sábado, 8 de novembro de 2014

ESQUEÇA O IDEAL E ESTEJA CONSCIENTE DO QUE VOCÊ É

Como a maioria das pessoas, vocês têm ideais, não têm? E o ideal não é real, não é factual; ele é o que deveria ser, é uma coisa no futuro. Ora, o que eu digo é isto: esqueça o ideal e esteja consciente do que você é. Não vá atrás do que deveria ser, mas compreenda o que é. A compreensão daquilo que você de fato é, é muito mais importante do que ir atrás do que deveria ser. Por quê? Porque, compreendendo o que você é, inicia-se um processo espontâneo de transformação; ao passo que se tornando o que você deveria ser, não haverá mudança de fato, mas apenas a continuação da mesma coisa antiga sob uma forma diferente. Se a mente, vendo que é estúpida, tenta mudar sua estupidez para inteligência, que é o que deveria ser, é tolice, não tem significado nem realidade; é apenas a busca de uma autoprojeção, um adiamento da compreensão daquilo que é. Enquanto a mente tenta mudar sua estupidez em outra coisa, ela permanece estúpida. Mas se a mente diz: “Eu percebo que sou estúpida e quero compreender o que é a estupidez, então vou investigá-la, observar como ela surge”, e esse próprio processo de investigação gera uma transformação fundamental. (Think on These Things, 182, Choiceless Awareness)

Para compreender uma coisa, devo dar integral atenção a ela, e um ideal é meramente uma distração que me impede de dar esse sentimento ou essa qualidade de integral atenção em dado momento. Se estou integralmente atento, se dou minha atenção integral para a qualidade que chamo de ganância sem a distração de um ideal, não estou eu na posição de compreender a ganância e dissolvê-la? Veja, nós somos muito acostumados a adiar, e os ideais nos ajudam a adiar; mas se podemos deixar de lado todos os ideais – pois compreendemos as fugas, a qualidade de adiar de um ideal – e encaramos a coisa como ela é, diretamente, imediatamente, damos nossa completa atenção a ela, então, certamente, existe uma possibilidade de transformá-la. (Collected Works, Vol. V, 290, Choiceless Awareness)

A pessoa tem uma ideia, um símbolo de si mesma, uma imagem de si mesma: o que se deveria ser, o que se é, ou o que não deveria ser. Por que a pessoa cria uma imagem de si mesma? Porque a pessoa nunca estudou o que ela é de fato. Nós pensamos que devemos ser isto ou aquilo: o ideal, o herói, o exemplo. O que desperta raiva é que nosso ideal, a ideia que temos de nós mesmos é atacada. E nossa ideia sobre nós é nossa fuga do fato do que somos. Mas quando você observa o fato real do que você é, ninguém pode feri-lo: é um fato. Mas quando você está fingindo que não é mentiroso e lhe dizem que você é, então você fica com raiva, violento. Então, estamos sempre vivendo num mundo idealizado, um mundo de mito, e nunca no mundo da realidade. Para observar o que é, ver isto, realmente estar familiarizado com isto, não deve haver julgamento, nem avaliação, nem opinião, nem medo. (Collected Works, Vol. XII, 246, Choiceless Awareness)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: 
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/