O místico hindu Sri Ramakrishna, que viveu em Bengala no século 19, costumava descrever a mente como uma enorme árvore cheia de macacos pulando de galho em galho em uma confusão incessante de barulho e movimento. Quando se começa a meditar, verifica-se que esta é uma descrição perfeita do que se passa em nossa mente com seu turbilhão constante de pensamentos e imagens. A frase não pretende cobrir essa confusão com mais uma palestra. A tarefa da meditação é trazer essa mente distraída e agitada para a quietude, silêncio e concentração, para trazê-la à sua verdadeira função. Este é o objetivo que nos oferece o seguinte salmo: "Aquietai-vos e sabereis que eu sou Deus" (Sl 46,10).
Para atingir esse objetivo utilizamos um recurso muito simples. São Bento incentivou seus monges, já no século VI, a lerem as Conferências de João Cassiano. Casiano recomendava a todos que quisessem aprender a orar e desejassem orar continuamente, que repetissem uma oração ou frase curta várias vezes. Na Décima Palestra, ele exorta a praticar este método simples de repetir constantemente um versículo como a melhor maneira de remover as distrações e toda a tagarelice de macacos de nossas mentes e, assim, poder descansar em Deus.
A imobilidade alerta não é um estado de consciência familiar para a maioria de nós no Ocidente. Tendemos a estar relaxados ou alertas. Ambos os estados raramente estão presentes ao mesmo tempo na maioria de nós. No entanto, na meditação, experimentamos que podemos nos sentir totalmente relaxados e totalmente conscientes ao mesmo tempo.
Essa quietude não é a quietude do sono, mas sim uma concentração desperta.
Se observarmos o trabalho de um relojoeiro no momento em que vai fazer um movimento preciso com suas finas pinças, veremos como ele permanece quieto e atento ao examinar o interior do relógio com suas lentes. Sua quietude é uma manifestação de intensa concentração, de estar absorto em sua tarefa. Da mesma forma, na meditação, nossa quietude não é um estado de mera passividade, mas um estado de total abertura à maravilha de Deus, em quem repousa nosso ser, e de plena consciência de que somos um com Ele.
“The Way of Stillness”, trecho do livro “Hunger for Depth and Meaning” de Fr. John Main, OSB
Carla Cooper
Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal