Quando a palavra de Deus se cala, para de soar a harpa do Todo.
Indescritível! Inexprimível bem-aventurança! Inconcebível paz!
Tudo silencia em torno de mim!
A natureza cala! O oceano cala! As montanhas calam! As flores calam! As nuvens calam!
O céu com todos os seus sóis, estrelas, calam! Procurei-me, a mim mesmo, e não me encontrei! Quis apurar onde estava em vão!
E então senti que existia! Que existe um Universo e que eu estou nesse Universo.
Espaço e Tempo haviam desaparecido! Eu estava em toda a parte e em parte alguma. Eu estava no momento e na eternidade.
As estrelas estavam de mim tão perto que pareciam reunidas num só lugar. Deslumbrante magnificência me envolvia! O movimento de todos os corpos celestes compunha uma só harmonia, a harmonia da paz. Seu curso circular uma só melodia entoava a melodia do silêncio! Todas as estrelas apenas escutavam e entreolhavam-se.
Paz completa e funda alegria me envolvem!
Minhas mágoas e sentimentos, minha perceptividade, meus pensamentos e todo o terrestre estavam extintos em mim! Eu estava suspenso acima de todas as representações. Eu era alma supra-terrena! Eu havia ascendido ao Todo! Inexprimível bem-aventurança enchia minha alma! Pela primeira vez tive a consciência de estar redimido. Redimidas estavam todas as minhas penas, de todas as cadeias do destino e de mim mesmo.
Eu estava fora de mim mesmo! Já não era homem, porém não ainda anjo ou deus.
Tornara-me apenas oniconsciente!
Conheci a lei que domina o Universo!
Vi a cadeia fatal da evolução. Vi os fios que as causas atam com suas ações e reações.
Tive consciência dos fatos do Todo como se eu mesmo fora o Todo.
Os raios de luz do Todo-Amor me traspassaram, como se eu fora a fonte desses raios.
As forças poderosas do Todo-Espírito Inter-fluíram em mim como se eu mesmo fora o centro dessas forças
O espírito humano não poderá alcançar tal magnificência; como a formiga não compreende o tamanho do Sol.
Tal encantamento não se pode exprimir com palavras, como de um só tom jamais se comporá toda uma sinfonia. No regaço dessa paz celestial frui a eterna paz e bem-aventurança divina.
De repente eu ouvi uma voz que dizia: “Acorda, ó alma! Teu dever te chama!”.
Voltei ao meu corpo terrestre e abri os olhos; havia entrado no terceiro corpo do Templo do Silêncio.
Ação do Espírito sobre o destino
“Tudo o que somos, o somos como resultado daquilo que pensamos! Está fundado nos nossos pensamentos. Formou-se dos nossos pensamentos.” (Gautama Buddha)
O Mestre:
Antes que possas caminhar, ó peregrino cheio de fé, para o altar-mor deste Templo, deves, neste terceiro corpo, limpar ainda teu espírito, teu aparelho pensante e aprender a mantê-lo em silêncio.
Não sendo assim, a magnificência do Altar encandearia teus olhos espirituais; teus pés vacilariam e tu cairias dos degraus do Altar santo no solo do primeiro corpo.
Quando forçastes as vagas dos anseios e sentimentos indesejados à paz em tua alma, ainda não tinhas achado nem discriminado as causas profundas que levantam essas ondas.
Esforça-te, pois ó peregrino, por perceber as leis do teu mundo pensante!
Teu espírito ou teu intelecto assenta nas seguintes leis:
1. Cada pensamento é uma força material, criadora, a qual, embora invisível aos olhos externos, exerce uma ação no plano físico e mental da Terra.
2. Cada pensamento atrai pensamentos iguais! Tal qual uma bola de neve que rolando, atrai outros flocos e vai crescendo.
3. Cada pensamento tem a tendência de tornar-se ato! Qual uma seta que, uma vez atirada, trata de atingir a mira.
4. Cada pensamento gera um ser mental, invisível, com forma, cor e vida própria. Sua forma e cor dependem da espécie e do móvel do pensamento e condiciona-lhe a duração a força do seu produtor, o espírito. Esse ser mental desempenha, no destino dos homens, importante papel.
5. Cada pensamento permanece, enquanto não manifesto, no inconsciente e aguarda a reemersão, logo que o momento seja favorável. Esses pensamentos formam a base da nossa memória e tecem a teia do nosso destino.
6. Cada pensamento volta, cedo ou tarde, haja ou não atingido a mira, enfraquecido ou reforçado, à sua origem, ao seu produtor. Isso testemunha o governo da Toda-Justiça.
7. Cada pensamento, salubre ou nocivo, desperta e nutre, consciente ou inconscientemente, os sentimentos e impulsos, elevados ou inferiores, do seu produtor.
Esses pensamentos exercem, do mesmo modo e ao mesmo tempo, uma ação nas outras pessoas com que o causador do pensamento se acha, de qualquer modo, em ligação e cujos espíritos possuem o mesmo gênero de vibração que o espírito do criador de cada pensamento.
Se apanhares bem essas leis, reconhecerás que, antes de tudo teus pensamentos são os criadores de tuas ações e de teu destino!
Em segundo lugar, que sua ação não se limita a tua vida, senão que influi nas demais pessoas.
Deves, assim, saber que, por teus pensamentos impuros e negativos, és responsável perante a humanidade inteira.
Portanto, consiste o silêncio do teu espírito nisto, em que refreies teus pensamentos, não permitindo entrada a nenhum dos impuros, e saibas reduzir teu espírito, a todo instante, ao silêncio.
Não precisas de subtrair, nem o deves, teu cérebro a sua atividade, nem deixar teu espírito inteiramente quieto. Essa completa quietação do aparelho pensante só se pode dar no mais alto grau da meditação ou do êxtase místico. O espirito humano bate incessante como a pulsação cardíaca, assim como tempo, flui no seio da eternidade.
Podes tu conceber um instante em que o tempo pare?
Não!
O mesmo sucede com as vibrações do teu espírito.
Deves aprender a manter teus pensamentos sempre positivos, nobres elevados, divinos!
Sabe mais que, desde que assumiste face humana e começaste realmente a pensar, nem um só pensamento gerado por teu espírito se perdeu! Ao contrário, acham-se guardados nas profundezas do teu inconsciente e esperam novo nascimento para, renovados, se reativarem.
Os pensamentos são as forças de todas as forças e nem uma só força se esvai no espaço universal.
É claro que os pensamentos se mudam como a energia solar se muda em luz, calor ou eletricidade, mas, perdidos, nunca!
Iranschahr
Fonte do Texto e da Gravura: Fraternitas Rosicruciana Antiqua
Da Revista "Gnose", set. 1937
http://www.famafra.com/2013/05/uma-visao-do-silencio.html