A desordem, a confusão e o sofrimento em que se encontram os seres humanos situam-se na área da consciência velha, e sem a mudarmos profundamente, toda a atividade humana - política, econômica ou religiosa - apenas levará à destruição de cada um de nós e da própria Terra. Isto é evidente para todas as pessoas de bom senso.
Temos de ser uma luz para nós mesmos; e esta luz é a lei. Não há outra lei moral. Todas as outras são feitas pelo pensamento, e por isso são fragmentárias e cheias de contradições. Ser uma luz para nós mesmos significa que não seguimos a luz de outrem, por muito razoável, lógica, tradicional e convincente que pareça. Não podemos ser uma luz para nós mesmos se estivermos sob a influência das pesadas sombras da autoridade, do dogma, de uma conclusão.
A verdadeira moralidade não é criada pelo pensamento; não é resultado da pressão do meio em que se vive, não vem do ontem, da tradição. Nasce do amor. E o amor não é desejo e prazer. A satisfação sensorial ou sexual não é amor. Ser livre é ser uma luz para si mesmo; não é, portanto, uma abstração, algo elaborado pelo pensamento. A verdadeira liberdade psicológica consiste em estarmos libertos da dependência, do apego, da ânsia de experiências «espirituais».
Estar liberto da estrutura condicionante do pensamento é ser uma luz para si próprio. Toda a ação acontece então nesta luz e assim nunca é contraditória. A contradição só existe quando a ação está separada dessa luz, quando o ator está separado da ação e projeta um ideal. O ideal - que se sobrepõe à realidade presente é uma atividade estéril do pensamento, e não pode coexistir com esta luz, um exclui o outro.
Quando o «observador» (o «eu» com os seus preconceitos, conclusões etc.), está presente, esta luz não está. A estrutura do «observador» é construída pelo pensamento, que nunca é livre, que nunca é novo (porque nasce da memória, da experiência, do conhecimento acumulado).
Para que esta luz exista, não há «como», não há sistema algum. Só há o ver, que é a ação necessária. Temos de ver, mas não através dos olhos de outro. Esta luz, esta lei, não é «nossa» nem é de outro. É apenas luz. E ela é amor.
J. Krishnamurti
Fonte: do livro "Meditação - A Luz Dentro de Nós"
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