Contrariando as teorias de Freud, muitos compositores, que a maioria chama de gênios, em suas missões neste planeta, revelaram, desde a mais tenra idade, com as suas obras sublimes, a consciência transcendental que possuíam.
Mozart, Beethoven, Saint-Saens e muitos outros deram com as suas obras, provas dessa verdade. Entre eles, porém, destaca-se a figura de Richard Strauss, porque o autor de Electra, Salomé, Till, tornou-se consciente da imortalidade da alma. O seu poema sinfônico "MORTE E TRANSFIGURAÇÃO" é uma afirmativa solene de quem sabe que SABE. Todo aquele que entrou no Caminho e ouve essa obra espiritual em sons, pode acompanhar mentalmente o desligar do "EU" da matéria, o júbilo que sente ao se ver livre de mais uma prova árdua para a sua elevação espiritual, o de ter dado mais um passo na grande Ascensão. Richard Strauss com o seu poema sinfônico 'MORTE E TRANSFIGURAÇÃO", envia àqueles que o compreendem uma mensagem de Harmonia, Amor, Verdade e Justiça.
MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (POEMA SINFÔNICO) - opus 24
Este poema sinfônico, 3º de uma longa série, foi terminado em 1889 e estreado aos 21 de junho de 1890, em Eisenacht, sendo regido pelo próprio autor.
Inspirado num poema de Alexandre Ritter, focaliza um tema de alta espiritualidade. Está dividido em 4 partes, que são executados sem interrupção.
1ª Parte - LARGO (SONO, MOLÉSTIA, SONHO) - Num escuro e pobre quarto, um homem agoniza à débil luz de uma vela. Jaz em letargo, e,, em breve, os sonhos se apossam do enfermo. São visões do passado, recordações da infância.
2ª Parte - ALLEGRO MOLTO AGITATO (FEBRE, LUTA COM A MORTE) - Não tarda vir a morte despertar o homem da prostração em que se encontra. Principia então, a terrível luta entre o homem e a indesejável, da qual ninguém se livra. A orquestração, rica de timbres e poderosos recursos, descreve a batalha, o esforço do homem para sobreviver. Mas a morte não tem pressa. Ela sabe que, no final, a vitória será sua... Por vezes, a esperança reanima o enfermo. Logo, porém, ele sente a inutilidade da luta, e é tomado pelo pavor das trevas. Que acontecerá depois que tiver transposto os umbrais da eternidade? Os movimentos agitados, os dedos convulsos e crispados falam do seu desespero.
3ª Parte - MENO MOSSO, MA SEMPRE ALLA BREVE (SONHOS, MEMÓRIAS DA INFÂNCIA, MORTE) - O delírio da febre provoca-lhe visões. Voltam as recordações: a infância feliz, a juventude cheia de bons propósitos, os ideais acalentados... Toda a existência vai se desenrolando ante seus olhos. Das ilusões, dos sonhos, das aspirações, que resta? A colheita foi pequena. O homem sente as mãos vazias. Fracassos, amarguras, decepções. Sente-se exausto, aniquilado. Para que continuar lutando? De manso, muito manso, principia a se formar, à distância, o tema da TRANSFIGURAÇÃO (4ª parte). Não é bem o tema. É antes, a "preparação" para o tema. Permanece como fundo, enquanto que, no 1º plano, continua a efervescência dramática, a tragédia desencadeada. A morte, entretanto, cresce sobre o agonizante. Ergue a foice macabra, descarrega-a sobre o pobre corpo que se estorce, em convulsões. O homem solta o último suspiro. E, serenamente, mergulha no desconhecido.
4ª Parte - MODERATO (TRANSFIGURAÇÃO) - Dos espaços celestiais, ressoam as harmonias da Libertação. Principia o progressivo deslumbramento que é, para o homem, a descoberta da Eternidade. Tudo vai se tornando claro. Todas as perguntas tem resposta. A morte não é um fim, e, sim, um princípio. O tema de "preparação" vai alcançando preponderância, transforma-se, há uma eclosão de melodias por toda a orquestra. E a alma nobre e sã do que muito sofreu, e lutou, e viveu sem mácula, eleva-se em triunfo. E a música admirável vai se formando como um Hino de Graças, até desabrochar em majestosa solenidade.
Alcides Sparsbrod
Fonte: Revista "O Pensamento"
Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento - CECP
http://cecpensamento.com.br/
Fonte da Gravura: Edvard Munch, “Death Bed”, 1895
https://salonedellutto.files.wordpress.com/2013/12/munch3.jpg