domingo, 12 de outubro de 2014

AUTOCONHECIMENTO - CRIATIVIDADE

Não existe método para o autoconhecimento. Buscar um método invariavelmente implica o desejo de conseguir algum resultado e é isso que todos nós queremos. Seguimos a autoridade – se não aquela de uma pessoa, então a de um sistema, de uma ideologia – porque queremos um resultado que será satisfatório, que nos dará segurança. Nós, realmente, não queremos compreender a nós mesmos, nossos impulsos e reações, todo o processo de nosso pensar, o consciente bem como o inconsciente; queremos antes buscar um sistema que nos assegure um resultado. Mas a busca de um sistema é, invariavelmente, resultado de nosso desejo de segurança, de certeza, e o resultado é, obviamente, não a compreensão de si mesmo. Quando seguimos um método, devemos ter autoridades – o professor, o guru, o salvador, o Mestre – que nos garantirão o que desejamos; e esse, certamente, não é o caminho para o autoconhecimento, não é? Sob o abrigo de uma autoridade, um guia, você pode ter, temporariamente, uma sensação de segurança, uma sensação de bem estar, mas isso não é a compreensão do processo total de você mesmo. A autoridade, em sua própria natureza, impede a integral consciência de si mesmo e, assim, finalmente destrói a liberdade; só na liberdade pode haver criatividade. Só pode haver criatividade através do autoconhecimento.

Então, para compreender os inumeráveis problemas que cada um de nós tem, não é essencial que haja autoconhecimento? E essa é uma das coisas mais difíceis, consciência de si – o que não significa um isolamento, um retraimento. Obviamente, se conhecer é essencial; mas se conhecer não implica se retirar da relação. E seria um erro, certamente, pensar que a pessoa pode se conhecer significantemente, completamente, totalmente, através do isolamento, ou indo para algum psicólogo ou algum sacerdote; ou que se pode aprender autoconhecimento através de um livro. Autoconhecimento é obviamente um processo, não um fim em si mesmo; e para conhecer a si mesmo, deve-se estar cônscio de si mesmo em ação, o que é relação. Você descobre a si mesmo, não em isolamento, não retraído, mas em relação, em relação com a sociedade, com sua esposa, seu marido, seu irmão, com o homem; mas para descobrir como você reage, qual é sua resposta, é preciso extraordinária vigilância da mente, sutileza de percepção.

Sem autoconhecimento, a experiência gera ilusão; com autoconhecimento, a experiência, que é a resposta ao desafio, não deixa um resíduo cumulativo como memória. Autoconhecimento é a descoberta, de momento a momento, dos caminhos do ego, suas intenções e ocupação, seus pensamentos e apetites. Nunca pode haver “sua experiência” e “minha experiência”; o próprio termo “minha experiência” indica ignorância e a aceitação da ilusão.




 J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PENSAMENTO - TUTOR - GENEROSIDADE

Há tanto poder em um pensamento puro e elevado. Você pode ajudar muitas pessoas com um pensamento dessa qualidade. Imagine a força que um foguete precisa para chegar ao alvo de sua missão. Frente ao poder do pensamento, um foguete não é nada. Utilize esse método e você alcançará um resultado muito além do esperado. Para isso é preciso praticar a introversão. Fixe um tempo para dar poder aos seus pensamentos e aumentar a conta de seus tesouros internos.

Ser um tutor significa cuidar de tudo com honestidade e zelo. É ser capaz de estar presente, comprometido, mas, ao mesmo tempo, num estado de desapego. É ter amor e atuar com responsabilidade na tarefa, enquanto sem estar carregando nenhum peso desnecessário. Um tutor verdadeiro constantemente se relembra do Divino, como Aquele que lhe inspira a ser um instrumento Dele para ajudar na mudança do mundo, permanecendo assim, em harmonia interna em seu dia a dia.

Generosidade é a capacidade de fazer com que todos progridam e manter os outros na frente. É justamente quando uma pessoa não tem o desejo de estar à frente é que ela alcança o que seu coração deseja. Na extensão em que ela mantém a consciência de ser livre de desejos, Deus e os outros irão considerá-la digna e a manterão à frente.




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: O Messias
Pintura de Freydoun Rassouli 
http://www.rassouli.com/

PROSPERIDADE APARENTE (NEM TODOS SABEM POSSUIR)

Prosperidade na Terra quer dizer fortuna, felicidade.

Grande parte das criaturas, almejando-lhe a posse, pleiteia relevo, autoridade, domínio...

Gastam-se largos patrimônios da existência para conquistar-lhe o prestígio e não falta quem surja no prélio estudando as forças ocultas para incorporar-lhe o bafejo.

Milhões dos homens de hoje vivem à cata de ouro e predominância, com o mesmo empenho com que antigamente, em aprendizados mais simples, se entregavam aos misteres primitivos de caça e pesca.

E que, na procura desse ou daquele valor da vida, mobilizamos a energia mental, constituída à base de nossas emoções e desejos.

O espelho do coração, constantemente focado no rumo dos objetos e situações que buscamos, traz-nos à rota os elementos que nos ocupam a alma.

Não esqueçamos, todavia, que, na laboriosa jornada para a Glória Divina, nos confundimos sempre com aquilo que nos possui a atenção, demorando-nos nesse ou naquele setor de luta, conforme a extensão e duração de nossos propósitos.

Como no filme cinematográfico, em que a história narrada é feita pelos quadros que se sucedem, ininterruptos, a experiência que nos é peculiar, nessa ou naquela fase da vida, constitui-se dos reflexos repetidos de nossos sentimentos, gerando ideias contínuas que acabam plasmando os temas de nossa luta, aos quais se nos associa a mente, identificando-se, de modo quase absoluto, com as criações dela mesma, à maneira da tartaruga que na carapaça, formada por ela própria, se isola e refugia.

Em razão disso, o conceito de prosperidade no mundo é sempre discutível, porquanto nem todos sabem possuir, elevar-se ou comandar com proveito para os sagrados objetivos da Criação.

Muita gente, pela reflexão mental incessante em torno dos recursos amoedados, progride em títulos materiais; entretanto, se os não converte em fatores de enriquecimento geral, cava abismos dourados nos quais se submerge, gastando longo tempo para libertar-se do azinhavre da usura.

Legiões de pessoas no século ferem o solo da vida, com anseios repetidos de saliência individual, e adquirem vasto renome na ciência e na religião, nas letras e nas artes; contudo, se não movimentam as suas conquistas no amparo e na educação dos companheiros da senda humana, quase sempre, muito embora fulgurem nas galerias da genialidade, sofrem o retorno das ondas mentais de extravagância que emitem, caindo em perigosos labirintos de purgação.

Há, por isso, muita prosperidade aparente, mais deplorável que a miséria material em si mesma, porque a mesa vazia e o fogão sem lume podem ser caminhos de louvável reparação, enquanto o banquete opíparo e a bolsa farta, em muitas ocasiões, apenas significam avenidas de licença que correm para o despenhadeiro da culpa, de onde só conseguiremos sair ao preço de longos estágios na perturbação e na sombra.

Muitos religiosos perguntam por que motivo protegeria Deus o progresso material dos ímpios. Em verdade, porém, semelhante fortuna não existe, de vez que a prosperidade, ausente da reta conduta, não passa de apropriação indébita e é como roupa brilhante cobrindo chagas ocultas, que exigem a formação de reflexos contrários aos enganos que as originaram, a fim de que a prosperidade legítima, a expressar-se em serviço e cultura, amor e retidão, confira ao espírito o reflexo dominante da luz.




Francisco Cândido Xavier / Emmanuel





Fonte: do livro "Pensamento e Vida"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal