segunda-feira, 29 de junho de 2020

DESEJO EGOÍSTA


A certeza do fundamentalista precisa ser sacrificada e todos necessitamos que nos seja permitido o questionamento radical. Nossa experiência com a morte da certeza também é morte do desejo, do desejo egoísta de estarmos certos, de estarmos a salvo, de sermos melhores que os outros. Essa morte é a nossa parte na cruz. O renascimento do desejo que se segue é o do desejo transformado que se projeta de um coração puro, na visão de Deus. Desejar a Deus não se parece a nenhum outro desejo que tenhamos conhecido. E, no entanto, “feliz é a pessoa cujo desejo por Deus tenha se tornado como a paixão da amante por seu amado” disse São João Clímaco. Não se exaure e não nos leva a explorar terceiros para poder satisfazê-lo. Ele tanto é desejar quanto estar livre do desejo, tal como se havia experimentado anteriormente. [...]

A meditação é purificação do coração e a morte do desejo. Assim como há um nascimento para cada morte, também há a regeneração do desejo como desejo por Deus. Isso nunca poderá ser um objeto de satisfação do ego. Porém, é claro, que é um desejo por nossa própria felicidade: não podemos nunca desejar ser infelizes. Desejar a Deus... é desejar nossa felicidade pela obediência à lei... do amor.

Essa lei afirma que o único tipo de desejo que nos fará verdadeira e permanentemente felizes é o desejo pela felicidade dos outros.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: Leitura de Domingo, 28 Junho 2020, extraído da Newsletter da WCCM Internacional, Inverno de 2000.
Via Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - http://www.wccm.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ILUMINAÇÃO INTERNA


Ensinamentos espirituais não têm o fim de convencer outros de certas verdades; são antes uma iluminação de dentro, que esclarece coisas que até esse momento, embora presentes, se achavam ainda envoltas em trevas.

O ensinamento espiritual é o despertar da alma dormente para a grande alvorada da verdade sobre si mesma, “imagem e semelhança de Deus”.

E, como toda a alma, segundo Tertuliano, é “cristã por natureza”, é tarefa do guia espiritual atualizar o cristianismo potencial dentro da alma humana.

O guia espiritual é um jardineiro solícito que dá à sementinha um ambiente favorável e propício ao seu despertar, à evolução da sua vida latente.

Neste sentido, comparava-se o grande e humilde vidente Sócrates a uma parteira, que não dá vida à criança mas ajuda-a a passar da vida na escuridão do seio materno para a vida à claridade solar.


Huberto Rohden



Fonte: do livro "Profanos e Iniciados", Ed. Alvorada, 1990
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal