Estamos preparados para vivenciar o desapego daquilo que instintivamente sentimos ser nosso bem mais precioso: nosso ego, nossa identidade individual?
A relação que mantemos com Jesus, nosso mestre, é da maior importância aqui. Permite-nos arriscar a nossa “própria morte”. Até agora, a disciplina do mantra nos levou a um aprendizado fortalecedor que nos torna mais fácil abandonar nosso ego. Podemos deixar o eu para trás precisamente porque nos sentimos em união; sabemos que não estamos sozinhos. As palavras de Jesus tornam-se realidade em nossa própria experiência:
"Da mesma forma, nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não se separar de suas posses" (Lc. 14,33).
Se desejamos abraçar a eternidade da plenitude do ser (o "Eu Sou" de Deus), devemos primeiro enfrentar a dura realidade da impermanência e do vazio. A tentação que podemos ter durante a meditação é reduzir a intensidade, a atenção, afundar em um grau inferior de consciência e até adormecer. Buda advertiu sobre os perigos de obscurecer a mente com substâncias tóxicas, neste ou em qualquer estágio da jornada. Jesus encorajou todos nós a permanecermos atentos:
“Fique alerta, desperte. Você não sabe quando chegará a hora. Fica acordado porque não sabe quando vai chegar o dono da casa. Você não sabe se ele chegará à tarde ou à meia-noite, quando o galo cantar, ou de madrugada. Se ele vier de repente, não deve encontrá-lo dormindo. E o que vos digo, digo a todos: vigiai” (Mc. 13,33-37).
Na Carta aos Efésios, Paulo diz que esse estado de vigília leva aos "poderes espirituais da sabedoria e da visão" e à gnose ou conhecimento espiritual. Mas mesmo com a fé mais profunda, o doloroso sentimento de separação não desaparece imediatamente, mesmo quando a sabedoria começa a brilhar. A parede do ego pode parecer um obstáculo intransponível, um beco sem saída que nos impede de escapar. No entanto, como nos lembra a Ressurreição, o que se sente e parece ser o fim não é. Ao confrontar nosso egoísmo arraigado e reconhecer sua morte lenta e silenciosa, a meditação nos ajuda a ver nossa ressurreição em nossa própria experiência.
Trecho de “The Labyrinth”, do livro “Jesus the Inner Master”, de Pe. Laurence Freeman, OSB, (New York: Continuum, 2000, pp. 230-231).
Carla Cooper
Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
Carla Cooper
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