domingo, 9 de abril de 2023

A PÁSCOA COMO UM FESTIVAL JUDAICO-CRISTÃO E MITO DA DEUSA OSTARA


Trocamos e comemos ovos de chocolate trazidos pelo coelho da Páscoa. Tudo dentro de um festejo cristão. Entretanto, o que quase ninguém sabe é o fato de que essa tradição não é cristã. De uma antiga tradição anglo-teuto-saxã a Igreja assimilou os símbolos e os reinterpretou junto à tradição da Ressurreição de Cristo-Jesus dando início, assim, à Páscoa cristã. 

Essa antiga tradição trata-se de Eostre, Ēostre, Ostara ou Ostera que é a deusa da fertilidade, amor e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. Na primavera, lebres e ovos coloridos eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.

De seus cultos pagãos originou-se o termo Inglês Easter e Ostern em alemão. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora”. É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento, chamado de Ostara.

Considerando-a como uma imagem arquetípica, Ostara vive nas festividades pascais, no imaginário coletivo, até hoje. O ovo e o coelho são símbolos dessa ressurreição e renovação do ser humano.

Com o passar do tempo, o cristianismo foi substituindo as festividades pagãs de Ostara pela Páscoa. Substituiu, mas retendo seus costumes mais os ovos e o coelho. Até a palavra Páscoa em inglês, Easter, tem origem em Eostre.

O Mito da Deusa Ostara

Todos nós sabemos do valor da Mitologia para as Antigas Civilizações. Não importa o tempo ou o espaço, foi uma prática comum (e continua sendo) entre nós, utilizarmos histórias com um forte simbolismo para marcarmos ensinamentos e ideias que enxergamos em nossa existência. Dessa forma, fomos capazes de transmitir, ao longo de milhares de gerações, a nossa tradição, com ideias que se fazem presentes até hoje, mesmo que com outra “roupagem”, chamemos assim.

Dito isso, é certo que atualmente não cultuamos Zeus, Cronos e tantos outros Deuses antigos, mas ainda vivemos seus mitos e dilemas. Os mitos, portanto, seguem vivos, pois são um retrato da natureza humana, não apenas um elemento cultural de homens e mulheres do passado.

Frente a isso, é importante o estudo dos mais diferentes mitos para conhecermos um pouco mais dessas ideias que outrora estiveram em alta naquelas civilizações. Uma grande parte dessas histórias fantásticas nos fala do tempo da natureza, que nada mais são que marcos na ciclicidade em que vivemos. Assim, foi bem comum, por exemplo, existirem Deuses que representavam o nascer e o pôr do sol, a lua, em suas diferentes fases e também as estações do ano. Todos eles apresentam um simbolismo próprio, referente às ideias que podemos encontrar em cada um desses momentos. Acima disso, a marcação desses fenômenos mostram o valor de cada etapa desses ciclos, remetendo-nos à ideia de que, na natureza, há um momento próprio para tudo.

... Um desses eventos da natureza, tão especial para nossa vida, é o mito da Deusa Ostara.

De início, é preciso entendermos que Ostara (ou Eostre) é uma Divindade do Panteão Anglo-saxão e seus principais atributos são o Amor, a Fertilidade e o Renascimento. Representada como uma mulher que passeia pelos bosques, seu culto estava vinculado ao início da primavera, tanto que a própria palavra “Ostara” demarca o primeiro dia dessa estação do ano. A Deusa também é conhecida por ter lebres ao seu redor, sendo este animal uma de suas representações. Os motivos são vários, mas a lebre é um dos primeiros animais a aparecer nas florestas após o inverno e sua capacidade de reprodução também é um símbolo marcante de fertilidade.

Esses atributos, porém, guardam em si ideias mais profundas. Portanto, pensemos sobre cada uma delas. Começando pela primavera, a estação que representa a volta do Sol, após o inverno. É o início de mais um ciclo, que também chamamos de renascimento. Assim, a natureza, após recolhida devido o inverno, agora começa a surgir para um outro momento: as árvores voltam a florescer, as sementes a germinar. É o início da vida. Não por acaso, a Deusa Ostara também foi relacionada com a aurora, simbolizando também a chegada desse novo momento.

Um outro ponto marcante da primavera é a sua natureza de renovação, no qual as folhas secas, soltas no outono, renascem mais uma vez nesta estação. De modo simbólico, essa mesma renovação deveria acontecer conosco. Quantas vezes, por exemplo, carregamos “folhas mortas” em nossas vidas, as quais não largamos pelo apego àquilo que, um dia, já foi vivo? Quantas emoções negativas guardamos conosco e que nos arrasam sempre que lembramos de um acontecimento ou trauma? Assim, do mesmo modo que todos os dias renovamos nosso corpo, tratando-o com banhos e demais elementos de higiene pessoal, é fundamental fazermos essa higiene em nossos pensamentos e emoções, para que essa sujeira possa sair de nós e dar espaço para florescer aspectos melhores em nossa psique.

Esse aspecto da renovação, própria da primavera, também envolve o mito de Ostara ao relacioná-la às crianças. De acordo com a Mitologia, a Deusa tinha uma afeição especial pelos pequeninos, que sempre a rodeavam. Como podemos notar, a infância, a primeira expressão ou fase da vida, estaria diretamente associada à primavera. Já a vida adulta, caracterizada pela potência máxima de nossa energia e capacidades, seria o verão. A maturidade é o outono, uma vez que seria o momento de nos recolhermos e sintetizar aquilo que aprendemos. Por fim, a velhice estaria associada ao inverno, o período de descanso e morte, na qual passaríamos desta existência para o mistério, aquilo que jamais poderemos compreender plenamente enquanto vivos.

Conta um dos seus mitos que, certa vez, ao estar ao redor das crianças, a Deusa recebeu a visita de um pássaro. Ao pousar em sua mão, ele se transformou em uma lebre para agradar a Divindade, pois sabia que esse era o seu animal preferido. Entretanto, como aquele animal não era a sua verdadeira natureza, o pássaro (que estava na forma de lebre) ficou triste. As crianças, tendo piedade do animal, pediram para Ostara transformá-lo novamente em sua verdadeira forma, mas a Deusa não conseguiu. Disse então para esperar a primavera, momento em que seus poderes estariam no auge, e assim, talvez, conseguisse reverter a magia. Ao chegar a primavera, Ostara mais uma vez tentou reverter a magia que aprisionava o pássaro e dessa vez foi bem sucedida. A ave, agora livre, agradeceu à Deusa colocando ovos em sua homenagem. Assim nascia a tradição de, na primavera, ou no dia de Ostara, presentear as pessoas com ovos.

Isso não nos lembra alguma outra festividade? Se você lembrou da tradicional troca de ovos da Páscoa, saiba que você está correto. Como bem sabemos, a Páscoa é uma celebração Judaico-cristã, porém, com a chegada da Idade Média e o domínio da cultura cristã frente às demais culturas da Europa, muitos simbolismos e ideias foram integradas nas celebrações do Cristianismo. Desse modo, a Deusa Ostara e seu simbolismo foram incorporados à Páscoa, pois, assim como a transição para um novo momento, o termo “Páscoa” advém do hebraico “Pessach”, que significa “passagem”. Para os cristãos, a Páscoa representa exatamente o momento de morte da carne ou daquilo que é temporal, para um momento espiritual, simbolizado na morte e ressurreição de Cristo. Assim, devemos buscar esse nascimento espiritual, que só poderá ser realizado quando nos desapegamos dos nossos aspectos materialistas, dos nossos desejos mais mundanos. Não por acaso, o carnaval – outra celebração da cultura pagã -, que foi incorporado ao calendário cristão, simboliza essa “despedida da carne”, ou seja, o início dessa jornada até o nascimento espiritual.

Neste ponto podemos refletir sobre como culturas distintas, advindas de diferentes origens e povos, conseguiram, à sua maneira, traduzir ideias similares em seu modo de vida e cultura. Temos uma forte tendência a querer defender nossas concepções e estilos de vida a qualquer preço, julgando-nos como os certos, enquanto isso, os outros, aqueles diferentes de nós, julgamos como os errados. Essa postura, ao longo da história da humanidade, nos levou a guerras e sofrimentos inimagináveis. Porém, se olharmos bem para o outro, enxergando a essência das suas expressões e não a sua forma, poderemos perceber como somos parecidos. Cada cultura, cada pessoa tem uma maneira de se colocar no mundo, porém, todos nós fazemos parte da humanidade. Representamos, em última análise, essa ideia que é o Ser Humano.

Assim, quando celebramos a Páscoa, sabemos que essa é uma festividade Judaico-cristã e que compõe grande parte da nossa cultura Ocidental, porém, ela é composta por uma série de outras tradições que, em maior ou menor grau, agregam elementos para esse simbolismo e significado da natureza. Quando reconhecemos esse valor de integrar novos pontos de vista em nossa vida, aprendemos a olhar com empatia para os outros, sejam pessoas, culturas ou grupos que são diferentes de nós. Talvez, no fim, esse seja o verdadeiro renascimento que precisamos em nossas vidas: conseguirmos renovar nossa perspectiva frente ao mundo, o Universo e a humanidade. Desse modo, a Deusa Ostara não será apenas uma Divindade esquecida nas areias do tempo, fruto de uma cultura antiga que hoje já não tem seguidores, mas sim uma ideia que vive em cada um de nós e que precisa se expressar em sua melhor forma.

Que façamos com que essas ideias continuem a viver e que passem pelo tempo e por nós, transformando-nos em nossa melhor versão.



Fonte do Texto e da Gravura: Wikipédia e https://feedobem.com/artigos/destaque/conhecendo-a-deusa-ostara/

O QUE O ESPIRITISMO TEM A DIZER SOBRE A PÁSCOA


Uma das mais antigas e importantes comemorações religiosas, a Páscoa é uma data amplamente conhecida ao redor do mundo, que reúne tradições de diversas culturas e religiões. Para os fiéis católicos, a Páscoa significa a ressurreição de Jesus Cristo após sua morte na cruz. Para o Judaísmo, a data celebra a libertação dos povos judeus que foram escravizados no Egito, conduzida por Moisés. Ainda além e até mesmo fora do cristianismo, as culturas pagãs mediterrâneas também comemoravam a Páscoa, por meio do culto a Ostera*, deusa da primavera e fertilidade.

Mas e quanto ao Espiritismo? O que essa religião tem a dizer sobre a celebração da Páscoa?

Inicialmente, é importante salientar que a religião espírita, apesar de ser uma vertente do cristianismo, possui algumas diferenças quanto à interpretação de certos acontecimentos bíblicos. Um desses acontecimentos é o momento da ressurreição de Cristo: para o Espiritismo, uma vez que o corpo é desconectado do espírito, sua decomposição se inicia imediatamente e, portanto, é impossível que aconteça uma ressurreição corporal, física. Desse modo, Jesus teria aparecido a Maria de Magdala e aos discípulos em seu corpo espiritual, que é chamado “perispírito”.

Por esse motivo, a Doutrina Espírita não comemora a Páscoa como o catolicismo, uma vez que não reconhece a ressurreição física de Cristo. Contudo, os espíritas defendem a ideia de que a vida imaterial é inexaurível, e que a morte não existe senão no campo material. Por isso, Jesus sempre esteve presente como prometera: ele nunca havia morrido. Independentemente da escolha de uma data – como a Páscoa -, Cristo e seus ensinamentos devem ser relembrados e praticados em todos os dias de nossas vidas, porque Ele permanece vivo entre nós.

Todavia, apesar de não acatarem à interpretação da ressurreição carnal de Jesus Cristo, os espíritas não invalidam a celebração da Páscoa. Além de respeitarem todas as manifestações religiosas das diversas igrejas, essa vertente do cristianismo encara a Páscoa como uma oportunidade para celebrar a liberdade, tanto dos judeus no Egito quanto de qualquer outro povo. Além disso, os Dez Mandamentos devem ser lembrados nesse dia como o primeiro código que incorporou a moral e o amor a Deus às nossas bases sociais. Até mesmo a ressurreição de Cristo é tida, enfim, como um momento para homenagear a imortalidade do espírito.

Portanto, é fato dizer que os espíritas não comemoram a Páscoa como os católicos ou judeus. Mas a Doutrina reconhece essa data como um momento de reflexão, de manifestar nosso amor a Deus e ao próximo e de praticar os ensinamentos de Cristo. Para o Espiritismo, a Páscoa deve acontecer dentro de nós a cada dia de nossas vidas. Então, nessa data, reflita. Ame, medite, tome consciência de seus atos e de seu valor; vivencie a compaixão e a caridade que Ele nos ensinou. Permita essa renovação para que ela se repita a cada dia. No fim, vale lembrar que a Páscoa representa a vitória da vida, e, no Espiritismo, a vida é definida pelo amor!


* OSTERA - ver texto em https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2023/04/a-pascoa-como-um-festival-judaico.html



Escrito por "Eu Sem Fronteiras"
https://www.eusemfronteiras.com.br/visao-espirita-da-pascoa/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/coelho-lebre-relva-grama-animal-1903016/

RESSURREIÇÃO: UM NOVO TEMPO PRENUNCIA-SE


A trajetória percorrida pela humanidade da superfície da Terra levou-a a identificar-se tão acentuadamente com o lado externo da vida que o seu contato com mundos sutis e com a simbologia oculta na própria existência material foi praticamente desaparecendo.

Os símbolos contêm em si a síntese de realidades intemporais; transcendem, portanto, a cronologia do mundo material e, sob véus, guardam indicações que podem ser compreendidas com diferentes chaves.

Segundo HPB (Helena Petrovna Blavatsky) todo símbolo apresenta-se sob sete chaves, e cada uma delas deve ser girada sete vezes. Portanto, por ter direta relação com os níveis de consciência, um símbolo pode ser compreendido sob a luz de sete vezes sete energias. HPB disse também que no século XIX, época em que escreveu "A Doutrina Secreta", apenas três dessas chaves estavam disponíveis ao homem. Ao longo dessa obra são dadas indicações que podem conduzir o estudante ao descobrimento dessas chaves, que estão coligadas às seguintes abordagens: antropológica, astrológica, astronômica, física ou fisiológica, geométrica, metafísica, mística, numérica, psicológica.

Na atual transição planetária, muitos setores dos arquivos akáshicos (1) que no passado permaneciam velados, exceto aos Iniciados de graus mais avançados (de Quinta Iniciação em diante), agora estão se tornando acessíveis a partir da Terceira Iniciação. Em raros casos, quando sob a égide de uma Hierarquia (6), alguns contatos com esses registros podem ser estabelecidos mesmo por Iniciados de segundo grau.

Essa ampliação da possibilidade de acesso aos arquivos akáshicos repercute em toda a esfera planetária, permitindo ao homem perceber mais claramente certos assuntos, antes para ele abstratos, e penetrar regiões da consciência até então inatingíveis. Isso é válido principalmente para o ser resgatável, por ter ele de alguma maneira acolhido o impulso da Luz interior. Em outras palavras, esse processo faz o Céu aproximar-se da Terra, e a Terra elevar-se ao Céu.

Certas passagens da vida de Jesus representam etapas iniciáticas. Todavia, o que se deu com o Cristo, em Jesus, desde a sua prisão até a ressurreição (2), corresponde, também, a fases específicas da atual transição planetária. Para se compreender isso deve-se fazer, portanto, leituras diferentes dos mesmos acontecimentos simbólicos.

Esta transição é um processo tão amplo e de repercussões tão profundas na evolução de todo o planeta — e também do sistema solar — que seu verdadeiro significado não foi ainda apreendido pelos seres resgatáveis (3). Quando reconhecida como uma realidade já em ato, na maioria dos casos sua essência é deturpada pelo egoísmo ainda presente nesses seres, o que os leva a se focalizarem em sua própria salvação e na dos seus entes coligados. Todavia, muito maiores são as dimensões da oportunidade que foi, está e será colocada diante dos homens da superfície da Terra nesta época.

"Bem-aventurados os que não viram e creram." (João 21,23)

Mesmo considerando-se que no decorrer dos tempos alterou-se em vários pontos o sentido original dos textos dos Evangelhos — seja pela própria limitação de alguns tradutores, que não sendo Iniciados não podiam penetrar corretamente o seu significado; seja pela limitação das línguas modernas, que não têm vocábulos adequados para exprimir certas realidades interiores; seja pela intenção de alguns indivíduos de preservarem seus dogmas e dominarem a maioria ignorante — ainda assim podemos encontrar, na versão atual desses textos, certas passagens simbólicas que nos permitem aproximar-nos um pouco mais da Verdade oculta na manifestação do Cristo. É importante ressaltar que a energia imbuída nessas passagens não está nas palavras escritas, mas emerge do contato com a Fonte de onde foram gerados os fatos ali descritos. Portanto, a meta de um estudo revelador não é o conhecimento dos fatos em si, mas a construção de uma ponte com a Vida que sustém toda a Árvore da Criação.

O processo vivido por Cristo, em Jesus, desde a sua prisão até a ressurreição, processo que espelha os dias atuais, pode ser sintetizado em sete etapas (4):

1 - A prisão: a traição da humanidade.

2 - O julgamento: a escolha dos homens.

3 - O caminho da cruz: o gradual despertar do ser.

4 - A crucificação: o sacrifício como meio de transmutação.

5 - Os momentos finais no Gólgota: a reação inevitável.

6 - O sepultamento: uma nova oportunidade para os que se calaram.

7 - A ressurreição: o novo tempo prenuncia-se.


A Ressurreição: o novo tempo prenuncia-se

Passados três dias do sepultamento, Maria Madalena e algumas outras mulheres dirigem-se ao túmulo de Jesus e encontram-no aberto; um anjo avisa-lhes que Jesus ressuscitara.

A renúncia realizada por Cristo-Jesus, no horto de Getsêmani, dois mil anos atrás, não dizia respeito a uma Iniciação comum: o que se passou naquela ocasião abrangeu não apenas uma Consciência individual, mas toda a Hierarquia planetária. Por esse meio ficou selado o compromisso silencioso e invisível de redenção da vida material da superfície da Terra, compromisso vivido plenamente pelo atual Instrutor do Mundo, o Cristo, e assumido por toda a Hierarquia do planeta. Assim, a condução da matéria à renúncia, levando-a a render-se à vontade do Espírito, teve o seu princípio ativado de maneira especial por uma consciência cósmica, o Cristo, que imprimiu sua energia no íntimo de cada átomo físico numa voltagem até então desconhecida, e introduziu na vida terrestre de superfície a possibilidade de um dia ser receptáculo adequado para a chama divina. Essa "crucificação", que teve início há dois mil anos, prossegue até os dias de hoje, por ter sido a abertura de um processo ainda não consumado; este, porém, aproxima-se de um desfecho.

É visível o processo de "crucificação" pelo qual o planeta está passando, mas quem sabe ler nas entrelinhas da crônica fatalista e caótica dos dias de hoje percebe o fluir de uma seiva que é a essência da nova vida. Ao compreender mais profundamente tal realidade, o homem começa a compartilhar dessa energia que move a grande e iminente transformação planetária, e, agindo em prol dessa transformação, a ela dedica-se por inteiro.


Trigueirinho



Fonte: do livro "O Mistério da Cruz na Atual Transição Planetária"
Ed. Irdin, Carmo da Cachoeira/MG, 2018
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/jesus-cristo-deus-sagrado-esp%c3%adrito-4779543/



Notas:

1 - Arquivos akáshicos. Níveis de consciência onde estão gravadas as informações sobre todo o Universo, desde o princípio de sua manifestação até o seu retorno aos mundos incriados.

2 - Ressurreição. Um dos mais ocultos processos interiores para o homem de superfície da Terra. Na atual transição planetária, a completa experiência desse processo ocorre quando o ser alcança a Sétima Iniciação, integrando-se à Hierarquia Solar.

3 - Seres resgatáveis. Seres, dos vários reinos existentes na Terra, capazes de responder aos estímulos evolutivos e de integrarem-se à parcela da vida planetária que permanecerá incólume durante os conflitos mais agudos da atual transição.

4 - Os episódios citados nos itens a seguir constam nos Evangelhos de Mateus (26,36 a 28,15), de Marcos (14,32 a 16,11), de Lucas (22,39 a 24,12) e de João (18,1 a 20,18).

5 - Energia feminina. A energia em si é neutra, porém quando se manifesta na vida física cósmica ela pode assumir qualidade receptiva (feminina) ou criativa (masculina). A Terra atualmente ingressa em uma fase na qual a energia feminina caracterizará seus processos evolutivos.

6 - Hierarquia planetária. Consciências que, a partir de níveis profundos, conduzem a vida planetária à consecução do seu propósito espiritual.

O ESPÍRITA E A PÁSCOA


O Espiritismo não celebra a páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs, e também não proíbe que seus adeptos manifestem sua religiosidade.

Páscoa, ou passagem, simboliza a libertação do povo hebreu da escravidão sofrida durante séculos no Egito, mas no Cristianismo comemora a ressurreição do Cristo, que se deu na páscoa judaica do ano 33 da nossa era, e celebra a continuidade da vida.

O Espiritismo, embora sendo uma doutrina cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das igrejas cristãs. Na questão da ressurreição, para nós, espíritas, Jesus apareceu à Maria de Magdala e aos discípulos, com seu corpo espiritual, que chamamos de perispírito. Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as leis naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, até mesmo a ressurreição.

Isto não invalida a festa da páscoa se a encararmos no seu simbolismo. A páscoa judaica pode ser interpretada como a nossa libertação da ignorância, das mazelas humanas, para o conhecimento, o comportamento ético-moral. A travessia do Mar Vermelho representa as dificuldades para a transformação. A páscoa cristã representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que se podem executar homens, mas não se consegue matar as grandes ideias renovadoras, os grandes exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida.

Como a páscoa cristã representa a vitória da vida sobre a morte, queremos deixar firmado o conceito que aprendemos no Espiritismo, que a vida só pode ser definida pelo amor, e o amor pela vida. Foi por isso que Jesus de Nazaré afirmou que veio ao mundo para que tivéssemos vida em abundância, isto é, plena de amor.


Amílcar Del Chiaro Filho



Fonte: Centro Espírita Jesus é o Caminho
https://www.cejesuseocaminho.com.br/visao-espirita-da-pascoa
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/coelhinho-da-p%c3%a1scoa-coelho-95096/