Muitos já perguntaram qual é a vantagem pessoal ou para a humanidade em geral, que se obtém da dedicação ao estudo do misticismo e da tentativa de compreender os mistérios da vida. Evidentemente, essas pessoas têm em mente resultados concretos como os que resultam do estudo das leis, da arte, da música, da engenharia, ou de outros assuntos práticos. Ao olhar para o assunto de maneira superficial, imaginam se o tempo e o esforço investidos no estudo árduo do misticismo e seus assuntos correlatos, trarão resultados para o indivíduo e se contribuirão para o avanço da civilização na mesma medida que outros estudos contribuem.
Essa comparação não é justa. Em um dos casos, o estudante está buscando o seu desenvolvimento espiritual e cultural e o de outras pessoas. No outro caso, está buscando aplicar suas habilidades de maneira prática para ampliar o desenvolvimento de sua existência terrena.
No primeiro caso, o estudante descobre relaxamento, inspiração pessoal e prazer nos seus estudos; enquanto no outro caso, frequentemente sacrifica prazeres e interesses pessoais ao preparar o caminho para uma posição mais bem sucedida na vida. O fato é que muitos estudantes do primeiro caso também são estudantes do segundo, provando assim que uma comparação é impossível, se considerarmos que os estudantes de misticismo são diferentes e fazem parte de uma classe distinta. Estudos mostram que, quanto mais propensão a pessoa tiver para o estudo de qualquer assunto, tanto mais propensão terá para sondar os mistérios da vida e compreender a si mesmo e a sua relação com o universo.
Estatísticas acumuladas ao longo de vários anos provam que o verdadeiro estudante se interessa rapidamente pelos ensinamentos rosacruzes. É dito que uma vez que uma pessoa tenha aprendido o funcionamento de uma língua que não a sua língua natal, se torna potencialmente um linguista pois o conhecimento dessa é uma tentação constante para se adquirir o conhecimento de uma terceira. Tendo adquirido o conhecimento da terceira língua, a quarta, a quinta ou a sexta é prazerosa e simples.
Aquele que tem como passatempo o estudo da astronomia, está pronto para o estudo da cosmogonia e talvez da ontologia e da biologia. Estes estudos levariam naturalmente à psicologia; e a combinação traria o estudante tão próximo dos ensinamentos rosacruzes que responderia imediatamente ao contato.
O estudante de química ou física é facilmente intrigado pelos mistérios do ser ou pelos seus talentos e suas habilidades escondidas. O fato de que existem certas forças e energias no corpo humano que se manifestam em laboratório, de diversas formas, certamente atrai o interesse de qualquer estudante para tais assuntos. É mais difícil gerar interesse pela busca de novos conhecimentos e mais luz, naquele que não é estudante e nem é propenso ao estudo. A mente inativa, que não pensa, não encontra inspiração nem qualquer prazer pessoal no estudo do misticismo e na análise dos poderes físicos e espirituais.
Infelizmente para o mundo, existem inúmeras pessoas que adotam uma atitude de que a vida é um mistério que não pode ser desvendado. Que existem fatos a respeito do homem e de suas capacidades, que Deus não desejava que compreendesse. Muitas dessas pessoas estão satisfeitas com sua posição na vida; no entanto essa não é a verdadeira razão para a sua indiferença. Essas pessoas estão ansiosas por adquirir qualquer coisa na vida que possa ser obtido sem esforço; mas não têm entusiasmo para aquilo que não oferece benefícios materiais imediatos para sua existência mundana.
Entretanto, a pessoa plenamente desperta e voltada para o estudo do misticismo não é necessariamente um fanático ou um extremista. Geralmente é um indivíduo plenamente desperto, aguçadamente consciente que só conseguirá aproveitar o máximo da vida se conhecer o máximo sobre ela. Não precisa ser convencido de que é o capitão do seu navio e o criador do seu próprio destino. O indivíduo ainda pode ter uma certa insegurança a respeito desses fatos, mas está convencido de que um conhecimento mais abrangente e uma compreensão mais íntima de suas habilidades pessoais afetarão o curso da sua vida. Mesmo quando estuda exclusivamente para obter um relaxamento, um estudante assim, acredita que existe uma recompensa mais valiosa do que qualquer tipo de lazer.
Woodrow Wilson (28° presidente dos EUA) admitiu rindo numa ocasião que sistematicamente lia contos policiais, e desafiou homens de negócios e políticos conhecidos que negassem que ocasionalmente se permitiam esses tipos de lazer. Acrescentou ainda que através de um prazer tão simples, percebia suas faculdades mentais sendo desafiadas e vivificadas.
Obter esse mesmo grau de fascinação pelo estudo do misticismo, é possível. Aproximar-se de qualquer manifestação da Lei Cósmica sem sentir o desafio de um mistério, de uma pergunta não resolvida, de um pedacinho de sabedoria inspiradora, é impossível. Frequentemente estive na parte superior de um navio transatlântico, numa noite escura e límpida olhando para o céu. Inconsciente do limite entre o céu e o oceano, divaguei no espaço estrelado, azul escuro, imaginando qual o mistério por trás dos agrupamentos de estrelas e qual o seu propósito no esquema das coisas. Ninguém com uma mente pensante consegue olhar para o espaço e deixar de ficar perplexo, envolto em especulações. Então vem o desejo de saber e de buscar respostas. Essa é a atitude com que milhares se aproximam do misticismo - e do estudo dos ensinamentos rosacruzes.
Qual é o resultado para o indivíduo? Será o resultado a obtenção de uma habilidade especial, de um grau de espiritualidade que faz o indivíduo ser mais devotado? Absolutamente não! Será que esse indivíduo se torna um mestre no campo da religião, um homem santo e sábio liderando e guiando multidões? Não necessariamente! No entanto, algo resulta de seu interesse e de sua devoção que apóia o seu serviço altruístico e a sua disposição de sacrificar-se pela sabedoria e por uma melhor compreensão.
O homem preocupado com um problema insuperável encontra alivio, paz e capacidade para prosseguir no momento que compreende o seu problema. Não é o problema que causa tormento mas, a falta de entendimento dos elementos que o compõem. Na tentativa de explicar a natureza de seus problemas, muitas pessoas descobrem a solução. O homem nunca teme aquilo que conhece; é o desconhecido que lhe causa pavor. Os mistérios da vida escravizam homens e mulheres.
Não é verdade que o místico banha seus problemas com uma falsa pátina* de contentamento. É por compreender as leis do universo que entende a verdadeira natureza dos problemas que enfrenta e percebe sua vida se tornando mais feliz e mais alegre. Não é simplesmente porque aprendeu formas de lidar com os problemas, mas é porque se tornou tão intimamente familiarizado com a verdadeira natureza dos mesmos, que suas características desconhecidas e misteriosas não preocupam mais o lado subconsciente do seu ser. Ama o conhecimento e acredita que está perdido sem ele. As verdades ocultas são atrações magnéticas que ativam sua mente e disparam o seu espírito.
O místico encontra felicidade através do conhecimento e do auxílio que pode prestar a outras pessoas. Encontra força no fato de que pode atrair para si aquilo que contribuirá para seu fortalecimento físico, mental e espiritual. Aprende a valorizar todas as coisas através de critérios mais elevados e valoriza mais a vida material.
No fato de estar consciente e no privilégio de estar vivo, encontra uma bênção mais valiosa do que qualquer coisa que jamais tenha encontrado - em cada bocado de alimento, na luz do sol e na chuva, uma recompensa que outras pessoas não perceberam.
Não os bens materiais, mas a administração das dádivas de Deus lhe pertence, e aprende a usá-las para o proveito das outras pessoas bem como para o seu próprio. É isso que faz o místico feliz e disposto a continuar a investir seu tempo e pensamento nos estudos que aproximam o céu da terra e Deus do homem.
Dr. Harvey Spencer Lewis, F.R.C.
Fonte: Blog "Rosacruzes"
http://rosacruzes.blogspot.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
(*Pátina é um composto químico que se forma na superfície de um metal. Ela se forma naturalmente, pela exposição aos elementos e ao clima, ou artificialmente, com a adição de produtos químicos por artistas ou metalúrgicos. (Wikipédia))