sábado, 29 de abril de 2017

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA


Sempre tenho o sentimento de que um dia haverá apenas a troca de sentimentos verdadeiros entre as pessoas. Sentimentos baseados na fé. Eu tenho a fé firme de que a mudança tem que acontecer. Mas muitas pessoas me dizem: O que você está tentando fazer é impossível. Nada vai mudar. Isto não vai funcionar. Entretanto, minha fé está conectada com minha determinação de que isso vai acontecer. E eu não deixo ninguém reduzir meu grau de determinação. Eu digo a eles: É possível. Tudo está em nossas mãos. Tudo depende de nós. (Dadi Janki)

Somos ensinados que vencer e alcançar é uma questão de pegar e segurar, quando na verdade é uma questão de dar e soltar. Vencedores são aqueles seguem doando e não tomando. Para eles, vencer não é tomar de um ou de outro. Vencer é superar a própria inércia e dar algo além de si a alguém. Isso reverte o fluxo de energia. Ao  invés de a energia vir de fora para dentro ela flui de dentro para fora. E como todos nós sabemos, a mais profunda satisfação da vida vem de dar.

Tolerância é a habilidade de acomodar diferentes opiniões e indiferentes atitudes, mantendo o autorrespeito e respeitando os outros. Para reforçar o hábito da tolerância, procure ter uma mente aberta em relação a tudo. Procure entender que cada ser humano possui, dentro de si, uma bagagem de conceitos, experiências e memórias absolutamente singulares. A tolerância é o poder que valoriza essas histórias pessoais, com respeito e amor. Onde houver tolerância em uma tarefa ou relacionamento, haverá sucesso.

A batalha entre espírito e ego é como uma batalha entre a visão ampla e a visão curta. Se o ego entra em cena, vejo minha vida em termos de aquisições a curto prazo. Tratarei as outras pessoas como meios para os meus próprios fins egoístas. Se me torno espiritualmente consciente, vejo minha vida na mais ampla perspectiva. As outras pessoas passam a ter extrema importância. Meu propósito é fazer chover meus presentes espirituais sobre elas - irradiar amor em todas as direções.




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain

terça-feira, 25 de abril de 2017

O SER UNIVERSAL - ATMA


Você é o infinito sem forma (Nirakara), assumindo a forma de um humano finito (Naraakara). Você é o Absoluto, fingindo ser o Relativo; Você é o Eu, fingindo ser o corpo! O Ser Universal (Atma) é a base de todos os seres. O céu estava lá antes que as casas fossem construídas debaixo dele; o céu as penetrou e as permeou! As casas desmoronaram e se tornaram pilhas e escombros ao longo do tempo, mas o céu não foi afetado de forma alguma! Igualmente, o Atma permeia o corpo e subsiste mesmo quando o corpo é reduzido a pó. A mesma corrente elétrica inexplicável e invisível quando entra em uma lâmpada, um ventilador, um fogão, um refrigerador ou um pulverizador, ativa cada um deles ou mesmo todos eles juntos! Assim também, o Princípio Divino ativa todos os seres (Ishwara Sarva Bhutanam). Essa é a essência interior, a Chama Divina, mais minúscula que a mais minúscula, mais magnífica que a mais magnífica! (Discurso Divino, 19 de fevereiro de 1964)





Sathya Sai Baba





Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: tumblr.com

domingo, 23 de abril de 2017

A SENDA TRÍPLICE - ECLETISMO


A SENDA TRÍPLICE

No processo da evolução consciente, há três grandes caminhos que em paralelo conduzem harmonicamente o desenvolvimento oculto e espiritual do homem.

Quando tomamos somente um deles, com exclusão de um, ou dos outros, produzem-se determinados desequilíbrios que perturbam o desenvolvimento harmônico, ou justo equilíbrio, que deve reinar na consciência do espiritualista.

Estas três sendas são: a filosófica, a mística e a científica.

Na realidade, a atuação operativa atua somente nos aspectos místico e científico, sendo a filosofia unicamente o laço que os harmoniza, coordenando os opostos.

A senda mística desenvolve o aspecto sensitivo do ser, assim como a senda científica e ocultista desenvolve a vontade do operador, sendo indispensável que sentimento e vontade, mística e ocultismo se encontrem devidamente coordenados para os efeitos de evolução harmônica.

O místico exagerado perde o controle da vida e se converte em um autômato perigoso para si mesmo, fisicamente e animicamente.

O ocultista puro desenvolve em si a vanidade extrema e então, por esse meio, pode converter-se em servidor dos chamados "irmãos da sombra".

Somente coordenando o desenvolvimento da mística com o aspecto físico e volitivo, é que consegue a completa harmonia, que é indispensável na vida do endoterista*.

Para estas duas polaridades da vida interna não podem ser devidamente coordenadas e compreendidas se não se faz um estudo de filosofia. É por isso que não poderíamos terminar este manual**, sem mostrar os perigos de um desenvolvimento polarizado à mística, à filosófica ou à ocultista (científica), isoladas, sem estabelecer a coordenação necessária que deve reinar neste tríplice caminho.

O caminho da filosofia pura, ausente de mística e de ciência, conduz comumente ao sofismo, sem importância transcendental; o filósofo que não cultiva sua vontade e que não desenvolve seu coração, resulta ser um empedernido, sem transcendência alguma em seu real progresso.

Um místico que não seja filósofo é enganado por falsas aparências com imitação ou representação da realidade para sua exagerada sensibilidade. Um ocultista sem filosofia pode se converter em um desonesto ou audaz mago que atua para a satisfação de sua própria vanidade, sem pensar nas consequências naturais de cada atuação.

Por isso, é absolutamente indispensável que o tríplice caminho ou senda seja recorrido em paralelo, harmonizando o claro pensamento, o nobre sentimento e a volitiva ação.

A Fraternidade Rosa-Cruz, coordena maravilhosamente a tríplice senda, ainda que haja ocultistas especializados, místicos por excelência e filósofos excepcionais.

É conveniente informar aos estudantes atuais, quais são as principais obras de ciência, de filosofia e de mística.

Como obras ligadas diretamente à ciência oculta temos, dentre muitíssimas outras, por exemplo:

- Os Chacras, de C. W. Leadbeater,
- A Iniciação, de R. Steiner,
- Cabala Mística, de D. Fortune,
- Igreja Gnóstica, de A. Krumm Heller,
- Maçonaria e Catolicismo, de Max Heindel,
- Filosofia Yoga, de S. Vivekananda.

Em obras de filosofia temos, dentre muitíssimas outras, por exemplo:

- Jnana Yoga, de S. Vivekanada,
- Gnana Yoga, de Y. Ramacharaka,
- Ísis Sem Véu, de H. P. Blavatsky
- Karma Yoga, de S. Vivekananda,
- Atmi Jnani, de Avedananda.

Em obras de mística temos, dentre muitíssimas outras, por exemplo:

- Em Harmonia com o Infinito, de R. W. Trine,
- Rosa Esotérica, de A. Krumm Heller,
- Coletâneas de Um Místico, de M. Heindel,
- Na Hora de Meditação, de F. P. Alexander.

E em obras que encontramos as três sendas juntas temos os seguintes autores, dentre muitos outros, por exemplo:

- Max Heindel,
- Rudolf Steiner,
- Franz Hartmann,
- Ramacharaka,
- Vivekanada,
- Dion Fortune.

À medida que o estudante vai se aprofundando no conhecimento das leis que regem o destino e evolução do homem, irá encontrando verdadeiros tesouros de sabedoria na multidão de autores que estão trabalhando pelo melhoramento do mundo; aqui citamos apenas algumas das autoridades genuínas e reconhecidas.


ECLETISMO

Do grego "eklegein" (escolher). Este é o espírito que deve caracterizar o estudante Rosacruz: ler livremente as obras dos Iniciados de todos os tempos e ir selecionando a sabedoria que concerne a sua imediata necessidade e evolução, pois sempre será parcial e desequilibrado todo aquele que imagine que somente o autor "a" ou "b" possuem a razão e a verdade, e que os demais estão equivocados.

O mais sábio dos homens não pode resumir a sabedoria universal, e por tal razão o estudante do transcendental deve ser eclético, para que sua consciência vá abarcando os diferentes aspectos da sabedoria que encarna o conhecimento genuíno das leis da evolução.

Conhecer a filosofia dos orientais e sua elevada mística, resulta de suprema importância, mas como eles aguçaram muito sua inteligência para perceber o mundo transcendental pode não se adequar exatamente a qualquer buscador do mundo ocidental e que, por este mesmo fato, pode não ser um sistema que corresponda adequadamente a todos da raça ocidental.

No Ocidente, temos o aspecto místico-cristão em todas as obras rosacruzes de Max Heindel. No aspecto místico gnóstico temos A. Krumm Heller que se refere à atualização do desenvolvimento por meditação. No aspecto Iniciação temos R. Steiner. Em alquimia se ocupa Franz Hartmann e também Max Heindel em seu livro "Maçonaria e Catolicismo". Enfim, todos os autores ocidentais nos ensinam algo particular que nos é indispensável para o equilibrado desenvolvimento da mística e do cultivo interno.

Com estes pontos necessários para aclarar, damos o necessário a este pequeno trabalho, que esperamos seja de utilidade prática aos estudantes espiritualistas da América, sejam Teosofistas, Yogues, Rosacruzes, Cabalistas, Gnósticos ou simplesmente idealistas.




Israel Rojas Romero





Fonte: do Opúsculo "Manual Rosacruciano"
Fraternitas Rosicruciana Antiqua
Fraternidad Rosa Cruz de Colombia - Gran Logia Raghozini
http://www.fraternidadrosacruzdecolombia.org/
Fonte da Gravura: www.shutterstock.com




Notas deste blog:

* Um dos aspectos do esoterismo. Um conhecimento adquirido por experiência espiritual.

** "Manual Rosacruciano"


sexta-feira, 21 de abril de 2017

ANTES DE TUDO, A VIDA


Nada no mundo tem um valor superior ou mesmo igual ao da vida, e o nosso primeiro dever é o de preservar a nossa vida, de a proteger, de a tornar mais forte, mais intensa. A História mostra-nos que houve homens e mulheres que deram a vida para defender certas ideias, para salvar vítimas, pessoas em perigo. Santos, profetas e Iniciados também deram a sua vida por uma ideia, para a glória de Deus, e não só não perderam nada, como depois receberam uma vida nova, ainda mais rica, ainda mais bela, porque se tinham sacrificado pelo bem. Mas, tirando estes casos, que são excecionais, cada um deve preservar a sua vida, purificá-la, intensificá-la, iluminá-la, pois ela é a fonte, o ponto de partida para todos os outros desenvolvimentos, nos planos físico, afetivo e mental. A verdadeira ressurreição começa com um trabalho sobre a vida. No começo, existe a vida, e é depois que vêm a sabedoria, o amor, a beleza etc., que são outros tantos ramos da árvore primordial, a árvore da vida.



Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Pintura de Ludger Philips
La Madre con el Tigre en la Jungla de la Ciudad
http://www.ludgerphilips.org/

quinta-feira, 20 de abril de 2017

2º TRABALHO DE HÉRCULES - A CAPTURA DO TOURO DE CRETA (SIGNO DE TOURO)


O MITO

O Grande Senhor falou ao Mestre do homem cuja luz brilhava entre os filhos dos homens. Que também são filhos de Deus:

- “Onde está o homem que se manteve com poder diante dos Deuses, recebeu dons e entrou pelo primeiro portal aberto de par em par para trabalhar em sua tarefa?”

- “Ele descansa, ó Grande Presidente e reflete acerca de seu fracasso, lamentando-se por Abderis e busca ajuda dentro de si mesmo”.

- “Muito bem. Os dons do fracasso garantem o êxito quando são corretamente compreendidos. Que proceda a trabalhar mais uma vez e penetre pelo Segundo Portal!”

Só e triste, consciente da necessidade e consumido por uma profunda dor, Hércules passou lentamente entre os pilares do Segundo Portal para a luz que brilhava onde estava o touro sagrado.

No horizonte se levantava a formosa ilha onde morava o touro e onde homens arrojados podiam entrar no vasto labirinto que os atraía até o aturdimento, o labirinto do Rei de Creta, o guardião do Touro.

Cruzando o oceano para a ensolarada ilha, Hércules empreendeu sua tarefa de encontrar o touro e conduzi-lo ao Lugar Sagrado onde moram os homens de um olho só (os grandes Iniciados que desenvolveram a terceira visão).

De um lugar ao outro, ele perseguiu o touro sagrado dentro do labirinto, guiado pela fulgurante estrela que brilhava sobre a fronte do touro. Sozinho, ele procurava o touro; sozinho ele o perseguia até a sua guarida; sozinho ele o capturou e montou sobre seu lombo. À sua volta permaneciam as Sete Irmãs, estimulando-o em seu caminho e, na luz resplandecente, ele o conduzia, entregando-o depois aos 3 cíclopes. Estes três grandes filhos de Deus aguardavam seu regresso, vigiando seu progresso através das ondas.

Ele conduziu o touro como se este fosse um cavalo e com as 7 irmãs cantando, à medida que marchava.

Vem com força, disse Brontes; conduz na luz, disse Steropes, tua luz interior será mais brilhante; vem rápido, disse Arges, pois estás conduzindo através das ondas.

Hércules se aproximou empurrando o touro sagrado e emitindo luz sobre o caminho que conduzia de Creta ao Templo do Senhor.

Sobre a terra firme, à beira d’água, estes três pararam Hércules e se apoderaram do touro.

- Que tens tu aqui? Disse Brontes, detendo Hércules no caminho.
- O touro sagrado, ó Deus.
- Quem sois? Diga-nos teu nome, disse Steropes.
- Eu Sou o filho de Hera, um filho de homem e, contudo um filho de Deus. Realizei minha tarefa.

Leva agora o Touro ao Lugar Sagrado e o salva, pois Minos desejava seu sacrifício.


SIMBOLISMO DO MITO

O fato importante mostrado neste 2° Trabalho é que “não há fracassos”. O trabalho anterior fora considerado como mal feito, mas Hércules está, agora, diante de uma segunda oportunidade. O que importa é a experiência feita, a vivência assimilada, o desenvolvimento do ser humano. Tudo o que leva à transformação é válido. A morte do amigo e o fato do herói ter de capturar novamente as éguas fizeram Hércules refletir, sofrer e pensar de novo. Depois disso ele estava pronto para outra tarefa.

Diz Alice A. Bailey: É pertinente observar que Minos, Rei de Creta, o dono do touro sagrado, possuía, também, o labirinto, no qual o Minotauro vivia. O labirinto tem sido sempre considerado o símbolo da grande ilusão. A palavra “labirinto” indica algo confuso, que desnorteia, desorienta, embaraça. A ilha de Creta com seu labirinto e o Touro é um destacado símbolo da grande ilusão. A ilha separada do continente é a característica do eu-separado, mas não da alma onde as realidades grupais e as verdades universais constituem o seu reino.

Para Hércules, o Touro representava o desejo animal, e os muitos aspectos do desejo no mundo da forma, a totalidade dos quais constituem a grande ilusão. O Touro do desejo tem que ser capturado, domado e perseguido, até o momento em que o aspirante possa fazer como Hércules: montar o Touro. O Touro não é sacrificado, mas é domado e dirigido sob o domínio do ser humano.

Diz Trigueirinho: O Touro que figura neste Trabalho simboliza o sexo em todos os seus aspectos, desde a força criativa até o desejo animal.

A ilha com seu labirinto simboliza a grande ilusão, o eu-separado.

O continente, para onde Hércules leva o Touro domado, representa a consciência do EU superior. Os que vivem no continente simbolizam os que usam corretamente a energia da alma.

Nesta etapa do desenvolvimento da alma, Hércules é ainda a unidade que tem a consciência separada do continente pelo mundo da ilusão, que é o oceano, no qual ele ainda vive.

Montar o Touro significa aqui controlar o sexo. Neste mito, o Touro não é massacrado, nem morto, mas é guiado sob a maestria do homem.

Controlar o Touro e conduzi-lo até o continente, só é possível quando Hércules assume a sua própria evolução sem esperar que outros decidam por ele. Somente depois de duras provas é que ele estará em condições de controlar a energia sexual. Antes disso, essa energia apenas alimenta e atrai os seus desejos.

O labirinto da ilha é vencido somente quando o ser humano, que já perdeu uma série de ilusões, não é mais atraído pelas promessas de  gozo e prazer.

Fica claro que o relacionamento do indivíduo com a energia sexual depende do seu grau evolutivo.

A educação, a atitude e a aprendizagem do ser humano, ao confrontar-se com essa energia, estão diretamente ligadas à consciência que ele já atingiu.

Temos que lembrar que o Touro, neste mito, é o símbolo da força criativa que, se bem direcionada, transforma-se em um tipo não-sexual de energia, a qual é útil para outros fins além da procriação.

Para “montar o Touro”, levando-o da separatividade e do desejo pessoal ao continente do “bem grupal”, é necessária a cooperação, tanto da mente como da vontade. A mente coopera quando compreende a verdadeira ideia do celibato.

Celibato é entendido como a polarização de toda a energia mental da criatura em um só ponto: o da sua alma, centro da sua consciência que, passando a ser a única meta do indivíduo, reafirma seu próprio propósito. Com a alma voltada para este propósito e a mente nela concentrada, existe a ação, o sentimento e o pensamento corretos. O ser humano tem, deste modo, a energia unificada em direção à sua alma e é, portanto celibatário.

Tanto os iniciantes como os estudantes mais avançados têm que passar por provas sucessivas para ajudá-los a calibrar a própria natureza animal, neutralizando os efeitos da ilusão geral do ambiente e da sociedade de consumo.

O controle do desejo sexual, o ato de levar o Touro da ilha para o continente e de entregá-lo aos homens de um olho só são, em um ser humano, tarefas de repercussão mais profundas do que a mente normal pode conceber. Uma vez cumpridas, serão dadas posteriormente, provas ainda mais sutis no campo do sexo.


O TRABALHO DO DISCÍPULO - O APRENDIZADO SOBRE A NATUREZA DO DESEJO

No 1° Trabalho, a parte humana do indivíduo está equipada com a mente e a sua tarefa é aprender a adaptar essa mente às necessidades reais.

Neste 2° Trabalho, a parte humana do indivíduo já está equipada com o elemento desejo bem fortalecido mas que precisa ser trabalhado e transformado.

Diz Alice A. Bailey: A grande lição a ser aprendida neste signo é alcançar a correta compreensão da lei de atração e o correto uso e controle da matéria.

Maya, ou a grande ilusão, e o sexo são apenas dois aspectos da mesma força, a de atração; um, ao manifestar-se no plano físico, e o outro, ao expressar-se no campo da natureza do desejo emocional.

Quando os seres humanos reconhecerem as funções sexuais físicas como uma herança divina, e seu equipamento como algo que lhes foi dado para o bem do grupo e para o benefício da família humana, veremos a eliminação da promiscuidade e o mal que sempre a acompanha, a doença. A energia sexual, que é criativa, enquanto reprodutora, tem a função de levar adiante o grupo humano, provendo corpos para as encarnações de almas. Cumprida esta tarefa, ela pode ser sublimada em todos os seus aspectos de desejo, e então, paixão, luxúria, auto-satisfação, doença e superpopulação desaparecerão do mundo, e a matéria não mais será envolvida pelo desejo egoísta.

Que o aspirante use a mente, e por meio da percepção inteligente, guie e controle o Touro do desejo. Mente limpa e coração puro, corpo físico corretamente organizado e usado em conformidade às leis do país no qual seu destino o colocou, máxima consideração pelo bem estar daqueles a quem está ligado, e uma vida de serviço amoroso; estes constituem os ideais do aspirante.

A melhor maneira de fazer isto é pela auto-aceitação onde ele mostra para si mesmo que está satisfeito e grato à vida que pulsa dentro dele


TAREFA A SER FEITA - DESAPEGO

Dane Rudhyar diz: Touro significa a completa subserviência do ser humano ao ritmo natural da atividade humana. É o símbolo do apego simbolizando a identificação muita profunda com as energias da natureza humana, com os processos evolutivos que operam de maneira subconsciente no ser humano e que o conduz às metas ordenadas pela Vida ou por Deus, de acordo com seu nível de evolução.

Buda esclareceu para o ser humano a natureza do desejo e seus resultados, com os infelizes efeitos que o desejo provoca quando persistente e desprovido de esclarecimentos.

Buda nasceu por ocasião da lua cheia de Touro e, segundo a tradição, obteve a Iluminação nessa mesma época do ano. Seja isto um fato ou um símbolo, isto é importante para o estudante, pois coloca uma grande ênfase no sentido profundo do signo de Touro.

Buda ensinava a todo ser humano, o desapego como uma técnica positiva de viver, para que ele a usasse em qualquer ocasião; uma técnica que levava a um estado ou condição de ser perfeito e que qualquer um, fosse qual fosse a sua origem ou crença, podia alcançar.

Buda ensinava uma atitude positiva e deliberada de desapego. Ele pregava que esse desapego podia ser alcançado através de uma compreensão objetiva e racional de nossa natureza como personalidade viva e, do mundo como um todo, por meio de uma total consciência, através de uma análise científica de todas as nossas reações e das séries cíclicas de causa e efeito que existem onde quer que haja organismos vivos.

Esse controle devia ser obtido não por meios voluntários de repressão, mas pela focalização da inteligência clara sobre o processo de formação e desenvolvimento dessas reações, levando, assim, ao inevitável desaparecimento de todos esses desejos, impulsos e emoções. Porque se identificarmos nossa consciência, nosso ego com eles, seremos lançados no caminho trágico da alegria-tristeza e do prazer-dor.

Não estando apegado a nenhuma polaridade da vida, nada desejando em particular, não desejando sequer deixar de desejar, o caminhante ingressa num estado de ser situado além da natureza, o Nirvana. Simbolicamente significa ausência de veículos. Nirvana é uma condição a ser alcançada.

Essa mensagem de desapego é a indicada a Touro, pois ele é um magnífico cântico de escravização à vida. Mas a alma no interior de cada ser é intrinsecamente livre. A busca da própria quietude e da paz é que leva a liberdade.

Esforça-te em buscá-la, até não haver necessidade de esforço, até já não haver necessidade alguma, até já não haver nada.


PENSAMENTO-SEMENTE ESOTÉRICO

“Eu vejo e, quando o Olho está aberto tudo fica iluminado”.

Em Touro o desejo é transmutado em aspiração, a escuridão dá lugar à luz e à iluminação e assim, abre-se o olho de Touro – o 3° olho espiritual. Este único olho toma o lugar dos dois olhos do eu pessoal. A atenção do ser humano passa a focalizar-se na conquista espiritual. Ele palmilha o Caminho do Discipulado.

Para isso ele deve aprender a aceitar o que é a realidade e olhar de olhos abertos e conscientemente para o meio a sua volta e para si mesmo, reconhecendo clara e realisticamente o que ele é e o que ele tem para dar ao mundo.

Quando a Alma cavalga a forma, dominado-a e conduzindo-a, conhecerá suas corretas obrigações. Reconhecerá a relação que deverá ter com outros seres humanos, quer seja como marido ou mulher, pai ou mãe, irmão ou irmão, amigo ou companheiro. Com o correto uso de sua vida física, de suas realidades e energia espiritual, a Alma agirá como fator controlar da vida, e seu corpo todo se encherá de Luz.




Retirado das seguintes fontes:

- "Os 12 Trabalhos de Hércules", Iva Marques da Fonseca, FCA - Fundação Cultural Avatar

- "Os 12 Trabalhos de Hércules, Panyatara

- "Os Trabalhos de Hércules", Djwhal Khul  / Alice A. Bailey, FCA - Fundação Cultural Avatar

- "Hora de Crescer Interiormente", Trigueirinho, Ed. Pensamento

- "Os Doze Trabalhos de Hércules e a Evolução da Alma - Visão Esotérica, Alfredo Roberto Netto, M.'.M.'. - A.'.R.'..'..S.'. União e Solidariedade - 387

- "Tríptico Astrológico", Dane Rudhyar, Ed. Pensamento





Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain


quarta-feira, 19 de abril de 2017

A PRÁTICA DA CONDUTA CORRETA (DHARMA)


É realmente uma pena que as pessoas estejam optando por não comer o fruto mais nutritivo do jardim da Natureza. As pessoas estão subindo na árvore errada e buscando colher os frutos errados, de modo que seu apetite fica arruinado, seu paladar é vulgarizado e sua saúde é destruída. Somente a glória do Senhor pode satisfazer a fome de uma pessoa, pois ela é parte dessa glória. Você pode ganhar a graça do Senhor somente praticando a retidão. A retidão naturalmente induz o espírito de auto entrega e cultiva-o assiduamente. Com o treinamento que a prática da conduta correta (dharma) dá a seus sentidos, seus sentimentos e emoções, você pode ter fé e desapego constantes. O Senhor é o Dharma concebido como uma personalidade. O Senhor Rama, de fato, era conhecido como "Vigrahavan Dharma", a Retidão Personificada. Se você sair dos limites da retidão e cometer alguma falta, você nunca ganhará o jogo da vida! (Discurso Divino, 25 de janeiro de 1963)





Sathya Sai Baba






Fonte: www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: tumblr.com

segunda-feira, 17 de abril de 2017

NOSSOS PENSAMENTOS E EMOÇÕES AGEM NO MUNDO INVISÍVEL


Cada um dos nossos estados psíquicos produz efeitos no mundo invisível e, por isso, afeta outras criaturas. Embora a maioria dos humanos não tenha consciência deste fato, isso nada muda: mais cedo ou mais tarde, eles serão obrigados a constatar os estragos provocados por todas as suas desordens interiores. Quando chegarem ao outro mundo, as entidades celestes dir-lhes-ão: «Olha! Por tua causa, foi cometido este crime, aconteceu aquele acidente.» Eles bem poderão protestar, dizendo que nunca fizeram aquele mal, que nunca roubaram, nem destruíram, nem mataram, mas responder-lhes-ão: «Talvez não, mas os teus pensamentos e os teus sentimentos influenciaram outras pessoas que, por tua causa, foram impelidas a agir mal.» Perante a Justiça Divina, nós não somos responsáveis somente pelos nossos atos. Cada um é também responsável pelos seus pensamentos, pelos seus sentimentos, pelos seus desejos, pois eles agem no mundo invisível como forças que impelem outros seres para o bem ou para o mal.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: tumblr.com

domingo, 16 de abril de 2017

PÁSCOA – AÇÃO DO SANGUE DE CRISTO NA TERRA E NO COSMOS


Cristo, uma entidade sagrada proveniente das mais elevadas regiões espirituais vincula todo o seu sagrado ser à Terra e nos momentos que antecedem a sua morte vai se esvaindo em sangue. Essa substância portadora de vida que foi sendo aprimorada em seu ser vai gotejando no solo e transmitindo à substância terrestre morta, mineralizada e sem nenhuma possibilidade de transformação, um novo impulso capaz de torná-la novamente espiritualizada, permitindo que os seres humanos possam continuar esse trabalho de transformação da matéria.

“Há, porém, ainda muitas outras coisas que Cristo realizou; e, se cada uma delas fosse escrita, cuido que nem o mundo todo poderia conter os livros que teriam sido escritos…” (João 21:25)

A festa da Páscoa e comemorada no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorre depois do Equinócio de Outono (ou de Primavera no Hemisfério Norte). É uma festa móvel; sem vínculo com um determinado dia do ano, e isso significa que não é uma festa totalmente terrestre. O fato dela estar relacionada com o Equinócio nos revela uma característica cósmica. Além disso, ela é comemorada no Domingo, e isso tem uma íntima relação com o Sol. A Páscoa é uma festa de natureza cósmica que dirige nossa consciência à mais elevada entidade que já viveu entre nós, o Cristo, intimamente ligado às forças Solares. Ao considerarmos a Páscoa segundo esse aspecto estaremos omitindo uma outra característica muito importante relacionada com essa festa que é a Lua, pois o Domingo de Páscoa ocorre após a Lua cheia.

O presente trabalho pretende estabelecer uma relação da Páscoa com a Lua, não apenas com a esfera lunar atual que tem relação com a Prata e com os processos de espelhamento e reflexão, mas também com a Antiga Lua cujo representante é o planeta Marte relacionado com o Ferro, com a vontade humana e com o sangue.

Ao cultivarmos em nossa vida interior o ambiente daquilo que acolhemos ao lermos as descrições da crucificação de Cristo, começa a surgir em nosso íntimo uma imagem que vai se tornando cada vez mais forte e viva à medida em que vamos contemplando esses sagrados acontecimentos dia após dia.

E a imagem que surge diante de nós é a de um ambiente de trevas e angústia. O Sol no alto do céu afogado por um eclipse criando um ambiente de sombras. Durante uma eclipse os animais ficam irritados, os cães latem, os pássaros gritam e voam de maneira agitada. Toda a atmosfera é preenchida por sons de medo e terror emitido pelos animais que percebem instintivamente a atmosfera tenebrosa do eclipse onde toda a paisagem parece estar morta. As cores mais vivas deixam de existir, predominando sons acinzentados e azulados. Uma atmosfera de tensão que precede algo terrível paira no ar.

Ao longe, três cruzes. Na do meio jaz uma entidade que está em vias de morrer. As palavras que ele emite reverberam na atmosfera e permanecem ecoando, gerando espaços e ambientes. Seu corpo parece emitir uma luz sagrada naquele ambiente de trevas.

A Terra consumida, acinzentada e totalmente opaca a tudo aquilo que vem do Cosmos se revela como algo compacto, material e morto. Ainda hoje, durante os eclipses a Terra se revela como algo totalmente material.

Nessa atmosfera de morte, trevas e angústia, gotas de sangue caem da cruz. E naquele momento em que o sangue de Cristo se encontra com aquele solo escuro e tenebroso, esse próprio solo começa a brilhar. À medida que o sangue de Cristo vai caindo, aquela terra antes tenebrosa e opaca vai se tornando luminosa e transparente.

Diante dessa imagem vai surgindo em nosso íntimo a seguinte pergunta: O que é esse sangue do Cristo, capaz de transformar o solo mineral e morto em uma entidade espiritual? Como esse sangue é capaz de espiritualizar toda a Terra? Existem tantos aspectos que poderiam ser mencionados em relação a esse sangue, mas gostaríamos de mencionar o aspecto de ver o sangue como uma espécie de ESPELHO.

Ao depositarmos Chumbo na superfície de um vidro iremos obter um espelho que reflete um mundo acinzentado, doentio e morto. Um espelho de Cobre reflete um ambiente avermelhado, como se tudo estivesse quente, pegando fogo. Os espelhos comuns, capazes de revelar o meio ambiente sem interferir na imagem refletida são feitos de Prata. Podemos considerar o sangue de Cristo como um espelho que além de refletir o mundo Espiritual na Terra, adiciona matizes de amor e devoção a esse reflexo, ou seja, é algo que HUMANIZA esse reflexo. Podemos encontrar uma referência bastante significativa em relação a isso na palestra de 31 de dezembro de 1911 proferida por Rudolf Steiner em Hannover (GA 134 – “O Mundo dos Sentidos e o Mundo do Espírito”).

Para podermos mencionar essa característica de espelho do sangue precisamos nos dirigir novamente aos primórdios da criação. Durante os primórdios da evolução em uma era descrita pela ciência Espiritual como Antigo Saturno, iremos encontrar seres muito elevados, denominados Tronos, oferecendo seu próprio ser que consiste em uma calorosidade criadora capaz de gerar mundos e seres. Entidades ligadas aos períodos de tempo e aos estilos das épocas, que denominados Arqueus acolhem essa calorosidade geradora de seres que paira no meio ambiente transformando-o em algo íntimo. O trabalho dos Arqueus de transformar a calorosidade criadora existente no meio ambiente em algo próprio e íntimo vai fazendo com que surja nessas entidades a experiência deles serem algo distinto do meio ambiente, ou seja, durante a evolução do Antigo Saturno os Arqueus vão adquirindo a consciência Eu pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do corpo físico humano, e nos primórdios da criação do ser humano nós servimos de espelho para que os Arqueus pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte, denominada Antigo Sol, elevados seres denominados Espíritos da Sabedoria contemplam o sacrifício dos Tronos. Para eles isso é algo tão maravilhoso que eles vertem todo o seu ser nessa contemplação gerando atmosferas de encontro, reverência e gratidão que fluem no antigo Sol. Os Arcanjos captam essa atmosfera viva preenchendo aquelas estruturas-calor que tinham sido formadas na evolução anterior. Os Arcanjos tornam íntima a atmosfera de reverência e admiração emanada pelos Espíritos da Sabedoria fazendo com que aquelas estruturas calor irradiem vida. Os Arcanjos ao verterem a substancialidade espiritual do meio ambiente nessas estruturas-calor, vão tornando íntimo, interno, aquilo que existe no meio ambiente. E à medida que eles vão realizando essa atividade, eles vão tendo a experiência de serem diferentes do meio ambiente, ou seja, os Arcanjos vão adquirindo a consciência EU pelo fato deles se ESPELHAREM nessa estrutura que eles edificaram. Essa estrutura, porém, é o germe do Corpo Etérico do ser humano que serviu de ESPELHO para que os Arcanjos pudessem se reconhecer e assumir o degrau humano.

Durante a evolução seguinte denominada Antiga Lua, os Espíritos do Movimento contemplaram os desvios que estavam ocorrendo na evolução, doando todo o seu Ser no restabelecimento de um equilíbrio dinâmico capaz de estabelecer um relacionamento entre aquilo que existe no Cosmos. E tudo começa a fluir. Os Anjos captam esse ambiente de fluidez dinâmica e dirigem sua atividade no sentido de dotar de movimento e mobilidade aquelas estruturas de calor-vida que estavam sendo formadas e que começaram a manifestar um movimento interno de fluidez e revelar um movimento externo. E à medida que os Anjos iam realizando essa atividade, eles iam tendo a experiência de serem uma entidade que difere do meio ambiente, ou seja, os Anjos ao se ESPELHAREM nessa estrutura que eles iam criando, iam adquirindo a consciência EU. Essa organização que eles iam criando e se espelhando constitui o germe de nosso Astral. Durante a antiga Lua o ser humano serviu de ESPELHO para que os Anjos fossem adquirindo sua consciência EU ou humana.

Se toda a evolução tivesse transcorrido em harmonia, no degrau evolutivo seguinte, que é a Terra atual, os Espíritos da Forma teriam emanado a única substância física que existiria no Cosmos, e teria sido aquilo que temos hoje como SANGUE. Esse sangue seria algo em estado disperso, dinamizado, e durante um período bem curto iria cristalizar-se em uma estrutura plana, em uma película análoga a um ESPELHO capaz de refletir o mundo espiritual à própria Terra. Esse sangue humano teria atingido o degrau mais elevado da evolução, e esse degrau é a forma como algo capaz de refletir na Terra aquilo que ocorre no mundo Espiritual, ou seja a FORMA como um ponto de passagem entre o Universo Criado e a Terra que seria transformada pelo ser humano.

Contemplemos uma escultura que é algo que tem uma FORMA. Essa obra de arte é o resultado de algo que começou com a vontade, o entusiasmo, com o QUERER CALOROSO em criar algo novo. Para concretizar essa vontade, o escultor concebeu, planejou e pensou essa obra, ou seja, a obra de arte passou pelo estágio da SABEDORIA. Depois da escultura ter sido pensada, ela será executada. Uma série de movimentos na argila, uma sucessão de formas em contínua transformação vão surgindo durante a elaboração da escultura. Essa obra de arte passou pelo estágio do Movimento e depois disso surgiu a FORMA definitiva. Resumindo, temos os seguintes estágios que culminaram com o surgimento da FORMA.


QUERER CALOROSO

Essa forma terminada é capaz de transmitir uma mobilidade interior, um MOVIMENTO interno. Ela nos revela um determinado estilo que é a ideia geral representada por uma série de esculturas do mesmo autor, ou seja, essa escultura nos mostra uma SABEDORIA que se revela como um estilo. Essa escultura também nos transmite uma força configurativa que nos transforma, agindo até as profundezas mais inconscientes de nosso ser, despertando em nós uma CALOROSIDADE como força moral. Temos então o seguinte:



A Forma é o ponto de passagem entre o mundo que foi tecido e configurado pela criação, pelo escultor, e o mundo recriado pelo ser humano, a escultura, é a EXPRESSÃO de toda a obra divina. O mundo IMPRESSO pelos deuses se ESPELHA através da FORMA em um mundo capaz de EXPRESSAR a obra divina.

Durante a evolução terrestre os Espíritos da Forma emanam algo que é a própria FORMA como um ponto de passagem entre o universo dado pelos Deuses e o Cosmos re-criado pelos seres humanos. E essa “substancialidade” da forma está relacionada com o sangue. O ser humano em estado totalmente espiritual acolheria em seu ser inspirações, intuições e imaginações provenientes do mundo divino. Nesse estado de acolhimento seu sangue estaria totalmente disperso, em estado imaterial, dinamizado. Durante um tempo muito curto esse sangue viria se materializar como uma fina película, como um espelho plano capaz de transmitir à Terra tudo aquilo que foi acolhido no mundo cósmico como imaginações, inspirações e intuições.

A medida que o ser humano ia transmitindo através de seu SANGUE que durante um curto período de tempo se condensava como uma superfície plana capaz de espelhar o mundo criado pelos seres Espirituais, o ser humano nesse momento da condensação do sangue tinha a experiência do Eu, de ser uma entidade distinta do meio ambiente.

O sangue em estado espiritual permitia que o ser humano acolhesse aquilo que foi realizado pela criação. O sangue ao se condensar permitia que aquilo que foi acolhido fosse plasmado na Terra. Nesse momento o ser humano se reconhecia como um Eu distinto do meio ambiente plasmando a Terra através de sua individualidade.

A ação de Lúcifer no sangue humano se realizou de maneira a impedir que ele se transformasse em um plano capaz de servir de ponto de passagem entre o mundo impresso pelos Deuses e o mundo expresso pelos homens. Esse espelho deixou de ser algo plano capaz de refletir com precisão, mas foi se dissolvendo, se liquefazendo e tornou-se algo ligado à própria interioridade humana. O sangue humano tornou-se dessa maneira uma entidade que reflete o mundo INTERNO transmitindo tudo isso à entidade humana. Dessa maneira o homem começou a sentir-se como um Eu distinto do meio ambiente, capaz apenas de ter vivências internas isoladas do Cosmos. A forma foi dissolvida, liquefeita e o sangue tornou- se algo capaz apenas de transmitir à nossa consciência um mundo de sentimentos, sensações e paixões provenientes de uma vida interior isolada do meio ambiente. A ação de Lúcifer é de impedir o surgimento da forma como ponto de transição entre dois universos deixando o ser humano estacionado em um degrau anterior que é o do movimento.

A ação de Arimã no sangue humano é o de impedir que ele transmita as intuições, inspirações e imaginações provenientes do mundo Espiritual à Terra, mas que essa forma seja apenas capaz de expressar as forças metabólicas do organismo humano relacionadas com os processos de degradação e digestão da matéria, e essas forças relacionadas com o número, peso e quantidade.

A evolução culminou no surgimento do ser humano que é a expressão de toda a atividade criadora. O metabolismo está relacionado com a perda da vitalidade da matéria que está sendo digerida e com a formação de substâncias próprias. O mundo espiritual ao gerar o metabolismo humano insuflou uma maravilhosa sabedoria ligada ao peso, número e quantidade e isso tem relação com a própria matéria que está sendo transformada nesses processos digestivos. Os processos de reprodução também fazem parte do metabolismo. A própria configuração dos ácidos nucleicos nos revela os maravilhosos ritmos criadores cósmicos congelados na estrutura química desses compostos que estão ligados à formação de substâncias. Os ácidos nucleicos permitem que a vida vá desaparecendo na substância. Além dos processos digestivos e reprodutivos, o sistema metabólico está ligado com o movimento e com os membros que são as estruturas capazes de promover a mobilidade humana. A energia obtida através dos processos metabólico-digestivos de cisão e quebra da substância viva é dirigida aos membros que se movem. Os processos metabólico-digestivos lidam internamente com a substância e esses processos ocorrem em nível praticamente inconsciente. Os processos de movimento dos membros nos permitem lidar com a matéria de maneira muito mais consciente.

Os seres Arimânicos têm como desejo apoderar-se da inteligência existente nos processos metabólicos de digestão, reprodução e membros. Em relação aos processos de degradação da substância os seres Arimânicos pretendem se apoderar das forças relacionadas com o número, peso e quantidade, e isso está ligado com as concepções materialistas que existem na ciência e na economia.

Em relação aos processos metabólicos, Árimã pretende dominar os processos de desvitalização e formação de substância física material. Isso está ligado com a manipulação dos genes para obter substâncias às custas da extinção da vida. Em relação aos membros, Arimã pretende se apoderar das forças e energias dirigidas à ação humana. Brinquedos infantis que exigem apenas o movimento de dois dedos para conseguir jogar constituem um exemplo da estagnação do movimento humano. Essas forças são dirigidas à própria tensão emocional existente no jogo, nutrindo esse mundo virtual com essas forças humanas.

Mencionamos que o sangue humano se revela como um ESPELHO, como uma forma capaz de ser o elo de transição entre o mundo DADO e o mundo CRIADO. A ação Luciférica transformou o ser humano em uma entidade fechada, excluída do Cosmos, e o sangue humano aprisionado na organização corpórea humana tornou-se líquido, vinculando-se à vida interior humana ligada com as sensações, emoções e paixões, e incapaz de configurar uma forma capaz de espelhar na Terra as forças criadoras divinas.

Cristo, uma entidade proveniente da mais elevada região celeste, da esfera da Trindade, em atitude de profundo amor pela criação desce até o mais baixo degrau da evolução, e durante três anos, entre o Batismo no Jordão e a morte na cruz vive como ser humano. Durante o primeiro ano Cristo redime o corpo Astral transformando-o em uma organização de Fé. No segundo ano Cristo redime o corpo Etérico transformando-o em uma organização de Amor, e no terceiro ano redime seu corpo Físico transformando-o em uma organização capaz de preencher todas as esperanças e aspirações que as entidades espirituais depositaram no ser humano. É natural que o SANGUE que fluiu em seu corpo tenha acompanhado tal transformação.

Cristo viveu em si inicialmente uma dor interna diante dos desvios ocorridos na evolução e do afastamento dos seres humanos das grandes virtudes aspiradas pelos criadores. Além da dor interna foi sendo adicionada a dor externa, inicialmente sua superfície corporal quando foi chicoteado, depois em suas partes mais profundas quando foi coroado com espinhos e em seguida uma dor ainda mais interna junto com uma profunda sede quando foi crucificado. E essa dor que foi se transformando em amor foi sendo acompanhada gradualmente por uma abertura de seu corpo. A princípio o chicote que fez sua superfície corporal sangrar, depois os espinhos que furaram o seu corpo até as partes mais internas e logo em seguida os pregos da cruz que atravessaram totalmente seu corpo. Depois de tudo isso uma lança perfurou seu coração.

Cristo, uma elevada entidade divina, totalmente pura e inocente viveu em si a dor da abertura corpórea. E essa dor transformada em Amor faz parte de seu sagrado Ser. E aquele sangue que estava fluindo de seus ferimentos também tinha como conteúdo a dor de estar sendo aberto, transformando-se em Amor. E isso foi sendo emanado aos seres humanos. E como se trata de uma entidade acima da 1ª Hierarquia, aquilo que ocorreu está ocorrendo e vai continuar a ocorrer. Essa dor de estar sendo aberto transformada em Amor e vertida aos homens através de seu Sangue permite que cada um de nós possa superar o isolamento criado por Lúcifer rompendo aquela carapaça que nos isola dos sagrados eventos da criação e da ligação com outros seres humanos, e também possibilitando que aquele mundo interior de paixões, fúria e cobiça possa ser aberto deixando entrar uma luz sábia e plena de calorosidade capaz de transformar aqueles sentimentos que foram gerados nas trevas em novas virtudes humanas.

Iremos examinar a seguir a superação do impulso Arimânico através do sangue de Cristo.

Uma elevada sabedoria criadora se consumou no surgimento do sistema metabólico humano. Árimã quer se apoderar dessa elevada inteligência que plasmou esse sistema voltando-se aos processos de reprodução, metabolismo alimentar e movimento dos membros. Em relação à reprodução Arimã dirige sua ação na transformação da vida em substâncias trazendo como conseqüência o enfraquecimento e a desvitalização dos seres vivos.

Cristo, uma entidade sagrada proveniente das mais elevadas regiões espirituais vincula todo o seu sagrado ser à Terra e nos momentos que antecedem a sua morte vai se esvaindo em sangue. Essa substância portadora de vida que foi sendo aprimorada em seu ser vai gotejando no solo e transmitindo à substância terrestre morta, mineralizada e sem nenhuma possibilidade de transformação, um novo impulso capaz de torná-la novamente espiritualizada, permitindo que os seres humanos possam continuar esse trabalho de transformação da matéria.

Os seres Arimânicos tentam usurpar a inteligência contida nos processos metabólico-digestivos intimamente ligados aos impulsos materializantes relacionados com o número, peso e quantidade. Esses seres pretendem emanar os três elementos em todas as atividades da vida. O SANGUE de Cristo supera esse impulso da seguinte maneira: Cristo ao abandonar as regiões mais elevadas do mundo espiritual vincula seu ser com a Terra e com os seres humanos. Durante sua vida transcorrida entre o batismo no Rio Jordão e a morte na cruz aquela entidade inocente e pura foi transformando seu corpo de maneira a não se tornar apenas aquele ser humano previsto e planejado pelos criadores totalmente livre das influências Luciféricas e Arimânicas, mas muito mais do que isso, uma entidade que transformou toda a dor cósmica e terrestre em um profundo Amor. E o sangue de Cristo, o representante da humanidade, se revela como aquela substância primordial planejada pelos seres criadores do Universo. Ao fluir de seus ferimentos esse sangue cai na Terra e como um ESPELHO transmite toda a beatitude celeste, todas as virtudes do mundo Espiritual à Terra. E não só isso: esse sangue não agiu apenas como um espelho, pois não era algo plano que se condensava e se dissolvia como tinha sido planejado pelos seres criadores, mas seu sangue líquido também era o portador de tudo aquilo que se passava em sua vida íntima. Todo aquele sofrimento transformado em Amor foi adicionado ao seu sangue. E todas essas virtudes também foram transmitidas à Terra e às substâncias materiais. Quando o sangue de Cristo estava gotejando, a Terra foi se tornando transparente e começou a reluzir. Todos os reinos da natureza receberam uma nova vida preenchida de um intenso Amor.

Ao lidarmos com uma substância estaremos trabalhando diretamente no próprio corpo de Cristo. Aquela materialidade morta, sombria e sem nenhuma possibilidade de transformação recebe através do sangue de Cristo uma nova possibilidade de ir se tornando não apenas algo novamente de natureza espiritual, mas essa matéria espiritualizada poderá ainda, continuar sua evolução denominada NOVO Júpiter.

Essa transubstanciação da matéria que acolheu em si as dádivas do sangue de Cristo não ocorre de maneira espontânea e automática, pois Cristo ao se vincular com a Terra e com os seres humanos fundiu todo o seu trabalho com a humanidade. Diante de tudo isso, o ser humano deixa de ser uma entidade passiva diante da evolução, mas vem se tornando um livre colaborador de todo o processo evolutivo. A matéria recebeu as forças de vida doadas pelo sangue de Cristo, mas nada poderá ser feito no sentido da espiritualização da Terra se o ser humano não participar ATIVAMENTE como um colaborador de todo esse processo evolutivo.

Através das forças de amor presentes no sangue de Cristo o ser humano poderá superar as influências Luciféricas tornando-se capaz de abrir-se para o Cosmos superando as dificuldades ligadas aos sentimentos, emoções e paixões e ao isolamento social. Através das forças de amor doadas através do sangue do Cristo a humanidade poderá vencer as tentações de Árimã ligadas à desvitalização e à formação de uma matéria morta e inerte, cuja imagem é o pão das pedras. Esse próprio sangue nos dá as Forças para podermos novamente vitalizar as substâncias que estavam mortas transformando a Terra no corpo de Cristo, e essa transubstanciação não é algo simplesmente dado por Cristo, essa entidade ao unir-se com a Terra e com a humanidade torna os seres humanos responsáveis pela continuidade desse trabalho.




Flavio E. Milanese




Fonte: Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain

sábado, 15 de abril de 2017

FELICIDADE: NÃO SE RELACIONA COM O QUE TEMOS, MAS SIM COM QUEM SOMOS


A um místico Sufi que permaneceu sempre feliz foi perguntado: "Durante setenta anos as pessoas o observaram, elas nunca o encontraram triste." Um dia o perguntaram: "Qual é o segredo da sua felicidade?" Ele disse, "não há nenhum segredo. Todas as manhãs quando acordo, eu medito por cinco minutos e digo a mim mesmo, ‘Ouça bem, agora existem duas possibilidades: você pode ser miserável, ou você pode ser pleno de êxtase. Escolha!’ E eu sempre escolho ser pleno."

Todas as alternativas estão abertas. Escolha ser pleno. E então há pessoas que podem ser plenas, mesmo quando elas estão presas e há pessoas que permanecem miseráveis, mesmo quando elas estão vivendo em palácios de mármore. Tudo depende de você. (Osho, Unio Mystica, Vol. 2, Talk #10)

A Felicidade não tem nada a ver com o que você tem ou não tem. A felicidade está relacionada com quem você é. No entanto, muitas coisas você pode acumular, talvez possam aumentar as suas preocupações, mas a felicidade não vai aumentar em função delas. Certamente a infelicidade vai crescer com as suas preocupações, seus problemas, mas a felicidade não aumentará em função deles. Com certeza a infelicidade crescerá com elas, mas elas não têm relação com o crescimento da sua felicidade.

Eu não estou dizendo que você deve renunciar às coisas, tampouco que você deveria fugir de sua casa e renunciar ao mercado. Não, não interpretem mal minha afirmação. O que é está bem. Nada acontecerá tanto abandonando as coisas ou escapando delas ou agarrando-se a elas. Permaneça onde você está, mas comece a buscar dentro de você. Muita busca externa já foi realizada, agora vá para dentro de você. Agora você sabe e esse conhecimento alcança a todos. Todos os desejos são atendidos imediatamente. (Osho, Die O Yogi Die, Talk #6, Question 2)

Quando você sente felicidade é sempre do ser interno. Então a mente imediatamente salta e assume o controle e diz: "É por minha causa." Quando você está amando é como a morte, você se sente pleno. Imediatamente a mente entra e diz, "Ok, sou eu, isso é por minha causa...".

Lembre-se disso: com a mente, você sempre será um perdedor. Mesmo se você for vitorioso, suas vitórias serão apenas derrotas. Com a mente, não há nenhuma vitória, com a não-mente, não há nenhuma derrota. Você tem que mudar toda sua consciência da mente para a não-mente. Uma vez que a não-mente esteja lá, tudo é vitorioso. Uma vez que a não-mente esteja lá, nada dá errado, nada pode dar errado. (Osho, The Empty Boat, Talk #9)

Espalhe compaixão ao seu redor. Olhe ao seu redor – as pessoas são tão infelizes, não adicione mais à sua infelicidade. Sua compaixão irá diminuir sua infelicidade; apenas uma palavra de compaixão irá diminuir a sua infelicidade. Não adicione algo à sua infelicidade.

Vocês todos estão adicionando a cada um dos outros infelicidade; vocês todos estão ajudando uns aos outros a serem mais infelizes. Todo humano tem muita gente atrás dele para torná-lo infeliz. Se uma compreensão da compaixão existe, então você mudará de todas as formas que você provoca infelicidade nos outros. E se você pode trazer felicidade para a vida de alguém, você vai encontrar uma maneira de fazê-lo.

Lembre-se de uma coisa: quem traz infelicidade para os outros, no final se torna infeliz; e aquele que traz felicidade aos outros, no final ele chega às alturas da felicidade. É por isso que estou dizendo que alguém que tenta dar felicidade desenvolve o centro da felicidade dentro de si mesmo e alguém que tenta trazer infelicidade aos outros desenvolve o centro da infelicidade dentro de si mesmo. (Osho, The Path of Meditation, Talk #5)




OSHO






Fonte: OSHO International Newsletter– março de 2017
http://www.osho.com/
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain

SÁBADO DE ALELUIA: DIA DE SATURNO


“Temos à volta da Terra uma espécie de reflexo da luz do Cristo. O que é aqui refletido como Luz do Cristo, é o que o Cristo denomina, Espírito Santo. Tão verdadeiramente como a Terra inicia a sua evolução para o Sol através do evento do Gólgota também é verdade que a partir deste acontecimento a Terra começa a criar à sua volta um anel espiritual que mais tarde se tornará uma espécie de planeta ao seu redor. Estamos diante do ponto de partida de um Novo Sol em formação.” (Rudolf Steiner)


Estamos diante do sepulcro de José de Arimateia, no qual foi deitado o corpo do Crucificado. A atmosfera está pesada como chumbo, saturnina. Realiza-se o sentido do dia de Saturno. Sempre já fora a essência do dia de Saturno, que os fiéis da Velha Liga, obedecendo à rígida lei, se entregavam ao silêncio dos túmulos: hoje é o sábado dos sábados. Mas nos ocupa uma pergunta ansiosa. É como se um lutador tivesse penetrado em uma gruta escura a fim de subjugar no interior um monstro, um dragão. Voltará ele vitorioso?

No dia anterior, nas trevas do meio-dia, quando o Cristo inclinou a cabeça e morreu, rasgou-se a cortina no templo. Isto foi mais do que um efeito natural do terremoto. Abre-se a visão do aspecto interior do mundo. Apenas a noite ainda nos impede de ver. Mas, da escuridão saturnina desprendem-se imagens. Tênues luzes iluminam os arredores do sepulcro e clareiam o terreno em parábolas do supra terreno.

Reúnem-se imagens que já foram vistas nas últimas estações da via do mistério. Mesa e Cruz resumem como arqui-imagens aquilo que aconteceu nos dois últimos dias. Adiciona-se como terceira arqui-imagem a do sepulcro. É como se a atmosfera templária do Santíssimo, ante o qual rasgou a cortina, se ampliasse, se estendesse ao nosso  mundo.

Desde os primeiros tempos, os sepulcros foram, ao mesmo tempo, os altares dos homens. Todo culto divino originou-se no culto aos mortos. Os homens da Terra iam aos túmulos quando queriam comunicar-se com os deuses. As almas dos mortos eram mediadoras entre os homens e os deuses. Como as almas dos mortos podiam ser encontradas perto dos túmulos, ali também encontravam-se os outros habitantes do mundo espiritual. Assim era em passado muito remoto, quando a morte ainda era irmã do sono e ainda não detinha o poder de aterrorizar de tal modo os homens como atualmente. Os homens, durante sua vida terrena, ainda não estavam tão desesperadamente presos à matéria do corpo terreno e, por isso, também não se separavam tão definitivamente do plano terreno após a morte. Havia ainda entre o mundo terreno e o espiritual um intercâmbio semelhante à inspiração e expiração. As almas dos mortos podiam reunir-se à beira dos túmulos com os que deixaram na Terra. A imortalidade, a presença das almas que viveram na Terra, ainda era perfeitamente sentida e não era posta em dúvida. Era o ar que os homens respiravam e do qual se asseguravam especialmente ao visitarem os túmulos e ao construírem sobre estes os seus templos.

No decorrer dos séculos, os homens se encarnaram cada vez mais profundamente. Quanto mais se ligavam a matéria terrena, tanto mais perdiam, para a vida post-mortem, a possibilidade de permanecerem ligados à Terra. Durante a vida na Terra ficavam presos à matéria, após a morte ficavam presos a uma esfera de sombras, de onde lhes era difícil aproximar-se dos homens na Terra. A fenda entre a Terra e o além se alargava cada vez mais, era cada vez mais intransponível. A esfera da vida após a morte transformou-se em prisão, como dizem as epístolas de Pedro no Novo Testamento. A humanidade corria o risco de perder a verdadeira imortalidade, a consciência que sobrevive à morte. Um encanto entorpecente se apoderou do reino dos mortos.

Quando os egípcios mumificavam seus mortos e oravam nas proximidades dos corpos embalsamados, apenas tentavam forçar a conservação do estado antigo, tentavam prender as almas aos restos cadavéricos, apesar da intransponibilidade cada vez maior daquele abismo. Mas não era possível evitar a fatalidade. Cada vez mais se instalou, nos séculos pré-cristãos, o terror diante do mundo dos mortos. O estremecer diante da esfera dos mortos preenchia o mundo grego. No Velho Testamento desaparece totalmente a ideia da imortalidade. Formou-se uma corrente religiosa isenta da certeza da imortalidade. A crença de que a vida se prolonga somente nos descendentes substitui a ideia da imortalidade.

Não obstante, nos séculos pré-cristãos as almas ainda não estavam tão presas ao corpo como atualmente. Em consequência, os homens que viviam na Terra sentiam claramente a trágica fatalidade da morte. Um peso oprimia a humanidade. Ainda se visitavam os túmulos, mas as almas dos mortos não vinham mais e os deuses permaneciam ausentes dos altares. O sentimento asfixiante da época pré-cristã era devido muito menos à miséria material do que à miséria interior. A Terra transformou-se em deserto que há muito tempo não recebia chuva. A morte, outrora irmã do sono, transformou-se em terror da humanidade. É este o fundo emocional da esperança cada vez mais ardente pela vinda do Messias, esperança que atravessa todos os povos da era pré-cristã.

Estamos agora entre a sexta-feira santa e a Páscoa. O corpo foi tirado da cruz e depositado no sepulcro. A humanidade não o percebeu, mas, misteriosamente, arqui-imagens, pensamentos divinos se entretecem aos acontecimentos. A Providência fez com que cruz e sepulcro se situassem em um local que há milênios já fora vivenciado como um ponto central da Terra. Entre Gólgota, a colina rochosa que se prolonga na massa rochosa lunar da montanha do templo, e o sepulcro, cujos arredores formam o início da paisagem cultivada do Monte Sion, havia outrora uma fenda primária na superfície terrestre. A antiga humanidade via nesse terrível abismo o túmulo de Adão. Foi aí que, pela primeira vez, a morte desceu sobre a humanidade. E, deste modo, desde os tempos mais remotos esta fenda, que corta em duas a face da cidade de Jerusalém, esteve ligada à ideia de ser a porta do Inferno. Neste local foi erguida ontem a cruz e está hoje o sepulcro.

Ao tentarmos assim penetrar no aspecto interior dos acontecimentos, parece-nos que mais uma vez é rasgada uma cortina, diante de outra esfera: o reino noturno dos mortos abre-se diante de nós, a esfera mais sagrada (o Santíssimo) na qual vivem as almas dos mortos que, no entanto, estão magicamente presas pelas forças da morte. Encontramos, então, uma luz inesperada na escuridão saturnina da esfera dos mortos. Agora existe ali alguém que não está dominado pela força mágica da morte e é livre de todo torpor. Ele atravessa a morte carregando a plena luz solar do seu gênio. E, desta maneira, enquanto na Terra reina o escuro sábado sepulcral, nasce o sol no reino dos mortos. É este o sentido da descida do Cristo ao inferno. No reino dos mortos nasce um reluzir de esperança. Afrouxa-se a força mágica da morte, porque a visão se abre sobre uma futura vitória da alma humana sobre o espectro terrível do reino dos mortos. Quando na Terra ainda era sábado, no reino dos mortos já era Páscoa. Antes que os homens da Terra percebessem algo da Páscoa, já a perceberam os mortos.

Como haverá de prosseguir o drama? Ainda não está decidida a questão se haverá Páscoa também no mundo da corporeidade terrena. Ocorrerá também no campo material a vitória sobre a morte? Vitória que já brilha no reino das almas?

A Terra moribunda, arriscada a perder totalmente a conexão com o céu, recebeu um remédio. Recebeu corpo e sangue do Cristo. Foram estas as primeiras partes da matéria terrestre totalmente impregnadas pelo espírito. São elas o germe de uma nova matéria transiluminada pelo espírito. O ser espiritual-anímico do Cristo acompanhou o corpo depositado no sepulcro de José de Arimateia como acompanhara o sangue cujas gotas molharam o Monte do Gólgota. Pela primeira vez ficou sem efeito o exílio para o além, pela morte.

Encontramo-nos em um ponto crucial da Providência. Todo o universo participa diretamente daquilo que acontece na cruz e no sepulcro. A comunhão através da qual a própria Terra absorve o remédio cósmico cresce incomensuravelmente. Já na sexta-feira santa, no momento da morte do Cristo, iniciam-se os terremotos, o último dos quais ainda faz estremecer a manhã da Páscoa. Durante o sábado não cessaram totalmente, embora as forças na natureza talvez se adaptassem ao silêncio sepulcral adequado ao dia. Embora possa ofender o cômodo raciocínio terreno, faz parte dos pontos culminantes cósmicos do drama do mistério do Gólgota aquilo que Rudolf Steiner transmitiu, como resultado da pesquisa espiritual, mas que pode ser comprovado também a partir do conhecimento dos segredos que repousam no solo de Jerusalém: reabriu a fenda original do Gólgota, que fora aterrada por Salomão. E, assim, a Terra inteira se transformou em sepulcro do Cristo. A Terra aceitou a hóstia que lhe foi oferecida, até mesmo fisicamente a aceitou em toda a profundeza. Ao pronunciarmos, com as palavras da nossa religião, os acontecimentos do sábado de Aleluia: “Ele foi enterrado no sepulcro da Terra”, tocamos de leve o aspecto cósmico do mistério do Gólgota. Novalis sabia disto e expressou poeticamente que, quem ofereceu à Terra o medicamento cósmico, não foi outro senão o próprio Cristo. O corpo do Cristo foi aparentemente sepultado por mãos humanas. Em verdade, ele se entregou livremente após a morte para a cura de toda a Terra:

“…Como Ele, movido somente pelo amor
Se nos entregou totalmente.
E se deitou no seio da Terra
Como pedra fundamental de uma Cidade de Deus”.

A comunhão cósmica do nosso planeta terreno ocorre na sexta-feira santa e no sábado de Aleluia, antes mesmo da vitória pascal completa. Eis porque o corpo fisicamente real e o sangue fisicamente real do homem Jesus de Nazaré foi o medicamento que a Terra recebeu. O fluxo sacramental que daí se derrama pela humanidade parte da Páscoa. Foi o erro do culto de relíquia medieval, nada mais do que uma relíquia de hábitos e crenças pré-cristãs, que induziu os homens a pensarem que sua vida cultural-sacramental dependia de restos físicos do corpo de Cristo. Os portadores do culto da Cristandade, tanto o catolicismo ocidental quanto o oriental, mantiveram com razão o velho princípio de construir os altares sempre em forma de túmulo. Mas foi um erro ater-se à prescrição de que no altar deveria haver sempre uma relíquia, fosse da própria vida terrena do Cristo, fosse de um santo a ele ligado. Esta ordem foi um retorno a tempos pré-cristãos em que só se podia cultivar a relação como mundo espiritual à beira dos túmulos, onde repousavam os restos terrenos dos mortos. A refutação de todo culto de relíquias é o Sepulcro Vazio. O sepulcro de José de Arimateia não continha resto algum do corpo de Cristo quando na manhã da Páscoa Pedro e João desceram na fenda escura.

O sepulcro vazio significa: Não olheis para o homem Jesus! Não estais diante do sepulcro de um grande e santo homem. Olhai para o Cristo! Ele é uma entidade cósmico-divina. Seu túmulo não é o sepulcro de José de Arimateia, mas toda a Terra. As verdadeiras relíquias não são quaisquer restos dos acontecimentos físicos, pois estes só poderiam captar o estado pré-pascal dos fatos do Gólgota. O significado da vitória pascal é que, doravante, o corpo espiritual do Cristo, tecido de luz, poderá reluzir em tudo o que é terreno. Pão e vinho, sendo o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Cristo, são o medicamento da nova vida conquistada através da vitória pascal. Neles, a homeopatia espiritual atravessa o mundo, tendo como portadores os homens ligados ao Cristo. A sabedoria do Cristianismo original em torno deste mistério, expresso, por exemplo, por Inácio de Antioquia, pode ser reconquistada em nossa época através do pensamento claro treinado pelas Ciências Naturais: pão e vinho são os medicamentos da imortalidade.

Os altares do sacramento renovado também têm a forma de um túmulo. E, quando as paróquias se reúnem em torno dos altares, sempre está presente o princípio do sábado da Aleluia. Somos os que esperam diante do santo túmulo. Sabemos que nosso altar não precisa abrigar relíquias. O medicamento está presente quando o Cristo está presente, no pão e no vinho. As arqui-imagens da mesa e do túmulo se interpenetram. E à mesa do Senhor podem novamente estar presentes os nossos mortos. Aqueles que atravessam a morte após terem se ligado intimamente em vida ao novo sacramento indubitavelmente saberão achar este Santo Sepulcro, mais facilmente até do que achar seus próprios túmulos. As almas não mantêm mais relação intensiva com os corpos de que se despojaram. Mas, quando nos reunimos em torno do altar, eles podem estar conosco e assim reforçar nosso relacionamento com o mundo espiritual. Os novos altares circundam-se com a mesma trama de arqui-imagens que envolvia o sepulcro nas redondezas das plantações do Monte Sion. Está sanado, aqui, o abismo entre este e aquele mundo e, invisivelmente, floresce o jardim pascal onde nossa alma, como Maria Madalena, pôde ver o Ressurreto como jardineiro de um novo mundo. De dentro para fora a escuridão saturnina é iluminada pelo sol pascal.



Emil Bock





Fonte do Texto e da Gravura:
Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br