sexta-feira, 11 de março de 2022

O FOGO E A COMUNICAÇÃO ESPIRITUAL


O fogo representa o limite entre o plano físico e o plano etérico. Por isso é considerado por todos os Iniciados como o meio mais poderoso para se entrar em comunicação com o mundo espiritual. Os Iniciados, habitualmente, acendem uma chama antes de começarem um trabalho de alguma importância, porque sabem que o fogo os introduzirá nas regiões sutis, nas quais o seu pensamento e a sua voz serão ouvidos e encontrarão condições para se realizarem. Todos os verdadeiros magos têm uma ligação muito forte com o fogo. Embora a religião tenha perdido cada vez mais o sentido destas práticas iniciáticas, nas igrejas continua a manter-se a tradição de acender velas e lamparinas; é a prova de que os humanos conservam, inconscientemente, este saber muito antigo de que a presença do fogo é uma garantia para a realização.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/tealights-ora%c3%a7%c3%a3o-velas-de-ch%c3%a1-6763542/

SOBRE A QUEDA DE ADÃO


Eis algumas noções do ensinamento tradicional.

Iniciados por um móbil interior sobre cuja natureza intrínseca devemos silenciar aqui, móbil que Moisés denomina NAHASH* e que definiremos, se quiseres, como sendo a sede egoísta da existência individual, um grande número de Verbos fragmentários, consciências potenciais vagamente despertadas em forma de emanação no seio do Verbo Absoluto, separou-se deste Verbo que o continha. Essa consciências potenciais se destacaram - ínfimos submúltiplos - da Unidade-mãe que os havia criado. Simples raio deste sol oculto, dardejaram infinitamente nas trevas sua individualidade nascente, individualidade que desejavam ver independente de todo princípio anterior.

Em suma, almejavam autonomia. Contudo, como o raio luminoso goza apenas de uma existência relativa, com relação ao lume que lhe deu origem, esses Verbos (consciências potenciais), igualmente relativos, despojados de principio divino e de luz própria obscureceram-se na medida em que se distanciaram do Verbo absoluto.

Eles se precipitaram na matéria, falácia (ilusão) da substância em delírio de objetividade; na matéria, que é, para o Não-Ser, aquilo que o Espirito é para o Ser. Desceram até a existência elementar: até a animalidade, até o vegetal, até o mineral... Assim nasceu a matéria, que foi logo elaborada pelo espírito, e o Universo concreto tomou um caminho ascendente que remonta da pedra, apta à cristalização, até o homem, suscetível de pensar, orar, aprovar o inteligível e se devotar a seu semelhante. A Evolução é a Redenção Universal do Espirito. Evoluindo, o Espírito reascende. 

Todavia, antes de reascender, o Espírito decaíra. É o que chamamos de involução. Como o submúltiplo verbal se deteve em determinado ponto de sua queda? Que Forças permitiram que retrocedesse? Como a Consciência adormecida de sua divindade coletiva pode, enfim, despertar nele sob a forma ainda bastante imperfeita da sociabilidade?

Há tantos mistérios profundos, que não poderíamos abordá-los aqui. Se a Providencia estiver contigo, conseguirás compreendê-los...


* nachash (em hebraico, נחש); literalmente = serpente (Nota deste blog)


Stanislas de Guaita



Fonte: Hermanubis Martinista
Website independente de filosofia tradicional Martinista e Martinezista
www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/AARBR08Oadaouniversal.htm
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/ad%c3%a3o-e-eva-janela-da-igreja-igreja-798376/

O ADÃO UNIVERSAL


O universal Adão, desintegrando-se, rolou até os confins; precipitou-se na cloaca da substância diferenciada, produzida por sua própria queda; disseminou-se, inexaurivelmente, semeando em profusão almas de vida cada vez menos inteligentes, cada vez menos morais e conscientes, até nas formas mais humildes da existência e do devir. Mas isso não é tudo. Uma vez dividido ao infinito, seu destino quer que ele se reconstitua em sua unidade ontológica*; depois de ele ter descido, seu destino quer que ele ascenda, que ele evolua depois de ter involuído.

Não abordaremos o problema - tão perturbador em sua profundidade oculta - das redenções mineral, vegetal e animal: esse mistério jamais será totalmente desvendado. Digamos uma só palavra: escutai, vós todos que sabeis compreender o espírito de um arcano sob o véu de uma imagem grosseira e material. Diremos apenas uma palavra. Se a alma espiritual está totalmente obscurecida na pedra, termo último ou, diríamos, resultado ínfimo da involução, como a Consciência pode despertar pouco a pouco, na evolução das formas progressivas através dos reinos mineral, vegetal e animal? Que "Deus ex machina"** vem, então, em sua ajuda? Em uma palavra, como a Consciência vai desembaraçar-se da inconsciência absoluta à medida que evolui? Nós vos perguntamos se a Eterna Sabedoria não colocou um fim à decadência de Adão e limitou, pela interposição de uma barreira intransponível, sua descida aos infernos do não ser? Essa muralha providencial chama-se Matéria. Uma vez possuído inteiramente por ela, o espírito não pode descer mais.

O próprio Deus lhe diz: Tu não irás mais longe. Como um metal em fusão, quando entra em ebulição longe do ponto central, congela-se repentinamente, prisioneiro de sua própria natureza, que é endurecer no frio; assim, a alma espiritual, distanciada de sua fonte divina, compacta-se e objetiva-se: tal é a origem da matéria, espécie de meio termo, pacto entre o ser e o não-ser; agregação passiva que o espírito pode penetrar e elaborar, mas não ultrapassar! Debilitado na sua queda, o espírito choca-se contra esse obstáculo invencível e deve, necessariamente, ricochetear daí esse movimento redentor: a evolução recorrente! A própria impulsão da queda adâmica determina a reascensão. A lei da Reação proporcional interveio. Para sempre incompatível com o Nada, onde ela está prestes a soçobrar***, a alma espiritual decaída encontra nas profundezas de sua natureza oculta, um princípio ocasional que a freia bruscamente e que a projeta de volta. A involução choca-se contra seu termo irrecusável, fatal ou providencial. O movimento adquirido não poderá aniquilar-se ou se perder... Ele se torna repercussivo e retrógrado. A decadência involutiva é sustada; a própria força das coisas necessita de uma reação: a Evolução redentora nasceu.

Porém, tomando o ser adâmico nos dois terços de sua viagem de retorno, enquanto ele, já parcialmente livre dos estreitos e despóticos entraves com que a natureza física o sobrecarregou, pode evoluir até a condição de homem.

Permitimo-nos examinar, em linhas gerais, seu retorno à sua síntese verbal, o Adão celeste.


Notas deste blog:
* Unidade do Ser, da existência.
** Solução de um problema; solução inesperada. (literalmente: "Deus surgido da máquina)
*** Decair, afundar, tombar.



Stanislas de Guaita




Fonte: Hermanubis Martinista
Website independente de filosofia tradicional Martinista e Martinezista
www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/AARBR08Oadaouniversal.htm
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/ad%c3%a3o-e-eva-religi%c3%a3o-albrecht-d%c3%bcrer-60581/

A PÁTRIA DO SILÊNCIO


A pátria do silêncio, o lugar do silêncio, não é um lugar geográfico, não é um vale, nem um deserto, nem uma floresta, nem uma montanha: é seu coração.

O silêncio não existe por si mesmo, só existe se o seu coração estiver em silêncio.

Por isso não vamos gastar energia controlando, guardando o silêncio, nem com reclamações nem com resistência.

Todo esforço deve ser para entrar em nossos corações.

Se você não aceita esse ritmo, essa atmosfera calma, é melhor se despedir e procurar outro clima.

Um silêncio vigiado e imposto não é mais silêncio.

O silêncio de cada um é descanso para todos.

O ruído não é bom, danifica, desalinha.

O bem não se nota, não faz barulho.



Pe. Moratiel




Fonte: do livro «La oración del silencio»
Via: Blog El Santo Nome
https://elsantonombre.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/p%c3%b4r-do-sol-origem-resumo-ondas-2754909/

O TRABALHO COM OS ESPÍRITOS DA NATUREZA


Da Terra ao sol e para além dele, todo o espaço é habitado por criaturas. Os quatro elementos, a terra, a água, o ar e o fogo, são habitados. Essas criaturas são mencionadas nas tradições de todo o mundo. Talvez elas não se apresentem tal como foram descritas por cada religião ou cada cultura, mas existem, e nós podemos entrar em comunicação com elas e fazê-las participar no nosso trabalho para a vinda do Reino de Deus.

Quando caminhais na natureza, procurai tomar consciência da presença de todos esses espíritos que a povoam e que já existiam muito antes do aparecimento do homem na Terra; ligai-vos a eles, falai-lhes, maravilhai-vos perante a beleza do trabalho que eles executam nos lagos, nos rios, nas florestas, nas montanhas, nas nuvens etc... Então, eles ficarão felizes, tornar-se-ão vossos amigos e dar-vos-ão presentes: vitalidade, alegria, inspiração… Mas podeis ir ainda mais longe. Pedi a essa multidão de espíritos, que ali estão a contribuir com a sua atividade para a vida da natureza, que venham trazer a sua ajuda a todos os que trabalham para o amor, a luz e a paz: para a vinda do Reino de Deus à Terra.

Ficai cientes também de que, quando ides à beira mar, há ali outras coisas para fazer que não apenas estar horas deitado na areia deixando o pensamento divagar. Dirigi-vos aos espíritos das águas e dizei-lhes: «Vós também podeis fazer qualquer coisa para o bem da humanidade. Esforçai-vos por influenciar todos os que vêm banhar-se e os que viajam de barco, inspirai-lhes o desejo de se melhorarem. Vós tendes poderes e, se insistirdes, eles acabarão por ouvir-vos. Vamos, ao trabalho!»

Os espíritos da natureza gostam que lhes deem trabalho, mas nunca se preocupam com o propósito bom ou mau, benéfico ou maléfico, desse trabalho. Seja quem for que lhe dê uma tarefa, eles executam-na, ficam inteiramente submetidos à vontade superior que conseguiu dominá-los. É por isso que tantos mágicos e feiticeiros os utilizam para realizar coisas abomináveis: os espíritos da natureza obedecem porque é essa a sua forma de ser, eles não têm qualquer consciência moral, fazem igualmente o bem e o mal. Cabe aos humanos, sabendo isso, estar vigilantes e aprender a recrutá-los unicamente com vista ao trabalho divino.

Vós imaginais que só homens podem ajudar outros homens e que só podem fazê-lo por uma ação política, econômica, social. Não, neste organismo vivo e consciente que é a natureza e ao qual pertencemos, há imensas entidades preparadas para contribuir para a evolução da humanidade. Os quatro elementos – a terra, a água, o ar e o fogo – juraram perante o Eterno ajudar todos os que trabalham para se tornar criaturas de paz, de harmonia e de beleza.

De agora em diante, onde quer que estejais na natureza, pensai em dirigir-vos a todos os seres que habitam nas grutas, nas árvores, nos regatos, nos lagos e até no sol e nas estrelas: pedi-lhes para virem participar na vinda do Reino de Deus à Terra. Um dia, milhões e milhões de espíritos pôr-se-ão a trabalhar nos corações e nos cérebros humanos, e o Céu reconhecerá em vós um construtor da nova vida, uma fonte, um filho de Deus.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: O Homem no Organismo Cósmico
Publicações Maitreya
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