terça-feira, 18 de outubro de 2022

ESOTERISMO - UM MÉTODO, UMA ATITUDE E UMA REALIDADE


O esoterismo não é uma filosofia, mas um método; não é uma religião, mas uma atitude interior; não é um conjunto de teorias e de leis estáticas, mas uma realidade viva em contínua evolução e transformação que procura atuar e se expressar na consciência dos homens que se voltam para ele com aspiração sincera e ardorosa não apenas de conhecer, mas também e sobretudo de “viver” as leis espirituais; para progredir, evoluir e caminhar rumo a uma plena realização espiritual.


Dra. Angela Maria La Sala Batà



Fonte: do livro "Conhecer para Ser"
Tradução de Pier Luigi Cabra
Ed. Pensamento, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

UM EM DEUS


A sabedoria (jñana) é o tesouro que o homem deve acumular para que possa se perceber como divino e se fundir no oceano da Bem-Aventurança Divina.

As vacas podem ser de raças, cores ou tamanhos diferentes, mas o leite que produzem é o mesmo em todo o mundo.

Similarmente, todas as religiões, qualquer que seja a sua origem ou a extensão da sua influência, são meios para o ensinamento desse processo ao homem.

Atualmente a lei do comportamento humano é "cada um por si".

Isso ocorre porque não se conhece nem se percebe o fato de que todos são “um em Deus”.

Este é o produto da prática espiritual (sadhana).

É uma convicção que cresce lentamente, mas que deve ser adquirida.



Sri Sathya Sai Baba



Fonte: Divino Discurso, 24 de maio de 1967
www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ILUSÃO - DESILUSÃO - DEMOLIÇÃO


Conhecer e, ao mesmo tempo, compreender é, sem sombra de dúvida, raro e é o resultado de um amadurecimento interior que toma o homem capaz de transformar as suas convicções mentais em realização e de unir a sabedoria à consciência.

Para tomar mais claro aquilo que estamos dizendo gostaria de citar... Erich Fromm que, em seu conhecido livro "Avere o Essere ?", faz uma distinção entre “ter conhecimento” e “conhecer”.

Ele diz que o verdadeiro conhecer baseia-se na modalidade do ser, pois não é um acúmulo de ideias nem de teorias, mas uma capacidade da mente de ir além da aparência das coisas, de ir além da lógica comum, de ir além dos esquemas, das etiquetas, dos condicionamentos culturais e sociais e colher a verdadeira essência e o real significado daquilo que queremos conhecer.

Ele escreve: “O verdadeiro conhecimento tem início com a demolição das ilusões, com a ‘desilusão’. Conhecer significa penetrar sob a superfície, com a finalidade de alcançar as raízes e, portanto, as causas; conhecer significa ver a realidade tal como ela é.” (De Avere o Essere ?)

Essa “demolição” ou “desilusão”, a que se refere Erich Fromm, corresponde à purificação da mente de que fala o esoterismo e à libertação dos condicionamentos que ocorre com o despertar da verdadeira consciência que começa a iluminar o intelecto.

De fato, quando as duas modalidades, a do conhecer e a do ser, se aproximam, o homem passa por uma fase evolutiva em que começa a sentir a necessidade de fazer uma "tabula rasa", de negar tudo aquilo em que acreditava antes, todas as convicções e teorias às quais estava apegado e que agora parecem falsas, ilusórias e insatisfatórias. Na realidade, não são as teorias e as convicções que são ilusórias e erradas, mas a nossa maneira de abordá-las é que é limitada e condicionada pelo nosso estado de inconsciência e de identificação.



Dra. Angela Maria La Sala Batà




Fonte: do livro "Conhecer para Ser"
Tradução de Pier Luigi Cabra
Ed. Pensamento, São Paulo/SP
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/rodopio-redemoinho-v%c3%b3rtice-tornado-1454979/

REENCARNAÇÃO E SIMBIOSE


Chega o tempo, pelas abordagens complexas e integrais da Ciência Espírita, em que a Humanidade, por misericordioso contributo da genuína revelação, logra compreender, sem mistérios ou exotismos, secções interpretativas ou arroubos personalistas, a equação definitiva e lógica da vida, da dor e da evolução.

A reencarnação, que se fundamenta na contribuição lúcida e respeitável de pesquisadores, de filósofos, e na clareza meridiana do Espiritismo, dinamiza a formação conceitual dos seres que se preparam, até inconscientemente, para os labores culturais de uma Nova Era, com a realidade do Espírito e sua fecunda destinação divina, por cerne e força propulsora de toda e qualquer iniciativa.

Contudo, pelo entendimento da reencarnação que nos capacita, vida após vida, à plenitude intelecto-moral, impossível não ajuizar das verdades que essa mecânica sublime de progresso e aprimoramento faculta aos estudiosos e interessados.

Desde as embrionárias aglomerações das Mônadas Psíquicas ao protoplasma que ensejou à Terra o desenvolvimento dos elementos orgânicos, de que surgiram as espécies e o próprio corpo celular que atende à evolução do Espírito consciente, que os elementos de ordem exclusivamente espiritual, em se apropriando das moléculas que patrocinam, graças às suas emanações de ordem divina, se associam e se dão a permutas, numa entrosagem sinérgica que desafia o senso comum do homem atado ao pensamento materialista.

Semelhante princípio, que nos denuncia a interdependência do Universo, enseja-nos a compreensão da simbiose positiva ou negativa, tão evidente no plano social globalizado em que todos nós — os terráqueos encarnados e desencarnados — respiramos e realizamos nossa evolução.

Identidade, simpatia, afinidade, sintonia, aversão, repulsa, indisposição, antipatia são condições variadas da alma frente a propostas e desafios da estrada que devemos palmilhar, aprendendo e ensinando, reajustando e iluminando.

Em todo processo reencarnatorio vige a realidade que nos é própria, quando partilhamos de circuitos psíquicos e emocionais de valor ou degradantes, numa engrenagem simbiótica que, nem sempre, ajuizamos e podemos entender, seja para incrementar o bem já semeado em outras estações de esforço e aprendizado, seja para vivenciar o inferno da irresponsabilidade e ingratidão plantado progressivamente, numa afronta inconsequente à Providência Divina, que nos cumula de oportunidades e bênçãos.

Simbiontes como os líquens, algas e fungos, que vivem juntos com outros organismos da Natureza nos induzem a entender o parasitismo diversificado entre mentes e corações na condição humana, deixando-nos a refletir, notadamente após as observações profundas que hoje, sem o corpo físico, podemos levar a efeito, com riqueza e propriedade, que muitos se sustentam reciprocamente pela viciosa ondulação vibracional da maldade, em cujos circuitos lamentáveis e esgotantes da alma sofrem terrivelmente para drenar as próprias ilusões e equívocos, a fim de que, numa sequência natural, lógica e benfeitora, realizem os trabalhos que enaltecem seus espíritos, porque edificantes da vontade de Deus, que é amor puro e santificado.

A ignorância e o capricho personalista são vilões da alma inquieta e preguiçosa, mas pelas reencarnações, que de modo impressionante e ainda inacessível às mentes comuns, nos obrigam a avançar, todos nós nos internamos no clima que vimos edificando desde os primórdios de nossa marcha inconsciente, para a intensificação do progresso que nos capacita e liberta, rumo à felicidade sem jaça (mácula).



Wagner Gomes da Paixão / Leão e André Luiz




Fonte: do livro "Evolução e Vida"
UEM - União Espírita Mineira
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/an%c3%aamonas-tent%c3%a1culo-an%c3%aamonas-do-mar-793409/

OBEDECENDO ÀS LEIS DIVINAS


Em vez de fazerem esforços para se aperfeiçoarem, os humanos preferem proteger a sua natureza inferior. Deixam-se ir atrás das suas fraquezas, dos seus desejos e caprichos, e nem tentam distinguir a origem dos seus pensamentos, sentimentos e desejos: mal sentem despertar no seu íntimo esses pensamentos e esses sentimentos, cedem imediatamente. E depois de terem dado a todos os seus impulsos a possibilidade de se manifestarem, ficam admirados por se sentirem enfraquecidos e infelizes. Na realidade, para se tornarem fortes e felizes, os seres precisam de aprender a submeter-se às leis divinas. Sim, contrariamente ao que a maioria das pessoas imagina, é quando obedecem às leis que se tornam fortes e felizes, e não quando se opõem a elas. Quando se opõem às leis divinas, mais cedo ou mais tarde são esmagadas.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

METANOIA - A MUDANÇA RUMO A UMA REALIDADE MAIS PROFUNDA


A metanoia é um estado relacionado ao dom de lágrimas e arrependimento e flui dessas virtudes. As duas palavras gregas das quais se origina são “meta” e “nous”. O prefixo "meta" significa ir mais longe e implica também uma mudança. E a palavra “nous” refere-se ao intelecto, não à inteligência racional, mas à inteligência intuitiva.

É a maneira de conhecer intuitivamente a verdade de algo. Meister Eckhart, um místico alemão do século XIV, descreve esse conhecimento intuitivo como visão com "o olho do coração", como fizeram muitos dos primeiros Padres da Igreja. Eckhart fala de “conhecimento puramente espiritual: no qual a alma é arrebatada de todas as coisas corpóreas. Lá ouvimos sem sons e vemos sem matéria…".

É uma forma de saber que está além da nossa forma usual de compreensão; é uma transformação da consciência, uma transcendência em direção à Realidade mais profunda, até mesmo um encontro com a Realidade Última; é o caminho “para poder ver Deus” (Mestre Eckhart). Os primeiros cristãos, notadamente Clemente e Orígenes no século II, equiparavam a ideia platônica de “nous” com a “imagem de Deus” em Gênesis. Na verdade, eles o viam como nosso ponto de contato com Deus; era considerada a parte mais elevada da alma, a essência da humanidade, nosso “órgão” de oração. Os primeiros Padres da Igreja concordaram que esta "imagem" está contida em cada um de nós sem exceção. Isso foi adicionado à teoria grega de que "apenas 'como Ele' pode-se saber 'como Ele'", que foi totalmente endossada por pensadores cristãos, incluindo Tomás de Aquino e Meister Eckhart, e, portanto, implica que podemos conhecer Deus intuitivamente, colocando que já somos "como Ele" em nossa essência; temos algo essencial em comum com o Divino, o que o Mestre Eckhart chama de "a centelha", "o castelo" ou às vezes "o solo" do nosso ser.

Alcançar o nous e ir além nos permite, portanto, perceber quem realmente somos: filhos de Deus. "... a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...". (João 1:12)

No entanto, para nos conscientizarmos dessa “semelhança” essencial, precisamos nos purificar de nossas emoções desordenadas e egocêntricas e só assim podemos ver a verdadeira realidade. O que isso significa é claramente explicado pela experiência de Maria Madalena. (João 20, 10-19) Após a crucificação de Jesus, ela se aproxima do túmulo e o encontra vazio. Ela está perturbada e imersa em sua dor profunda. Mesmo quando Jesus aparece para ela, ela ainda está tão dominada pela dor que não consegue ver claramente. Ela não reconhece Jesus e pensa que ele é o jardineiro. No momento em que Jesus chama seu nome, ela rompe sua visão da realidade, obscurecida por suas próprias emoções e necessidades, e então ela pode ver Jesus em sua verdadeira realidade.

A palavra metanoia também foi usada pelos Padres e Mães do Deserto e relacionada a outras formas de rezar – como curvar-se ou prostrar-se – que incorporam o movimento do corpo. Isso nos fala sobre as atitudes necessárias para alcançar a metanoia, para receber a graça: humildade e arrependimento. Metanoia, portanto, significa descobrir quem você realmente é e quem é Deus/Cristo, a fonte de alegria infinita.



Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/yoga-buda-divindade-shiva-agua-386611/