quinta-feira, 16 de julho de 2015

VIVER COM ESFORÇO É DANOSO

É possível compreender alguma coisa sem esforço? É possível ver o que é real, o que é verdadeiro, sem introduzir a ação da vontade? – que se baseia, essencialmente, no ego, no “eu”. E se não fizermos esforço, não existe perigo de deterioração, de adormecer, de estagnação? Talvez esta tarde, enquanto estou falando, possamos experimentar com esta individualidade, e ver o quanto podemos entrar nesta questão. Porque eu sinto que a coisa que traz felicidade, quietude, tranquilidade da mente, não chega por meio de qualquer esforço. Uma verdade não é percebida por nenhuma vontade, nenhuma ação da vontade. E se pudermos entrar nisto muito cuidadosa e diligentemente, talvez descubramos a resposta. Collected Works, Vol. VI, 354, Action

Como eu estava dizendo, se não compreendemos a natureza do esforço, toda ação é limitante. O esforço cria suas próprias fronteiras, seus próprios objetivos, suas próprias limitações. O esforço tem a qualidade da ligação ao tempo. Você diz, “Eu devo meditar, devo fazer um esforço para controlar minha mente”. Esse próprio esforço para controlar põe um limite em nossa mente. Olhe isto, pondere comigo. Viver com esforço é danoso; para mim é uma abominação, se me permitem usar uma palavra forte. E se você observar, perceberá que desde a infância somos condicionados para fazer esforço. Em nossa chamada educação, em todo trabalho que fazemos, pelejamos para nos desenvolver, nos tornar alguma coisa. Tudo que empreendemos se baseia no esforço; e quanto mais esforço fazemos, mais obtusa a mente se torna. Onde há esforço, há um objetivo; onde há esforço, há uma limitação na atenção e na ação. Fazer o bem na direção errada é fazer o mal. Compreende? Durante séculos nós fizemos “bem” na direção errada admitindo que devemos ser isto, devemos não ser aquilo e assim por diante, o que apenas cria mais conflito. Collected Works, Vol. XI, 229, Action

Como nós reagimos quando uma verdade é apresentada? Pegue, por exemplo, o que estávamos discutindo outro dia, o problema do medo. Nós percebemos que nossa atividade e nosso ser e a totalidade de nossa existência seria, fundamentalmente, alterada se não houvesse medo de nenhuma espécie em nós. Podemos ver isso, podemos ver a verdade disto; e, desse modo, há liberdade do medo. Mas, para a maioria de nós, quando um fato, uma verdade é posta frente a nós, qual é nossa resposta imediata? Por favor, experimentem com o que estou dizendo; por favor, não fiquem meramente escutando. Olhe suas próprias reações e descubra o que acontece quando uma verdade, um fato é colocado frente a você, tal como, “Qualquer dependência na relação destrói a relação”. Ora, quando uma afirmação é feita, qual é sua resposta? Você vê, está cônscio da verdade disto e, desse modo, a dependência cessa? Ou você tem uma ideia sobre o fato? Aqui está uma afirmação da verdade. Nós experimentamos a verdade disto, ou criamos uma ideia sobre isto? Se pudermos compreender o processo desta criação de ideia, então talvez possamos compreender a totalidade do processo de esforço. Porque, uma vez que criamos a ideia, o esforço aparece. E vem o problema, o que fazer, como agir? Ou seja, nós vemos que a dependência psicológica do outro é uma forma de auto-realização; não é amor; nela existe conflito, existe medo, dependência que corrói; nela existe o desejo de realização por meio do outro, ciúme e assim por diante. Nós vemos que dependência psicológica do outro abarca todos estes fatos. Então nós continuamos criando a ideia, não é? Nós não experimentamos diretamente o fato, a verdade dele; mas olhamos para ele, e criamos uma ideia de como nos libertarmos da dependência. Nós vemos as implicações da dependência psicológica e, então, criamos a ideia de como nos libertar dela. Nós não experimentamos a verdade diretamente, o que é o fator libertador. Mas a partir da experiência de olhar esse fato, nós criamos uma ideia. Somos incapazes de olhá-lo diretamente, sem ideação. Assim, tendo criado a ideia, continuamos colocando essa ideia em ação. E tentamos transpor o espaço entre ideia e ação, em que o esforço está envolvido. Collected Works, Vol.VI, 355, Action





J. Krishnamurti






Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/

UMA SOCIEDADE NOBRE - De Platão a Krishnamurti

Desde TEMPOS IMEMORIAIS, alguns seres humanos tem buscado uma sociedade justa, nobre, e digna. Contudo, de modo geral, os defensores desses grandes ideais de justiça e nobreza humanas tem sido perseguidos, como Platão e São Paulo, levados a morte, como Sócrates, ou mesmo torturados e barbaramente assassinados como Giordano Bruno e Jesus Cristo. Pitágoras chegou a ter a sua escola de milhares de alunos, em Crotona, dizimada a gume de espada.

Dessa forma, os grandes ideais da humanidade tem sido mal compreendidos, deformados, perseguidos, deturpados, condenados como heresias ou ridicularizados como utopias... Platão, por exemplo, propôs um sistema de governo a partir de uma seleção natural dos melhores (em grego "Oi aristoi"), donde deriva o termos aristocracia. Esse termo foi de tal forma deturpado que ele, hoje em dia, praticamente significa um governo de elite privilegiada e pretensamente superior ao povo.

Uma breve leitura no capítulo terceiro de A REPUBLICA, convencer-nos-ia de que essa é uma grosseira inversão dos conceitos, a medida que Platão ali afirma que os governantes não deveriam ter direito a posses pessoais, fato que quase caracteriza um voto de pobreza sacerdotal.

Uma vez recuperado o conceito original, que é semelhante ao conceito de Jesus Cristo, "O maior dentre vós sera aquele que vos serve", a genuína proposta platônica passa de uma sumária classificação de elitista e degradante, subitamente para outro extremo, como idealista, utópica e fantasiosa.

O comunismo e o capitalismo ao cobrirem de privilégios os seus governantes, estão estimulando a corrupção. Os indivíduos são, assim, facilmente levados a buscar o poder pelos benefícios e privilégios que dele possam obter, e não pela genuína preocupação de buscar o bem estar geral. Eis porque tanto o comunismo como o capitalismo tem fracassado na historia da humanidade; eles tem estimulado a corrupção, pecando contra a Fraternidade.

Krishnamurti, em "A Primeira e a Última Liberdade, também considera que "A esquerda, afinal de contas, é a continuação da direita, sob forma modificada. Se a direita tem seus fundamentos nos valores sensoriais, a esquerda não é mais do que uma continuação dos mesmos valores, com diferença apenas de grau ou de expressão."

Fundados apenas para valores materiais, insuficiente para uma civilização que já evoluiu pela ciência, e que a essência da matéria não é material, mas sim que a matéria não passa de uma forma de condensação de energia.




Ricardo Lindemann, MST





Fonte: https://www.facebook.com/AssociacaoLotusTeosofia
Fonte da Gravura: Liberdade Cósmica
Pinturas de Freydoun Rassouli
http://www.rassouli.com/