Nascemos aprisionados pelo nosso passado, seja como indivíduos, seja como sociedade, constrangidos a andar de novo nos trilhos já percorridos, que no terreno da vida de contínuo escavamos com os nossos pés. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)
De uma ação em excesso nasce uma reação em forma de carência. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)
Poder-se-ia dizer que nosso passado nos escraviza, porque lança o eu numa dada direção, assim congelando em determinismo nosso livre arbítrio, até que, em novas vidas, consigamos libertar-nos da escravidão desse determinismo. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)
O que somos é consequência do que havemos pensado. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)
No Satapathabrahama está dito: Do desejo depende a natureza do homem. Conforme o seu desejo, tal será sua vontade; conforme sua vontade, tal será sua obra; conforme sua obra, tal será a existência que lhe diz respeito. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)
A liberdade está sempre enquadrada no determinismo da unidade superior, e que é livre somente enquanto é elemento inferior componente de uma outra unidade superior que, relativamente ao inferior, é sempre determinista. Assim em toda UNIFICAÇÃO se verifica uma reordenação determinista. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro).
Em toda unificação se verifica uma reordenação determinista. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)
Outro fator complica o cálculo das responsabilidades: o determinismo das causas enxertadas no passado, com as próprias ações, na trajetória do próprio destino; os impulsos assimilados, por livre e responsável escolha, no edifício cinético do próprio psiquismo. Essas causas são forças colocadas em movimento pelo próprio "eu" e uma vez lançadas, são autônomas, até sua extinção. Vossos atos prosseguem em seus efeitos, irresistivelmente, por leis de causalidade. Seu impulso é medido pela potência que imprimistes a esses atos, proporcionais e da mesma natureza, benéfica ou maléfica, ao impulso que destes. Assim o bem ou mal dirigido aos outros é feito sobretudo a si mesmo; é regido pelas reações da Lei e recai sobre o autor como uma chuva de alegrias ou de dores. O destino implica, pois, uma responsabilidade composta, que é resultante do passado e do presente. (P. Ubaldi - A Grande Síntese)
Cada ato é sempre livre em sua origem, mas não depois, porque então já pertence ao determinismo da lei de causalidade, que lhe impõe as reações e consequências. O destino, como efeito do passado, contém pois, zonas de absoluto determinismo, mas a ele sobrepõe-se a cada momento a liberdade do presente, que vai chegando continuamente e que tem o poder de introduzir sempre novos impulsos e, neste sentido, de "corrigir" os precedentes. (P. Ubaldi - A Grande Síntese)
O impulso do destino pode comparar-se a inércia de uma massa lançada, que tende a prosseguir na direção iniciada mas que, no entanto, pode sofrer atrações e desvios colaterais; esse impulso pode ser corrigido. Determinismo e liberdade, dessa maneira, se contrabalançam, e o caminho é a resultante dada pela inércia do passado e pela constante ação corretora do presente. O presente pode corrigir o passado numa vida de redenção; pode somar-se a ele nas estradas do bem, tanto quanto nas do mal. Diante do determinismo da Lei, que impõe a cada causa seu efeito, está o poder do livre arbítrio, de corrigir a trajetória dos efeitos com a introdução de novos impulsos. Destino não é fatalismo, não é cega "Anánke", é base de criações e destruições contínuas. O que a cada momento está em ação no destino é a resultante de todas essas forças. (P. Ubaldi - A Grande Síntese)
No cumprimento de um destino há uma tendência que, se é irresistível, ao mesmo tempo é suscetível de adaptar ao ambiente, ao momento, à pressão dos impulsos dos outros destinos que se vão desenvolvendo juntos e que também se querem realizar. No cumprimento de um destino há uma necessidade absoluta de realização, mas ela não é rígida e mecânica, mas uma vontade contínua, uma pressão constante, implacável, impulsionando para se realizar, de modo que está pronta para isso, logo que o ambiente o permita. Ela funciona por tentativas, mas com a maior tenacidade, aproveitando todas as oportunidades. Eis, então, que na férrea atuação da lei de causa e efeito penetra uma elasticidade de adaptação às circunstâncias do momento. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)
É preciso compreender que nossa culpabilidade anti-Lei é um diafragma que nos separa das origens de tudo o que é benéfico. É assim que os auxílios chegam à zona onde não somos culpados e nada acontece naquelas onde a culpa e a rebeldia nos deixa abandonados ao nosso livre arbítrio de revolta. Eis porque razão o nosso mundo está em poder da feroz lei animal da luta pela vida. Esta significa: cada um por si, sozinho contra todos, sem defesa além das próprias forças, e salve-se quem puder. É um regime de inferno, baseado na força, no engano, na injustiça, que só um estado de revolta anti-Lei pode ter criado, porque não se pode admitir que obra tão terrível possa ter saído das mãos de Deus. O nosso mundo representa, de fato, a reviravolta da positividade do Sistema. O pagamento se faz de acordo com a justiça. Em cada uma das zonas das forças e qualidades constitutivas de nossa personalidade, há uma balança estabelece até que ponto a privação deve funcionar como compensação e pagamento do respectivo abuso com que infringimos a Lei. É assim que o destino nunca atinge globalmente, mas apenas em dados pontos, poupando-nos, favorecendo-nos e até mesmo ajudar-nos em outros. É a natureza das forças com que somos construídos que atrai aquelas que nos devem depois punir ou premiar segundo a justiça. Assim, em cada ponto recebemos segundo o mérito. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus).
Não há dúvida de que, apesar de nossa liberdade de introduzir na trajetória de nosso destino impulsos novos que o possam modificar, esta lei que estabelece o percurso de uma trajetória, uma vez que ela foi iniciada num dado sentido, representa no fenômeno um impulso de tipo determinístico, ao qual todo o processo fica inexoravelmente sujeito. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética)
Fechado, em grande parte, no círculo de suas necessidades materiais, o homem pouco pode comandar a própria vida, e vive deterministicamente sob o poder da Lei pela qual quase nada conhece. A sua ignorância o mantém escravo. O seu livre-arbítrio é apenas pequena oscilação de escolha, a fim de permitir-lhe o aprendizado à sua custa, experimentando. (P. Ubaldi - O Sistema)
Só no Anti-Sistema podem reinar a imperfeição, a ignorância, a incerteza. E por isso, só aqui pode existir o livre-arbítrio, pois a escolha só é possível onde ainda não se conhece o caminho melhor, o qual só pode ser um, o único perfeito. (P. Ubaldi - O Sistema)
Ninguém pode lançar o peso do seu destino sobre nós, como nós não podemos lançar o peso do nosso destino sobre os outros. Se assim fosse não haveria justiça. (P. Ubaldi - A Lei de Deus)
Compreende-se que a perfeição não pode deixar de ser determinística, no sentido de que só o melhor absoluto pode ocorrer. Tal é o sistema incorrupto dos espíritos que não erraram e não caíram. Pode, pois, deste ponto de vista, parecer mesmo que o arbítrio humano, além de ser um resíduo da liberdade originária, seja um produto da queda, visto que a escolha significa uma incerteza e uma procura do melhor absoluto, que se perdeu e ainda não foi reconquistado. (P. Ubaldi - Deus e Universo)
Prof. Pietro Ubaldi
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/penhasco-aventura-acima-caminhada-1822484/