quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO DURANTE A MEDITAÇÃO

Por que é que a mente tem dificuldade em concentrar-se durante a meditação?

Baba estava rodeado dos seus devotos na Jagrti de Jamalpur. Aqueles que estavam presentes desfrutavam o néctar das suas doces palavras e presença delicada e encantadora. Estava um ambiente divinamente pacífico naquele Ashram.

Quando Baba terminou o discurso do dia, um devoto levantou-se e perguntou: por que é que às vezes a meditação é tão boa e outra vezes somos incapazes de nos concentrar já que a mente fica muito agitada e não quer meditar?

Baba respondeu dizendo que é muito natural não conseguirmos concentrar a mente durante sádhana. A vida humana é o resultado de uma evolução através de muitas vidas passadas. As reações potenciais de todas as ações passadas influenciam e perturbam a nossa mente. Isto é muito natural. Um aspirante espiritual não precisa de se inquietar com isso. O que importa é ser regular na prática. Não estejam preocupados com o fato de a mente conseguir concentrar-se ou não. Quando fazem sadhana mantenham o vosso objetivo fixo em Parama Purusa e vão certamente progredir. Lentamente a mente ficará mais e mais concentrada e experienciar-se-à um sentimento de bem-aventurança durante a prática.

Sádhana é o resultado de uma luta interna e externa. Um sádhaka é sem dúvida um soldado, e os obstáculos no caminho são sinais de progresso. O resultado de sádhana também deve ser entregue a Parama Purusa. O mais importante é a sinceridade na prática, pois é a melhor forma de obter a sua graça, e somente isso pode levar um sadhaka à realização de Deus.




Ac. Parameshvarananda Avadhuta





Fonte: Excerto do livro “My Baba”
Ananda Marga
http://www.anandamarga.pt/porque-e-que-a-mente-tem-dificuldade-em-concentrar-se/
Jamalpur Jagrti 1965
Fonte da Gravura: Tumblr.com

O QUE VAI ACONTECER COMIGO?

Havia uma vez um moribundo que foi incomodado por uma série de parentes. Pais, esposa, filhos, irmãos, irmãs - todos rodearam sua cama durante seus últimos momentos e choraram. Perguntaram-lhe: "O que vai acontecer conosco?" O moribundo levantou a cabeça um pouco do travesseiro e perguntou em troca: "O que vai acontecer comigo? Estou realmente muito mais interessado nesse problema, do que me preocupar com o que vai acontecer com vocês". Bem, é melhor que todos façam essa pergunta agora e se preparem com a resposta ao invés de esperar até que seja tarde demais. "Para que eu sirvo?" - "O que devo fazer?" Estas são as perguntas que você deve buscar e chegar às respostas. Todos são peregrinos, movendo-se ao longo desta Terra de ação (Karmakshetra) para a meta - a terra da retidão (Dharmakshetra). Os eruditos, os poetas e os professores são os guias que o ajudam ao longo do caminho; mas, você deve trilhar o caminho, cada polegada dele! (Discurso Divino, 13 de março de 1964)




Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

O FENÔMENO DO DOGMATISMO

O Que Acontece Quando Estamos Convencidos da Veracidade de Algo


O dogmatismo é uma falha de muita gente. Penso que ele é gerado por um sentimento de insegurança, na realidade, ao mesmo tempo que é um esforço de alguém para confirmar diante de si mesmo e dos outros a certeza de que o seu conhecimento é correto.

Naturalmente há outros tipos de dogmatismo, como a manutenção da nossa opinião simplesmente porque é a nossa opinião – uma afirmação egocêntrica. Um “dogma” é definido como aquilo que parece bom e correto para alguém [1]; o dogmatismo, normalmente arrogância, é afirmação.

O dogmatismo sempre traz à minha mente a ideia de uma afirmação cuja veracidade não pode ser comprovada. Alguém pode falar de maneira convincente sobre aquilo que para ele é verdadeiro, sem cair na atitude dogmática. Quando estamos convencidos da veracidade de algo, não há  razão para que não expressemos essa convicção com a intensidade que a situação exige, mas em tal caso também não há razão para que exijamos a sua aceitação por parte dos outros.

Concretamente, nós não exigimos a aceitação da Teosofia; nós apontamos para os seus princípios e as aplicações desses princípios. A Teosofia apresenta algumas afirmações como percepções que são objetos de conhecimento por parte de seres humanos aperfeiçoados, mas não como afirmações em que se deve acreditar. É mostrado que tal conhecimento, tendo sido alcançado por Eles a partir de observação e experiência feitas ao longo de muitas vidas, pode ser alcançado por todos os seres humanos, e os meios para fazer isso são assinalados. O bom senso presente na alegação de que esse é um conhecimento legítimo afasta a afirmativa do terreno do dogmatismo.

A consciência é onipresente, não  pode ser localizada nem centrada em nenhum assunto particular, e tampouco pode ser limitada. Só os seus efeitos é que pertencem à região da matéria, porque o pensamento é uma energia que afeta a matéria de várias maneiras; mas a consciência em si não pertence ao plano da materialidade.




Robert Crosbie





Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com





NOTA DO TRADUTOR:

[1] Crosbie está mencionando a definição clássica do termo. (C. C. Aveline)



O fragmento acima foi traduzido do livro “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie, The Theosophy Company, Los Angeles, EUA, 1945, 416 pp. O texto está na seção “Homely Hints”, à página 113.

YEMANJÁ - ARQUÉTIPOS, MITOS E LENDAS

OS ORIXÁS - ORISSÁ

Orissá ou orixá significa a luz da cabeça. Para os iorubás, os orixás são potências cósmicas que regem os poderes dos elementos da natureza. Elementos que constituem nosso organismo e todos os reinos da natureza e que tudo mantém e de onde tudo provem. O orixá é uma força pura, imaterial que atua em várias dimensões e se torna perceptível quando incorpora em um ser humano. São os regentes das energias do planeta e para entrar ou sair da Terra é preciso a autorização deles. Constituem hierarquias de elementais que zelam pela vida manifestada na Mãe-Terra. Eles adotam os seres humanos quando suas almas estão prontas para encarnar na Terra e os protegem vigilantes durante toda a existência.

Os mitos, as lendas e definições dos orixás podem variar de região para região, mas todas as narrativas coincidem quanto a fé na atuação deles como divindades administradoras do equilíbrio e da preservação da vida no mundo terrestre. Divindades que estão encarregadas pelo Princípio Supremo, Olodumare, da manutenção de sua criação no Ilê, o mundo natural, e constituem a energia emanada da/e pela Mãe-Terra para o Cosmo e vice-versa.


IEMANJÁ

A deusa-mãe das águas salgadas. Sua energia se potencializa nos mares e oceanos. É o princípio feminino que se apresenta como beleza, impetuosidade, poder, mutabilidade, exuberância, acolhimento, fascínio, imprevisibilidade, criatividade e força transformadora e renovadora da vida. Protege os homens do mar, a pesca, a família, o amor entre os casais. É a deusa que reina desde as profundezas e dos mistérios abissais.

A representação desse orixá na África é uma mulher madura, de grande beleza, dotada de formas voluptuosas e seios fartos. Para eles, dos seios generosos de Iemanjá jorra a água da vida. Aqui no Brasil ela é representada como uma linda e jovem mulher com cabelos negros e longos, portando uma tiara na cabeça, com muitas pérolas adornando seus cabelos, mãos e colo. Nas estátuas e gravuras, ela está usando sempre um vestido azul claro salpicado de estrelas e peixinhos dourados; o vestido desenha suas formas sinuosas.

Iemanjá é uma energia feminina portadora de beleza, mistério, amor, sensualidade, poder, generosidade, abundância, transformações, autoridade e respeito. É uma mãe amorosa, zelosa e acolhedora, mas firme e disciplinadora ao mesmo tempo.


O ARQUÉTIPO

O arquétipo psicológico de Iemanjá é a delicadeza, a sensibilidade, o refinamento, a beleza, a feminilidade, a força interior, a imponência, a renovação e a transformação constante. Iemanjá não tolera desonestidade, maledicência, inveja, mentira, dissimulação e traição. Nessa tradição, os filhos de cada orixá trazem características dos seus deuses protetores. Os adeptos consagrados a Iemanjá são belos e imponentes e também dotados de grande magnetismo e encanto. Eles chamam a atenção de todos por onde passam. Também são francos e verdadeiros, primam pelo caráter reto e abertura para o novo e desconhecido. Sejam homens ou mulheres, têm sempre um comportamento ético, são gentis, delicados no trato, fiéis, amorosos, refinados, dotados de discernimento e autoconfiança; mas, como o mar, surpreendem, podendo mudar de ânimo de repente. Seus filhos se irritam quando contrariados em seus princípios e podem agir intempestivamente.

O dia da semana dedicado a Iemanjá é o sábado. As suas cores são: branco, prata, azul claro e cor de rosa. Suas filhas, quando incorporadas, usam roupas luxuosas nas cores branco, azul claro e prata. Na cabeça portam uma coroa prateada com uma estrela de 5 pontas desenhada em relevo; dessa coroa pende uma franja feita de contas de cristal branco e azul que encobre o rosto da iaô. Na mão direita elas carregam um “abebê” prateado (um tipo de espelho), no qual se olham enquanto dançam movendo os braços e as cadeiras em movimentos ondulatórios, ora lentos ou rápidos e vigorosos.


O MITO DE IEMANJÁ

São muitas as lendas sobre ela. Dentre tantas, existe uma nos versos de Ifá que diz: Iemanjá era uma princesa muito linda e querida por seu pai, o poderoso senhor das profundezas dos oceanos Olokun. O rei, zeloso de sua filha, queria para ela o melhor. Quando apareceu Orumilá, senhor das adivinhações, como pretendente à sua mão, Olokun concedeu de imediato, e esse foi o primeiro marido dela. Separou-se de Orumilá devido seu temperamento inconstante e depois se casou com Olofin, rei de Ifé, com quem teve 10 filhos. Porém, ela não tem paradeiro, está sempre em transformação, e cansada de sua permanência em Ifé, foge. Olokun, seu pai, sabendo do seu temperamento mutante e voluntarioso, havia entregue a ela, por medida de precaução, uma garrafa com um preparado, recomendando-lhe que, se encontrasse em enorme perigo, quebrasse a garrafa no chão. Ela, na fuga, encaminhou-se para o entardecer da Terra, o oeste. Olofin-Odudua mandou o seu exército atrás dela. Quando Iemanjá se viu cercada, quebrou a garrafa e um rio criou-se imediatamente, envolvendo-a e carregando-a cuidadosamente até o oceano para junto de seu pai Olokun, de onde ela nunca mais saiu.

Iemanjá dança eternamente nas águas do mar mostrando sua beleza, fascinando homens e mulheres e fornecendo fartura de pesca aos homens do mar. É também a deusa do amor e do encantamento. Como senhora das águas, segue sempre em movimento, transformando e purificando nossas águas interiores, harmonizando nossas emoções e protegendo seus filhos e desenhando novos caminhos no corpo da Mãe Terra pela vida afora.

(Texto adaptado)





Marilu Martinelli






Fonte: do Blog "Mitologia Comentada"
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal