sábado, 4 de outubro de 2014

SILÊNCIO: A LINGUAGEM DO REALIZADO

Não entrem em discussões e disputas; aquele que clama em voz alta não compreendeu a verdade, acreditem! O silêncio é a única linguagem do realizado. Pratiquem moderação no discurso; isso os ajudará de muitas maneiras. Isso desenvolverá Prema, pois a maioria dos mal-entendidos e facções surge de palavras faladas descuidadamente. 

Quando o pé escorrega, a ferida pode ser curada; mas quando a língua escorrega, a ferida provocada no coração do outro se inflamará por toda vida. 

A língua é susceptível a quatro grandes erros: proferir falsidade, escandalizar, encontrar defeitos nos outros e conversa excessiva. Estes devem ser evitados para se haver paz para o indivíduo e a sociedade. 

O vínculo de fraternidade será mais estreito se as pessoas falarem menos e docemente. É por isso que o silêncio (Mounam) foi prescrito pelas escrituras como um voto aos aspirantes espirituais. Como aspirantes espirituais em vários estágios de estrada, esta disciplina lhes será muito valiosa.




Sathya Sai Baba





Fonte:http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A BOA SOLIDÃO ACAUTELA O HOMEM CONTRA A VIDA SOLITÁRIA

Pesquisa realizada por John Cacioppo, cientista e professor de psicologia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que o isolamento impacta e acelera o extermínio “prematuro” do idoso solitário. Para Cacioppo há fatores de risco em face do sentimento de solidão, dentre os quais estão a interrupção frequente do sono, elevação da pressão arterial, aumento do cortisol (hormônio do estresse), alteração do sistema imunológico e aumento da depressão. (1) Talvez realmente a solidão seja preocupante enfermidade dos dias de hoje.

As criações tecnológicas, avançando em uma velocidade vertiginosa, propõem “democratizar” as relações sociais. Tais recursos vêm disponibilizando recursos sedutores, a saber: a TV digital, os smartphones com suas múltiplas funções, os vídeos e filmes de alta definição, os notebooks, os tablets, a internet, as redes sociais, os jogos eletrônicos virtuais; eis aí uma lista mínima do que a tecnologia tem proporcionado.

Há uma respectiva quebra da necessidade de se estar fisicamente “junto”, a fim de conversar, ampliar amizade, trocar emoções. Consegue-se através do aplicativo whatsapp, por exemplo, dialogar, trocar mensagens, vídeos, fotos, de qualquer lugar, horário e distância, conectando-se todos a tudo. Viabiliza-se resgatar amizades perdidas no tempo, reencontrar familiares que a distância afastou e refazer relacionamentos que se submergiram pelos caminhos. Entretanto, paradoxalmente, a tecnologia que nos cerca externamente pouco preenche interiormente. De tal modo que não será a tecnologia que nos afastará da “má solidão”, aliás, característica dos que não vivem valores da solidariedade, da compaixão, da fraternidade.

Vive-se hoje a estranha sensação de que não se está sozinho na multidão. Indivíduos cercados por pessoas em ônibus, metrôs, aviões, estádios, localidades de trabalho, avenidas, ruas. Contudo, nessa selva de pedras existem muitos sujeitos solitários. E quanto mais são cercados de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estão sozinhos. Parece contraditório? Será a “maligna solidão” a ausência de companhia, de pessoas à volta de certos solitários? Consistiria em estar longe das civilizações?

Mas será que toda solidão é malfazeja? Notemos a rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Lord Byron dizia que "na solidão é quando estamos menos só." (2) Para certas horas a saudável solidão é para o espírito o que a dieta é para o corpo. Muitas vezes, para ouvirmos a voz sincera da consciência precisamos saber fazer silêncio em torno de nós e dentro de nós. Há momentos em que é imprescindível a busca da benéfica solidão para nos encontrarmos conosco, em um reencontro com a própria alma, de maneira tranquila e serena, sabendo que guardamos em nossa intimidade a chave para nossa ascensão espiritual. É nesses momentos de introspecção que conseguimos analisar atitudes, valores e sentimentos. Sob esse ponto de vista, a meiga solidão será oportuna companheira a ser buscada, para que possamos nos encontrar e nos conhecer.

Não esqueçamos que em nossa marcha rumo à luz imperecível cultivamos diálogos que dizem respeito somente a nós mesmos. Nada nos impede, pois, com regularidade, evadirmo-nos do mundo, buscando momentos de magna solidão, em que teremos apenas nós mesmos para viajar em torno da consciência, pois quando silencia o mundo à nossa volta conseguimos ouvir a voz da consciência e até mesmo escutar o nosso “EU” histórico. Serão esses espaços de abençoada solidão que nos consentirão reavaliar comportamentos para, nas próximas experiências, evitar que repitamos os mesmos desacertos, em análogas ocasiões. A sós, diariamente, alguns momentos para meditar a respeito do que fazemos, como fazemos, nos permitirá marchar por estradas íntimas e nos desvendar em profundidade.

Há quem use a prodigiosa solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Quando fazemos silêncio exterior, damos vazão ao mundo interno, intenso e palpitante. Há tanta gente mergulhada em alaridos indigestos, dominada por conversas maledicentes ou pelo estrondo de risadas burlescas; há tanta gente rodeada de pessoas, mas com a alma amargurada, oprimida, oca. Lembremos que tudo tem o seu tempo determinado, conforme narra o Eclesiastes. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de chorar e tempo de sorrir; tempo de falar e tempo de silenciar também.” (3) Então, por que temer a santa solidão? Se a vida nos oferece a bondosa solidão, saibamos abrigá-la como um tesouro. Aproveitemos cada instante para meditações. Encaremos tudo e todas as circunstâncias como ensejo de aprendizado.

Obviamente Deus nos criou para viver em sociedade. Não nos ofereceu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação humana. É natural que o “isolamento absoluto” seja contrário à lei da Natureza, até porque por instinto buscamos a sociedade e devemos concorrer para o progresso, auxiliando-nos mutuamente. Ora, completamente isolados, não dispomos de todas as faculdades. Falta-nos o contato com os outros de nós. No isolamento incondicional ficamos brutos e morremos. (4) Por essas criteriosas razões é importante caracterizar as distintas solidões – aquela que significa fuga definitiva do convício social daquela outra que nos abastece a alma a fim de que jamais constemos no rol dos seres solitários.



Notas e referências bibliográficas:

(1) Disponível em http://oglobo.globo.com/saude/solidao-aumenta-em-14-as-chances-de-idosos-morrerem-de-forma-prematura-11609030#ixzz2yAIPeewV acesso em 05/04/2014
(2) George Gordon Byron, comumente conhecido como Lord Byron; foi um escrito/poeta inglês do século XIX.
(3) Eclesiastes 3:1-8
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questões 766,767 e 768, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000




Jorge Hessen





Fonte: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/
http://aluznamente.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MEDITAÇÃO - AUTOCONHECIMENTO

Sem meditação, não existe autoconhecimento; sem autoconhecimento, não existe meditação. Então você tem que começar a saber o que você é. Você não pode ir longe sem começar perto, sem compreender o processo diário do pensamento, sentir, e ação. Em outras palavras, o pensamento tem que compreender seu próprio trabalho, e quando você vê a si mesmo funcionando, observará que o pensamento vai do conhecido para o conhecido. Você não pode pensar no desconhecido. Aquilo que você conhece não é real porque o que você conhece existe só no tempo. Para se libertar da rede do tempo é preciso interesse, não pensar a respeito do desconhecido, pois, você não pode pensar no desconhecido. As respostas para suas preces são do conhecido. Para receber o desconhecido, a própria mente deve se tornar o desconhecido. A mente é o resultado do processo de pensamento, o resultado do tempo, e este processo de pensamento deve chegar ao fim. A mente não pode pensar naquilo que é eterno, infinito; portanto, a mente deve estar livre do tempo, o processo de tempo da mente deve ser dissolvido. Só quando a mente está completamente livre do ontem, e não está usando o presente como meio para o futuro, ela é capaz de receber o eterno. Portanto, nosso interesse em meditação é conhecer a si mesmo, não só superficialmente, mas todo o conteúdo da consciência interior, oculta. Sem conhecer tudo isso e estar livre desse condicionamento você não pode ir além dos limites da mente. Por isso o processo da mente deve cessar, e para essa cessação deve haver o conhecimento de si mesmo. Portanto, meditação é o início da sabedoria, que é compreensão de sua própria mente e coração.

Se você acompanhou esta investigação sobre o que é meditação, e compreendeu todo o processo de pensar, vai descobrir que a mente está completamente imóvel. Nessa total imobilidade da mente, não existe vigia, nem observador, e, portanto, nem experimentador; não há uma entidade que está acumulando experiência, o que é a atividade da mente egocêntrica. Não diga “Isso é ‘samadhi’”, o que é tolice, pois você simplesmente leu sobre isto num livro e não descobriu por si mesmo. Existe uma vasta diferença entre a palavra e a coisa. A palavra não é a coisa; a palavra porta não é a porta. Assim, meditar é purificar a mente de sua atividade egocêntrica. E se você chegou tão longe na meditação, descobrirá que existe silêncio, um vazio total. A mente não está contaminada pela sociedade; não está mais sujeita a nenhuma influência, à pressão de nenhum desejo. Ela está completamente sozinha, e estando sozinha, intocada, é inocente. Então existe a possibilidade para aquilo que é infinito, eterno, surgir. A totalidade deste processo é meditação.

Para compreender a totalidade deste problema da influência, a influência da experiência, a influência do conhecimento, de motivos internos e externos, para descobrir o que é verdadeiro e o que é falso e ver a verdade no chamado falso – tudo isso requer tremendo "insight", uma profunda compreensão interior das coisas como elas são, não é? Todo este processo é, certamente, o caminho da meditação. A meditação é essencial à vida, à nossa existência diária, como a beleza é essencial. A percepção da beleza, a sensibilidade às coisas, às feias bem como às belas, é essencial para ver uma bela árvore, um lindo céu ao anoitecer, ver o vasto horizonte onde as nuvens se reúnem no pôr-do-sol. Tudo isto é necessário, a percepção da beleza e a compreensão do caminho da meditação, pois tudo isso é vida, como também é você ir ao escritório, as discussões, misérias, o esforço perpétuo, angústia, os medos profundos, amor e o sofrimento da fome. Ora, a compreensão deste processo total da existência – as influências, os sofrimentos, o esforço diário, a perspectiva autoritária, as ações políticas e assim por diante – tudo isto é vida, e o processo de compreender isto tudo, e libertar a mente, é meditação. Se a pessoa realmente compreende esta vida então há sempre um processo meditativo, sempre um processo de contemplação, mas não a respeito de alguma coisa. Estar consciente de todo este processo da existência, observá-lo, entrar nele desapaixonadamente, e se libertar dele, é meditação.

Uma mente imóvel não está buscando experiência de espécie alguma. E se ela não está buscando e, portanto, está completamente imóvel, sem nenhum movimento do passado e, portanto, livre do conhecido, então você descobrirá, se chegou a este ponto, que existe um movimento do desconhecido que não é reconhecido, que não é traduzível, que não pode ser posto em palavras; então você descobrirá que existe um movimento que é da imensidão. Esse movimento está no infinito porque aí não existe tempo, nem espaço, nem alguma coisa para experimentar, nem alguma coisa a ganhar, a conseguir. Tal mente conhece o que é criação – não a criação do pintor, do poeta, daquele que verbaliza, mas aquela criação que não tem motivo, que não tem expressão. Essa criação é amor e morte. A totalidade desta coisa do início ao fim é o caminho da meditação. Um homem que medite deve conhecer a si mesmo. Sem conhecer a si mesmo, você não pode ir muito longe. Por mais que você possa tentar ir longe, só pode ir até o alcance de sua própria projeção; e sua projeção está muito próxima, está muito perto, e não o leva a lugar algum. Meditação é esse processo de assentar a fundação instantaneamente, imediatamente, e trazer naturalmente, sem nenhum esforço, esse estado de imobilidade. E só então há uma mente que está fora do tempo, fora da experiência, e fora do conhecimento.

Nós vamos falar sobre uma coisa que necessita de uma mente que possa penetrar muito profundamente. Devemos começar muito perto, pois não podemos ir muito longe se não soubermos como começar muito perto, se não soubermos como dar o primeiro passo. O florescimento da meditação é bondade, e a generosidade do coração é o início da meditação. Nós falamos sobre muitas coisas relacionadas com vida, autoridade, ambição, medo, ganância, inveja, morte, tempo; falamos sobre muitas coisas. Se você observar, se examinar isto, se você ouviu corretamente, estas são as fundações de uma mente capaz de meditar. Você não pode meditar se é ambicioso, pode brincar com a ideia da meditação. Se sua mente é dominada pela autoridade, limitada pela tradição, aceitando, seguindo, você nunca saberá o que é meditar na sua extraordinária beleza. É a busca de sua própria realização através do tempo que impede a generosidade. E você precisa de uma mente generosa, não só uma mente ampla, uma mente cheia de espaço, mas também um coração que dá sem pensamento, sem um motivo, e que não procura nenhum prêmio em retribuição. Mas para dar o pouco que se tenha ou o muito que se tenha, essa qualidade da espontaneidade de saída, sem nenhuma restrição, sem nenhuma recusa, é necessária. Não pode haver meditação sem generosidade, sem bondade que é estar liberto do orgulho, nunca subir a escada do sucesso, nunca saber o que é ser famoso; o que significa morrer para o que quer que se tenha conseguido, todo minuto do dia. Apenas em tal solo fértil essa bondade pode crescer, pode florescer. E meditação é o florescimento da bondade.



J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


ESQUECIMENTO DAS VIDAS PASSADAS E PROGRESSO ESPIRITUAL

Filhos, o esquecimento do passado, nas experiências infelizes que vivenciastes, é que vos torna viável o progresso espiritual.

Quem não olvidasse o mal de que tenha sido vítima ou verdugo, estacionaria indefinidamente na revolta e no ódio, na amargura e na falta de indulgência.

A amnésia temporária, com relação ao que fostes e ao que fizestes no passado, de certa forma vos enseja o crescimento íntimo num tempo relativamente mais curto do que levaríeis para concretizá-lo, caso tivésseis que conviver com as lembranças negativas que a Lei vos manda esquecer.

Assim sendo, não vasculheis os arquivos da mente, com o propósito de trazer ao presente o que deve permanecer sepultado no pretérito. Preocupai-vos com a construção do futuro, estudando as características de vossa personalidade, para melhor avaliação do caminho percorrido, valendo-vos tão somente das tendências e dos hábitos que relevais em vossa existência de agora.

Em contato com os outros, notadamente com aqueles de vossa convivência mais estreita, os vossos reais valores vêm à tona, possibilitando-vos a identificação clara dos pontos vulneráveis da personalidade, sobre as quais devereis concentrar os vossos esforços de corrigenda.

Os companheiros com os quais vos compromissastes mais seriamente acionam em vós os mecanismos psicológicos a fornecer-vos exata noção dos vossos desacertos de antanho, sem que, para tanto, tenhais necessidade de provocar o despertar de vossas reminiscências.

Na vivência espírita do Evangelho, a chamada terapia de vidas passadas acontece naturalmente, sem que se vos torne indispensável a revelação, em detalhes, do que vos precipitou a queda.

Quando um quadro infeccioso se instala no corpo, o médico não espera que se lhe detecte o órgão de origem, para combatê-lo através da prescrição de antibióticos.

A prática cotidiana do Bem se vos assemelha, para a consciência enferma, a antibiótico de última geração e de largo espectro que, embora sem correto diagnóstico do vosso quadro clínico, combate com eficiência a causa de vossos males.




Dr. Adolfo Bezerra de Menezes / Carlos A. Baccelli





Fonte: do livro "A Coragem da Fé", item 39
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal