, e desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro. Ao reconhecer a humanidade dos outros, podemos construir um mundo mais justo e tolerante.

Uma análise sobre a mente sectária será articulada quando se aborda de forma abrangente os diferentes aspectos desse fenômeno. Destacar claramente como a mente sectária reduz a complexidade dos outros, desumaniza e nega sua agência, resultando em consequências negativas, como discriminação, fanatismo e violência é o primeiro passo para que sua insistência na mente humana seja desarticulada. Cabe, então,oferecer insights sobre como combater a mentalidade sectária, enfatizando a importância da educação, do diálogo e da empatia. Reconhecer a humanidade e a individualidade de cada pessoa é essencial para esse fim.

É importante ainda que cada um de nós esteja consciente dessas tendências e trabalhe ativamente para superá-las, buscando sempre o verdadeiro entendimento e respeito às diferenças entre as pessoas. Ao fazer isso, podemos contribuir para que isso ocorra de forma saudável e pacífica.



Prof. Hermes Edgar M. Jr.


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domingo, 17 de março de 2024

A TRADIÇÃO E PRÁTICA DA MEDITAÇÃO CRISTÃ - 2


Laurence Freeman continua explicando: “Os grandes pensadores teológicos e grandes professores espirituais da era moderna – Rahner, Balthasar, Lonergan, Merton, Main, Griffiths – adotaram uma abordagem decididamente mística para enfrentar a crise do Cristianismo no mundo secular. Sucessivos Papas – durante e depois do Concílio Vaticano II – fizeram da recuperação da dimensão contemplativa da fé o tema central da sua agenda pastoral.

A Igreja considerava a contemplação uma vocação especializada. A dimensão contemplativa era vista como um chamado especial de Deus a uma pequena elite, chamado este, geralmente vivido dentro de um mosteiro. Ainda que alguns grandes mestres espirituais como São Francisco de Assis, Catarina de Sena ou as Beguinas e Begards do Norte da Europa renunciaram a ser monásticos convencionais e viveram a sua visão mística perto das pessoas, em contacto diário com o mundo.

Atualmente, o processo de recuperação desta tradição contemplativa da fé para colocá-la na posição adequada dentro da vocação cristã está em um ponto alto: o chamado universal à santidade, como foi chamado pelo Concílio Vaticano II, é dirigido aos estados monásticos e seculares. Ao ensinar a meditação cristã às crianças, vemos um desenvolvimento natural e valioso deste processo e um poderoso sinal de esperança para o futuro da Igreja.

Gostaria de oferecer uma visão desta tradição e descrever, em particular, uma prática simples de oração contemplativa, enraizada na tradição, que revela a universalidade da contemplação.

É importante notar que a meditação é tão antiga quanto a história escrita da humanidade. As primeiras referências à meditação chegam-nos da Índia, por volta do ano 2.500 a.C.

A meditação é o eixo central dos ensinamentos do Buda. O Judaísmo também tem uma tradição de oração mística. Da mesma forma, a meditação caracteriza a revolução espiritual da Era Axial: a era de Confúcio, Lao Tzu, Buda e dos profetas hebreus. Jesus surge como o culminar destes desenvolvimentos e avanços na evolução da consciência humana. Vejamos primeiro onde começa a tradição cristã a partir dos ensinamentos de Jesus. O que Jesus nos ensina sobre a oração revela que tipo de professor ele foi.

Jesus era claramente um mestre da contemplação. Ele era um homem profundamente religioso, mas destacou a diferença que encontramos entre as regras estabelecidas pelo homem e a lei de Deus. Resumiu a moralidade no mandamento do amor e referiu-se à oração em termos de interioridade e presença. Jesus situou seus ensinamentos contemplativos ao lado da ordem de amar nossos inimigos – o moral e o espiritual, o místico e o político unidos, assim, em seus ensinamentos.

Em todas as civilizações desenvolvidas foi gerado algum tipo de vida monástica. O aparecimento do movimento monástico cristão ocorreu muito cedo, mas adquiriu especial relevância no Médio Oriente, concretamente no Egito e na Síria, a partir do século IV. Os ensinamentos dos Padres e Madres do Deserto, com a sua sabedoria espiritual “purificada”, continuam ainda a oferecer as bases fundamentais de uma espiritualidade com grande apelo contemporâneo, especialmente para os jovens. Os Padres do Deserto rejeitaram o clericalismo e a intelectualização. Assim, propõem uma Igreja que dê o sentido adequado ao laicato e à contemplação. A influência do deserto cristão foi introduzida na Igreja Ocidental através das Conferências de João Cassiano, no século V. Estas Conferências constituem um dos mais importantes fundamentos da espiritualidade cristã. Tomás de Aquino os tinha em sua mesa enquanto escrevia sua obra “Summa Theologica”. Bento os incluiu como leitura diária durante as refeições nos mosteiros.” 


Kim Nataraja


Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
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Para mais detalhes ver:
JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

HERANÇAS CULTURAIS E ESPIRITUAIS


Aqueles que se recusam a ter em conta as experiências dos outros demonstram uma independência mal compreendida. Aliás, quer o reconheçam, quer não, eles não podem deixar de se aperceber disso. O que faz um romancista, um poeta, um filósofo? Vive a sua vida e depois escreve uma obra que é, em geral, um reflexo das suas experiências. É uma herança que ele deixa aos humanos, e estes alimentam-se dela. E assim somos continuamente solicitados e influenciados pelas experiências dos outros. Sejam elas felizes ou infelizes, somos influenciados, absorvemo-las, consciente ou inconscientemente, como experiências a fazer na nossa própria vida, e agimos em função delas. Por isso, é uma felicidade que alguns livros tenham sido escritos por seres que viveram uma vida superior, de sabedoria, de amor, de bondade, de pureza. É uma felicidade existirem heranças de que podemos nos beneficiar verdadeiramente.


Omraam Mikhaël Aïvanhov


Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/flores-borboleta-19830/

A LEI DIVINA É COMO UM CÓDIGO REGULADOR


Que fenômeno se verifica, quando na Terra se encontram o bom e o mau? O primeiro, usando o método do Sistema (unificação), perde, sofre, mas sobe; o segundo usando o método do Anti-Sistema (desunião), vence, frui, mas desce. Este, porém, não poderá subtrair-se ao impulso da evolução, que depois o prenderá nas suas espirais a levá-lo para cima.

Assim, imparcialmente, todos não podem subir e redimir-se senão através da própria dor. E são eles mesmos (que a causaram com a sua própria revolta) que vêm a ferir-se como se estivessem ligados a uma condenação de recíproca perseguição, produto de desobediência da criatura; condenação que, com a experiência da dor, conduz, porém, a redenção e salvação, o que é produto de sabedoria e da bondade de Deus. Tanto os rebeldes do Anti-Sistema se atormentarão entre si, que acabarão por amar-se como criatura do Sistema. Com isso, o bem triunfa sobre o mal; a ordem sobre o caos da revolta e Deus vence, sempre senhor absoluto de tudo.

Tudo o que existe é um fenômeno em movimento, dirigido por uma Lei (Divina) que, distinguindo-se em tantas modificações particulares orienta os movimentos de todos os fenômenos. Esta Lei constitui o código que regula o seu contínuo transformar-se. Pelo fato de representar uma inteligência e uma vontade de ação realizadora, podemos concebê-la como uma manifestação da personalidade de Deus transcendente que deste modo se manifesta imanente nas formas de nosso universo, cujo funcionamento depende daquela Lei que estabelece as normas, segundo as quais o processo do existir se deve desenvolver. Ela abarca também a conduta humana, através da qual fixa uma espécie de trilhos, ao longo dos quais deve atuar. Há, pois, inserido na vida, para além de todo separativismo religioso, um único regulamento de estrada, igual para todos, segundo o qual se deve desenvolver o tráfego, seguindo uma ordem pré-estabelecida. Assim é traçada a via a percorrer, a da evolução do Anti-Sistema para o Sistema.


Prof. Pietro Ubaldi




Fonte: do livro "A Técnica Funcional da Lei de Deus"
FUNDAPU - Fundação Pietro Ubaldi - Campos/RJ
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A TRADIÇÃO E PRÁTICA DA MEDITAÇÃO CRISTÃ -1


Reconectar-se com o silêncio interior não é importante apenas para os adultos, é também muito necessário para as crianças e jovens de hoje. Um seminário "Meditatio" foi realizado anos atrás em Dublin (Irlanda) sobre o ensino de meditação com crianças. A maioria do público era formada por professores e diretores de escolas, muitos deles provenientes dos Conselhos Diocesanos de Educação. As apresentações foram recebidas com grande entusiasmo e 20 escolas candidataram-se para participar no projecto piloto concebido para introduzir a meditação nas escolas.

Abaixo está a apresentação introdutória do Padre Laurence Freeman, OSB sobre a tradição da nossa prática de meditação.

“Cada vez que meditamos entramos em uma grande tradição. Este sentido de tradição é essencialmente o que define a meditação cristã, porque a própria meditação, claro, é um dos elementos mais antigos e universais da sabedoria humana. O significado e o propósito da meditação são descritos nas tradições mais sagradas: o núcleo contemplativo da própria religião. Do ponto de vista religioso, a consciência do homem evoluiu e continua a expandir-se em direção àquela experiência do transcendente, do mistério infinitamente distante e infinitamente próximo em direção à fonte e plenitude do ser: Deus.

O Cardeal Newman disse uma vez que “a maior evidência de Deus está em nós”. Em nossa época, a existência de Deus como Deus é questionada. A nível filosófico e teológico, Deus é frequentemente rejeitado através do método científico, concluindo-se que ele é um produto da imaginação ou uma projeção da necessidade humana. Este desafio à ideia de Deus que as instituições religiosas têm defendido convencionalmente perturbou profundamente a complacência religiosa. Assim, os religiosos tiveram que reconsiderar os significados fundamentais daquilo que sempre aceitaram e do que foi estabelecido nas estruturas de poder social. A chegada da era secular forçou uma mudança nas regras do jogo da religião no seu relacionamento com as grandes instituições. A religião não pode mais reivindicar automaticamente privilégios sociais ou políticos. Ela deve provar seu valor e ser julgada com base em seu desempenho. O Dalai Lama diz que o teste de qualquer religião é perguntar se ela “torna as pessoas mais gentis”. É um teste justo, mas muito difícil.

Como consequência, a fé cristã foi desafiada a rever radicalmente a sua própria tradição, ou seja, foi forçado a regressar às verdadeiras raízes do Cristianismo. Esta necessidade de renovação foi reivindicada há muito tempo pelo Cardeal Martini quando disse que “a Igreja está ultrapassada e precisa de se reconectar com as necessidades espirituais do mundo moderno”. Esta necessidade de renovação da Igreja desde as suas raízes não é novidade. Nas reformas do século XI sobre as estruturas da Igreja ou nas reformas do século XX sobre a liturgia e a relação teológica com a modernidade, também tiveram que recordar as suas raízes nos processos de renovação. Um novo concílio ecumênico poderá abordar a vida espiritual da Igreja e a compreensão e prática da oração. Já nos encontramos numa época em que são necessários aspectos profundos e esquecidos da nossa própria tradição espiritual.”

Kim Nataraja


Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

A COMUNICAÇÃO COM O PAI É ATRAVÉS DA ALMA SUPERIOR


O Cristo dizia: «Só se pode chegar ao Pai através de mim.» Isto significa que o homem só pode se comunicar realmente com Deus através da sua alma superior. O Cristo é o Filho de Deus que se encontra em cada ser como uma centelha ainda oculta. Ao ligar-se à sua alma superior, o homem liga-se a esse princípio, o Cristo, e, através dele, a Deus. Só podeis chegar a Deus através da vossa alma superior, pois é ela que representa o que existe de mais puro em vós. Por isso, nunca abandoneis a prática da meditação, pela qual vos desarreigais do plano físico para vos elevardes até à Divindade, o princípio presente na vossa alma superior.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
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O QUE É A "EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA"


É corrente em meios esotéricos ouvir falar em «expansão de consciência». Mas que significa realmente esta expressão?

A expansão de consciência é um processo de ampliação do contexto de observação dos fenômenos. Um ser dotado de consciência limitada situa‑se sempre num raio curto de observação. Apenas consegue ver aquilo que se encontra à sua frente, de modo avulso, sem contexto ou perspectiva. Mas quando a sua consciência se amplia, seres ou objetos que, num determinado momento, pareciam isolados ou separados, subitamente, revelam-se como partes de um todo mais vasto e englobante que lhes confere um sentido diferente. Estes novos contextos modificam o sentido dos fenômenos observados e conduzem a interpretações radicalmente diferentes da sua natureza e função. Vejamos alguns exemplos:

• Um exemplo clássico é o da subida a uma alta montanha, por dois montanheiros, separados por uma certa distância de segurança. À medida que vão subindo, embora observem o mesmo cenário, vêem coisas diferentes. O que vai mais abaixo tem uma visão mais parcelar e limitada, vendo certos objetos separados e desligados, como por exemplo, outros cumes de montanhas ou telhados de casas. Mas, o seu colega que segue mais à frente consegue uma perspectiva mais ampla e global, compreendendo que aqueles cumes fazem, afinal, parte de uma cordilheira maior ou de que aqueles telhados eram apenas a parte visível de uma aldeia distante e remota.

• Para se compreender o comportamento de alguém não basta analisá‑lo como ser individual, mas é necessário compreender o modo como o seu contexto social e familiar e o seu percurso de vida moldaram o seu carácter e personalidade.

• Quando se descobriu que a Terra não se encontrava no centro do cosmos mas num recanto isolado de uma pequena galáxia, a ideia de que o homem fosse um ser especial deixou de fazer qualquer sentido: uma mudança de perspectiva implicou uma interpretação totalmente diferente da sua importância no universo.

• O estado de saúde de um indivíduo não depende apenas de seu componente físico mas está diretamente ligado à qualidade dos seus estados afetivos, emocionais e mentais. Esta situação ajuda a compreender o aparecimento inesperado de doenças graves em pessoas aparentemente saudáveis.

• Quando compreendemos a lógica da Globalização, apercebemo-nos que eventos que decorrem no outro lado do mundo podem ter uma influência direta no nosso quotidiano. Por exemplo, o preço do petróleo ou outras matérias-primas pode depender de desastres climáticos, crises políticas ou conflitos militares em partes remotas do globo.

O mesmo se passa à escala espiritual. Olhar para a vida segundo uma perspectiva espiritualista é completamente diferente de a observar segundo uma lógica materialista.

Do ponto de vista materialista, o ser humano esgota­‑se numa dimensão puramente física e numa vida única que acredita ser marcada pela competição e pela ausência de sentido transcendente; assim, faz todo o sentido buscar o máximo de prazer e de conforto e de assumir uma postura egocentrada em relação aos interesses e conveniências pessoais, não hesitando no confronto e agressividade em sua defesa; mas se mudarmos o enfoque e nos colocarmos numa perspectiva espiritualista, aceitando o homem como sendo uma mônada que evolui reencarnando em diferentes corpos físicos numa lógica de aprendizagem espiritual, fará agora sentido que se coloque a ênfase nos valores que a facilitam: o altruísmo, o desapego, a compaixão, a busca da paz interior. Mudando o contexto, muda o sentido e a importância que atribuímos aos fenômenos.

A principal diferença entre um homem vulgar e um homem espiritual reside no modo como interpretam o mundo exterior. Ao olhar do homem vulgar, as realidades do mundo parecem‑lhe distintas e separadas de si próprio, algo que existe no seu exterior e que pode ser potencialmente ameaçador ou agradavelmente sedutor. Desta dualidade emergem os sentimentos de agressividade e de posse que perpetuamente o dominam. Mas o homem espiritual considera tudo o que existe como partes de si próprio, como extensões do seu próprio ser. Esta visão global desativa quaisquer sentimentos de violência ou egocentrismo pois ninguém teme ou se deseja a si próprio. O homem espiritual encara a imaturidade dos outros como uma imperfeição do seu próprio ser que é necessário corrigir com amor e paciência. Do mesmo modo que nenhum homem normal agrediria partes doentes do seu corpo, procurando, ao invés, curá‑las com o mínimo de agressividade, assim também o homem espiritual considera a violência e o egocentrismo alheios como imperfeições a corrigir e não como inimigos a abater. E desta mudança de perspectiva brotam os sentimentos de altruísmo, compaixão e tolerância que o caracterizam.


José Caldas



Fonte: do livro «ROTEIRO PARA UMA NOVA ERA - Tomo II», de José Caldas, inserido na coleção "Saberes". Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/rosto-alma-cabe%C3%A7a-fuma%C3%A7a-luz-658678/

sábado, 16 de março de 2024

DESCONTENTAMENTO: INGENUIDADE OU INTELIGÊNCIA ?


Ainda não foi suficientemente sublinhado quão importante é nos sentir contentes, satisfeitos, e a maioria das pessoas não veem a gravidade do seu hábito de estarem sempre descontentes com tudo e com todos. Mas o mais grave é que existe uma tendência crescente para se considerar o contentamento como um sinal de ingenuidade, de estupidez, e, inversamente, o descontentamento e a crítica como um sinal de inteligência. Um descontentamento prolongado, mantido consciente ou inconscientemente, estraga sempre alguma coisa em nós. O descontentamento só é aceitável se estivermos descontentes conosco mesmos. Mas as pessoas estão descontentes com o Senhor (Ele não fez bem as coisas!), com a existência, com toda a humanidade. Pois bem, esta atitude perniciosa dar-nos-á, interiormente, muito maus conselhos. Estejamos, pois, vigilantes! Como não podemos impedir que um sentimento se manifeste, teremos cada vez mais um rosto sem brilho, um olhar sombrio, gestos bruscos, uma voz áspera, e tudo isso nos tornará antipáticos aos olhos daqueles que nos rodeiam.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/fam%C3%ADlia-p%C3%B4r-do-sol-praia-felicidade-2611748/

O VERDADEIRO CAMINHO DA MEDITAÇÃO


No caminho da meditação, vemos cada vez mais claramente que é um caminho de amor, nada mais e nada menos que o caminho do Amor. Apreciamos o quão valioso é o guia que a meditação nos fornece para compreender a dinâmica do amor: amor a si mesmo, amor ao próximo e amor a Deus. Quando meditamos vivenciamos o retorno para casa, onde realmente nos sentimos – talvez pela primeira vez – à vontade e unidos conosco mesmos.

A meditação não é uma competição. Não estamos competindo com o nosso desempenho passado; não competimos com mais ninguém; nem com São João da Cruz, nem com o resto dos meditadores do nosso grupo.

Isto é algo que devemos lembrar frequentemente porque o ego é competitivo e individualista por natureza. Quando há separação do outro, há competitividade. Podemos até ter divisões dentro de nós e, assim, tentaremos competir conosco próprios no nosso próprio caminho espiritual.

A meditação também não é ambiciosa. Não tentamos adquirir nada, porque não há nada para adquirir. É precisamente o oposto. O que pretendemos na meditação é perder, deixar ir. E é nesta perda, neste desapego, que encontraremos tudo o que temos, tudo o que nos foi dado.

Às vezes, esse “deixar ir” ocorre de forma drástica se for forçado por alguma experiência que irrompe de forma dramática e repentina em nossas vidas. Pode ser devido a uma doença que ocorra, a uma nova visão da vida ou, simplesmente, como resultado do desenvolvimento das etapas da nossa própria vida.

De alguma forma, devemos aprender a “deixar ir” se quisermos viver livremente. Na meditação temos o dom precioso de aprender a “deixar ir” do nosso centro todas as posses e competitividade que acumulamos. O que parecia uma prisão vira escola; o que parecia uma alienação nos mostra como conexão.


Seleção de “Aspects of Love” de Laurence Freeman OSB


Transcrição de Carla Cooper


Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/religi%C3%A3o-medita%C3%A7%C3%A3o-f%C3%A9-luz-nuvens-3491357/

Para mais detalhes ver:
JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

sexta-feira, 15 de março de 2024

PLANO MONÁDICO E DIVINO - PLANOS E DIMENSÕES

 


O plano monádico é o espaço onde o Logos Solar “gera” as mônadas, suas “filhas” que, um dia, evoluirão como seres humanos. Segundo informações provenientes de diversos quadrantes espiritualistas, existirão no plano monádico cerca de 40 a 60 biliões de mônadas em evolução no nosso sistema solar.

Tanto quanto sabemos, estas mônadas são formadas por um processo em que o Logos Solar isola segmentos da sua consciência com “membranas porosas” formadas de matéria monádica que permite dois resultados:

– por um lado, cria unidades / centros de consciência, individualizadas e auto-conscientes que irão evoluir no universo solar;

– por outro, permite que elas se mantenham em contacto e comunicação permanente através da porosidade dessas membranas individualizadoras.

É também neste plano que as mônadas desenvolvem aquela parte da sua evolução que não passa pela encarnação nos planos inferiores e sobre a qual nada se conhece.

O plano divino é um espaço “privado” do Logos Solar, provavelmente onde serão planeadas as estruturas e diretrizes fundamentais do seu universo – o sistema solar – conjuntamente com outras “atividades” que ignoramos completamente.

Como atrás referimos, alguma literatura “espiritualista” descreve os planos suprafísicos de uma forma algo romanceada que sugere serem lugares diáfanos e etéreos, uma espécie de “paraíso do universo”, onde se viveriam estados eternos de lazer e felicidade sem nada para fazer senão a sua fruição infinita. Ora, uma eternidade onde nada houvesse que fazer senão “contemplar” Deus infinitamente, em pouco tempo se tornaria algo de tão profundamente monótono e fastidioso que pouco se assemelharia ao “paraíso celestial” proposto pelas religiões tradicionais. Claro que nada disto corresponde minimamente à verdade. Estes mundos, habitados por um número de seres incomensuravelmente superior aos encarnados no plano físico, são lugares de trabalho e evolução onde cada ser desenvolve e aperfeiçoa capacidades e qualidades determinadas, interage com outros seres e aprende a tornar-se um criador e um auxiliador da humanidade. Existem no universo muitas trajetórias evolutivas que nada têm a ver com a nossa, com as quais nunca nos cruzamos e sobre as quais pouco ou nada sabemos. É um erro tipicamente humano pensar que o universo somos nós e que a vida e forma humanas são as únicas que existem e contam. Nós somos apenas uma espécie no seio de milhões de outras, com formatos e objetivos evolutivos diferentes dos nossos.

Para se ter uma pequena ideia da grandeza e vastidão da vida nos planos suprafísicos, valerá a pena apresentar aqui um pequeno excerto de uma mensagem transmitida por um Mestre da Grande Fraternidade Branca, Morya, um dos mais conhecidos Mestres da Sabedoria:

“Cada raio de ação divina sobre a Terra é composto por inúmeras cidades espirituais repletas de trabalhadores em corpo astral e em corpo causal. Somente em relação ao Raio Azul, o Raio de Poder Divino, Vontade Divina e Ordem Divina, temos uma quantidade incalculável de núcleos de operação sobre a Terra, como se fossem para vós, milhares de células de um organismo. Estas células do organismo vivo do Raio Azul são como cidades de uma nação, cidades de planeamento e execução das estratégias de aplicação da Vontade Divina sobre a Terra, através de milhares de mecanismos.

Dentre esses mecanismos, as religiões são também, desde sempre, parte das nossas atribuições sobre o vosso planeta. Os representantes espirituais das religiões, de tempos em tempos, descem à Terra para controlar os impulsos humanos e fomentar o progresso, a elevação, os conhecimentos de ordem metafísica e manifestar a vontade divina de que a sabedoria e a luz se ancorem definitivamente na Terra.

Em cada uma dessas cidades, em que laboram devotados seres de envergadura inquestionável, existem centenas e centenas de especialistas de cada área do conhecimento espiritual universal e planetário. Em cada uma delas, a extensão e a arquitetura das cidades comporta ministérios, laboratórios, templos, teatros abertos, jardins, salões imensos para palestras, cursos e debates sobre os assuntos terrenos, canais de telecomunicação, de informação, de reciclagem de arquivos de sabedoria planetária, escoadouros de lixo astral provindos de vossas mentes, e assim por diante.

Em cada uma dessas estâncias, por sua vez, trabalham em regime de dispensação do raio azul milhares de almas comprometidas com o bem e com a iluminação das consciências.

Podem imaginar uma metrópole grande da vossa Terra e imaginar o funcionamento de todos os órgãos de poder, de ensino, de artes, de política, de administração de instituições, de comunicação, de lazer etc.? Temos milhares delas assim, em dimensão superior, mas ainda no plano astral. Agora imaginem, irmãos da Terra, os núcleos que não se situam na dimensão astral e sim na dimensão causal.”

Nas obras esotéricas, confundem-se por vezes as noções de “planos e dimensões”. Existe contudo uma diferença entre elas:

– A noção de “plano” refere-se à estrutura material e atômica de cada plano e patamar do universo e do sistema;

– A noção de “dimensão” remete para os níveis de consciência, o grau de abrangência com que um ser compreende o mundo onde vive. Quanto mais sutil for a matéria, mais ampla e abrangente é a visão que se possui do universo, no espaço e no tempo e vice-versa.

Uma ilustração deste fenômeno poderá ser dada pela imagem de um alpinista a escalar uma montanha. Quanto mais alto sobe, mais ampla e desimpedida é a visão que tem do horizonte. Aquilo que ele é capaz de observar a partir do topo da montanha, embora seja invisível a quem se encontra em patamares inferiores, sempre existiu e existirá. O que acontece é que a sua visualização só é possível a partir de uma certa altitude. Para quem ainda não atingiu essa altitude, essa panorâmica é como se não existisse. Isto significa que a capacidade de apreender e compreender o lado oculto da vida e do universo está vedado aos seres cuja consciência se encontre ainda focada nos planos materiais da existência. No sistema solar, só a partir da 6.ª dimensão (a dimensão da alma) é que é possível começar a ter uma visão integrada e unificada da vida e do universo.


José Caldas



Fonte: do livro «AO ENCONTRO DA TEOSOFIA (O Homem e o Universo à Luz da Sabedoria Antiga)», de José Caldas, inserido na Coleção "Luz do Ocidente". Parte do Cap. "O TERRITÓRIO EVOLUTIVO DO SER HUMANO – O SISTEMA SOLAR" - "PLANO MONÁDICO - PLANO DIVINO - PLANOS E DIMENSÕES" - pp. 93 a 97
Fonte da Gravura: a capa do livro em questão

A PALAVRA: ENTRE O PENSAMENTO PURO E REALIZAÇÃO NA MATÉRIA


«Faça-se luz!» Segundo o Gênesis, foi a partir do momento em que Deus pronunciou estas palavras que começou a Criação. Esta “fala” de Deus, que não tem qualquer relação com aquilo a que podemos chamar palavras, é simplesmente uma maneira de exprimir a ideia de que, para criar, Deus projetou algo de Si próprio. Dizer que Deus “falou” significa que ele teve vontade de Se manifestar. Achais que isto é muito difícil de compreender... Não! Consideremos um exemplo da vida corrente. Vós tendes uma ideia, mas onde está ela? Podemos vê-la ou localizá-la em alguma parte do vosso cérebro? Não. E também temos de reconhecer que não sabemos de que matéria ela é feita. Mas, no momento em que exprimis essa ideia por palavras, desde logo se começa a perceber a sua existência. E quando, por fim, agis em conformidade com essa ideia, ela encarna-se na matéria, torna-se visível. A palavra é um intermediário entre o plano do pensamento puro e o da realização na matéria.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/%C3%ADcone-de-fala-voz-falando-audio-2797263/

ALÉM DE RELAXAR O CORPO


Vivemos em um mundo obcecado por conquistas e sucesso. Mesmo a meditação é muitas vezes vista apenas como uma forma de aumentar as capacidades do nosso cérebro para sermos mais produtivos e funcionais. Basta ir a uma livraria e perceber como na seção de auto ajuda as estantes estão repletas de livros que nos falam sobre as virtudes da meditação: como ela melhora a nossa saúde, o nosso corpo e a nossa mente e, portanto, a nossa conta bancária.

Não nego que seja absolutamente importante cuidar do corpo e da mente para mantê-los em ótimas condições de saúde. Até Evágrio Pôntico (Monge) disse: “Nosso santo e asceta mestre (Macário, o Grande) declarou que o monge deveria sempre viver como se fosse morrer amanhã, mas, ao mesmo tempo, deveria cuidar de seu corpo como se não fosse morrer, conviver com ele por muitos anos.” Cuidar do nosso corpo com alimentos saudáveis ​​e em quantidades modestas e praticar exercício físico adequado como Yoga, Tai Chi ou Chi Kung, é claramente de extrema importância.

Também vemos essa abordagem orientada para resultados na meditação. Claro, é possível praticar meditação apenas pelos seus benefícios para a saúde, que pesquisas provaram ser inúmeros. Claro, é maravilhoso parar o interminável murmúrio da nossa mente e nos libertar do estresse e da tensão. Isso nos fará sentir bem, ficar livres de preocupações, ansiedades, desejos e medos que costumam nos assediar e assim impedir o desperdício de energia de nossa mente girando continuamente.

Porém, se meditarmos apenas com esse propósito, estaremos desperdiçando uma grande oportunidade, pois a meditação nos traz muito mais do que apenas benefícios fisiológicos para o corpo. Um meditador comprometido considera o cuidado corporal e o relaxamento como uma preparação essencial para alcançar o verdadeiro propósito da meditação: transformar a mente e a forma como encaramos a realidade. Quando conseguimos isso, descobrimos a parte espiritual do nosso ser e a nossa conexão total com a fonte de todo o ser. Portanto, a meditação é uma disciplina espiritual que envolve permanecer na solidão e no silêncio em que abandonamos todas as experiências sensoriais, imagens, emoções e pensamentos: o nosso ego. Somente quando nos reconectarmos com a nossa essência espiritual, o nosso verdadeiro eu, poderemos viver uma vida plena com significado autêntico, porque então as nossas ações fluirão da profunda consciência do Divino e sentiremos conexão, responsabilidade e preocupação pelos outros.

A compaixão, a preocupação com os outros, é o verdadeiro sinal de que a nossa mente está se transformando. Evágrio disse: “Feliz o monge que vê o bem-estar e o progresso de todos os homens com tanta alegria como se fossem os seus .” Só podemos preparar-nos para esta transformação aquietando o nosso corpo e a nossa mente, abrindo-nos à obra do Espírito Santo. Porque é a sua função: “O Espírito Santo tem compaixão das nossas fraquezas e, conhecendo as nossas impurezas, visita-nos frequentemente. Se encontrar o nosso espírito em oração, por amor à Verdade, então desce sobre nós e dissipa todos os pensamentos que nos assombram.”


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/garota-ioga-praia-medita%C3%A7%C3%A3o-4300034/