quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTOS DE FADA

“A criança pequena não separa a si mesma da realidade circundante – sua consciência “eu-mundo” é integrada. Durante essa fase, ela vivencia lenta e gradativamente a separação, ou seja, adquire a noção de sujeito – ela própria – e objeto – o mundo. Confiante no mundo, a criança se entrega a ele e vive na ação. Seus sentidos poucos especializados recebem, sem crítica, as impressões que possibilitarão o desenvolvimento de sua capacidade de percepção. Ela vive a realidade de si mesma e do mundo de forma una, profunda e total. A importância dos contos de fada está na condição de sementes que, lançadas na alma, produzirão sentimentos, ideias, ideais. Ao se tornarem adultas, enfrentando as dúvidas e dificuldades da vida poderão resgatar, conscientemente ou não, a força de suas verdades. A vivência dessas histórias contadas, a própria energia dos símbolos, representam um tesouro que se transformará em qualidades para atuar e compreender o mundo e a si mesmo.”



A criança vive os contos de fada desde o momento em que começa a dizer eu até aproximadamente os sete anos, podendo contá-las, dependendo da história e de seu próprio desenvolvimento, até por volta dos nove anos.

Neste período ela não separa a si mesma da realidade circundante – sua consciência “eu-mundo” é integrada. Durante essa fase, ela vivencia lenta e gradativamente a separação, ou seja, adquire a noção de sujeito – ela própria – e objeto – o mundo.

Confiante no mundo, a criança se entrega a ele e vive na ação. Seus sentidos poucos especializados recebem, sem crítica, as impressões que possibilitarão o desenvolvimento de sua capacidade de percepção. Ela vive a realidade de si mesma e do mundo de forma una, profunda e total.

De início há uma vivência inconsciente, principalmente a da luta entre as forças da matéria (impulso natural ou libido) e as forças da forma (impulso individual e formativo) que atuam em seu corpo físico. Essa atuação, às vezes de maneira calma, outras vezes turbulenta, orientam seu desenvolvimento corpóreo segundo leis de crescimento, maturação, equilíbrio, proporção e harmonia. Há um predomínio das energias vitais, denominadas “corpo etérico”, cujo objetivo é o desenvolvimento físico.

Nessa fase, a criança constrói uma imagem de si mesma e do mundo. Essas representações são exteriorizadas por meio do desenho e da modelagem, expressando a atividade de seu próprio corpo em crescimento ou a realidade externa como ela a percebe.

O trabalho educativo nesse período, objetiva proporcionar conteúdos para especializar, sensibilizando seu corpo de percepção, e desenvolver sua habilidade motora – um lado do processo. O outro lado, tão importante quanto o primeiro, é o desenvolvimento da linguagem e da imaginação por meio dos contos de fada, preferencialmente os coletados pelos Irmãos Grimm, em virtude de sua maior fidedignidade à tradição oral. Os contos de fada são narrados com a certeza de que nada tem a ver com a questão da percepção sensorial. Como um pequeno Adão, a criança inicia seu reconhecimento do mundo a partir da força da palavra, nomeando a si e às coisas do mundo, mas o nome (signo) e o ser (significado) estão integrados, da mesma forma como a própria criança com o mundo. A palavra com significado pleno, o logos, forma a própria linguagem da criança, bem como a base ético-moral, hábitos e costumes, sua confiança no mundo.

Para qualquer criança, ouvir contos de fada seria como um retorno a um país de origem, país em que se situa o berço da humanidade. Os conteúdos dos contos de fada são próprios para os pequenos. Sua importância está na condição de sementes que, lançadas na alma, produzirão sentimentos, ideias, ideais. Ao se tornarem adultas, enfrentando as dúvidas e dificuldades da vida, tais pessoas poderão resgatar, conscientemente ou não, a força de suas verdades. A vivência dessas histórias contadas, a própria energia dos símbolos, o momento mágico, a intimidade da relação adulto-criança, a confiança depositada no educador e, portanto, no mundo, representam um tesouro que se transformará em qualidades para atuar e compreender o mundo e a si mesmo.





Sueli Pecci Passerini






Fonte: do livro "O Fio de Ariadne – Um caminho para a narração de Histórias", Editora Antroposófica, via http://www.antroposofy.com.br/forum/consideracoes-sobre-os-contos-de-fada/
Fonte da Gravura: http://www.antroposofy.com.br/forum/consideracoes-sobre-os-contos-de-fada/

OS FRUTOS QUE RECEBEMOS CORRESPONDEM ÀS SEMENTES QUE PLANTAMOS

Nem tristeza, nem prazer jamais poderão ser permanentes para qualquer um. Tudo o que fazemos, bom ou mau, consciente ou inconscientemente, produzirá resultados. Por isso, é necessário que façamos o bem para que as consequências também sejam boas. Quando uma criança nasce do ventre da mãe, ela não vem com uma grinalda ou uma corrente de ouro. No entanto, a criança vem com a sua corrente invisível de 'Karma' - o resultado de todas as ações (karma) que se tem feito em seus nascimentos anteriores. Mas esse ornamento é invisível. Para nos ajudar a viver esta vida bem e de forma a não ter uma corrente de reações ruins em torno do nosso pescoço, quando nascermos na nossa próxima vida, é necessário reconhecermos, como uma lição primária, que devemos fazer boas ações em nossas vidas diárias. Por isso pratique, 'faça o bem, seja bom e veja o bem.' Somente isso o levará a Deus! (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, capítulo 8)

Todos devem enfrentar as consequências de seus erros, um dia ou outro, porque cada ação tem uma reação, ressonância e reflexão. A consciência deste fato por todos trará paz e harmonia abundantes. Os seres humanos são dotados de força infinita. Seus corpos são de fato um enorme gerador. Seus rostos são como um aparelho de televisão, com expressões vívidas. Mas os seres humanos perderam seu valor no mundo de hoje. É o ser humano quem dá valor a um diamante. É um ser humano que descobre uma pedra bruta e transforma-a em um diamante de valor inestimável após processamento e polimento. Embora as pessoas tenham sido capazes de transformar uma pedra bruta barata em um diamante de valor inestimável, elas próprias escolhem não ter nenhum valor intrínseco, apesar de contribuir muito para a adição de valor ao diamante. (Chuvas de Verão, Capítulo 1, 20 de maio de 1996)

O Mahabharata nos ensinou uma lição na qual devemos considerar nossas ações como responsáveis pelas nossas tristezas ou alegrias. Mas, como um ser humano, você deve realizar quaisquer ações que tiver que executar. Não pense que conseguirá isso ou aquilo, e não pense que será capaz de fazer grandes coisas sem a graça de Deus. Não se canse com esse processo. O tipo de semente que você plantou, que lhe trouxe para a posição em que você está hoje, irá determinar os resultados que você obterá mais tarde. Você pode ser muito inteligente e esperto. No entanto, toda sua inteligência e esperteza não lhe permitirá superar o seu próprio Karma. Brahma, o Criador, prepara uma guirlanda de todo o bem e mal que você tem feito, como eles são, e Ele coloca isso ao redor do seu pescoço quando você nasce. É necessário reconhecermos esta relação causal. Nós somos responsáveis pelo bem e o mal que fazemos, e que os nossos desejos são, de fato, meramente consequências disto. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, capítulo 8)

Você nunca deve ocupar-se em debater sobre o bem e o mal nos outros. Se você acolher más características em sua mente, ela o levará a um caminho ruim e você certamente irá cair. As pessoas que acolhem ideias ruins certamente serão destruídas no decorrer do tempo, apesar de toda riqueza ou conhecimento que possam ter. Um indivíduo que se esforça para manter afastado de si o mau e tenta promover o bem, fará um progresso real. Se você usar mil olhos para localizar os defeitos nos outros e gastar todo o seu tempo neste processo, seu coração ficará impuro e você desenvolverá ideias ruins. Nosso coração é como uma lente de câmera. O objeto no qual concentramos nossa atenção fica impresso na mente. Jovens e idosos igualmente devem tentar cuidar para que características como inveja, ódio e falta de tolerância nunca entrem em suas mentes. (Rosas de Verão nas Montanhas Azuis, 1976, Capítulo 2)

Se você compreende erroneamente que Deus (Brahman) externamente está lhe causando bem ou mal, ou que Ele está lhe dando alguma punição, essa não é a atitude apropriada. Este poder ou força que tentamos descrever pela palavra "Brahman" não é algo que é externo ou fora de você. Ele está presente em você e está em seu próprio ser. Os frutos que você recebe corresponderão a todas as sementes que você plantar. Se a semente é de um tipo e se você tem ambição de obter um fruto diferente, como é possível? Você pode ser muito inteligente, mas toda a inteligência não serve para nada se você não abandonar as características ruins. Qualquer que seja o bem ou o mal que você tenha feito, o aspecto de Brahman não quebrará o bem e o mal em partes isoladas. Deus lhe dará uma guirlanda ininterrupta de todo o bem e todo o mal que você tem acumulado. (Chuvas de Verão em Brindavan, 1974, Volume 1, Capítulo 3)





Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

IOGA É A SUPRESSÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DO PRINCÍPIO PENSANTE

Os Ioga Sutras dizem:

"Ioga é a supressão das transformações do princípio pensante". [1]

Isso não pode ser feito de fora para dentro, ou desde a periferia da mente. Tentativas de controlar totalmente a mente desde as suas camadas externas são neuróticas na melhor das hipóteses. A eficiência é obtida quando a capacidade de parar ou movimentar a mente é feita desde o próprio centro do princípio pensante.

Isso depende da pureza do coração.

Um coração puro é aquele nível da mente-e-coração do ser humano que está livre de desejo pessoal.

Quando a alma sente-se totalmente "em casa" na ausência de desejos ou medos de eu inferior, quando a alma deseja apenas a Bondade em si mesma, então a Ioga acontece. E não acontece como uma meta sendo alcançada por algum ser pessoal. Ocorre como a cura de todo sofrimento e como a estabilidade que contém o melhor de qualquer movimento possível.

É percebido como o sentimento de um cachorro velho que volta para perto do seu dono: tudo é feito de paz quando a mente está ao lado do seu mestre, a alma espiritual. Então não é necessário pensar para saber entender todas as coisas.




Carlos Cardoso Aveline 





Fonte: SerAtento@yahoogrupos.com.br
Fonte da Gravura: Tumblr.com

Outros Textos em:
www.FilosofiaEsoterica.com
www.TeosofiaOriginal.com
www.VislumbresDaOutraMargem.com




Nota:

[1] Sutra 2 da Seção ou Livro um, em "Ioga Sutras de Patanjali". Uma das melhores edições disponíveis é “The Yoga Sutras of Patanjali”, with translation, Introduction, Appendix, and Notes based upon several authentic commentaries, by Manilal Nabhubhai Dvivedi, Published by Tookárám Tátyá for the Bombay Theosophical Publication Fund, 1890, 107 páginas.