quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ESCUTA A CANÇÃO DA VIDA


Procura-a e escuta-a primeiro em teu próprio coração. A princípio talvez digas: "não consigo encontrá-la; ao procurar, encontro apenas discórdia". Procura mais fundo. Se ficares de novo desapontado, detém-te e busca mais fundo ainda. Existe uma melodia natural, uma fonte oculta em todo o coração humano. Pode escutar oculta e completamente escondida e silenciada - mas lá está. Na própria base da tua natureza encontrarás fé, esperança e amor. Aquele que escolhe o mal se recusa a olhar para dentro de si, fecha os ouvidos à melodia do seu coração, assim como tapa os olhos para a luz da sua alma. Ele procede assim porque acha mais fácil viver nos desejos. Porém, sob toda vida existe uma forte corrente que não pode ser detida; as grandes águas na realidade ali estão. Encontra-as e perceberás que ninguém, nem a mais maldosa das criaturas, deixa de ser parte dela, por maior que seja a sua cegueira em relação a esse fato, e mesmo que tenha construído para si uma horripilante máscara externa. É neste sentido que eu te digo: todos os seres entre os quais tu lutas são fragmentos do Divino. Tão enganadora é a ilusão em que vives, que é difícil que prevejas onde pela primeira vez detectarás a doce voz no coração dos outros. Sabe, porém, que ela está certamente dentro de ti. Procura-a em ti e, uma vez que a tenhas ouvido, mais prontamente a reconhecerás ao redor de ti.


Mabel Collins



Fonte: Luz no Caminho, Ed. Teosófica, Brasília-DF, 6ª ed. - www.editorateosofica.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ASPECTOS DO AMOR


Podemos aprender a enxergar a realidade. Apenas enxergá-la e viver com ela já tem efeito de cura. Nos conduz a uma nova espécie de espontaneidade, como a de uma criança que aprecia o frescor da vida, o caráter direto da experiência... Trata-se da espontaneidade dos verdadeiros princípios morais, de se fazer a coisa certa naturalmente, não vivendo a própria vida de acordo com livros de regras, mas vivendo-a por meio do único princípio moral, o princípio moral do amor. A experiência de amor ao ser, nos confere uma capacidade renovada de viver a própria vida com menos esforço. Diminui a luta pela vida, que se torna menos competitiva, menos aquisitiva, na medida em que abre para nós aquilo que todos nós alguma vez vislumbramos de alguma maneira através do amor, de que nossa natureza essencial é repleta de alegria. Lá no fundo, somos seres alegres. Se pudermos aprender a saborear os dons da vida e a enxergar o que a vida realmente é, estaremos melhor equipados para aceitar as atribulações e o sofrimento dela. Isso é o que aprendemos suavemente, paulatinamente, no dia-a-dia, à medida que meditamos.

A meditação nos leva a entender a maravilha daquilo que é comum. Tornamo-nos menos dependentes da busca por tipos extraordinários de estímulo, de excitação, de divertimento ou de distração. Começamos a perceber, nas próprias coisas comuns da vida cotidiana, que essa radiação de fundo do amor, o onipresente poder de Deus, está em toda parte, a todo momento.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: Leitura de Domingo, 13 Setembro 2020, extraído de “Part Five”, ASPECTS OF LOVE (London: Arthur James, 1997), pp. 54-55.
Via Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - https://www.wccm.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal