O Mestre Jesus, conhecendo e compreendendo em profundidade os conflitos internos da alma humana, criou parábolas de impressionante eficácia que, em quaisquer tempos e culturas, despertam os homens para os elevados valores do espírito. Por tratarem de fatos e enredos simples da vida cotidiana sobre a Terra, as parábolas de Jesus são facilmente compreensíveis, residindo, porém, seu mais alto valor, na profundidade da reflexão que as mesmas suscitam. Na parábola do Filho Pródigo, podemos verificar a capacidade que as mesmas têm de tocar a alma humana.
Está claro que qualquer indivíduo de boa vontade, independentemente do seu nível de escolaridade, tem nas parábolas de Jesus, oportunidades imensas de aprendizado e reflexão, entretanto, os conhecimentos sobre a psique humana, à luz da doutrina dos espíritos, que nos são trazidos pela benfeitora Joanna de Ângelis, possibilitam enxergar nas parábolas informações preciosas que reforçam e aprofundam esses conhecimentos.
O ego do filho ingrato, por exemplo, na ânsia pela satisfação imediata de seus desejos, compele o rapaz a buscá-los a partir da posse, igualmente imediata, da herança a que faria jus após a morte do genitor. Eis, aí, o ego primitivo do espírito, que se manifesta com suas principais características e que, quando ainda não chamado ao desejo sincero de viver os valores elevados do espírito, surdo aos apelos do self, despreza tudo o que estiver fora de seus interesses rasteiros de sobrevivência e prazer. As palavras de Joanna de Ângelis confirmam essa constatação:
Herdeiro dos instintos agressivos, que lhe predominam em a natureza íntima, o ser humano jornadeia entre revoltado e temeroso por efeito das condutas ancestrais.
A necessidade da preservação da vida impele-o ao imediatismo, à volúpia do prazer, ao significativo desconhecimento dos valores ético-morais, ou mesmo quando os conheça, desconsiderando aqueles que podem representar sacrifício, luta nobre, abnegação...
Propelido para esse prazer sensorial, asselvajado, as emoções elevadas, defluentes dos sentimentos da beleza, do idealismo, são deixadas à margem, pela pouca significação que lhes é atribuída ou pela falta de hábito de as vivenciar.
Identificamos, nessas palavras, o desprezo pelos insights do self, contidos nas emoções elevadas, difluentes dos sentimentos da beleza, do idealismo, que foram deixados à margem pelo filho pródigo. Já, aqui, podemos perceber o caráter educativo das parábolas do mestre Jesus, uma vez que o mesmo ego primitivo, que moveu o filho pródigo à sua ação ousada, e os mesmos insights do self, que o trarão de volta ao lar paterno, atingem a nós que, frequentemente e do mesmo modo, fechamos os ouvidos aos chamamentos divinos.
Josué Douglas Rodrigues
Fonte: do livro "Joanna de Ângelis ao alcance de todos"
1ª edição eletrônica: julho de 2017
Editora EME Ltda. - Capivari-SP - www.editoraeme.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal