quarta-feira, 19 de outubro de 2022

CONHECIMENTO ESPECULATIVO E EXPERIMENTAL


Há uma grande diferença entre o conhecimento puramente especulativo e o conhecimento totalmente experimental. O conhecimento especulativo tem seu lugar e é útil em seu tempo, então é bom. Pode nos levar a um profundo conhecimento e compreensão intelectual, bem como nos dar prazer intelectual, mas sempre permanecerá no nível do especulativo ou do teórico.

O conhecimento experiencial, por outro lado, nos envolve como pessoas inteiras. Não estamos lidando apenas com abstrações. Não estamos pensando em Deus como a Causa Suprema. A maravilha de nossa meditação é que estamos intimamente envolvidos no mistério pessoal de Deus. O próprio fato de nossa criação nos convida a este jardim interior de Amor, onde nos encontramos 'perdidos' em Deus.

A especulação é importante, incluindo a especulação profunda sobre Deus. É útil tentar refletir sobre a Trindade, entender os termos da teologia tradicional, as procissões, a doutrina da circuncisão e a divina Kenosis*. Mas esta não é a essência do convite cristão. O cerne do caminho cristão é experiencial e não especulativo, interior e não objetivo.

Tanto a especulação – olhar a experiência no espelho da mente e refleti-la através de imagens e ideias – quanto a experiência – simplesmente estar presente e generosamente envolvido – são expressões de fé. Mas o valor último de nossos pensamentos depende da experiência da profundidade e vitalidade da oração. O pensamento sozinho não leva à experiência. Somente a fé pura pode cruzar esse limiar.


* Kenosis é um conceito na teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus.





Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O HÁBITO DA ORAÇÃO


Nunca conseguireis vencer as dificuldades exteriores e interiores enquanto não tiverdes aprendido a virar-vos para um mundo Superior, mais belo, mais sublime. A vontade não chega: para se resistir, é necessária uma proteção, uma ajuda, e essa proteção, essa ajuda, só a obtereis ligando-vos ao mundo divino. Enquanto não tiverdes criado essa ligação, ficareis à mercê das circunstâncias. Quando vejo alguém que não tem nenhum amor pelos seres que lhe são superiores, nenhum desejo de se relacionar com Eles, posso dizer-lhe: «Tu não tens aliados, não tens amigos. Mais tarde ou mais cedo sucumbirás!» Primeiro que tudo, há que amar as Entidades Celestes e convidá-las a estar presentes. Então, sim, sereis fortes, porque tereis acima de vós aliados poderosos.

Logo que começais a orar, as entidades malfeitoras que queriam fazer-vos mal começam a inquietar-se. Elas dizem para consigo: «Este ser utiliza a arma mais poderosa que conhecemos», começam a tremer e tratam de fugir. Quando um homem ora, imediatamente um exército invisível se aproxima, ouve-se logo o ruido das asas angélicas e as entidades tenebrosas apressam-se a desaparecer, porque sabem que serão atormentadas, queimadas. Elas só têm medo de uma coisa: a Luz. Por isso, em todas as horas difíceis, perigosas, o primeiro gesto que deveis fazer é ligar-vos ao Criador e aumentar em vós a Luz: enquanto conseguirdes manter-vos nesse estado de recolhimento, todos os seres inferiores que vos ameaçam serão neutralizados, paralisados ou expulsos.

Presentemente, o hábito de orar está a perder-se cada vez mais, e é pena. «Para que orar - pensam as pessoas -, se estamos bem e não nos falta nada?» Na realidade, a oração pertence a uma outra ordem de coisas. Mesmo que possuís tudo, quando não vos falta nada, deveis orar. Por quê? Porque a oração é uma criação. Estais admirados?... Todos os seres têm necessidade de criar. Mas aqueles que não desenvolveram certas faculdades - a inteligência, a luz - não criam nada, copiam apenas, limitam-se a reproduzir... A verdadeira criação supõe que a pessoa possa elevar-se a um nível superior. Sabendo isto, o homem que quer criar, superar-se a si próprio, ultrapassa-se e, por intermédio da sua alma e do seu espírito, capta elementos das regiões celestes. Em seguida, seja o que for que ele execute, todas as suas criações estarão impregnadas dos elementos do espírito.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: Opúsculo 305, com o título A ORAÇÃO
Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/fantasia-monge-anjo-rezar-luz-3311091/

A REALIDADE DO ESPÍRITO


O primeiro passo para o desenvolvimento da pessoa é deixar-se amar. E para facilitar isso, o Espírito Santo foi enviado ao coração do homem, para tocá-lo, despertá-lo, atrair nossas mentes para sua luz redentora. A chegada do Espírito Santo foi um acontecimento da Ressurreição e continua a ser tão atual hoje como "na última hora daquele domingo", segundo São João, quando os discípulos se trancaram juntos e Jesus lhes apareceu e, soprando sobre eles, eles disseram: “Receba o Espírito Santo”.

Nossa letargia e evasão naturais, nossa relutância em nos deixar amar, como portas fechadas, não são impedimentos para o Espírito Santo. O Espírito foi enviado ao coração humano onde vive o mistério divino, enquanto Deus nos acolhe em seu ser. Mesmo no coração do homem mais perverso, o Espírito Santo continuará implorando sem cessar: “Pai, Pai”.

A princípio temos uma vaga consciência do movimento do Espírito Santo em nossos corações, da presença daquilo que nos permitirá conhecer a nós mesmos. Quando despertamos para sua plena realidade, ouvindo nossos corações, despertamos para a prova viva de nossa fé que justifica essa primeira consciência fraca, essa primeira esperança.

E como disse São Paulo aos romanos: “Esta prova é o fundamento da esperança. Essa esperança não é falsa, pois o amor de Deus inundou nossos corações mais profundos através do Espírito Santo que Ele nos deu.

O entusiasmo da linguagem de São Paulo é o entusiasmo de seu próprio despertar para a Realidade do Espírito, para a experiência da alegria liberada e derramada que Jesus pregou e transmitiu por meio de Seu Espírito. É o êxtase da oração.



Carla Cooper



Fonte: "O espirito". Trecho de "A Word Made Silence" de John Main OSB (New York: Paulist Press, 1981) pp. 37-39.
WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana - http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura:Acervo de autoria pessoal